sábado, 16 de março de 2024

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 124 - Por Luiz Domingues

Com as bênçãos do Uriah Heep sob a sua formação mais famosa retratada na parede, eis o Boca do Céu no camarim do Instituto Cultural Bolívia Rock, em 17 de fevereiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Eis que chegara o grande dia. Sentimento vivo entre os quatro membros originais do Boca do Céu presentes na formação pós-2020 e devidamente reforçado pelo Carlinhos Machado, que entrara na banda nesta fase moderna do século XXI, porém, sendo contemporâneo nosso dos anos setenta, entendia perfeitamente essa mesma sensação, ocorreu que nesse dia, 17 de fevereiro de 2024, nós finalmente voltamos a colocar essa banda sob um palco, algo que não fazíamos desde o longínquo ano de 1978.

Quando nos reencontramos para uma mera reunião de confraternização em fevereiro de 2020, não passara na imaginação de nenhum de nós envolvidos nesse projeto de resgate, que uma sobrevida poder-se-ia precipitar doravante e foi exatamente o que ocorreu, com pandemia mundial no meio do caminho, problemas pessoais de cada um mediante doenças pontuais e questões familiares a se resolver, muitos ensaios em meio aos protocolos sanitários exigidos e sobretudo, a exercermos um esforço de memória hercúleo para relembrar músicas cuja lembrança só tínhamos na maioria dos casos, de forma precariamente fragmentada.

Conseguimos enfim colocar a banda em um estúdio profissional, para gravar uma das nossas canções com o brilhantismo musical que era inatingível para nós nos anos setenta, gerar repercussão midiática muito além do esperado e agora, neste momento de 2024, colocar a banda no palco para tocar em uma casa noturna com ambientação de Rock e a cumprir tal tarefa com propriedade. 

Eu (Luiz Domingues), em meio a um ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo em 4 de fevereiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

A pensar exclusivamente no meu caso particular, eu já houvera atingido um pico de carreira muito além do que sonhara, no sentido de que atuara como membro de muitas bandas, a gravar mais de duas dezenas de discos ao longo de quase quarenta e oito anos de carreira. Nesta altura, estava a exibir um portfólio gigantesco, portanto, chegara nessa idade cronológica de sessenta e três anos de idade (a enxergar a marca de sessenta e quatro para ser cumprida em breve), plenamente satisfeito. 

Durante a minha trajetória, pude ajudar a criar uma banda que cresceu e ficou lendária, entrei para a formação de duas bandas que já eram lendárias e pude construir a minha participação com presença marcante na história delas. Tive também banda que teve apelo midiático, outras duas que alcançaram um enorme respeito artístico. Exerci a psicodelia sessentista mais louca a bordo da banda de um artista que a enxergava como eu, e pude construir uma banda inteiramente da estaca zero a pensar em todos os detalhes para exercer o que eu sempre sonhei fazer. Além disso, tive duas bandas "cover" que foram além da mera execução mecânica a conter muitos atributos irrefutáveis, fora que participara de dezenas de trabalhos avulsos com outros artistas.

Portanto, essa boa surpresa de poder prover sobrevida à minha primeira banda, que tivera uma trajetória tão singela e importante como fator impulsionador da minha carreira, mas que poucos resultados palpáveis amealhara durante a sua jornada no decorrer da década de setenta, eu pude encarar como um presente que os Deuses do Rock me ofertaram para que eu pudesse encerrar a carreira e a vida, com direito a retornar ao ponto inicial de tudo nesse aspecto da minha trajetória artística e desta feita, para deixar um legado com este trabalho em específico.

Diferente do meu primeiro show de Rock da vida, cumprido em fevereiro de 1977, com esse mesmo "Boca do Céu", eu acordei no dia 17 de fevereiro de 2024, sem aquela apreensão, o chamado "frio na barriga", que artistas principiantes sentem e que alguns nem conseguem superar, mesmo com a experiência adquirida. 

No entanto, toda essa reflexão que eu expus nos parágrafos acima, passou pela minha mente nesse instante e eu me senti muito feliz por esse dia ter chegado. 

