quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 109 - Por Luiz Domingues

Apesar do entusiasmo inicial que envolveu a participação do Marco Carvalhanas como produtor da nossa banda, os seus esforços não lograram êxito, como todos desejaríamos. 

Ele fez inúmeros contatos no circuito de casas noturnas de São Paulo, mas não fechou mais nenhum show para nós e cabe a reflexão. De fato, nesse início de segunda metade dos anos 2000, houve uma grande efervescência de casas noturnas na cidade de São Paulo, mas ao contrário do início dos anos noventa, em que houve uma profusão semelhante, desta feita as casas estiveram dominadas por um nicho específico a obedecer um modismo e quem não fizesse parte dessa cena, não teve chance alguma de apresentar-se.

A especificar-se, as casas estavam fechadas no ideal do "Indie Rock", e embaladas por tal determinação e a ter setores estratégicos do jornalismo musical coadunados com tal predisposição, ficara impossível para bandas como a nossa, completamente "outsiders" na percepção dessa gente. 

Dessa forma, o Carvalhanas, que era (é) um amigo extremamente gentil, mas estava defasado dessa realidade de mercado dos anos 2000, desanimou. De fato, a sua concepção de produção foi calcada na sua percepção antiga, dos anos oitenta e noventa, portanto, um cenário em que os espaços estavam dominados por uma "panela" específica, em que se apresentara como uma novidade para ele, como produtor e dessa forma, despreparado para lidar com tal barreira, Carvalhanas sentiu-se sem estrutura para buscar novas estratégias para uma banda como o Pedra, naquele momento. Paciência! Nós tínhamos que prosseguir.

Não cabe especificar, mas não foi apenas por conta disso que a parceria entre nós e o Carvalhanas encerrou-se. Tivemos uma divergência por conta de um outro detalhe, que prefiro não revelar, mas posso adiantar que este fora uma questão de pequena monta. 

O que pesou mesmo foi essa inadequação dele para com o mercado tão modificado que não reconhecia mais como o conhecera anteriormente e a nossa condição de outsider na música, ao não encontrar nada adequado para encaixarmo-nos no mercado e por conta disso, lutarmos com dificuldades para achar um lugar ao sol, tendo que adaptarmo-nos ao mais próximo possível do ideal, mas nem sempre isso significara algo plausível, exatamente. 

Cito o exemplo de que em 2006, nós termos feito shows em conjunto com o "Carro Bomba", que nada teve a ver com nossa estética e propósitos, mas apenas a ter como similaridade o fato de sermos amigos pessoais dos membros daquela banda. 

Mesmo com a relação semi desgastada, o Carvalhanas ainda estaria conosco para o nosso próximo compromisso, em outubro de 2007 e voltaria a abordar-nos com uma proposta interessante no início de 2008, fato que revelarei na sua cronologia adequada.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário