terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 30 - Por Luiz Domingues

Bem, o que ocorreu no desenvolvimento desse tema, foi que ele tornou-se muito tenso, ao dar-lhe uma ambientação "esquizoide", que certamente lembrara o som do King Crimson dos seus primeiros tempos, e dessa forma, a interpretação do Ciro para declamar o seu texto, ganhou tal amplitude de uma loucura desesperada, e claro que ficou muito intenso e entusiasmou a todos, principalmente o Ciro, é claro. 

Não foi exatamente o que eu estava a imaginar, mas confesso que tal intensidade a lembrar um surto psicótico, agradou-me, pois fora evidente que o Ciro usaria e abusaria desse tema para intensificar a sua performance ao vivo.

E isso foi graças ao Carlinhos Machado, pois quando eu propus mostrar a ideia para ele, visto que fomos os primeiros a chegar no estúdio para o ensaio, ele a iniciou sob um andamento muito além do que eu havia concebido, e dessa forma, mudou a sua característica e deu-lhe ainda mais dramaticidade. 

Os ensaios portanto, correram sob um clima marcado por se acrescentar músicas novas a serem compostas, ali no calor da ocasião e com interatividade coletiva.

Rara foto de um dos ensaios para o show do Sesc Piracicaba, de março de 2014, click da própria Isabela Johansen, que ficou fora do quadro. Da esquerda para a direita: Luiz Domingues, Carlinhos Machado, Ciro Pessoa (de costas) e Kim Kehl

Por exemplo, fora tais temas que eu já observei, houve uma canção composta ao violão pela Isabela, que estava semipronta e esta a mostrar uma letra que se usara de um poema de Manoel de Barros. Parecia uma canção Folk, bem sessentista, ao lembrar trabalhos amenos do porte de: "The Mamas and the Papas", "Peter, Paul & Mary", The Seekers e outros artistas similares, com uma boa dose de docilidade.

Lembrava de certa forma também o som d'Os Mutantes, nos seus tempos psicodélicos, e com a Rita Lee a transitar entre a loucura explícita, e a docilidade ingênua, de ordem Pollyanesca.

A adaptação do Carlinhos Machado à banda esteve excelente. Ele sentia-se preocupado em ter que decorar tantas músicas novas para em poucos ensaios, mas absolutamente ambientado e integrado, a brincar com todos nos ensaios. Haveriam mais dois ensaios, mas com a inclusão de novas músicas, acho que o Carlinhos teve certa razão para ficar apreensivo nesse aspecto.
Continua...

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