segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 128 - Por Luiz Domingues

Estava tudo correto até então, com a Patrulha do Espaço a realizar o seu exercício de soundcheck e o Tomada, a aguardar a sua vez, sem problemas. O equipamento de P.A. contratado para o evento, se mostrava compatível com o salão onde ocorreria o show. Não se tratou de um equipamento sofisticado mas conteve o mínimo necessário para um show de qualidade, dentro da dignidade que as bandas mereciam. Então, encerrada essa etapa, ficamos livres para  relaxar um pouco antes do show. 

O camarim foi improvisado, e na verdade se tratava de um vestiário para atletas que deviam utilizar as quadras de esportes e/ou piscinas. Tudo bem, eram limpos e amplos, portanto habitáveis.

Quando o horário avançou, percebemos que o clube houvera aberto as portas para o público. Não foram muitas pessoas que chegaram, inicialmente, mas o fluxo se mostrou contínuo, a prenunciar que haveria um quórum mínimo, ali no ambiente. 

Chegada a hora do espetáculo, e então emitimos o sinal para o pessoal do Tomada iniciar o seu show de abertura. Eles subiram ao palco e começaram a tocar. Estávamos no camarim e notamos que a voz do vocalista, Ricardo Alpendre, não entrava na música. Pensamos inicialmente que a banda talvez iniciasse o seu show com um tema instrumental, portanto fosse algo premeditado da parte deles. Mas o fato, foi que a música alongara-se em demasia e não esboçou que terminaria, tampouco para que entrasse enfim a voz do Ricardo. Ressabiados, fomos verificar o que ocorria, e pasmem! 

O vocalista, Ricardo Alpendre, estava com o microfone em mãos e a sinalizar freneticamente para o técnico de som tomar uma providência, mas como o operador da mesa de mixagem posicionara-se longe, e com o advento da iluminação a produzir o efeito da contraluz cegante, não fora possível visualizá-lo com nitidez, para quem estava no palco. Mas nós vimos claramente que o operador não estava presente ali na mesa, e pior, o som da banda foi o que estava a vir diretamente dos amplificadores, pois o P.A. estava desligado! Só havia, dessa forma, o som de guitarra e baixo que viera direto dos amplificadores no palco, e mesmo assim, sem passar adequadamente pelo P.A. Aonde estaria o profissional responsável pelo equipamento?

Foi quando o Marcello Schevano e também o Marco Carvalhanas ouviram o som de alguém a usar o equipamento de musculação na sala de academia do clube. Eles foram lá dar uma olhada e constataram que o sujeito em questão, estava lá, despreocupadamente a se "exercitar"... o sujeito ouvia a banda a tocar sem o uso do P.A. e nem se dignou a comparecer ao salão para dar uma satisfação aos artistas. Então, abordado por nós, este rapaz sem muita empatia com a humanidade, alegou que não havia recebido o seu dinheiro, e que não abriria o P.A. enquanto não visse a "cor do dinheiro", palavras suas...

Não vou entrar no mérito da questão, mesmo por que não sei o que fora combinado com o produtor do show, mas claro que ninguém aprovou esse tipo de atitude rude. A despeito dele ter tido o direito de cobrar e acaso não fosse honrada o compromisso, o direito de desmontar o equipamento e ir embora, bastaria ter estabelecido uma conversa prévia a abordar a sua reivindicação, algumas horas antes do espetáculo iniciar-se. Aliás, cabe a reflexão: por que ele realizou o soundcheck e não mencionou a sua condição inalterável para o produtor do show? 

Ali, por volta das 17:00 horas, teria sido o momento mais adequado para tal conversa, e tudo isso teria sido evitado. Não quero prejulgar, mas talvez ele tenha feito de propósito, para que a sua pressão psicológica ganhasse ares de dramaticidade, pelo aspecto da chantagem. Se foi isso, claro que premeditou, e nesse caso, foi mais um ponto negativo da sua conduta.

Com essa atitude mesquinha, expôs o "Tomada" de uma forma vergonhosa. Não importara que a banda fosse nova e dava os seus primeiros passos na carreira. Pouco importa isso em meio a uma questão que envolve ética, respeito e a dignidade do artista exposto no palco, que nada teve a ver com o acerto financeiro da produção com esse "profissional" terceirizado etc.

Enfim, após uma conversação acalorada, o produtor foi providenciar o dinheiro, e somente quando as notas foram parar no bolso do sujeito, foi que ele se dignou a interromper a sua sessão de musculação na academia, e foi abrir o som do PA, com a banda a tocar no palco. O show prosseguiu por que os componentes do Tomada eram (são) muito gentis pois outros músicos talvez abandonassem o palco em sinal de protesto, ou buscariam a satisfação com o sujeito que os expôs, pois foi realmente uma situação lamentável e vexatória para eles.  Terminado esse imbróglio, o show deles encerrou-se, e chegou a nossa vez.
Continua...

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