Uma canção Folk, com forte influência da música de raiz caipira do interior de Minas Gerais e São Paulo, coisa de violeiro do interior, eminentemente rural etc.
Não sou um musicólogo, mas tenho um
pouco de noção dessa matéria, portanto, bastou ouvir as primeiras
audições dessa música em estado bruto, apresentada pelo Rodrigo ao
violão para a banda, para que na minha percepção disparasse a ideia de
haver uma conexão com o Folk europeu, também.
E se for analisar por esse prisma, certamente o pesquisador vai estabelecer a conexão, igualmente e passa por uma série de fatores, entre os quais, o fato histórico de que a raiz da música portuguesa e da espanhola, idem, mantém forte influência da música árabe, pelos séculos de domínio mouro na península Ibérica.
E por conseguinte, a música árabe de uma maneira
generalizada, contém raízes na música indiana, portanto, quando se ouve
música de raiz de violeiros, todas essas percepções vem à tona.
Então, na hora de se pensar em um arranjo para a banda, de minha parte e do Rodrigo, ficou evidente que tal pegada "Folk" remetera ao Prog-Rock setentista. E assim procedemos, ao buscarmos a sonoridade caipira de um violão de doze cordas conduzido pelo Rodrigo com maestria e assim, o baixo Rickenbacker buscou a sonoridade clássica do Prog-Rock setentista e a introdução de uma parte "C" em que o solo do Xando, cheio de efeitos de delay, claramente trouxe um sabor "Steve Howe" à canção.
Mais um outro elemento muito positivo que foi incorporado e foi ideia do Rodrigo, deu-se com a adição dos backing vocals com uma certa intenção de se evocar a sonoridade da música indiana, e assim incorporar os chamados "comas", ou seja, a metade da metade de um tom ocidental comum, portanto, a imprimir-se o exotismo sonoro.
E para reforçar tal conceito, na concepção final de estúdio, foi acrescido o efeito de um flanger, para reforçar o exotismo indiano que entrou na música tal como uma pitada de "curry" na receita final.
Outro dado notável,
foi a inclusão de uma delicada intervenção de cítara, executada pelo
Diogo Oliveira, um artista incrível que transborda talento por todos os
poros.
Não obstante o fato de ter feito a capa e o Gibi HQ que envolve a sua concepção de lay-out, por ser um grande músico, também, abrilhantou a obra a tocar cítara em "Projeções".
No quesito da letra, o Rodrigo
também já a tinha pronta desde casa. A temática espiritualista é leve,
não panfletária e pode dar margem à uma interpretação não religiosa,
portanto, é bastante feliz ao meu ver.
https://www.youtube.com/watch?v=8nIGYz1Nink
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário