domingo, 6 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 125 - Por Luiz Domingues

Duas semanas depois, estávamos finalmente de posse do nosso ônibus, e o novo compromisso que teríamos demandaria uma viagem ao interior do estado, quando estaria justificado o seu uso, enfim. Seria na cidade de Rio Claro-SP, cerca de cento e oitenta Km de São Paulo, a ser cumprido em uma casa noturna local que costumava abrir portas as suas para bandas de Rock, embora não fosse assumidamente um ambiente verdadeiramente Rocker. Chamava-se: "Monkey  Music Bar", e tal denominação seia devido ao fato do seu proprietário ser conhecido na cidade pelo apelido: "macaco"... 

A viagem ocorreu sem problemas, para deixar-nos bastante tranquilos, apesar do forte calor que fazia, e quanto mais nos embrenhávamos rumo ao interior, claro que a temperatura esquentara significativamente, como é tradição no interior do estado de São Paulo. 

Como fato inusitado, relato que levamos em nossa comitiva, nessa viagem, um roadie diferente que não costumava figurar em nossa equipe, mas na verdade, era um velho conhecido da banda e que nos aborrecera no camarim do Fofinho Rock Club, quando fizemos o show de estreia dessa formação, em agosto de 1999. Preservarei a sua identidade para não expô-lo publicamente, mas relato que se tratava de uma figura muito louca. Lembrava-me pelo seu caráter performático, a julgar pelos seus trejeitos, o Edgard Puccinelli Filho, o popular "Pulgão", que fora roadie d'A Chave do Sol, nos anos oitenta. 

Posso dizer que esse rapaz detinha uma boa índole e se mostrava prestativo para trabalhar, mas bastava ingerir um pouco de álcool, e se transformava, ao tornar-se bastante inconveniente. E a sua transformação adotava parâmetros não usuais no tocante à pessoas que mudam de comportamento por conta do álcool, geralmente. Isso por que é público e notório que existem comportamentos padrão para a alteração de personalidade de pessoas que estão sob o efeito de bebidas. Há os que ficam alegres, outros ficam agressivos, alguns se tornam salientes com as mulheres, e alguns ficam sonolentos e apáticos ou a portar-se de forma tola. Em linhas gerais são os biotipos mais conhecidos. 
Mas no caso desse rapaz, era completamente imprevisível como ele ficaria após beber, e isso era bastante desagradável, não apenas por nos aborrecer, mas por nos causar constrangimentos com terceiros.
Então, essa fora uma razão para não podermos contar com ele, mas como ele se apresentava com gentileza quando sóbrio, sempre nos pedia mais uma chance e dessa vez, aceitamos lhe conceder tal oportunidade. 

Já para o outro roadie que já estava fixo conosco desde outubro em nossa equipe, a noite foi feliz, visto que lhe aconteceu uma oportunidade fortuita e absolutamente insólita. Foi o seguinte: o soundcheck havia sido finalizado e aconteceu uma dispersão geral. Uma parte da comitiva foi jantar em um restaurante próximo, e a outra, preferiu permanecer no local. Eu fui um dos que preferiu permanecer no estabelecimento e estava junto a esse roadie, sentado na porta do bar e a aproveitar a brisa do início da noite, pois fora um momento em que refrescara a temperatura e estávamos esbaforidos pelo calor que sentíramos o dia inteiro em Rio Claro. 
Estávamos em frente ao nosso ônibus que estacionara na porta da casa, quando passou pela calçada uma garota, e quando o fitou, sinalizou com uma expressão facial de que lembrara-se dele, mas não sabia exatamente de onde. Então, ela deu mais alguns poucos passos adiante e resolveu voltar repentinamente, para abordá-lo de uma forma inusitada, pois lhe disse que precisava muito conversar em particular, pois estava muito triste por ter rompido com seu namorado, ou seja: como assim?

Tratou-se de uma garota bonita e bem vestida e não parecia ser uma golpista a caçar trouxas pelas ruas (pois é assim que é perigoso), então ele se empolgou e foi com ela para uma praça próxima, para travar tal conversa. Claro que na hora, o advertimos para tomar cuidado etc. e tal, mas depois de uma hora, aproximadamente, ele retornou todo cheio de marcas de batom (e com a carteira intacta no bolso da calça, ainda bem), e nos contou que a garota começou com essa conversa de estar triste pelo rompimento de seu namoro e a querer fazer algo concreto para "aumentar a sua autoestima", resolvera abordá-lo, pois o achara atraente. Assim, repentinamente, igual enredo de filme pornográfico? Foi inacreditável estar a ouvir tal história, mas realmente aconteceu. Mesmo não ao não revelar o nome de tal roadie "sortudo", basta o leitor mais atento juntar: 2 + 2, e fica óbvio sobre quem falo!

A casa era rústica, mas detinha a infraestrutura mínima necessária e o seu proprietário, o tal "Macaco", foi um bom anfitrião que nos recebeu bem, ao cumprir fielmente tudo o que nos prometera.

O show foi muito bom, com bastante energia, apesar do público não ser essencialmente Rocker. Saímos bastante satisfeitos do palco, mas no final tivemos um aborrecimento, pois o nosso roadie "gentil" quando sóbrio, ficara visivelmente agressivo, por que ao contrariar as suas promessas, foi claro que sucumbiu à tentação de permanecer  por horas em um bar em meio à tantas garrafas, sem beber.

Quando já avançava a madrugada e os roadies começavam a carregar o equipamento para o ônibus da banda, vimos que ele estava muito agressivo e por pouco não arrumou confusão com um grupo de pessoas do público por um motivo fútil qualquer. Ainda bem, a "turma do deixa disso" agiu rápido e tudo foi contornado. Infelizmente, depois dessa ocorrência, ficamos sem motivação para chamá-lo novamente para trabalhar conosco.

Isso ocorreu no dia 7 de dezembro de 2001, na cidade de Rio Claro-SP.
O público presente no Monkey Music Bar, foi formado por cerca de trezentas pessoas. Realmente lembro-me que a casa estava abarrotada de gente. Foi um público jovem e de bom nível, a maioria universitários, estudantes da Unesp, universidade estadual com muitos campus espalhadas pelo interior de São Paulo, e aliás, o campus da cidade de Rio Claro, é um dos maiores, com várias faculdades em anexo. 

Por falar nisso, quando eu começar a relatar fatos ocorridos em 2002, logo falarei sobre um show da Patrulha do Espaço ocorrido dentro da Unesp de Rio Claro, produzido pelo D.A. dos estudantes.

Continua...

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