Vez por outra, um show mais produzido ocorria no meio da turnê, no entanto, nos acostumamos com a rudeza da produção fora do patamar do mainstream, e isso não prejudicava a nossa performance no palco, jamais, e sobretudo, não nos tirava o foco da grande missão, que sempre foi no sentido se resgatar a estética "old school", e respeitar os fãs da banda presentes em cada ocasião, mesmo que fossem poucos, como muitas vezes aconteceu em casas lotadas por jovens burgueses sem noção alguma de quem éramos. Carry on, Rockers!
E a continuidade da turnê dar-se-ia logo no início de janeiro de 2002. Uma nova investida ao interior de São Paulo, estava programada para a primeira semana de janeiro. Seriam só dois shows, e o primeiro na cidade de São Roque-SP, bem próxima da capital paulista (cerca de cinquenta Km), através de uma casa noturna local, chamada: "V8".
Pelo nome, sugeria ser uma casa ligada à moto-clubes ou aficionados de motos e carros em geral, mas na verdade se traiu de uma casa noturna comum, sem ligação direta com esse tipo de associação de moto-clube. Fomos então para essa nova etapa da turnê, após um período de descanso nos primeiros dias do novo ano.
Desta feita, a estrada não cansar-nos-ia muito, pela curta distância das duas cidades que visitaríamos, São Roque-SP e Limeira-SP. Claro que o calor se mostrou enorme, mas nessa primeira etapa, ir primeiro à São Roque foi uma viagem que não deu para sentir, praticamente. Portanto, saímos de São Paulo no meio da tarde, para nos dar ao luxo de evitar o sol a pino e com a perspectiva de chegar na hora do soundcheck, sem prejuízo.
Eu e 
Rolando Castello Junior já conhecíamos a casa, pois fomos visitá-la ainda em 2001, quando
 viajamos ao interior para semearmos o terreno para a realização da 
turnê. Agora, estávamos em plena fase de colheita, com a realização dos 
shows em si, obviamente.  
E por conhecermos a casa, sabíamos que 
ela detinha uma instalação sui generis, no sentido de que ficava instalada em um ponto 
muito alto, construída em meio a uma encosta, praticamente. Portanto, para
 acessá-la, seria necessário subir uma escada íngreme e enorme! Chegava a
 ser assustadora pela dificuldade e também pelo perigo que constituía, 
sem dúvida.
Avisamos todos os membros da nossa comitiva sobre essa dificuldade e 
principalmente os roadies, que sofreriam muito nessa etapa da turnê, mas 
não houve outro meio de se transportar o equipamento, a não ser através dessa 
dura peregrinação com ares de penitência... 
Todavia, quando chegamos 
na porta do estabelecimento, no dia da apresentação, mesmo avisados, todos se manifestaram com 
ênfase, ainda dentro do ônibus, ao olhar aquela escada absurda, pelas 
janelinhas do nosso bólido. Foi proferido então um festival de palavrões, daqueles típicos 
que são pronunciados geralmente como forma de se usar como interjeição de estupefação, entremeados por risadas, 
algumas de escárnio, outras nervosas e a trazer nas entrelinhas um certo
 ar de lamento pela situação periclitante.
Enfim, não houve solução mais amena e os roadies sofreram 
muito para transportar todo o backline da banda, com subidas sofridas e o
 único consolo nessa circunstância foi o de que emagreceriam bastante, e 
sem pagar academia de musculação. Entretanto, essa não foi a única bizarrice constatada nessa história!
O
 clima na casa era muito estranho. Se tratava de um bar musical e acostumado a 
promover shows de bandas, periodicamente, havia um palco razoável,
equipamento de PA e iluminação compatíveis etc. e tal, mas o ambiente na casa não 
parecia ser o de uma casa noturna tradicional. Mostrara-se na verdade, tenso, 
ao parecer denotar algo agressivo, não só pela rudeza das instalações, mas pelo 
astral sutil, sobretudo. 
Fizemos o soundcheck e ajeitamos o som da 
melhor maneira possível. Fomos jantar e quando voltamos, começamos a 
entender a "vibração" do estabelecimento, e o quanto seria estranho tocar 
ali...






 
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