Faríamos um show de abertura da minha própria banda, Os Kurandeiros e seria curto, no padrão de um show de choque, mas embora breve na duração e na condição de "open act" ou show de abertura (na terminologia em português), de uma outra banda, que significado especial teria para todos nós!

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terça-feira, 12 de março de 2024

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 123 - Por Luiz Domingues

Que momento bonito foi para essa banda formada por adolescentes nos anos setenta, mas que não conseguira amealhar grandes conquistas naquela década, poder se reagrupar tanto tempo depois e aos poucos, avançar para quebrar os seus próprios recordes. 

Pois se em 2023, lançamos enfim a nossa primeira música oficialmente gravada em estúdio e tivemos inúmeras execuções radiofônicas, agora estávamos com show marcado para acontecer em breve e nesse dia 31 de janeiro de 2024, fomos realizar a nossa primeira entrevista para um veículo de rádio tradicional do dito "dial", com a banda completa e com direito a uma mini apresentação de nossa parte.

Tudo bem que esse convite foi formulado por um próprio companheiro nosso, isto é, a se configurar como uma ação entre amigos, mas na prática, tirante essa camaradagem implícita, o fato foi que essa oportunidade se revelou histórica para a nossa banda, que sonhara com participações dessa monta no âmbito da cobertura radiofônica e somente agora, na terceira década do século XXI, concretizou tal feito.

Bem, tradicionalmente o programa era realizado nos estúdios da USP, dentro do campus da cidade universitária, porém, a passar por reformulação, já de algum tempo a gravação estava a ser realizada no estúdio conhecido como "Mister Jungle", de propriedade do tecladista do Língua de Trapo, José Miletto, em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista.

Para tocarmos de uma maneira elétrica, tivemos o apoio do percussionista do Língua de Trapo, Marcos Martins, que é também técnico de som e proprietário de equipamento de PA, portanto, ele prontamente nos emprestou toda a estrutura, montando um mini PA de pronto para que pudéssemos tocar.

Os apresentadores do programa "Rádio Matraca" e amigos de longa data: Alcione Sanna, Laert Sarrumor e Ayrton Mugnaini Junior.  Boca do Céu no programa "Rádio Matraca" da USP FM. 31 de janeiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

A minha ex-aluna e amiga, Alcione Sanna e eu, Luiz Domingues, a nos reencontrarmos após tantos anos. Boca do Céu no programa "Rádio Matraca" da USP FM. 31 de janeiro de 2024. Click (selfie), acervo e cortesia: Alcione Sanna

Foi um prazer reencontrar a minha ex-aluna, Alcione Sanna após tantos anos, e com a qual tive bons momentos de recordação ali nos bastidores dessa gravação, ao falarmos sobre as nossas reminiscências ocorridas nos anos noventa, quando das minhas aulas. 

Seguindo o roteiro do programa, nós primeiro gravamos as músicas do Boca do Céu. Tocamos as canções: "Rock do Cometa",  "Astrais Altíssimos" e "Desprogramação". 

E ali na hora, na base do improviso, a se considerar que Ayrton Mugnaini Junior e Carlinhos Machado também eram membros do grupo "Los Interessantes Hombres Sin Nombre", se resolveu convocar os dois guitarristas do Boca do Céu, Wilton Rentero e Osvaldo Vicino, e assim eles tocaram a música: "Rebel Dog Blues", composição do Ayrton, inclusive com a participação do Laert, canção que representou os "Los Interessantes", que também fariam o show conosco no Instituto Cultural Bolívia Rock, alguns dias depois.

 
Flagrantes da nossa apresentação durante entrevista concedida ao programa "Rádio Matraca". Primeira foto: Laert Sarrumor e Wilton Rentero. Segunda foto: Osvaldo Vicino e Laert Sarrumor. Terceira a foto: Eu (Luiz Domingues), com Ayrton Mugnaini Junior, atrás, em pé e Carlinhos Machado ao lado. Boca do Céu na gravação do programa "Rádio Matraca". 31 de janeiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

A seguir, fizemos a entrevista que foi muito boa, com todos a contar a história da nossa banda nos anos setenta e no momento pós-2020,  e logicamente com o Laert também a participar desse contexto, mesmo sendo ele também um dos apresentadores do programa. 

Um último bloco foi dedicado à minha pessoa e certamente que eu  vi como algo muito honrosa essa deferência à minha pessoa e trajetória pessoal. Nesse bloco, eu falei de praticamente todas as bandas pregressas que tive e também d'Os Kurandeiros, mediante trechos de músicas executados de cada trabalho destacado e a contar com o farto uso de "BG" a destacar músicas dessas bandas todas. 

Em suma, foi uma entrevista & apresentação em clima de completa descontração, entre amigos queridos e com a camaradagem explícita no ambiente, o que nos deu respaldo, certamente, para nos apresentarmos bem e falarmos com desenvoltura.  

A banda perfilada a atuar, com Ayrton Mugnaini Junior e Alcione Sanna a assistir da porta ao fundo e no canto direito a comandar a filmagem, Moacir Barbosa de Lima ("Moah"). Click, acervo e cortesia: José Miletto

O nosso excelente apoiador, Moacir Barbosa de Lima, o grande "Moah", fotografou e filmou toda a apresentação e o simpaticíssimo José Miletto nos forneceu o áudio das três músicas que gravamos e assim, eu pude compor três clips mediante mosaico de fotos para reforçar o acervo da nossa banda. 

Tal entrevista foi ao ar no dia 10 de fevereiro de 2024, pelas ondas da USP FM, a concretizar a primeira entrevista coletiva da banda em uma emissora de rádio do "dial" tradicional. Um marco para os meninos sonhadores de 1976, somente concretizado por senhores no alto da terceira idade em 2024, porém, a emoção foi a mesma, é preciso salientar.

Dias depois, o podcast para audição permanente foi disponibilizado pela emissora, através do seguinte link:

https://jornal.usp.br/radio-usp/sinopses/radio-matraca/

"Rock do Cometa" ao vivo no programa "Rádio Matraca" - USP FM de São Paulo. No ar no dia 10 de fevereiro de 2024

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=fVf-CXpWFOw

"Astrais Altíssimos" ao vivo no programa "Rádio Matraca" - USP FM de São Paulo. No ar no dia 10 de fevereiro de 2024

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=xbdUT6i-bos

"Desprogramação" ao vivo no programa "Rádio Matraca" - USP FM de São Paulo. No ar no dia 10 de fevereiro de 2024

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=HwRTj2_cImw

Com a propaganda do show já "na rua" e a todo vapor, o programa foi com certeza um elemento de apoio nesse esforço. E então, para arrematar, fizemos mais um ensaio de segurança. Dessa forma, nos reunimos novamente nas dependências do estúdio Lumen de São Paulo, no dia 11 de fevereiro de 2024, para um último apronto. 

Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado, eu (Luiz Domingues), Wilton Rentero e Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo. 11 de fevereiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Sem o Laert, no entanto, apenas repassamos alguns pontos cruciais das canções para nos fornecer a segurança final e assim nos colocamos aptos para cumprir o nosso apontamento mais importante nesta etapa do grande resgate, para finalmente nos colocarmos novamente sob um palco, após um longo hiato de 46 anos.

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sábado, 9 de março de 2024

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 122 - Por Luiz Domingues

Da esquerda para a direita: o grande fotógrafo e film-maker, Moacir Barbosa de Lima, popular Moah e depois, eu (Luiz Domingues), Wilton Rentero, Laert Sarrumor, Carlinhos Machado e Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo. 28 de janeiro de 2024. Acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah"). Click: Mara

Fizemos um bom ensaio no dia 28 de janeiro, com a presença do nosso time completo, e marcamos mais um para o domingo subsequente, no dia 4 de fevereiro, já a se aproximar a data da apresentação, a sentir que estávamos com o material quase 100% pronto para a apresentação.

E tivemos a confirmação de uma perspectiva ótima da qual o Laert já havia nos alertado anteriormente, no sentido de que a atração radiofônica, "Rádio Matraca" (histórico programa veiculado pela USP FM e cuja a apresentação era do próprio Laert, desde os anos oitenta ao lado de Ayrton Mugnaini Junior e Alcione Sanna), nos relacionara para sermos entrevistados. Tal convite abriu espaço para o Boca do Céu, e por conseguinte, Los Interessantes Hombres Sin Nombre e a minha banda, Os Kurandeiros, que também seriam fartamente divulgadas, ao falarmos fartamente sobre o show que faríamos juntos em muito breve.

