segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 127 - Por Luiz Domingues

Daí em diante, uma rotina estabeleceu-se, com a minha residência a se configurar como o QG de saída e retorno da banda de todas as viagens. Com todo o equipamento guardado na minha ex-sala de aulas, ficara mais prático partir dali. 
Foto clicada diretamente da sacada da minha residência, a mirar o cruzamento das Ruas Castro Alves e Safira, no bairro da Aclimação, em São Paulo 

Todavia, houve um empecilho e tanto para a nossa logística: para quem conhece o bairro da Aclimação, em São Paulo, sabe que são raras as ruas que contém uma topografia plana. E a minha rua na ocasião, era a típica rua do bairro, a ostentar uma ladeira íngreme. Portanto, estacionar um ônibus sem o "manequinho" (jargão de motoristas para designar freio de mão dos ônibus), em condições adequadas, e ainda a torná-lo mais pesado com a inclusão do equipamento, para aumentar em pelo menos mais uma tonelada o seu peso, ficara temerário. Bem, essa rotina perpetuou-se, durando até 2003, com bastante frequência, e só se precipitou a diminuir nos momentos finais dessa formação da banda, no ano de 2004. 

Nesse dia em específico, o pessoal do Tomada chegou na hora combinada, e haveria um personagem a mais nessa viagem, o amigo, Marco Carvalhanas, que estava a iniciar a sua carreira como produtor e empresário, e insinuava-se assumir esse posto conosco. Seria um apoio e tanto, principalmente nas viagens, e de fato, ele já havia viajado conosco na empreitada anterior, à cidade de Rio Claro-SP, que descrevi anteriormente e testemunhou na porta do estabelecimento comigo, a história do roadie que foi assediado sexualmente por uma transeunte bonita, naquela passagem insólita que eu mencionei antes. 

Carvalhanas era músico, baterista, e tocara na banda, "Santa Gang" nos anos setenta/oitenta, e também acompanhara o cantor, Serguei por algum tempo. Desde o início dos anos 2000, ele embrenhara-se no mundo da produção e passou a gostar dessa nova vocação, e nesse momento, queria seguir em frente com esse ramo de atividades. 

Com todos a bordo, seguimos para Itu-SP mediante um clima descontraído dentro do ônibus, sob muito calor, mas também com bastante camaradagem e brincadeiras. Chegamos ao clube interiorano ainda na metade da tarde (Itú fica a apenas setenta e sete Km de São Paulo), e rapidamente os roadies fizeram o duro trabalho de descarregar o equipamento e levá-lo ao palco montado no salão de festas. Aí, já tivemos o primeiro problema do dia, pois apesar de ser um clube bem arrumado, a acessibilidade deixava a desejar. Para sair do pátio onde o ônibus estacionou até o palco, havia a presença de uma penosa escada que os fez sofrer bastante para carregar todo aquele equipamento. 

Contudo, nos surpreendemos ao verificarmos que um novo roadie que estreava na equipe aquele dia, cometeu uma proeza inacreditável, ao estilo do "Cacique Cobra Coral", aquele sujeito nanico que trabalhou como carrier no Sesc Itaquera, pouco tempo antes. Com uma truculência desproporcional ao seu porte, visto que também era nanico, eis que ele apanhou o piano Fender Rhodes do Marcello e o colocou sem pestanejar sobre os seus ombros, e saiu a correr, literalmente, pela escada íngreme, como se estivesse a carregar uma mochila vazia... 

Caímos na risada, é claro, pois aquela cena fora bizarra. Esse sujeito na verdade nunca houvera trabalhado como roadie na vida, mas se tratava de um carrier que o nosso sócio-motorista conhecia de outros trabalhos que haviam feito juntos. O seu nome era, Ruiter e muitas outras histórias hilárias aconteceram em shows futuros, a envolvê-lo e na hora certa, eu comentarei a respeito. Então, com o equipamento no palco e tudo devidamente ligado, fizemos o soundcheck...
Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário