quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 91 - Por Luiz Domingues

Muitas ideias novas já estavam sendo desenvolvidas nessa altura.
Se por um lado, chateara-nos estarmos sem perspectivas de shows naquele instante, por outro, a motivação pelas
músicas novas e iminente preparação de um novo álbum, foi por demais animadora. 

Músicas como "Longe do Chão", "Letras Miúdas", "Se Você For a Fim", e "Jefferson Messias", já continham um corpo inicial e passavam por fase de apuro, ainda que não tivessem títulos oficiais à época.

Lembro-me que no caso de "Jefferson Messias", a definição por esse nome para a canção, surgiu alguns meses depois, apenas. 

O fato, é que no seu nascedouro, a música teve a inspiração psicodélica sessentista, por conta do riff de teclado e sobretudo por seu timbre característico, mais a se parecer o do órgão Farfisa, do que o Hammond.

Então, nas primeiras elucubrações, a apelidamos como: "Jefferson Airplane", para estabelecer uma alusão indevida eu diria, pois a maravilhosa banda de Slick, Kantner  & Cia, não tinha teclados em sua formação clássica, portanto, o apelido mais adequado deveria ser "The Doors", "Vanilla Fudge", "Iron Butterfly", "Young Rascals"...

Bem, independente disso, o importante foi que a música foi a se desenvolver e após ter sido definida a parte "A", onde a menção psicodélica norte-americanizada era explícita, o Xando trouxe um riff diferente que tornou-se a parte "B". 

Aparentemente um riff mais setentista e com característica de Hard-Rock, na minha ótica, por isso, lembrava-me muito o trabalho do "Captain Beyond".

O grande Lee Dorman, baixista que admiro bastante, tendo ele tocado em duas bandas que aprecio: "Iron Butterfly" e "Captain Beyond"

E assim, na minha percepção, tal mosaico supostamente dispare, fazia sentido, pois eu fiz a conexão "Iron Butterfly/Captain Beyond", e o elo dessa junção foi o Lee Dorman, extraordinário baixista que atuou nas duas bandas. 

Uma loucura experimental seria colocada como parte "C". No início, foi apenas uma brincadeira, mas tornou-se oficial quando na proximidade de entrarmos em estúdio, fez com que nós percebêssemos que o experimentalismo poderia soar muito bem na gravação oficial.

Roger Waters e o seu Fender Precision, mais uma outra referência forte na minha vida como baixista e apreciador do Pink Floyd

E nessa parte "C", eu evoquei o Roger Waters para buscar a minha inspiração, com o experimentalismo da psicodelia de Canterbury a dar as suas cartas...
Cezar de Mercês, um ídolo do Rock setentista brasuca, que tornou-se amigo e parceiro de composição em uma banda minha!

O Rodrigo começou a trabalhar na linha melódica e a escrever a letra, mas em um dado instante, ele travou a respeito de um trecho. Passou-se um bom tempo outrossim, até ter obtido uma ideia ousada e salutar.
 
O áudio do disco, de Jefferson Messias:

Eis o Link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=iUEy_onTQj4


Pois foi quando ele recorreu a um amigo da banda e grande artista que admirávamos, o Cezar de Mercês, que trouxe a continuidade ideal e sugeriu o título oficial da canção, em cima da brincadeira do seu apelido. 

"Jefferson", que aludia ao "Jefferson Airplane", tornou-se um personagem, a ganhar a alcunha de "Messias", como uma espécie de profeta apocalíptico ou coisa que o valha.

Continua...

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