segunda-feira, 6 de julho de 2015

Autobiografia na Música - Sala de Aulas - Capítulo 78 - Por Luiz Domingues


Nem mesmo o fato do quadro de alunos ter diminuído significativamente, arrefeceu tal animação dentro da minha sala de aulas. A dinâmica permaneceu a mesma, em todos os sentidos.

Os meses prosseguiram sem que eu pudesse vislumbrar um motivo concreto pelo qual se justificasse a queda no quadro. Foi mesmo muito inesperado e completamente aleatório, salvo alguma revelação em contrário, pois a escrever sobre isso, com dezenove anos de distanciamento histórico (1996-2015), realmente não consigo enxergar uma lógica nesse processo.
Tomás Grimas, aluno que frequentou as minhas aulas em 1992, ele saiu e teve uma volta ao meu quadro, em 1996, ano dessa foto acima.

Em princípio, ali no calor dos acontecimentos do segundo semestre de 1996, não fiquei muito preocupado. Pelo contrário, relevei, por considerar se tratar de algo fortuito e passageiro, e dessa forma, a qualquer instante, uma nova safra de alunos apareceria e tudo voltaria ao normal. Não foi bem assim na verdade, e eu estava completamente alheio a um fenômeno que estava a se aproximar com a força de um Tsunami. 


O fato, foi que a Internet estava a se popularizar de uma forma avassaladora e nesse sentido, o mundo da música começou a ser duramente assolado pelas novidades da tecnologia. Falo assolado, pois não obstante o fato de que a tecnologia foi uma novidade libertadora, por outro lado, velhos paradigmas estavam a ser muito ameaçados. 

O setor mais ameaçado foi obviamente o da indústria fonográfica, com a iminente derrocada do formato do CD, mas outros setores estiveram sob judice também, e no campo didático, a possibilidade de se espalhar métodos e vídeoaulas, quebraria toda uma velha estrutura de aprendizado.

Claro que eu nem cogitara esse fator ameaçador àquela época, mas tive a plena consciência de que as minhas aulas eram simples por natureza, sem nem ao menos a metodologia tradicional ou formal, tampouco com nenhum material sofisticado de apoio. Se já se mostrava inferior à qualquer escola de música e nessa época, já haviam várias dessas modernas, cheias de novidades tecnológicas a atuar em São Paulo, o que seria de meu curso prosaico, doravante, com a avalanche da Internet?

Em 1996, não existia ainda o portal do YouTube, nem as redes sociais, mas a Internet já era bastante ameaçadora nesse sentido. Essa é uma explicação pensada a posteriori, mas tem fundamento, enfim... 

Continua...

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