Entrou o segundo semestre no calendário e dois novos shows no Black Jack Bar, seriam realizados. Estivemos nesse ponto muito limitados a shows esporádicos e sempre na mesma casa, mais pelo fato de seus donos serem nossos amigos, do que a viver um momento bom na carreira. Aliás, o momento não foi nada bom.
Tocamos então novamente no Black Jack Bar, nos dias 14 e 15 de julho de 1989, com público respectivo de duzentas e trezentas pessoas. Para os padrões daquela casa com dimensões pequenas, foi muito bom, apesar de tudo.
Uma última oportunidade para tocarmos em uma casa de médio porte, ocorreria em agosto. No mesmo dia desse show, o Beto foi sozinho à emissora Brasil 2000 FM para promover tal espetáculo, durante a sua programação normal.
Novamente convocados a tocar no Dama Xoc, desta feita foi um show agendado de última hora, portanto sem muita chance de se fazer uma divulgação decente. Dividimos a noite com uma jovem banda que praticava um Hard-Rock com bastante similaridade com o Hard-Rock setentista, chamada: "Controlle", que estava para gravar um álbum, inclusive.
Foi aí que eu conheci um bom amigo, o baixista, Renê Seabra, que infelizmente já nos deixou, recentemente (2013), de forma muito precoce e vencido por um câncer muito agressivo, aliás. Nessa noite de 9 de agosto de 1989, o público presente no Dama Xoc foi diminuto, com apenas setenta pessoas presentes.
Uma versão de "Paralell Paradise", proveniente desse show do Dama Xoc de agosto de 1988. Lançado por Will Dissidente no Blog A Chave do Sol em 2015. A captura de época foi de Cláudio Cruz, e a remasterização a cargo de Edgard "Bolívia Rock" Franz.
O link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Rd7zz7bJq9k
No camarim, vieram me dizer que os membros da banda estrangeira, "Destruction", estavam presentes a nos assistir, mas ao contrário do que esperavam de minha pessoa, é óbvio que não me comovi nem um pouco. Foram bem vindos como qualquer pessoa que estava ali a pagar pelo ingresso, mas eu não nunca fui nem de longe alguém simpático ao mundo do Heavy-Metal, e portanto, sabia de sua existência, mas não me interessava nem um pouco pelo seu trabalho.
Versão da música "Narrathan", também executada ao vivo no Dama Xoc em 9 de agosto de 1988. Lançada por Will Dissidente em seu Blog A Chave do Sol. Captura na época: Cláudio Cruz, com masterização de Edgard "Bolívia Rock" Franz.
O Link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=E_lFkFyE1G4
"The Call", em versão ao vivo deste show do Dama Xoc, em 9 de agosto de 1988. Lançado por Will Dissidente em seu Blog A Chave do Sol, em 2015. Captura na época de Cláudio Cruz. Masterização de Edgard "Bolívia Rock" Franz.
O Link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=dA3Z_332RZg
Resenha sobre o Show no Dama Xoc, em agosto de 1989, publicada na Revista Rock Brigade de outubro do mesmo ano, e assinada por André "Pomba" Cagni. Interessante a referência ao nome do álbum que ainda nem havíamos gravado, ser supostamente intitulado como:"Runaway", possibilidade que aliás não se confirmou a seguir, e o fato de que na foto do show em si, eu estar a usar enfim o meu baixo Tajima, que houvera me sido entregue há poucos dias nessa ocasião, e no detalhe, um "knob" (botão), do instrumento estar a faltar na foto, pois havia caído no palco logo no primeiro show, a frustrar-me, naturalmente...
Alguns dias depois, faríamos o derradeiro show dessa banda, e cabe uma análise. Esse episódio, na verdade, já foi contado sob outro viés, no capítulo "Sala de Aulas", pois envolveu diretamente um aluno meu.
Foi o seguinte: o meu aluno, Marcelo Dias, popular "Marcelo Carioca", era componente de uma banda chamada: "Êxito", de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. Um dia, ele chegou na minha sala de aula, a dizer-me que a sua banda tinha conseguido uma data a ser cumprido em um dos três teatros mantidos pela prefeitura de São Bernardo do Campo-SP, no caso o Teatro Elis Regina, e que pelo fato de sua banda ser desconhecida, não fazia sentido eles usarem a data sozinhos, sob o risco de não angariar um grande público. Portanto, ele fez-me o convite para que A Chave/The Key fosse escalada para ocupar essa data, e sua banda, "Êxito", fizesse a abertura do show.
Poxa, foi muito bacana a atitude dele em me formular tal gentil oferecimento, mas o que ele não soube, foi que o clima era desolador no interno dessa banda, que tinha o compromisso de gravar um disco, mas na prática, estava quase dissolvida, com apenas o Beto ainda a lutar bravamente para mantê-la de pé, e talvez com apoio do Zé Luiz Rapolli, em tese. Eu estava exaurido, e Fábio & Eduardo, inteiramente entretidos com outros trabalhos.
Então, passei tal informação aos demais e mesmo com esse clima desfavorável da nossa banda em processo de desmantelamento, todos aceitaram fazer o show. Daí em diante, todo o mérito por tal produção ter sido um sucesso, deve ser creditado ao meu ex-aluno, Marcelo e aos seus companheiros, que trabalharam com muito afinco para tal. Foi muito compreensível, pois eram jovens e davam os seus primeiros passos como músicos. Essa história foi contada igualmente no capítulo "Sala de Aulas", mas agora eu avanço um pouco mais aqui.
Sob o ponto de vista do show em si, foi uma apresentação com bastante energia, pois o público respondeu com muito entusiasmo.
A banda estava dilacerada internamente, mas a sinergia no palco, com a devolutiva de um público muito quente, nos contagiou, a tornar a performance ótima, como se a banda estivesse em grande forma, e não foi o caso, na verdade.
Foi o último show dessa banda e dessa formação, pois a seguir só nos dedicamos à gravação do álbum, e após o processo de gravação, um longo período se seguiu até que o Beto novamente a reformulasse inteiramente e tentasse prosseguir no ano de 1990, e parte de 1991.
Se A Chave/The Key nada teve a ver com a velha, A Chave do Sol, embora para muitos fosse a sua continuidade forçada, após mais uma reformulação e nova troca de nome (o LP que gravamos já seria creditado à uma banda chamada: "The Key"), não houve nenhum cabimento em que algum fã ou jornalista ainda acreditasse que fosse uma continuidade...
Enfim, o show no Teatro Elis Regina, em São Bernardo do Campo-SP, ocorreu no dia 13 de agosto de 1989, com abertura e preciosa produção dos componentes do "Êxito", e com cerca de trezentas pessoas alojadas na plateia.
Tal banda de meu aluno mudaria de nome, formação e orientação artística, alguns meses depois, e em 1990, os seus membros me convidariam para produzir uma Demo-Tape. Tal história, está contada com detalhes nos capítulos dos "Trabalhos Avulsos" de minha autobiografia. O nome dessa banda tornar-se-ia: "Aura".
Algum tempo depois e os seus membros mudariam de novo de nome para: "Via Lumini", para gravar dois discos e estabelecer relativo sucesso entre os apreciadores do Rock Progressivo setentista, tão vilipendiado e desprezado na década de oitenta. Para o meu entendimento, foi adorável, é claro...
Sobre A Chave/The Key, só restara-nos gravar o álbum...
Continua...
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