sexta-feira, 27 de julho de 2018

Primeiras Percepções Acerca do Temperamento - Por Luiz Domingues

O ser humano por sua constituição é pleno de nuances, sob complexidades múltiplas e com direito a inúmeras variantes que passam por fatores tão ramificados, que suscitam estudos em separado e muito pormenorizados, assim a justificar a existência de tantas matérias a estudá-lo, no âmbito das especialidades acadêmicas (e por séculos, é bom ressaltar e antes disso, sob uma forma livre e empírica).

No entanto, a se viver ali nos primeiros meses de vida, sobre tal complexidade nada sabemos e assim, tudo surpreende, ao fazer das sensações ante tais manifestações, apenas uma forma rudimentar do aprendizado inicial, sem nenhuma sofisticação intelectual, mas certamente a conter uma experiência riquíssima para o pequeno Ser que começa a interagir com a realidade da existência. 
 
E tal fenômeno do aprendizado difuso, revela-se muito forte na percepção do bebê, ante as expressões faciais, gestuais e ruídos emitidos pelos adultos.
Quando muito pequeno e sem a mínima condição cognitiva em compreender as palavras através do seu significado, o que impressiona é uma mistura de sensações, como afirmei no parágrafo anterior e a associação livre em torno disso, faz com que aprendamos o mais básico dos sentimentos humanos, de uma maneira dual: os aspectos da concordância e discordância. 
 
Adultos emitem sinais claros de quando estão bem ou mal humorados, pelo tom de voz, expressão facial e gestual. Dessa forma, nós logo aprendemos que quando tudo vai bem, a fala é mansa, as risadas acompanham-na em graduações, a partir do sorriso sereno à gargalhada escandalosa a desvelar a anatomia da arcada dentária, além dos sons emitidos em termos de cânticos, visto que pessoas alegres tendem a cantarolar, assoviar e entoar notas musicais. 
 
O gestual acompanha esse manancial de percepções despertadas ao pequeno bebê, certamente. Adultos quase não conseguem disfarçar o seu estado de espírito e assim, quando estão bem, gesticulam com movimentos engraçados, mas quando estão nervosos... dá medo pois seu comportamento com os braços e pernas são bruscos, ameaçadores.
E logo percebemos que o tom de voz muda conforme o humor do adulto, igualmente. Quando tudo está bem a fala é amena, pausada, sem respiração ofegante. Caso contrário, fica muito alto o volume de sua emissão, a intercalar com gritos assustadores, gemidos e/ou grunhidos que causam angústia ao bebê, que apenas sente o baixo astral, mas sem a capacidade para discernir o que aquilo significa (e quando aprende, verifica que geralmente são contrariedades tão idiotas, que não dá para acreditar como as pessoas alteram o seu comportamento motivadas por tais insignificâncias, ao gerar tamanho dispêndio de energia). 

E existe a questão do choro. O nosso instinto é despertado, desde que deixamos o ventre materno e algum humano detentor de uma mão pesada, desfere-nos um literal tapa nas nádegas, a deixar claro que a vida material é baseada em sensações, sentidas literalmente na própria pele, logo de início.
 
Portanto, é a primeira lição que aprendemos, ou seja, choramos para reivindicar a ação dos adultos a coibir os nossos incômodos naturais, mas incompreensíveis nos primeiros dias, semanas e meses a fio. 
 
Mas à medida que nossa compreensão do mundo aumenta, verificamos que quando flagramos adultos a chorar, a conotação é completamente diferente. 
 
Choramos pois sentimos fome, em primeira instância e mais cedo ou mais tarde uma mamadeira com leite quentinho nos será oferecida pela mamãe, vovó, babá ou outra pessoa qualquer. Basta encostar a boca no bico da mamadeira e paramos de chorar imediatamente, mediante a resolução do problema. 
Contudo, o choro dos adultos parece muito diferente. É dolorido, não passa rapidamente, denota conter outras motivações que logicamente estão longe de nossa compreensão naquele instante imerso em torpor, pelo qual atravessamos. 
 
Em breve começaremos a entender a múltipla função do choro, inclusive ao apresentar a paradoxal atribuição da alegria, da emoção por alguma coisa que conquistamos e cuja posse era muito difícil, a denotar um triunfo épico, por exemplo. 
 
Mas... calma (!), há muito chão ainda para engatinhar, bebê! A vida e a complexidade do ser humano demanda anos de aprendizado e na verdade, nunca esgota-se... 

domingo, 22 de julho de 2018

Os Kurandeiros Lançam Dois Álbums ao Vivo : Rádio Pirata Rock Ao Vivo e Rock Ao Vivo Piratão - Julho de 2018

Os Kurandeiros lançam dois CD's ao vivo !

Dois discos a conter material ao vivo dos Kurandeiros, estão disponibilizados para os fãs do trabalho. Trata-se de "Rádio Pirata Rock Ao Vivo" e "Rock Ao Vivo Piratão".

Sobre "Rádio Pirata Rock Ao Vivo", trata-se de uma coletânea de gravações a vivo perpetradas pela banda em programas emissoras de Rádio e TV, realizadas entre 2009 e 2017. E "Rock Ao Vivo Piratão", mostra um show na íntegra, realizado no Centro Cultural São Paulo, em 2009.

Formação dos Kurandeiros em 2009 :
Kim Kehl : Guitarra e Voz
Nelson Ferraresso : Teclados
Fabio Scatonne : Bateria
Rod Filipovitch : Guitarra
Renato de Carvalho : Baixo
Formação dos Kurandeiros em 2015 / 2017
Kim Kehl : Guitarra e Voz
Carlinhos Machado : Bateria e Voz
Nelson Ferraresso - Teclados
Luiz Domingues : Baixo
Disponível para a venda na loja virtual da banda no Facebook e nos shows da banda :

https://www.facebook.com/kurandeiros/

Os Kurandeiros - 22/7/2018 - Domingo / 20:30 Hs. - Santa Sede Rock Bar - Tucuruvi - São Paulo / SP


Os Kurandeiros

22 de julho de 2018 - Domingo - 20:30 Horas – Entrada Gratuita

Santa Sede Rock Bar
Avenida Luiz Dumont Villares, 2104
Tucuruvi
200 metros da Estação Parada Inglesa do Metrô
São Paulo - SP



Os Kurandeiros :
Kim Kehl : Guitarra e Voz
Carlinhos Machado : Bateria e Voz
Luiz Domingues : Baixo

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Hid Trio) - Capítulo 88 - Por Luiz Domingues

Hid Trio em ação! Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi 

Encerrei o ano de 2017, bastante satisfeito com o desempenho de minha banda naquela atualidade, Os Kurandeiros, e portanto, esperançoso de que no desenrolar do novo ano, de 2018, que iniciar-se-ia, essa boa fase continuaria, com certeza. 

No entanto, antes dos Kurandeiros sinalizar novidades, eu recebi um convite para participar de uma apresentação de uma banda cover ocasional e que ficara sem o seu ótimo baixista, repentinamente para cumprir tal compromisso. Só que não tratou-se de um pessoal estranho, mas na verdade, um combo formado por outros dois músicos com os quais eu tivera três jornadas importantíssimas na minha carreira e logicamente que pelo fator humano, igualmente, eram (são) amigos pelos quais tenho grande apreço, amizade e gratidão, por inúmeros e óbvios fatores.

O set do "Hid Trio" a postos para tocar no Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi

Falo sobre Rodrigo Hid e Ivan Scartezini. Com Rodrigo, trabalhamos juntos com o Sidharta (1997-1999), Patrulha do Espaço (1999-2004) e no Pedra (2004-2011 & 2012-2015). Já com Ivan, estivemos juntos no Pedra (2006-2011 & 2012-2015). Fora as participações do Rodrigo com o Pitbulls on Crack (1996 e 1997), e um show avulso que eu e Ivan fizemos ao acompanharmos o cantor, Edy Star (2014). Em suma, eu acumulava muita história com esses dois amigos de longa data.

