terça-feira, 18 de agosto de 2015

Autobiografia na Música - A Chave/The Key - Capítulo 28 - Por Luiz Domingues


O ano de 1989, entrou, mas o ânimo esteve muito mais baixo entre todos os componentes. Tudo bem que o início de 1988 houvera sido ainda pior, sobre outros aspectos, com aquela hecatombe do final de 1987, ainda a se precipitar fortemente sobre nós, mas eu não poderia dizer que o início de 1989, fosse renovado pela esperança por dias melhores, aliás, no quesito, "esperança", o panorama não esteve muito pródigo, igualmente. Bem, a despeito da cena não muito favorável, em tese a luta continuaria para essa banda, embora eu estivesse cada vez mais deslocado, emocionalmente, dessa luta.

Mas eis que um fato novo ocorreu logo no início desse ano novo, quando o Beto anunciou que havia feito um contato nos Estados Unidos, durante a sua última viagem àquele país. Sinceramente não me lembro muitos detalhes, mas o fato é que ele houvera conhecido um produtor de shows em Miami, e este se interessara pela nossa banda, mediante o exame de nosso material, incluso a demo-tape gravada recentemente, e apesar de sua simplicidade técnica total.

Nesses termos, uma reunião foi marcada para aprofundar alguns detalhes e assim, o Beto quis levar mais um integrante da banda nessa viagem para reforçar a nossa representatividade e o escolhido foi o Fábio Ribeiro.

Portanto, ambos viajaram para Miami e conversaram com o empresário que gostou de nossa banda e esboçou desejar nos inserir em uma turnê, inicialmente sob condições modestas, mas cabe explicar: "modestas" para os padrões norte-americanos, pois para nós pobres Rockers brasileiros e acostumados a conviver com as piores situações possíveis, seria uma turnê espetacular, com show seguidos em várias cidades, em lugares pequenos, é bem verdade, mas com uma infraestrutura que só poucos tinham acesso aqui no Brasil.

Poderia ter sido a grande salvação para a banda naquele momento, não resta dúvida e mesmo profundamente contrariado com a estética adotada, no meu caso, eu teria aceitado a oportunidade logicamente, e a consequência disso é imprevisível aos olhos da percepção de hoje em dia. Poderia ter mudado a vida de nós cinco envolvidos, em vários aspectos.

A banda poderia ter crescido lá fora e ter feito uma carreira sólida, crescido e alcançado um certo patamar de fama internacional, com muito maior respeito dentro do Brasil, como é praxe para qualquer artista que consegue tal reconhecimento fora, para então ser respeitado na sua própria pátria, vide o caso do "Sepultura", só para ficar com um exemplo mais perto do nosso espectro (ainda que o som deles fosse diametralmente oposto ao nosso), mas também a citar a grande, Carmen Miranda, como exemplo clássico desse tipo de tendência.

Mas também poderia apresentar alternativas individuais para os seus membros. Edu e Fábio por serem virtuoses e impressionarem naturalmente, fatalmente receberiam propostas para atuar em bandas norte-americanas. Bem, são meras especulações, por que nada disso ocorreu...

O fato é que o tal empresário norte-americano ofereceu perspectiva, sim, para organizar uma turnê de pequeno porte para começarmos, mas a contrapartida seria largarmos tudo e viajarmos para os Estados Unidos, imediatamente. E as condições financeiras não nos favoreciam de forma alguma para tomar tal atitude, portanto, a proposta do empresário ficou apenas pelo sonho de alcançarmos dias melhores para essa banda, com uma possível etapa internacional de sua carreira. Restara-nos continuar a labutar aqui na "Terra Brasilis", absolutamente inóspita como de costume...


Continua... 
 

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