Tive o grande prazer de preparar as músicas comprometidas com as raízes
psicodélicas, e até com elementos progressivos, devo observar. Houve tempo para criar
pequenas modificações nas suas respectivas linhas de baixo,
a acrescentar elementos psicodélicos mais condizentes. Fui
informado que em cada faixa, praticamente, de seus discos solo, baixistas
diferentes atuaram na gravação. De fato, faixas gravadas pelo saudoso,
Osvaldo Gennari, popular "Cokinho", foram muito bem executadas, é lógico.
Contudo,
outras, gravadas por músicos oriundos ou influenciados pelo pobre
Pós-Punk, deixavam a desejar, exatamente pela falta de recursos, e
sobretudo pela falta de entendimento da psicodelia sessentista.
É
uma equação simples: músicos que nunca ouviram bandas egressas da cena sessentista de Canterbury e outros tantos artistas congêneres e contemporâneos oriundos de outros quadrantes,
apresentavam dificuldades para se expressar com fidedignidade a psicodelia sessentista, como
se espera.
E essa turma egressa do Pós-Punk tinha uma agravante: não
obstante o fato de que salvo as raras exceções, não ter o apuro técnico como uma meta a ser seguida, os que viveram a época, principalmente, pecaram por acreditar piamente no paradigma imposto pela maledicência inescrupulosa em torno de se obrigar a detestar as vertentes sessentistas, por conta da birra oriunda da falsa
propaganda espalhada pela formação de opinião.
Enfim, as
canções psicodélicas do Ciro, eram muito boas e apresentavam
possibilidades interessantes para acréscimos além do arranjo oficial,
ainda que sutis, pois não seria conveniente elucubrar mudanças radicais por uma
questão de respeito, é lógico.
Haveriam também alguns números da carreira do Ciro com o Cabine C e os Titãs.
Preparei tais canções e claro que os tocaria com
muita dignidade ao vivo, mas alguma coisa mais gutural, na base do Punk-Rock, eu achava desnecessário sob o ponto de
vista estético, embora fosse claro que por serem importantes na carreira
dele, Ciro, é claro que tais peças precisavam ser tocadas no show, pois muito
provavelmente as pessoas que o acompanhavam, gostariam de ouvi-las.
É
claro que nem todo fã dos Titãs ou Cabine C, que cresceu a acompanhar
esses trabalhos oitentistas da parte dele, aprovavam a guinada para a trincheira
oposta.
Syd Barrett pode ser intragável para algum Punk/Post-Punker mais radical, na mesma medida que Syd Vicious não nos interessa. Foi o caso de "Sonífera Ilha", também. Particularmente, acho a música boa,
mas aquele arranjo oficial dos Titãs, em ritmo "Ska", e com aqueles timbres de plástico, realmente não agradava-me. Portanto,
mais que aliviado, fiquei contente quando o Ciro relatou-me
pessoalmente que detestava aquele arranjo Ska, e quando compôs a canção,
pensara em Bubblegum sessentista! Pois então, seria assim que ela soaria doravante....
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 7 - Por Luiz Domingues
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