A "cozinha" que tão bem trabalhou em favor do "Pedra", de volta e logo no início de 2018, ainda que sob uma oportunidade sazonal, apenas. Set minimalista de baixo de Luiz Domingues e de bateria de Ivan Scartezini. Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi

Hid & Scartezini estavam a tocar muito pela noite paulistana, nos últimos tempos e não só com esse combo. Com agenda lotada, ambos desdobravam-se em muitas outras bandas pela noite e no caso do Rodrigo, dada a sua facilidade em também atuar sozinho, a empreender apresentações em formato voz & violão e voz & piano, estava há tempos sob uma rotina em tocar toda noite, praticamente, e isso explicava a morosidade para concluir o seu disco solo e cuja história eu já iniciei a contar, visto que participei em duas faixas como convidado especial e tendo outro grande companheiro de jornada, o baterista superb, José Luiz Dinola, meu ex-colega d' A Chave do Sol (1982-1987) e Sidharta (1998-1999), envolvido em tal disco, igualmente. Então, essa história do disco solo ainda há de gerar mais capítulos, certamente, visto que eu estava convidado pelo Rodrigo, nessa ocasião, para gravar mais faixas.

Da esquerda para a direita: Luiz Domingues, Ivan Scartezini e Rodrigo Hid. O Hid Trio em ação! Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Clicks, acervo e cortesia:de Regina de Fátima Galassi

Sobre a apresentação em si, a minha presença fora requerida para substituir um outro grande amigo em comum, o genial baixista & guitarrista, Marcião Gonçalves, que por um impedimento de saúde, não poderia estar presente. Um motivo desagradável, certamente, mas eu estava a torcer pelo pronto restabelecimento do amigo, é claro.
Scartezini & Hid (foto 1), Domingues & Scartezini (foto 2) e Scartezini & Hid (foto 3). Hid Trio no Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Clicks, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi 

Sobre a casa noturna em que tocamos, o Kildare Irish Pub, fui informado que pertencia ao proprietário de uma outra casa tradicional de São Paulo e também sob orientação temática irlandesa, o Finnegan's. Portanto, a ideia seria essa mesma em manter a ambientação centrada nas tradições culturais e gastronômicas dessa nação europeia, principalmente em suas bebidas ali oferecidas. Esta casa em específico, localizava-se no bairro de Cidade Monções, que na verdade é um subdistrito do bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo. E fixada na mesma rua onde fica situada a Sociedade Hípica Paulista, com a sua área gigantesca e muito tradicional naquele quadrante do bairro, para quem gosta do hipismo.

O Hid Trio em ação! Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Clicks, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi
 
E o que tocamos, bem, não foi nada muito diferente do que eu estava habituado a tocar com Os Kurandeiros, em termos de releituras de Blues & Rock'n' Roll internacional clássico. Portanto, acostumado a tocar 80% daquelas canções, e por ter em conta que os 20% restantes foram músicas que eu nunca tocara, mas conhecia e as tinha em minha memória afetiva, não tive problema algum em tocar sem ensaios e sem nenhuma menção de preparação prévia para tal.

Emblemático, por ter uma vizinhança bem ruidosa, por conta de muitas casas noturnas no entorno, o fato das casas vizinhas estarem abarrotadas com público, sob som mecânico a todo vapor e a tocar a música popularesca de péssimo gosto, mas na crista da onda do mainstream da ocasião e o nosso público ali presente onde estávamos, a mostrar-se bem modesto, em absoluto contraste, fora mais um reflexo dos tempos ruins para os Rockers sobreviventes em meio a um ambiente hostil. 

Scartezini queixou-se muito da cena, ou melhor, da completa ausência de uma. propriamente dita, mais diretamente a exprimir e realmente o panorama de 2018, que mal iniciara-se naquele dia, foi esse.