Flagrantes do ensaio realizado pelo Boca do Céu no dia 28 de janeiro de 2024, no estúdio Lumen de São Paulo. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Ali no ambiente do ensaio, escolhemos três músicas para tocar ao vivo no programa "Rádio Matraca" e o Laert nos alertou que mesmo sendo um show do Boca do Céu, seria de bom alvitre termos a música "Concheta" do Língua de Trapo como uma opção importante de reserva para um eventual "bis", por dois motivos: primeiro que a Cátia, proprietária do Instituto Cultural Bolívia Rock, era fã confessa e muito entusiasmada do Língua de Trapo e do Laert em específico e assim, tocar tal música haveria de ser um presente para a nossa anfitriã. 

E segundo, por que além dela, seria bacana incluir tal tema pois fatalmente outros fãs do Língua estariam presentes e pelo fato do repertório do Boca do Céu não ser conhecido o suficiente, tal peça haveria de movimentar a empatia para com a nossa banda, além da releitura da música "Boeing 723897" do Joelho de Porco. 

Pois muito bem, argumentos plausíveis, todos concordamos e de imediato já passamos a preparar tal tema como uma opção a mais para o repertório do show.

No momento pós-ensaio, da esquerda para a direita: Carlinhos Machado, Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues), Wilton Rentero e Laert Sarrumor. Ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo. 28 de janeiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah") 

Três dias depois, fomos participar da gravação do programa Rádio Matraca, ocasião essa na qual tivemos muitas felicidades para acumular e comemorar.

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quarta-feira, 6 de março de 2024

Autobiografia na música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 198 - Por Luiz Domingues

Nos reunimos nas dependências do estúdio Mad, de São Paulo, em 26 de janeiro de 2024. Fazia tempo que não nos víamos e principalmente, tocávamos, é bem verdade. Porém, por sermos, uma banda para lá de calejada, para tirar a ferrugem, não foi nada demais, pois saímos a tocar como se estivéssemos sob uma sequência forte de shows, exatamente como nos encontráramos nos anos de 2016, 2017 e 2018, nos quais tivemos agenda bem cheia, ou seja, mesmo com os últimos tempos não sendo tão prósperos nesse sentido, a experiência acumulada nos proporcionara essa boa condição.

Um site de venda antecipada de ingressos entrou em ação e assim, a promoção do show foi feita mediante tal facilidade adicional. Colocamos a propaganda nas redes sociais e decidimos não promover mais um ensaio, haja vista que a performance no primeiro apontamento houvera sido bem satisfatória.

Apesar do desfalque do Nelson Ferraresso, um tecladista exemplar, o quarteto instrumental estava acostumado a dar o recado com uma eficácia enorme e não é que o Nelson não tenha nos feito falta, mas tocar em quarteto ou até mesmo como "Power Trio", também foram formatos que Os Kurandeiros se acostumaram a cumprir sem nenhum problema. 

E claro, com a potente voz da nossa querida, Renata "Tata" Martinelli, o quinteto se colocou "pronto para a festa" de uma forma muito tranquila. 

Particularmente, eu fiquei muito feliz por receber o convite do próprio Kim Kehl para que o Boca do Céu, a minha primeira banda de carreira e reativada recentemente para promover o resgate das músicas perdidas de seu repertório nos anos setenta, abrisse o show. Essa iniciativa abriu um portal para a minha "velha nova banda" e ao mesmo tempo, me proporcionou uma segurança enorme, pois os Os Kurandeiros estariam ali para dar todo o respaldo.

Nesse mesmo princípio de solidariedade, o Kim também convidou outra banda e igualmente formada por grandes amigos, a se tratar do grupo: "Los Interessantes Hombres Sin Nombre", do guitarrista Marcos Mamuth e do jornalista, Ayrton Mugnaini Junior. E além da amizade de todos os amigos envolvidos sob muitas conexões (Ayrton foi amigo de adolescência do Kim Kehl e é ligado ao Língua de Trapo de Laert Sarrumor, desde os primórdios dessa banda, há de se destacar a incrível coincidência do baterista das três bandas que apresentar-se-iam, ser o mesmo músico, o nosso querido amigo, Carlinhos Machado!

Haveria de ser uma maratona para ele, naturalmente, mas a facilidade que tal advento exótico ofertaria à dinâmica da troca de "set ups" entre as três bandas, também seria algo raro e absurdamente facilitador, apesar do cansaço que ele haveria de sentir, após cumprir uma autêntica maratona.

Em 10 de fevereiro de 2024, eu participei com o Boca do Céu do programa "Rádio Matraca" da USP FM, comandado por Laert Sarrumor, Ayrton Mugnaini Junior e de Alcione Sanna, outra amiga de longa data, por ter sido minha aluna nos anos 1990. E nesse dia, além de uma mini apresentação do Boca do Céu ao vivo e também da parte do "Los Interessantes Hombres Sin Nombre", eu pude conversar bastante sobre a minha carreira inteira e claro, eu e Carlinhos Machado falamos bastante sobre Os Kurandeiros, e para ilustrar, as músicas: "A Noite Inteira" e "Cidade Fantasma" foram executadas.

O podcast permanente para se ouvir tal entrevista é acessível pelo link: 

https://jornal.usp.br/radio-usp/sinopses/radio-matraca/

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sábado, 2 de março de 2024

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 121 - Por Luiz Domingues

Que incrível foi começar o ano novo com a perspectiva de um show ao vivo. Essa sensação não tínhamos desde os anos 1970, e nesta fase do grande "resgate" pós-2020, tal perspectiva também veio a coroar todo o esforço empreendido desde então, a culminar com a gravação e lançamento de "1969", e agora a sinalizar uma etapa posterior com preparação para tocar ao vivo e consequente adequação simultânea para novas sessões de gravação do material.

Todavia, houve também a preocupação de preparar um grupo de músicas sob um curto espaço de tempo e nesse caso, aconteceu a urgência da banda promover ensaios a visar os arranjos dessas músicas, antes de se pensar em se marcar ensaios elétricos, propriamente ditos. Já havíamos feito isso um pouco antes das festas de final de ano de 2023, mas desta feita, fez-se mister acelerar o processo.

Osvaldo Vicino, Carlinhos Machado, Laert Sarrumor, Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues), apenas por detalhes. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 7 de janeiro de 2024. Acervo e cortesia: Osvaldo Vicino. Click: automático 

Discutimos sobre quais músicas tocaríamos no show e a escolha chegou ao seguinte resultado: "Serena", "Rock do Cometa", "Astrais Altíssimos", e "Desprogramação". Incluiríamos logicamente a música, "1969", como a nossa então única canção gravada oficialmente até esse ponto e uma releitura de algum tema do Rock Brasileiro setentista que nos inspirara naquela década, quando resolvemos enfim tocar: "Boeing 723897" do Joelho de Porco. Às vésperas da apresentação, incluímos mais uma releitura, mas sobre isso eu falo no momento adequado da cronologia.

Promovemos ensaios acústicos na residência do Osvaldo Vicino, e ali fechamos o arranjo final das nossas músicas escolhidas e posteriormente, marcamos ensaios elétricos de apuro.

Osvaldo Vicino, Carlinhos Machado, Laert Sarrumor, Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 10 de janeiro de 2024. Acervo e cortesia: Osvaldo Vicino. Click: automático

No primeiro ensaio e com a presença do Laert, conseguimos preparar algumas músicas, mas ficou a faltar tempo e assim, eis que marcamos um novo ensaio residencial logo a seguir, poucos dias depois para encerrar essa preparação prévia e ficarmos aptos para os ensaios elétricos.

Foi quando chegamos então ao primeiro ensaio elétrico de 2024, quando nos reunimos no estúdio Lumen da Vila Mariana, um daqueles três estúdios que o trio de cordas tanto usou entre 2021 e 2022, durante os trabalhos iniciais para resgatar as nossas músicas dos anos setenta.  

