terça-feira, 18 de agosto de 2015

Autobiografia na Música - A Chave/The Key - Capítulo 25 - Por Luiz Domingues


Entretidos nessa questão de alinhavar um selo para gravar um álbum, só fomos ter agenda novamente ao final de setembro. Escalados para participar de mais um show coletivo, fomos nos apresentar no "Megafestival", designados para tocar no dia "Hard'n Heavy", a se tratar de um evento realizado em um salão sem nenhuma tradição para shows de Rock na cidade e desse forma, claro que sempre que aparecia uma possibilidade nova, todo mundo envolvido com a cena, se animava. Seriam dois dias, com uma noite mais amena, dedicada ao Hard-Rock, onde nos inserimos e a noite mais peso-pesado, com o Heavy-Metal em ação.

O tal salão foi o do Clube dos Aeroviários, localizado na Avenida Washington Luis, quase em frente ao aeroporto de Congonhas, logicamente a fazer jus ao fato de ser uma associação de profissionais ligados à aviação.

O organizador se esforçou para fazer o festival dar certo, e na minha ótica, foi um sucesso, pois no nosso dia, apareceu cerca de quinhentos pagantes, e ao se considerar ser um espaço pequeno, que se ultra lotado talvez comportasse um pouco mais do que isso, creio ter sido um ótimo resultado. E para reforçar, eu soube que a noite do Heavy-Metal atraiu ainda mais público, portanto, deu-lhe um bom suporte financeiro.

Só que algo desagradável ocorreu. Ao contratar-nos mediante um cachêt com valor fixo, na hora de acertar as contas conosco o rapaz alegou estar com dificuldades para cumprir o compromisso acordado. Talvez o bom resultado de bilheteria não tivesse sido o suficiente para lhe cobrir os gastos da produção, pois seria possível que contasse com patrocínios que lhe faltaram e assim, a bilheteria, mesmo robusta, não cumprira a meta para sanar a despesa e lhe desse o lucro esperado, foi compreensível, mas... e nós com essa dificuldade de sua parte?

Bem, o Beto foi tratar do assunto em um lugar reservado e como estava a demorar para retornar, eu fui ver o que ocorria e quando cheguei o clima estava a esquentar. Desculpas esfarrapadas não colavam e o Beto mediante o seu "pavio curto" subiu o tom e aí o rapaz chamou os seus seguranças e infelizmente eles vieram com agressividade a deixar claro que apelariam se a conversa não parasse ali. Enfim, tivemos que nos contentar com parte do cachê combinado. Não vou revelar seu nome, mas ele militou no meio até meados dos anos 2000, pelo que eu saiba, e tomara que seja feliz, hoje em dia.

Sobre o show, foi energético, com um público que não era exclusivamente nosso, mas que respondeu com bastante entusiasmo. O som e a iluminação foram apenas razoáveis no cômputo geral, e na hora do nosso show, os amplificadores disponibilizados nos causaram aborrecimentos, dadas as suas falhas, principalmente o da guitarra do Edu. Mesmo assim, o show foi bom em termos gerais. Foi assim então, tocamos no Clube dos Aeroviários, em 17 de setembro de 1988, com cerca de quinhentas pessoas na plateia.

Na outra semana, voltaríamos ao Black Jack Bar, para mais dois shows. Tocamos nos dias 23 e 24 de setembro de 1988, com frequência excelente. No show da sexta, dia 23, duzentas e cinquenta pessoas nos viram tocar e no sábado, 24, trezentas e vinte pessoas passaram pela bilheteria da casa. Apesar desse bom público, claro que as condições do bar não foram as ideais, com um palco minúsculo e um equipamento de P.A. absolutamente insuficiente para um show de Rock.

O lado bom de se tocar no Black Jack, além do sempre bom público presente, dava-se com a hospitalidade dos seus donos que eram Rockers como nós, caso do Paulo Toledo, e Fernando Costa, ex-membros do Inox. Portanto, era sempre agradável e de certa forma, amenizava a falta de condições físicas para se fazer um show de Rock à altura das bandas que ali se apresentavam.
Resenha sobre o show feito no Clube dos Aeroviários, publicada na Revista Rock Brigade, escrita por André "Pomba" Cagni


Continua...

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