quarta-feira, 6 de maio de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 252 - Por Luiz Domingues



Mesmo chateados com essa ocorrência totalmente imprevisível e desagradável, tocamos com o foco habitual em dar o nosso melhor ao vivo. A minha lembrança aponta para um show energético, com um número interessante de fãs da banda, que vieram inclusive das cidades vizinhas, e que costumavam acompanhar-nos desde as nossas aparições no programa "A Fábrica do Som", entre 1983 e 1984. 

Claro, nem todo mundo que estava ali presente conhecia-nos, pois ao contrário da expectativa criada por nós termos sido colocados como banda "headliner", e com o mesmo status do "Ira", ficara óbvio que não tínhamos a mesma fama que dessa banda, que gozava das benesses de habitar no mainstream, via gravadora major. 
Portanto, claro que a despeito de termos fãs do nosso trabalho, ali, não foi todo mundo que conhecia-nos, e não vou mentir, claro que não houve uma "comoção" pela nossa presença no festival.

Um outro ponto, nessa apresentação, nós tocamos duas músicas novas que já faziam parte da nova safra que estávamos a produzir, e evidentemente coadunadas com os nossos esforços em levarmos a banda para a intenção Pop, dentro do possível, e a extrair com veemência o ranço Heavy-Metal que permeou o EP. Porém, as mudanças eram ainda mais profundas e posso afirmar, estávamos imbuídos em também coibir as firulas típicas da estética do Jazz-Rock, e as letras mais sofisticadas. Enfim, nesse festival, tocamos "O Que Será de Todas as Crianças" (?) e "Saudade". 
No caso da música, "Saudade", aí sim, a aposta no Pop radiofônico, foi emblemática, pois a música detinha uma estrutura muito simples e o arranjo fora elaborado para ser acintosamente Pop, com uma linha de baixo e bateria até inusitada para a história da banda até então, isto é, a conter a extrema simplicidade. Em meu caso, chegava a ser engraçado tocar a música em uma única nota, sem um desenho sequer, por mais simples que fosse. Aquilo para mim e para o Zé Luiz fora quase um "haraquiri". 
Todavia, estávamos convictos nessas mudanças, a visar um bem maior e com resignação, incluímos a música no set list. Para ser sincero, eu não a achava ruim, e até hoje em dia, não a considero dessa forma, mas em comparação ao trabalho que fazíamos anteriormente, foi um baque contar com uma peça tão simplória no set list. 



De volta ao show, a lembrança boa também foi a do Beto ao confraternizar-se com os membros de sua ex-banda, o "Zenith", nos bastidores do festival. Encerrado o nosso show, ainda ninguém sabia do paradeiro de nossa empresária, desaparecida desde o momento em que chegamos no local do festival.
Então, alguém veio revelar-nos que ela fora vista a evadir-se do local, na companhia de alguém da produção local. A história não para por aí, e eu adoraria contá-la com detalhes, por ser engraçada de certa forma, mas não vou comprometer ninguém e dessa forma, digamos que ela teve suas razões para não acompanhar o processo todo do show e pelo que soubemos, fora bem aproveitada a sua estada em Aguaí / SP. De volta à São Paulo, resolvemos por bem terminar a experiência dela como nossa empresária e tantos anos depois, nem cabe lamentos sobre a sua meteórica e pífia atuação na função. Tomara que tenha sido feliz dali em diante, nos empreendimentos em que envolveu-se, doravante.

Todas as fotos desse show são clicks do Rodolfo Tedeschi, o popular, "Barba".

Continua...

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