Osvaldo Vicino, Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo. 21 de janeiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Sem a presença do Laert, porém com o Carlinhos Machado já super entrosado conosco, a banda passou as músicas recém arranjadas e assim deu os primeiros passos para o apuro adequado, a se visar uma apresentação. Tudo bem que seria um show de choque, mas dadas as circunstâncias, sem traquejo pela falta de costume, precisávamos criar uma condição plausível em muito pouco tempo e neste caso, sem uma sequência de shows prévios, a tarefa teve esse peso extra, daí a urgência de se marcar mais ensaios preparatórios.

Na primeira, foto, uma tomada da banda inteira a trabalhar. Carlinhos Machado, na segunda foto. Osvaldo Vicino e Wilton Rentero na terceira. Wilton Rentero na quarta foto. Ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo. 21 de janeiro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Um novo ensaio foi marcado então, e desta vez a contarmos com o nosso vocalista, Laert Sarrumor. Estávamos felizes com a perspectiva da apresentação e a comemorar muito por essa oportunidade. 

No momento pós-ensaio, da esquerda para a direita: Moacir Barbosa de Lima ("Moah"), Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues), Osvaldo Vicino e Carlinhos Machado. Ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo. 21 de janeiro de 2024. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Mara

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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Autobiografia na música - A Chave do Sol - Capítulo 454 - Por Luiz Domingues

O ano começou bem para a nossa extinta banda, no aspecto da repercussão midiática espontânea e também no campo das manifestações de fãs e admiradores do trabalho. Nessa área, eu não tenho dúvida de que entre tantas bandas pelas quais eu atuei ao longo da minha trajetória na música, todas arregimentaram admiradores e constantemente recebem pelas redes sociais as mais variadas e carinhosas manifestações de apoio.

No entanto, certas bandas tem maior apelo nesse sentido e assim, eu cito A Chave do Sol como uma das, senão a banda que mais recebe tais acaloradas demonstrações. Que alegria é olhar em uma rede social e verificar sempre haver alguma menção de apreço por um trabalho que em tese não existe mais há longos trinta e sete anos, a contabilizar o final das atividades da banda a este instante no qual eu escrevi este trecho, ou seja, a compreender o período, 1987-2024.

O decantado show "reunião" que eu venho a comentar há tantos capítulos anteriores, ainda estava em gestação técnica e mesmo que nenhuma sinalização proposital tenha precipitado rumores a respeito, o fato foi que a banda mesmo a estar completamente inerte, movimentava atenção e carinho de seus muitos admiradores.

Por exemplo, em janeiro de 2024, fomos novamente escalados pela webradio Crazy Rock para constarmos de dois de seus programas dedicados ao Rock nacional: o "Só Brasuca" e o "Momento Só Brasuca" e ambos produzidos por pessoas diferentes na estrutura da emissora e segundo apurei, foi fruto de pura coincidência e não algo programado para fazer parte de uma 'blitzkrieg" proposital.

Ocorreu na edição 366 do programa "Só Brasuca" da Webradio Crazy Rock, a execução da música "Lírio de um Pantanal" d'A Chave do Sol. Semana de 20 a 26 de janeiro de 2026

E no programa "Momento Só Brasuca", a música: "A Woman Like You" tocou na edição 273, na mesma semana do outro programa, ou seja, entre 20 e 26 de janeiro de 2024

Que bom, pois assim tivemos uma dose dupla logo nesse início de ano, a se configurar um mês triste para a banda no sentido de que fora em janeiro de 2021 que nós perdemos o nosso cofundador e por muitos aspectos, o grande mentor da nossa banda, no sentido de haver criado a sua identidade primordial. 

Outro fato que despertou a minha atenção foi que "viralizou" através da Rede social Facebook, o vídeo d'A Chave do Sol a tocar a música "Anjo Rebelde", por ocasião da nossa sexta participação no programa "A Fábrica do Som" da TV Cultura de São Paulo, em junho de 1984. 

Ora, até aí tudo bem, como eu já disse anteriormente, havia sempre um admirador a propor vídeos nossos como publicação em grupos temáticos ou a esmo, através de seus respectivos perfis dessa, e de outras redes sociais, entretanto, desta feita a multiplicação que esse vídeo gerou em fevereiro de 2024, foi surpreendente. 

