segunda-feira, 6 de julho de 2015

Autobiografia na Música - Sala de Aulas - Capítulo 71 - Por Luiz Domingues


Tirante as brincadeiras de sempre, e o clima fraternal de cooperação mútua entre todos os alunos, aumentara gradativamente a euforia entre eles no sentido de promover-se ações em prol de suas respectivas bandas. Mesmo sendo um pouco cético, particularmente, em relação à criação de "cooperativas", "associações" ou qualquer outro tipo de iniciativa de formação de organizações coletivas, é claro que apoiei integralmente a euforia deles em querer estabelecer algo "oficial" entre eles.

Mas claro, sempre os alertei que a minha experiência com esse tipo de associação coletiva, nunca fora positiva inteiramente. Todavia, no caso dos meus alunos, como se tratava de algo de porte muito menor, com bandas iniciantes e formadas por amigos entre si, a ideia da ajuda cooperativa, foi válida e na minha vontade de alertá-los sobre os aspectos negativos das ditas "cooperativas", ao mesmo tempo eu não poderia de forma alguma desestimulá-los, pois no cômputo geral, a intenção deles foi excelente.

Sobre o final de 1995, nenhuma outra ocorrência importante dessa época me desperta a atenção. Os últimos meses foram marcados pela rotina e normalidade. Talvez uma única menção tenha que ser dada ao fato de que muitos alunos meus foram ao festival "Monsters of Rock" de 1995, e um curioso souvenir foi parar na minha sala de aulas, por conta desse show.

Ocorre, que nesse dia, além do Ozzy Osbourne, Page & Plant (meio Led Zeppelin no palco!) e Black Crowes (além de atrações peso-pesado e os indies irrelevantes), apresentou-se também o Alice Cooper. Em meio às clássicas encenações típicas de um show da "tia" Alice, notei que em um dado instante, muitos "frisbees" foram arremessados por ele mesmo, Alice em pessoa, além de músicos de sua banda de apoio e roadies. Eu estava sentado na arquibancada lateral, e mesmo de longe, deu para ver se tratar apenas de frisbees de plástico, nas cores verde e amarelo, talvez a demarcar uma tentativa de fazer menção ao Brasil e agradar assim o público tupiniquim.

Na quarta-feira posterior ao show, vejo que um aluno meu apareceu na sala de aulas, com um desses objetos em mãos. Na verdade, além do disco de plástico bem vagabundo e provavelmente adquirido na Rua 25 de março na véspera do show, havia uma foto do Alice Cooper, grotescamente recortada e colada, provavelmente com cola escolar. 

Posso imaginar os membros da produção do Alice Cooper a preparar essa tarefa nas coxas, certamente por alguém ter sugerido de última hora o arremesso desses objetos, e a insistir para haver em anexo, algo "personalizado", como a foto da Tia Alice.

Bem, o aluno em questão que pegou um desses, foi o Ricardo Garcia e lógico, chegou a contar a história aumentada e valorizada, a alegar que aquele frisbee em específico, saíra das mãos do Alice Cooper,; que ele o mirara do palco, que ele (Garcia), havia feito um salto impressionante para vencer a concorrência que também o ambicionava... enfim, bravatas juvenis e divertidíssimas...

Continua... 

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