segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 129 - Por Luiz Domingues

O nosso show transcorreu mais tranquilo, visto que o imbróglio com o "fisiculturista" e técnico de P.A. nas horas de folga, esteve sanado.
Foi um show feito com muita energia, pois se o público não fora constituído de uma multidão, ao menos quem foi ali para assistir era Rocker de fato e entre eles, houve uma ala de fãs da Patrulha do Espaço, representantes da velha guarda, que inclusive nos abordou no pós-show, no camarim, com pedidos de autógrafos nos discos de vinil antigos da banda, além do CD Chronophagia.
Na anotação que eu tenho, o público nessa noite foi registrado como setenta pessoas presentes na Associação Atlética Ituana. A despeito do resultado financeiro não ter sido o que esperávamos, pelo lado artístico saímos satisfeitos, pois fora um show marcado pela energia e sinergia com o público. Lembro-me inclusive de momentos de euforia, quando em certos momentos, com a interação que foi total e nos deu um enorme prazer de estar ali com esses poucos, mas ótimos fãs.
Ao final, quando o público já dispersava pelas ruas de Itu, presenciamos uma cena triste. Não teve nenhuma relação direta com a banda, mas acho que vale a pena relatar, pelo caráter dramático em que se apresentou aos nossos olhos, ainda que por outro lado, fosse até cômico, de certa forma. Bem, foi o seguinte: um rapaz bebeu demais e aparentou não ter condições de caminhar sozinho. O seus amigos o carregavam e ao verificar que nem assim estava a dar certo tal ação humanitária, resolveram ligar para o pai dele, a pedir ajuda. Alguns minutos depois, chegou o senhor em questão e ao ver o filho naquele estado deplorável, perdeu a cabeça, e aos gritos, deu-lhe uma bronca mastodôntica que a cidade inteira ouviu. Infelizmente, estávamos nas proximidades do ocorrido, próximo de nosso ônibus que estava a ser carregado pelos roadies, e não houve como ignorarmos o escândalo...
A parte cômica dessa situação prosaica, se é que exista alguma graça em um tipo de evento desse nível, foi que o pai do rapaz estava tão ou mais embriagado que o filho. Só pelo jeito que o carro aproximou-se da sede do clube, e pela maneira com a qual o senhor saiu do veículo, ficara nítido que o cidadão estava completamente embriagado, portanto, a bronca escandalosa que dera em seu filho, fora um tremendo paradoxo, e dessa maneira, soou engraçada nesse aspecto. Mas claro, na verdade foi uma cena triste perpetrada por ambos, pai e filho sob estado deplorável de embriagues.

A partir da semana subsequente, entramos de vez na perspectiva de cumprir turnês exaustivas. Era o sonho de todo artista a se concretizar, para se tocar de quarta a domingo e cada dia em uma cidade diferente. Todavia, não haveria de ser uma turnê de banda mainstream e nesses termos, se havia a possibilidade de se obter tal prazer recôndito, houve também a perspectiva de enfrentarmos inúmeros dissabores oriundos do fato de sermos uma banda fora do mainstream, e no underground, a aspereza muitas vezes supera qualquer possibilidade de haver algum glamour. São muitas histórias para contar e certamente nos próximos capítulos o leitor tomará ciência delas.

E só para encerrar a história do show em Itu, ele ocorreu em 15 de dezembro de 2001.
Continua...

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