E a repercussão foi sensacional. Foram muitos os comentários carinhosos expressos através de diversas publicações feitas por pessoas que eu nem conhecia a denotar a viralização. Senti-me impelido a responder a maioria deles e muitas dessas pessoas adicionaram-me como amigos, de imediato, a estreitar relação de amizade, o que foi muito bom. 

Claro, em tempos de gente odiosa que expressava comentários desagradáveis por uma questão de princípios degradados por uma ação de hipnose coletiva, a destruir o seu poder cognitivo, houve a incidência de dois comentários negativos em meio a mais de duzentos. Um deles, inclusive, eu achei respeitoso, no sentido de que o rapaz viu o vídeo e a denotar ter conhecido a nossa banda apenas naquele instante com quarenta anos de defasagem, e elogiou o nosso instrumental, mas criticou a vocalização (ah, o nosso grande dilema vivido durante a nossa trajetória, o leitor que acompanha este relato desde o seu início, sabe bem desse fator). Respondi ao rapaz de uma forma cordial a lhe explicar rapidamente a questão e a reconhecer que salvo em breves momentos, quando tivemos bons vocalistas, o nosso padrão vocal era de fato o nosso ponto fraco. Paciência.

Já o outro rapaz foi muito mal-educado ao se expressar com um palavrão, assim, sem contextualizar melhor a sua opinião sobre o nosso trabalho, e então, o meu silêncio foi a melhor resposta. 

Todavia, as dezenas de comentários elogiosos e muitos deles a conter exemplificações de lembranças pessoais a edulcorar a nossa banda como partícipe de suas respectivas vivências, muito me comoveu. E isso sem contar com a questão do sucesso que a publicação fez, a movimentar muitas republicações.

Um desses rapazes que se manifestou nessas publicações, chamado: Eduardo Benzatti, mostrou-me via foto, a sua coleção de "bottoms" e entre eles, ele exortou-me a reparar no bottom d'A Chave do Sol que nós produzimos no anos de 1984, presente na foto, em excelente estado de conservação, a parecer que ele o comprara hoje em dia.

Em 10 de fevereiro de 2024, eu estive presente no programa "Rádio Matraca", exibido pela USP FM de São Paulo, para me apresentar com uma outra banda minha revivida, o Boca do Céu, mas pude falar bastante sobre A Chave do Sol e nessa ocasião, a nossa música "Luz", foi executada.

Eis o link para o podcast permanente dessa entrevista:

https://jornal.usp.br/radio-usp/sinopses/radio-matraca/

Já em 11 de fevereiro de 2024, a emissora Webradio "Run Music Run" exibiu uma reprise do programa "Classic Albuns", produção independente do ativista cultural, Julio Verdi, a destacar o nosso álbum "The Key", lançado em 1987.

E para coroar esse bom começo de ano para uma banda extinta há tantos anos, eis que fomos novamente escalados para a execução no programa "Só Brasuca" em sua edição de número 370, através da canção "A Chave é o Show". Ocorreu na semana de 17 a 23 de fevereiro de 2024.

Mais novidades viriam a seguir.

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sábado, 24 de fevereiro de 2024

Autobiografia na música - Patrulha do Espaço - Capítulo 352 - Por Luiz Domingues

Exatamente como eu sempre saliento quando encerro um capítulo inédito sobre a Patrulha do Espaço, em decorrência de um fato novo que surge, esta, entre todas as minhas ex-bandas de carreira, é uma das, senão a maior propagadora de novidades adicionais, tamanho é o seu poder de resgatar de uma forma muito natural, material raro produzido por suas muitas formações e a nossa, a dita "chronophágica" não foge a essa boa regra.

Se em 2023 eu repercuti o lançamento do luxuoso álbum ao vivo gravado nos idos de 2018, como a última ocorrência a ver com a minha formação, eu sabia de antemão que a priori, havia muito mais material coletado com gravações de shows cumpridos entre 2018 e 2019, para ser aproveitado e nesses termos, eu não descartaria o lançamento de mais um disco ao vivo, ou no mínimo, que essa produção que foi extensa e mediante ótima qualidade de áudio, suscitasse muitas músicas lançadas sob o caráter "ao vivo" com possibilidade de serem inseridas em coletâneas ou como faixas bônus de eventuais discos de estúdio gravados pela atual formação da banda. 

