quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 23 - Por Luiz Domingues

Nesta tomada, o próprio diretor, Eduardo Xocante colocou a mão na massa, e atuou como cinegrafista

E a Lu Vitaliano também percebeu o momento de explosão dele, Rodrigo, e ao assistir pelo monitor do Xocante, entrou na euforia com ele e Viviane.

 Lu Vitaliano (Vitti), no dia dessa filmagem que estou a descrever

Confesso, estava a assistir pelo monitor e também e tive arrepios. Achei a postura dele nesse momento, de um artista de grande envergadura e relevância, daqueles que tem o que dizer e extravasam a cada gesto, a se expressar por significados e significantes. Ou seja, coisa de um artista grande. Houve também a incidência de algumas tomadas com a banda sem instrumentos, a fazer uma pequena performance gestual. 


Em uma cena, fomos colocados em pares e instruídos a olhar um para o outro, e assim berrávamos trechos contundentes da letra nos seus momentos a evocar "passeata de protesto", sob orientação do diretor, Eduardo Xocante. Desses frames, algumas fotos foram usadas no encarte do primeiro CD. Aliás, todas as fotos do encarte e contracapa, são dessa filmagem, ou da sessão de fotos que fizemos após o término da filmagem, para aproveitar o estúdio, a luz especial e o equipamento ali colocado.

E houve também cenas individuais da banda a tocar. Foram aproveitadas através de uma edição bem rápida, principalmente no momento dos solos de guitarra e ao final da música (eu apareço quase no fim, um pouco antes do "slow motion" final com o Rodrigo a encerrar a sua participação vocal).

Por ter sido filmado individualmente, esses frames foram aproveitados durante a execução da parte dos solos da canção

Como eu já disse, a Grace Lagôa, fotógrafa profissional e uma das melhores do país, especializada em shows de Rock, cobriu todo o processo. Ao final, ela fez uma rápida, porém excelente sessão de fotos. A foto da contracapa do álbum Pedra I, é dessa sessão, e a ausência do Alex que estava originariamente junto e foi suprimido, será esclarecida em uma narrativa posterior, no seu devido tempo.

Para encerrar, a ideia do clip ser simples foi funcional, mais barata e servir-nos-ia como um primeiro agente promocional, a mostrar a nossa imagem, sem subterfúgios. 

Uma filmagem em forma de entrevista foi feita no camarim antes da filmagem começar, ainda pela manhã. O objetivo foi contar com esse material como uma mini apresentação da banda, com até a presença do produtor, Renato Carneiro a prestar um depoimento. Uma pessoa ligada à MTV, amiga do Xocante, chegou a assistir a filmagem do clip por um tempo nos bastidores e esse rapaz foi quem pediu essa filmagem para levar à cúpula da emissora...

O momento da entrevista que supostamente seria veiculada pela MTV, no camarim do Cine Vídeo. De camiseta cor de laranja, o nosso produtor de áudio, Renato Carneiro também participou a opinar

Tal material foi cogitado para ser veiculado pela MTV. Mas essa pessoa nunca mais deu-nos esse retorno, portanto, essa mini entrevista nunca foi veiculada em lugar algum, e que eu saiba não vazou na internet. Todos da banda tem cópias em DVD desse material. Aliás, logo mais eu falarei sobre a nossa tomada de consciência em relação à MTV, depois que eu falar sobre o processo de edição do clip, que renderá histórias detalhadas, certamente. Mais algumas considerações:

1) Sim, chegamos cedo ao estúdio. Encontramo-nos na residência do Xando por volta das 7:00 horas da manhã e às 8:00 horas, estávamos com a nossa parte pronta no set de filmagens. A equipe de filmagem e a de iluminação, já estava lá no estúdio ainda antes. É praxe e faz parte das normas sindicais desses trabalhadores de cinema.

2) Contudo, os ajustes de câmera e iluminação são bem demorados. Acho que as primeiras tomadas só começaram depois das 11:00 horas da manhã.


3) Ao todo, acho que foram gastas cerca de seis horas de trabalho, a contar com uma pausa para o almoço.

4) A sensação foi a melhor possível. Estávamos todos animados, com exceção do Alex Soares que parecia estar incomodado com a situação. Tanto que logo após o término das filmagens, fizemos uma sessão de fotos com a Grace Lagôa, e ele quis ir embora rapidamente, ao alegar ter um compromisso pessoal.

Como uma chuva muito forte caiu ao final da tarde, eu ofereci-lhe carona, pois ele estava sem o carro que ficara com a sua esposa.
 

5) Foram muitas as recordações. A euforia das esposas do Xando e do Rodrigo (Grace e Lu), a euforia que o Xando demonstrar, a explosão de criatividade e expressão que o Rodrigo apresentou, a beleza das tomadas que víamos no copião a cada tomada encerrada, a simpatia do Eduardo Xocante que é um diretor sem nenhuma afetação (coisa rara nesse meio...), enfim, foi por aí.

Pedra, com Eduardo Xocante e Vivi Marques (ao centro, entre a banda), sob um dia de ensaio do Pedra em que eles visitaram-nos, dias antes da filmagem por volta de abril de 2005

6) Estávamos em nove pessoas a compor a comitiva do Pedra. A equipe de filmagem deve ter somado seis pessoas, Eduardo Xocante, Vivi Marques, o diretor de fotografia. Aníbal Fontoura, o cinegrafista e dois assistentes. A equipe de iluminação, a contar com mais quatro ou cinco pessoas. E como observadores, o filho pré-adolescente do Xocante, João (que devia ter onze de idade naquela época), e os dois filhos gêmeos da namorada do Xocante, com treze ou quatorze anos de idade, mais ou menos.

No camarim, Eduardo Xocante, e o seu filho João (de calça cinza), além dos filhos de sua namorada.

Finalizada a filmagem, o nosso contato com toda a equipe encerrou-se. Dali em diante, só manteríamos contato com o Xocante e a Vivi Marques. Isso por que o Xocante foi que tomou as providências posteriores. O primeiro passo seria a revelação da película, visto que filmamos em 16mm., película de cinema. Logo mais, avanço nessa perspectiva para contar sobre o processo de finalização do clip.

Continua...

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