quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 122 - Por Luiz Domingues

O nosso próximo compromisso seria no local onde apresentamo-nos em fevereiro, ao participarmos do festival "Grito Rock". 

Conforme eu já havia mencionado, fomos muito bem tratados pela direção do espaço em si, o "Centro Cultural Cidadão do Mundo" e ali surgira o convite para fazermos um show inteiro no mesmo espaço, desconectado com a ideia do festival. 

Fizemos nossa divulgação padrão e ao contrário do show realizado no Festival citado, claro que faríamos uma apresentação completa e isso denotara um esforço acrobático para acomodar o equipamento todo, ao promover a utilização dos teclados, visto que a apresentação no referido festival fora de choque, com poucas músicas apenas e só a privilegiar o repertório de músicas com duas guitarras, para facilitar a logística.

Chegamos ao final da tarde no espaço, muito mais preocupados em fugir do trânsito, e não é fácil sair de São Paulo rumo a São Caetano do Sul no final da tarde e início da noite. 

Recebidos com entusiasmo pelos responsáveis da casa, estávamos com bastante tempo, e com muita paciência, fizemos a ginástica insana de colocar todo o equipamento naquele palco tão tímido, e fazer tudo funcionar. 

Já sabíamos de antemão que o PA disponibilizado pela casa era bem simples, e claro que se faria mister observar a dinâmica bem espartana, sob o risco de não ouvir-se as vozes e prejudicar assim a performance geral. 

Apesar de ser uma banda de excelência musical inquestionável, o Pedra tinha um sério defeito e que nunca o corrigiu a contento, que foi o fator da dinâmica. Pelo fato de Rodrigo e Xando manterem o costume de tocarem muito alto, a banda sempre padeceu nesse aspecto, infelizmente. 

Não por maldade da parte deles, de forma alguma, mas por ambos seguirem esse comportamento arraigado, eles escoravam-se em desculpas típicas de guitarristas sobre "válvulas que precisam da pressão X para atuar melhor" e obter o timbre, ou a dupla amplificação, mesmo em ambientes minúsculos, como fator preponderante para garantir o efeito do "stereo" em certas circunstâncias etc. 

Tais argumentos foram verdadeiros, tecnicamente a falar, mas se revelavam preciosismos a envolver detalhes que aos ouvidos leigos eram absolutamente irrelevantes e na prática, com toda essa massa de equipamentos, ficava impossível se tocar sob um volume razoável, sendo que na hora mesmo do show, ao tocarmos em casas noturnas tímidas, sob ação de PA's bem fracos, como esse em questão, a inteligibilidade das letras vocalizadas ficava hiper prejudicada e isso gerava frustração para a banda.

Esse e o fator da dificuldade de estabelecermos uma agenda sustentável foram os dois pontos cruciais que mais atormentaram a banda ao longo de sua história. 

Haveria uma banda de abertura, mas que sob um arranjo bem caseiro, não representaria nenhum estorvo, pois seria a banda do nosso roadie, Daniel Kid.

A usar o nosso equipamento sem problema algum, foi um prazer dar essa oportunidade à banda "Daniel Kid e os Rockers". 

Soundcheck realizado, todos saíram para jantar nas imediações, mas eu permaneci no ambiente da casa. Estava a descansar no camarim improvisado no mezanino da casa, quando ouvi a voz de uma pessoa amiga a conversar com os donos do estabelecimento, que eram amigos dela em comum. 

Tratou-se de Cris "Boka de Morango", dançarina e cantora da banda "Irmandade do Som", que tão bem recebera-nos em seu programa na Rede NGT, ao final de 2006.

Rara foto desse show, na verdade uma foto de bastidores, no camarim do Centro Cultural Cidadão do Mundo, em maio de 2008. Da esquerda para a direita: Rodrigo Hid, Cris "Boka de Morango" e Luiz Domingues. Foto: Grace Lagôa

Moradora de São Caetano do Sul-SP, quando ela soube que ali tocaríamos, programou-se para ver-nos e foi um prazer recebê-la, naturalmente, a se tratar de uma pessoa muito querida por nós e que tornou-se nossa amiga desde 2006. 

Um problema estrutural ocorreu lamentavelmente com a banda de abertura. O guitarrista havia tido um problema repentino e a banda preparou-se para atuar com um guitarrista substituto, mas este adoecera também, no dia da apresentação. 

Corajosamente, Daniel Kid e o baterista fizeram uma apresentação hiper improvisada, a aproveitarem o fato de que o baterista também tocava violão e assim, com um duo de violões e vozes, eles fizeram uma performance acústica e curta. Achei bem cortês a predisposição de ambos em não cancelar a apresentação e improvisar ainda que com prejuízo artístico, pois estavam prontos para uma apresentação elétrica, com toda a potência da banda, mas isso não foi possível. 

O nosso show foi bom, conseguimos dar o recado mesmo sob uma apresentação com um palco muito apertado, a gerar incômodos físicos até. 

O pessoal do espaço foi super simpático e nós apreciamos a hospitalidade, mas o público foi pequeno, infelizmente. Noite de 2 de maio de 2008 no Centro Cultural Cidadão do Mundo, em São Caetano do Sul-SP, com cerca de vinte e cinco pessoas na casa. 

O que animou-nos nesse momento, apesar do episódio desagradável que tivéramos com os vídeos, foi a perspectiva de termos mais datas marcadas para um prazo bem breve, o que foi muito bom. 

O próximo show, seria inserido em um micro festival a ser realizado em uma casa noturna velha e esta a se revelar como uma velha conhecida nossa, mas cuja organização foi de uma agência produtora nova que parecia imbuída da vontade de crescer e aparecer. Ótimo, gente empreendedora era/é, sempre bem-vinda para o mercado.

Continua...

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