No entanto, eis que por volta de setembro de 2023, fui procurado pelos meus amigos, Rolando Castello Junior e Marcello Schevano, que me consultaram sobre a possibilidade de eu lhes fornecer material em geral, fotos sobretudo, dos bastidores da gravação do CD ".ComPacto" cujas sessões de gravação ocorreram em 2001.

Infelizmente, o material sobre essa produção é extremamente escasso e o pouco que temos é exatamente o que está publicado no meu Blog 3, ou seja, com tal veículo a se tratar do museu virtual da minha carreira musical. Bem, a despeito desse parco material possível, é claro que os atendi prontamente. 

Em princípio, eles não esclareceram nada a respeito de sua busca específica por tal material, no entanto, nem foi necessário, pois ficou claro para mim, que havia a intenção de preparar uma remixagem e remasterização da obra, e possivelmente mediante uma embalagem luxuosa, para relançá-lo possivelmente em 2024.

Passado mais um tempo, eis que o Marcello conversou comigo e enviou-me uma vídeo curto a demonstrar que estava a trabalhar exatamente nessa tarefa, a bordo do seu estúdio de alto padrão, o Orra Meu.

Eis o vídeo citado acima, onde se vê a simpática e competente persona de Gustavo Barcellos, técnico muito gabaritado e que atuava há anos nos estúdios Orra Meu, a trabalhar no processo de remixagem e re-masterização do álbum ".ComPacto" da Patrulha do Espaço. Segundo semestre de 2023. Filmagem e cortesia: Marcello Schevano

Abaixo, está o link para assistir no YouTube, diretamente:

https://www.youtube.com/shorts/tB_QDZfBh-0

A me explicar melhor, ele contou-me que havia recuperado as fitas originais e sim, conforme eu narrei há muitos capítulos anteriores, esse foi o último álbum que a Patrulha do Espaço gravou da maneira tradicional antiga, ou seja, mediante padrão analógico. 

E assim, embora esse disco em específico tenha sido gravado sob circunstâncias dramáticas na época, a perspectiva de passar por uma boa tentativa de melhora, já me deixou animado. Claro, eu sabia que não dava para fazer nenhum milagre, pois a captura foi obtida com muitas dificuldades técnicas em 2001, no entanto, mediante a tecnologia avançada de vinte depois e ante um estúdio sofisticado como era o Orra Meu, além do amparo dos técnicos que ali atuavam, incluso o próprio Marcello, eu fiquei certo de que uma melhora substancial poderia ocorrer.

O certo mesmo seria entrar com a banda no estúdio, ali no Orra Meu e regravar tudo, mas ante o fato da nossa formação não existir mais desde 2004, a possibilidade de se agendar esforços nesse sentido seria bem difícil, entretanto, no mínimo, um banho de tecnologia atualizada ao sabor de 2023/2024, haveria de corrigir a timidez da potência sonora com a qual esse disco foi gravado e mixado entre em 2001 e 2002, para ter sido lançado em 2003.

Enfim, mexer nos timbres dos instrumentos propriamente ditos, da captura feita em 2001, não seria possível, mas imprimir compressão, passar por re-equalização e por outros paramétricos modernos possíveis na realidade de 2023, tais medidas haveriam de melhorar muito o padrão geral do disco.

Em suma, tomei como alvissareira a perspectiva, certamente.

Em janeiro de 2024, vi uma publicação do Rolando pelas redes sociais e soube que a produção já estava avançada, pois até capa nova e bem estilizada o disco já possuía e assim, uma pré-divulgação fora disparada. 

No âmbito privado, o Rolando conversou comigo e formulou-me o convite para que eu viesse a participar de um show oficial para esse relançamento, possivelmente a ser ocorrido em junho de 2024, com a formação chronophágica reunida novamente para tal ocasião. Claro que aceitei de bom grado o convite e assim, se abriu a perspectiva para mais um show da nossa formação e assim a esticar a minha história com essa banda, além do bom acontecimento do relançamento desse álbum.

Continua...