Não tendo outra alternativa, tivemos que pensarmos muito para achar
tais soluções que eu mencionei no último capítulo.
O terceiro estacionamento
que arrumamos, ficava no bairro vizinho, da Liberdade, mas o acesso era
fácil, e a distância pequena devido ao fato da sua localização ter sido bem na divisa entre os
bairros da Liberdade e da Aclimação. Ali, aparentemente teríamos um período de estabilidade
maior, devido ao fato de ninguém nos alertar de imediato sobre o fim do
estacionamento, com ele a ser vendido para uma incorporadora poder levantar as suas
torres "maledettas", mas isso mudaria em breve, como contarei logo mais. Estávamos
sem perspectivas para contratar um novo motorista, até que um golpe de
pura sorte ocorreu!
Ao passar por uma rua próxima à residência do Rolando Castello Junior,
ele próprio e o Marcello, avistaram um ônibus particular estacionado, e
o seu motorista ali a conversar com comerciantes locais. Resolveram parar e
lhe perguntar se conheciam algum motorista particular com habilitação
para conduzir tais veículos, e que se interessasse em nos conduzir ao
interior. O tal senhor não se fez de rogado e lhes disse que ele
mesmo aceitaria!
A conversa evoluiu de uma forma muito rápida, e o senhor
demonstrou real interesse pela oportunidade que lhe caíra do céu, pois
era um homem simples e conduzia aquele ônibus de frete, de forma
irregular, ao fazer viagens urbanas não autorizadas, para conduzir pessoas do
bairro do Cambuci até São Mateus, no extremo da zona leste de São Paulo, pelo
preço de uma passagem urbana normal, mas ao lhes oferecer a vantagem de
viajarem mediante um ônibus de viagem, portanto sentados em poltronas muito mais
confortáveis.
A desvantagem era o perigo iminente de serem parados em
blitz policiais de trânsito, e terem a viagem interrompida, com o veículo
sendo confiscado e o seu dono a ser penalizado com uma multa pesada,
fora amargar ficar sem o ônibus até regularizar tudo. Esse senhor dizia ter
sido um motorista de companhias de viagens interestaduais de linha, no
passado, além de caminhoneiro, e que tinha experiência na estrada, além
de ser mecânico.
Sem grandes perspectivas no momento e só tendo
aquele meio de trabalho proscrito para sobreviver, a passar medo, diariamente pelo caráter
clandestino de seu transporte irregular, ele se mostrou muito interessado em
conhecer a nossa proposta, e claro que nos animamos, mesmo sendo um
completo desconhecido que conhecêramos na rua.
De nossa parte,
nós tínhamos um prazo curto para contratar um motorista e a perspectiva dele
ser mecânico, se mostrou muito oportuna, pois fora com essa perspectiva que
compramos o ônibus, meses antes, quando confiamos no nosso ex-sócio que no
acordo inicial que acertáramos responsabilizar-se-ia pela manutenção.
Independente
desse senhor estar a falar a verdade e ser de fato um bom motorista e
mecânico, se o fosse, estaríamos no lucro, pois o ex-sócio não era
mecânico, mas apenas um fuçador sem muitos conhecimentos. Portanto,
viajar com alguém que tivesse esse atributo, seria uma grande facilidade para
nós.
Ao se mostrar realmente interessado, ele quis conhecer o nosso
ônibus e assim que chegou ao estacionamento, se dispôs a dar uma olhada
inicial nos pontos mais críticos do carro. Foi quando descobrimos um
fato chocante e completamente incautos que éramos em relação à
manutenção de um ônibus, nem havíamos nos dado conta disso. Há
muitos capítulos atrás, eu deixei um anúncio enigmático, que tenho certeza de
que o leitor, mesmo o mais atento, já não deve se lembrar mais, dado o
volume grande de histórias que arrolei posteriormente.
Mas
refresco-lhe a memória, amigo leitor: na primeira grande turnê que fizemos, com cinco
shows em cinco cidades diferentes, em dezembro de 2001, nosso ex-sócio
resolveu trocar o óleo do veículo em São Carlos-SP, segundo destino daquela
tour. Para tanto, ele comprou dois baldes de plástico, com o objetivo de
não emporcalhar o estacionamento local. Bem, quando o nosso novo motorista-mecânico abriu a tampa do motor para checar o óleo...
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 179 - Por Luiz Domingues
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