A cozinha do Pedra em reunião prazerosa! Domingues & Scartezini em ação! Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi 

Bem mais resignados, eu e Hid relevamos e de fato, apesar de concordar que a situação era periclitante, estávamos imbuídos em levar adiante, mesmo ao sabermos disso. E no meu caso, mesmo em plena aproximação da vida sexagenária, o meu ímpeto Rocker ainda falava mais alto e otimista por natureza, ainda acreditava que os agentes que fomentavam a anticultura haveriam de apodrecer... um dia... 

De volta à apresentação em si, nem só com lamúrias ficamos a conversar. Muito pelo contrário, rimos muito ao relembrarmos passagens engraçadas vividas pelos três em comum, principalmente no caso do Pedra, onde convivemos por quase dez anos. 

Ivan levara a bateria de brinquedo de seu filho, Lucas, para tocar. Lembro-me quando ele a comprou para o seu menino, no já longínquo ano de 2009 e o menino agora, 2018, já iria começar a sexta série... e sua filha, Melissa, completara dezesseis anos de idade, no dia anterior, ou seja, o tempo voou, se eu lembrar-me que na época do Pedra, os seus filhos eram crianças pequenas. E sobre a mini bateria, o som que Scartezini tirou dela, foi inacreditável, portanto, sem nenhum demérito em considerar-se ser supostamente, um brinquedo.

Domingues, Scartezini & Hid, reencontro prazeroso entre amigos! Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi 


A destacar-se a presença mega simpática da esposa do Rodrigo, Priscila Scardoa Hid, que sendo filha de um grande músico (Beto Scardoa, conhecia bem a rotina do Rocker que tem que sobreviver a atuar pela noite. Seu pai toca desde os anos sessenta, tendo sido baterista de bandas cover importantes da noite de São Paulo, como o "Comitatus", por exemplo, que chegou a ser lendária nos anos setenta e oitenta. E na atualidade de 2018, era membro do "Rockover", com o guitarrista Ronaldo Paschoa e o próprio, Rodrigo Hid na formação. E também a amiga, Regina de Fátima Galassi, que compareceu com o seu filho e nora e aliás, são dela as fotos que ilustraram este capítulo. 

Noite muita prazerosa, diverti-me muito em tocar o som dos Beatles, Rolling Stones, Ray Charles, Little Richard, The Doors e John Mayall, entre outras feras das décadas de cinquenta e sessenta. E sobretudo, estar em uma reunião entre amigos e companheiros sob tantas jornadas importantes da minha carreira longeva. 

Na segunda foto, a esposa de Rodrigo Hid pode ser vista no canto, sentada à mesa, a usar vestido azul. E na terceira, a confraternização final: Luiz Domingues, Regina de Fátima Galassi, Rodrigo Hid e Ivan Scartezini (click de Alexandre Galassi). Hid Trio no Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Clicks, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi 

Então foi assim o meu primeiro show de 2018, não com a minha banda autoral e regular, mas através de um convite inesperado e surgido como participação em um combo formado por amigos, a justificar mais um trabalho avulso e assim computá-lo na minha trajetória e desta feita, com um algo a mais, pois representou um reencontro prazeroso com velhos amigos e ambos, além de companheiros de jornadas importantes, por serem dois músicos talentosíssimos. 

Noite de 6 de janeiro de 2018, no Kildare Irish Pub de São Paulo com Rodrigo Hid & Ivan Scartezini. Cerca de doze pessoas assistiram-nos, ali. Posso afirmar, nessa noite fizemos um bolo muito bom com a seguinte receita: 3/4 de Pedra, meia Patrulha do Espaço, chacoalhamos com muito Rock'n' Roll, algumas pitadas de Blues e servimos aos que ali assistiram-nos...

Adereço do ambiente. Hid Trio no Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi
 
Trabalhos avulsos é um capítulo sempre em aberto e também marcado pela surpresa absoluta, portanto, em qualquer momento novas histórias poderão ser contadas. E logo mais, mais uma etapa avulsa com este mesmo "Hid Trio", surgiria e a contar com mais uma surpresa muito agradável.

O Hid Trio em ação... Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi

Continua...