quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Autobiografia na Música - A Chave/The Key - Capítulo 4 - Por Luiz Domingues


A nossa primeira missão foi então o compromisso marcado para a TV. Com esses músicos reunidos e agrupados na sala de estar da residência do Beto Cruz, tivemos dois dias apenas para nos preparar. No show da TV, seria uma típica apresentação de choque. Sete ou oito músicas apenas, e com a possibilidade de três ou quatro irem ao ar, posteriormente.

No entanto, dois dias depois teríamos um show completo para cumprir em um salão de Rock da zona leste de São Paulo e aí, teríamos que no mínimo, tocar o LP The Key inteiro, pois não haveria a menor chance de termos tempo hábil para compormos músicas novas. Aliás, mal tivemos tempo para deixar o material da velha, A Chave do Sol pronto para ser tocado ao vivo, a honrar as suas tradições rompidas indevidamente, por uma série de lamentáveis mal-entendidos.

Ao término do primeiro ensaio, o Zé Luis Rapolli se mostrou pessimista em relação à sua participação. Ele achou precisava de mais um tempo para decorar convenientemente as músicas, e talvez estivesse mais seguro para o show completo no tal salão que eu mencionei, mas para o compromisso da TV, se mostrou inseguro. Portanto, o Beto não teve dúvidas e ligou para o José Luiz Dinola, ex-baterista d'A Chave do Sol e formulou o convite para que ele se apresentasse conosco na TV, ao lhe expor a situação a dar conta de que o seu xará recém ingresso na nova banda, precisava de mais um tempo para adaptar-se etc.
Foi incrível, mas de uma forma absolutamente bizarra, tocaríamos com nosso velho colega, Dinola, mas sem que fosse A Chave do Sol a pisar no palco, mas ao mesmo tempo, a tocar o seu material, e cujo disco recém lançado ainda com a banda clássica, houvesse sido gravado por outro músico, no caso, Ivan Busic!

Foi muito confuso e certamente que só aumentou a nossa percepção de que tudo houvera sido um grande equívoco. Éramos para estarmos unidos e a trabalhar normalmente com a nossa banda, a realizar shows promocionais de nosso novo álbum, com a nossa marca, e a formação clássica sobre os palcos. Mas estávamos ali, com um novo nome, rompidos com o nosso guitarrista cofundador da banda, a cumprir compromissos que seriam da nossa banda, mas que, diante de tais dramáticas novas circunstâncias, nos obrigaram a criar uma nova banda às pressas, com outros componentes, e a ter que recorrer ao nosso velho baterista, que fora o primeiro a deixar o nosso antigo bote. Então, o lado bom disso, se é que existiu algo positivo nesse imbróglio, foi que o Dinola aceitou nos socorrer de pronto, e mesmo sem tempo para ensaiar, nos deu segurança de que mantinha as músicas em sua memória. Não foi para menos, ele as conhecia de cor e salteado, talvez com exceção de três que houveram sido incluídas nos estertores de sua permanência no cotidiano da banda.

Quanto aos demais novos membros, estes estavam mais seguros, mas também não se tratava daquela segurança absoluta de uma banda perfeitamente entrosada e afiada, características inclusive que eu me acostumara em cinco anos a atuar com a na antiga, a Chave do Sol.

Bem, não adiantavam os lamentos... foi o cenário com o qual tivemos que lidar e fim de reclamação. Chegou o dia da viagem para o litoral, enfim...
Continua... 
  

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