quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 108 - Por Luiz Domingues




Nós atraímos um bom público para a casa, mesmo por que a banda vinha de poucos shows naquele ano de 2007 e o nosso público sentia a nossa falta, sem dúvida e assim respondia positivamente quando surgia uma oportunidade. 

É bem verdade que havíamos tocado nesse mesmo mês de agosto de 2007, a contrariar em parte o meu discurso, mas cabe lembrar que tal show fora marcado quase repentinamente e não houve a possibilidade de uma divulgação adequada, portanto, tratamos essa apresentação do "Mr. Blue", com maior carinho. 

O Marco Carvalhanas estava empolgado, pois como eu já salientei, foi o seu primeiro show vendido em nosso favor, fruto de seus esforços e apesar de não ser um grande show glamoroso em uma casa de maior renome, a sua euforia por estar a começar bem a sua caminhada conosco, animou-nos, por conseguinte. 

O som da casa não esteve maravilhoso, mas se mostrou digno. A estrutura já houvera sido melhor em seus áureos tempos, mas naquele momento ficara apenas razoável, para ser bastante ameno.

Nesse dia, o Renato Carneiro deu-nos uma ajuda, a operar o pequeno PA da casa. Com ele por perto, ficávamos muito mais seguros a respeito da qualidade sonora para o público que ouvir-nos-ia. 

Tocamos um repertório mesclado, a conter material do primeiro disco e quase todas as canções do então em fase de gravação, novo álbum, Pedra II. 

Foi um show longo, mas o Pedra aproveitava para tocar sem parcimônia, justamente por ter dificuldades de agendar shows com uma continuidade com a qual gostaríamos de ter. Na minha lembrança, foi um show muito bom, com resposta positiva da plateia e uma sonoridade garantida por timbres muito fidedignos ao que apresentávamos na gravação de nossos discos.

Um certo músico, famoso nos anos setenta e oitenta, e que estava presente abordou-me para reclamar que o som do meu baixo incomodara-o, principalmente quando usei o Rickenbacker, que normalmente tem maior agressividade. 

Achei descabida a colocação, não por não aceitar uma crítica, fator que absorvo sem problemas, mas pelo fato de eu ter o comportamento pessoal sempre de tocar com volume baixo e pelo contrário, em todas as bandas pelas quais eu toquei, seja em ensaio ou ao vivo, constantemente fui solicitado a aumentar o volume de meu amplificador por parte de meus companheiros, pois sempre estava abaixo dos demais. 

É o meu comportamento padrão, público e notório. Para reforçar essa tese, digo que naquele dia em específico, segui a risca o volume de palco que o Renato Carneiro sugeriu para eu usar, na relação de mais pura confiança com o meu técnico, ao levar-se em conta que o meu amplificador não estava microfonado, tampouco ligado em linha, via Direct Box. 

Portanto, eu jamais desobedeceria a opinião do Renato, que equalizou o som de palco da banda, baseado no fato de que apenas as vozes e algumas partes da bateria estavam ativos no pequeno PA da casa. 

Em suma, a observação do meu interlocutor, fora mais uma intervenção inoportuna, a querer gerar controvérsia fora de questão e ele gostava de abordar colegas de profissão com esse tipo de observação supostamente técnica, mas com outra intenção, nada nobre, eu diria. 

Uma ocorrência alheia à nossa vontade aconteceu na recepção da casa, mas que causou-nos um certo constrangimento. Uma moça que dizia-se produtora musical, estava a abordar-nos na rede social Orkut, quando essa rede estava na crista da onda e foi a maneira pela qual as pessoas mais comunicavam-se entre si., 

Ela disse-nos estar interessada em apoiar a banda em todos os sentidos. Nós a colocamos em contato com o Carvalhanas, com este já a assumir o comando dos nossos negócios e ela mostrou-se disposta a fazer um intercâmbio de contatos e contribuir para abrir frentes de trabalho para o Pedra.

Até aí, foi algo salutar e claro que aceitamos esse reforço gerencial. E para sacramentar essa união, ela combinou de aparecer no show do "Mr. Blues". 

O seu nome foi colocado em uma lista de convidados naturalmente. Só que na hora, ela chegou completamente embriagada na casa e transtornada, arrumou um escândalo por conta de querer furar a fila de entrada, como se não bastasse ter a sua entrada gratuita garantida, a achar-se uma pessoa diferenciada. O escândalo foi ouvido até dentro da casa e aos berros, a referida garota foi expulsa sumariamente da casa. 

Bem, passou um bom tempo até que ela abordasse-nos novamente pelas redes sociais, inclusive sem tocar no assunto desse ocorrido e diferentemente do que esperávamos, a nos falar sobre outras coisas que queria arrumar para nós. Nunca aconteceu nada, mas a vida seguiu!

Foi o caso de uma outra moça que também abordou-nos a nos oferecer a ajuda nesses moldes. Par conseguir uma licitação da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, ela nos ofereceu um show a ser realizado em um parque público da zona Leste de São Paulo, mas uma semana antes, os nossos amigos do Golpe de Estado cancelaram show nos mesmos termos, pois o equipamento disponibilizado por essa moça, foi um ridículo PA, suficiente apenas para alimentar um som Hi-Fi para sonorizar uma festinha infantil em salão de condomínio, portanto, nós cancelamos nossa apresentação, ao evitarmos assim o constrangimento que o Golpe de Estado teve. 

De volta a falar do "Mister Blues", o show foi muito bom, com setenta pessoas na plateia e creia, foi um contingente que a casa não atraía há anos, naquele processo decadente em que encontrava-se. Aconteceu na noite de 31 de agosto de 2007..

Continua...

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