terça-feira, 18 de agosto de 2015

Autobiografia na Música - A Chave/The Key - Capítulo 31 - Por Luiz Domingues


Um acordo alinhavado em 1987, em favor da extinta, A Chave do Sol, tomou contornos de ajuste, tardiamente, e por vias tortas.
Conforme eu já contei tal fato nos capítulos sobre A Chave do Sol, o Beto Cruz havia fechado um patrocínio com uma luthieria que estava a entrar no mercado, chamada: "Vintage", para estar presente na capa do LP The Key, que lançamos em 1987.

Porém, muitos acontecimentos fizeram com que tudo mudasse de figura, pois o combinado inicialmente não se confirmou. A resumir: os instrumentos prometidos não saíram da forma combinada, mas apenas o baixo teve tal perspectiva de ser entregue, e pelo fato de que eu pessoalmente pressionei (educadamente, é claro), o luthier nesse sentido. E um outro fato, após quase dois anos de espera, o rapaz em questão entregou o meu instrumento para um outro luthier finalizá-lo, portanto, quando o recebi por volta de julho de 1989, ele estava com uma outra marca no seu headstock (a chamada "cabeça" do instrumento, onde ficam as tarraxas), e assim, o patrocínio esteve inviabilizado, tecnicamente a falar, mas não por minha/nossa culpa.

Mas agora, na iminência de poder contar enfim com esse baixo, o Beto agilizou um acordo com a revista Rock Brigade, e a luthieria Tajima, e assim, uma propaganda saiu nas páginas dessa referida revista, a dar conta de que éramos patrocinados por tal luthieria.

Foto de Carlos Muniz Ventura, meu amigo fotógrafo, e coincidentemente, amigo do Luthier, Seizi Tajima, também

Foi uma propaganda um tanto quanto questionável, pois não se tratara de um patrocínio oficial e por tudo o que esclareci acima e também nos capítulos sobre A Chave do Sol, o que valeu mesmo, além do meu baixo ter sido finalizado e entregue, enfim, foi o fato da propaganda em si ter dado um incremento à nossa divulgação"

Essa foi a primeira e única vez em toda a minha carreira, que tive uma menção de patrocínio, ou "endorse" como se diz no jargão, pois nunca mais fui sondado por nenhum fabricante de nada que se relaciona a equipamentos e acessórios, para tal disposição e nunca procurei ninguém, também. Conheço muitos colegas que tem muitos patrocinadores, mas eu nunca me preocupei com isso, e sei que já fui criticado por tal postura de suposto "desprendimento", mas não é o caso. 

Se procurado, poderia até analisar a proposta, mas particularmente, eu nunca corri atrás disso, pois não gosto da ideia de ter que ficar a vender a alma para ter um punhado de palhetas ou um jogo de cordas gratuito a cada "X" tempo. Quando preciso, vou na loja, compro, e não tenho comprometimento com ninguém.

E também jamais usaria a postura de alguns colegas que obscurecem marcas em instrumentos e equipamentos com fita isolante, para "não promover em fotos e/ou filmagens", para fabricantes que não lhes "dão nada de graça".

Ora, eu uso Fender, Rickenbacker, Ampeg... e não espero que tais indústrias "paguem" por eu usar os seus produtos. Abomino a ideia da mesquinharia absoluta, que transforma a postura de alguns colegas a desenvolver um sentido de ganância sem limites, mais a se portar como pilotos de F1, com dúzias de patrocínios em seus macacões. Foi essa portanto a história d'A Chave/The Key a fazer propaganda da Luthieria "Tajima" nas páginas da revista Rock Brigade.


Continua...
     

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