Londrina fica distante de São Paulo, cerca de quinhentos e vinte Km, portanto, por termos viajado no período noturno, fugimos do calor torrencial de janeiro, mas perdemos em agilidade, com a viagem sendo feita sob uma velocidade mais comedida, por uma questão de segurança.
Chegamos em Londrina com o
amanhecer a se pronunciar e fomos direto ao hotel Berlim, no centro da
cidade. Ao nos instalarmos, apreciamos a atmosfera antiga do
estabelecimento, a se parecer com uma construção dos anos 1920, mas
desistimos de dormir pelo restante da manhã, quando notamos que tal
tarefa seria impossível de se realizar por um motivo: os quartos que nos foram
reservados, ficavam em uma ala próxima a uma avenida de grande movimento.
Estacionamento interno do Hotel Berlim, em Londrina-PR. Acervo de Vincoleto Kajão
Em
suma, com aquele barulho produzido por carros, ônibus e motos em alta velocidade, com
direito à freadas, buzinadas e eventuais gritos de xingamentos,
realmente inviabilizou-se o nosso sono vespertino e convenhamos, mesmo
que houvéssemos dormido em grande parte do trajeto pela estrada, estávamos "moídos", após
cerca de quinhentos e vinte Km.
Resolvemos então dar um passeio interno pelo hotel, ao visar apreciar essa atmosfera vintage que remetia aos filmes do Win Wenders, e posteriormente pelas cercanias do mesmo. Dentro do estabelecimento, nos divertimos em descobrir algumas partes do hotel que realmente nos deram a ideia de que eram realmente instalações antigas, e recordo-me que o Marcello fez algumas filmagens que um dia poderiam aparecer no YouTube, como lembranças de bastidores, tranquilamente.
Através de um passeio pelo
centro da cidade, eu comprei os dois jornais da cidade, e fiquei feliz ao constatar
que houveram sido publicadas matérias de página inteira em ambos. A reverência com a
qual a imprensa local nos tratou, foi até comovente de certa forma, e nos fazia pensar o
quanto uma banda da história e tradição da Patrulha do Espaço, deveria ser
tratada sempre dessa forma, e em contraponto, o fato de que isso se tornara raro, chamava tal
atenção como um fato dispare, diante da realidade brasileira.
Houve um grande mérito nesse específico fato, pois a produção desse show, apesar de que tocaríamos em um bar de pequeno porte, tratou o evento como se fosse de um porte maior, e daí ter nos dado a segurança de termos ido tocar, pois não obstante o fato da casa ser pequena, a projeção foi no sentido do público máximo estar presente e com expectativa alta para nos ver em ação.
O produtor do show foi um rapaz chamado: Marcelo Domingues e apesar do sobrenome igual ao meu, não era parente meu. Esse rapaz era bastante dinâmico e mesmo sendo novo na profissão, mostrava bastante competência e de fato, pouco tempo depois, ele estaria à frente de um Festival independente que ficou famoso no circuito de bandas independentes, chamado: "Demo Sul". Inclusive, a Patrulha do Espaço participaria de uma edição de tal festival no ano seguinte, 2003, como headliner.
Almoçamos, descansamos um pouco e fomos fazer soundcheck no período da tarde. De fato, a casa era bem pequena, mas havia um PA digno, que garantira uma sonoridade boa para o show. O palco se mostrara apertado em sua dimensão física, mas já havíamos nos acertado em lugares até menores anteriormente, portanto, nos adaptaríamos.
Voltamos ao
hotel, jantamos, e no horário marcado, fomos ao local, que se chamava:
"Valentino", inspirado no galã latino do cinema dos anos 1920, Rodolfo
Valentino.
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