terça-feira, 19 de maio de 2015

Autobiografia na Música - Sidharta - Capítulo 26 - Por Luiz Domingues


Eu percebia tais sinais, que não surpreendiam-me, conforme eu já expliquei inúmeras vezes, mas ainda achava, se bem que de uma forma comedida, que essas incompatibilidades poderiam ser contornáveis, apesar de tudo. Os meninos não notavam essas sutilezas, pois fora do foco da banda, levavam suas vidas pessoais como estudantes e sob o aspecto social a todo vapor, com encontros aos finais de semana, portanto, essa preocupação em ter que administrar uma futura possível turbulência, foi só minha. 
Todavia, infelizmente, foi possível notar no comportamento do Zé Luiz, que ele estava a iniciar tornar-se insatisfeito com o panorama da banda. Eu o conhecia muito bem, e sabia que quando ele começava a ficar quieto, e tocar com semblante carrancudo nos ensaios, era por que não estava a apreciar os arranjos das músicas. Bem diferente do início, onde mostrava super participativo e a criar ele próprio várias boas sugestões para arranjos etc. Fora isso, que ainda mostrava-se como apenas um sinal sutil e não gritante, tudo ia bem, pois as músicas mais antigas continuavam a ser buriladas e a ficar cada vez melhores.

A canção, "Nave Ave", executada em um ensaio realizado em algum momento do segundo semestre de 1998, no estúdio de Paulo P.A. Pagni, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo

Eis o Link para assistir no You Tube :



Nessa altura, agosto / setembro /outubro de 1998, se houvesse uma oportunidade para tocarmos ao vivo, creio que já teríamos condições de cumprir ao menos um set curto, ou no mínimo a recheá-lo com covers para tocarmos eventualmente em um bar, ou através de um espaço com pequeno porte. Estávamos fechados na ideia em criar o material antes, para depois tocar ao vivo e portanto, o Sidharta nunca tocou ao vivo, por conta dessa estratégia inicialmente traçada e certamente por conta das circunstâncias que advieram no curso do ano posterior, de 1999 e que serão esclarecidas amplamente no decorrer da narrativa.

Mas visto hoje, treze anos depois (escrevi este trecho em 2011), creio que talvez essa estratégia não tenha sido a melhor. Se tivéssemos marcado pequenas apresentações em bares, e a considerar que mesmo desconhecidos, atrairíamos um bom público (a conter somente com os meus alunos e agregados, do apelidado "exército de Neo-Hippies", estes garantiriam um mínimo de oitenta a cem pessoas, sem dúvida). Talvez (sempre o "talvez"), o Sidharta houvesse construído um outro destino, com o Zé Luiz a animar-se mais, ao constatar in loco, o bom resultado ao vivo, quem sabe ? Certamente teria mudado o futuro, e assim, talvez não houvesse ocorrido a fusão do Sidharta com a Patrulha do Espaço, talvez... talvez...



Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário