E por falar em sucesso, a temporada que realizamos no Santa Sede Rock Bar no mês anterior, a ocupar cinco quintas, foi tão boa que motivou o convite para um show extra. Ótimo, também acostumamo-nos com tal dinâmica e assim, a ideia de se estender com mais uma edição, foi um prazer para nós. E lá estivemos nós para atuarmos na simpática casa Hippie/Rocker da zona norte de São Paulo, na noite de 7 de dezembro de 2017.
"No Santa Sede Rock Bar, a inspiração vem das paredes"... essa foi a legenda que eu usei para espalhar essa foto acima, pelas redes sociais. Uma clara alusão ao fato de que haviam muitas capas de discos importantes na história do Rock, coladas pelas paredes do estabelecimento, como decoração. Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar, de São Paulo, em 7 de dezembro de 2017. Click: Luiz Domingues
Essa prorrogação da mini temporada de novembro, agraciada com uma apresentação extra para o início de dezembro, foi a confirmação de que fora mesmo um sucesso. Ao se considerar os tempos difíceis em que vivíamos nessa segunda década de novo século, foi óbvio que se tratou de algo a ser comemorado, visto que tal dinâmica de um evento apresentar um aumento de público, de forma progressiva, foi um tipo de dispositivo perdido no tempo, certamente, e em plena era de ultra tecnologia imediatista e digital, e ao mesmo tempo sob total dispersão das pessoas, foi algo que chamou-me a atenção, positivamente.
Sobre a apresentação em si, esta foi ótima, com longa duração em que tocamos muitos temas autorais e clássicos igualmente e melhor ainda, a empolgar as pessoas, com momentos de euforia, incluso.
"Rock'n Roll" (Led Zeppelin), no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 7 de dezembro de 2017.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=p6cMl0JAdIc
Dado o sucesso de mais uma apresentação nessa simpática casa, mais uma data foi marcada para o mês de dezembro, mas um outro convite também surgiu-nos e foi aceito, a se configurar como mais um show de choque a ser realizado ao ar livre, em uma praça pública.
Sob mais uma realização do Centro Cultural da Pompeia, outra vez fomos convidados a participar de um evento, desta feita a ser realizado em um quadrante inteiramente inédito daquele bairro, onde jamais houvera sido feita uma feira dessa natureza.
Pois então, lá fomos nós participar do 1º Festival de Artes do Beco da Vila Pompeia, localizado na Rua Pedro Lopes, uma travessa da Avenida Pompeia, na altura de seu último declive, no sentido da Estação Vila Madalena do metrô.
Para quem não conhece a cidade de São Paulo, é bom esclarecer que tal avenida contém a característica de se assemelhar a um autêntico "tobogã", com vários patamares em sua parte mais alta. Pois nessa tímida travessa, onde tantas vezes eu passei ao lado, desde a tenra infância, eu não sabia, mas ali culmina-se em uma praça e ali realizou-se a feira.
Com uma boa quantidade de barracas a oferecer produtos de artesanato, fora a presença de comidas & bebidas, mostrou-se em minha avaliação um pouco maior do que a Feira da Lapa, da qual participamos pouco tempo antes e igualmente produzida pelo mesmo pessoal.
Os Kurandeiros em ação no 1º Festival de Artes do Beco da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 17 de dezembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Anderson Affonso
Muitas bandas apresentaram-se desde as dez horas da manhã e nós estávamos escalados para atuar às dezenove horas.
Quando chegamos ao local, o "Fórmula Rock" estava a iniciar a sua apresentação e o sol esteve abrasador na tarde quente de um quase verão, em pleno 17 de dezembro. Ficamos a aguardar sob uma providencial sombra a apreciar a boa performance dessa banda formada por amigos e ao verificarmos o quanto estavam a sofrer com o sol e a sensação de calor ainda maior no palco fechado por lonas.
Enfim, a sua simpática vocalista, Simone Bressan, por várias vezes foi hidratar-se ali atrás e en passant comentou conosco que estava absolutamente infernal atuar ali pela alta temperatura. Destaco a extrema entrega da banda em sua performance, pois imprimiu certamente um ritmo forte de mise-en-scené, como se o calor não a incomodasse, mas muito pelo contrário, estava a castigar violentamente os seus componentes.
Assim que encerrou o seu set, os integrantes desceram do palco com os seus trajes inteiramente ensopados, literalmente, e muito marcados nos respectivos rostos e braços, principalmente, pela intensa queimadura promovida pelo Sol. Simone Bressan, contou-me que havia prevenido-se com o uso de filtro solar de alta intensidade, mas nem assim evitara uma queimadura significativa.
E o guitarrista, Marcelo Frisoni, parecia ter saído de uma piscina com roupa e tudo pela maneira que estava molhado, além da impressionante coloração avermelhada que ostentava em seus rosto e nos braços.
Percebemos por dedução óbvia que também sofreríamos naquele palco, mas não a esse ponto, visto que em nosso horário previsto para atuar, haveria de estar ocorrer o por do sol. Veio o "Pompeia 72", a seguir e a temperatura esteve um pouco melhor, mas ainda sufocante para se fazer-se um show de Rock.
Ao contrário da banda anterior que tocou muitos covers do Rock internacional setentista, mas apresentou ao menos duas composições próprias (e boas, por sinal), a turma de Gegê Guimarães & Cia, foi a atuar só com covers, a apresentar Hard-Rock britânico e setentista em predominância.
Chamou-me a atenção a atuação espetacular do baterista, Henrique Iafelice, que sabidamente detinha uma técnica fenomenal e muito lembrara-me o estilo do Zé Luiz Dinola, mesmo por que, quando eu atuava com A Chave do Sol nos anos oitenta na companhia de Dinola, Henrique atuara em uma banda contemporânea e muito significativa na mesma ocasião, o "Zângoba", que coincidentemente também era influenciada pelo Jazz-Rock dos anos setenta, como nós d'A Chave do Sol.
Não obstante ser um grande baterista, Henrique era de uma humildade impressionante, o que o tornava um Ser humano especial, sem dúvida alguma. Pois eu tive o prazer de assistir grande parte da performance do "Pompeia 72", ao observar a atuação do Henrique bem de perto e apreciei muito poder admirar a sua técnica refinada.
Kim Kehl no destaque, com Carlinhos Machado ao fundo. Os Kurandeiros no 1º Festival de Artes do Beco da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 17 de dezembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Marcos Kishi
Já havia caído o sol quando entramos, mas ainda estava claro, naquele momento do lusco fusco de fim de tarde/início de noite.
Tocamos um set autoral inteiramente, a não ser pela inclusão de uma música do Raul Seixas ("Rock das Aranhas") e outra do Made in Brazil ("A Minha Vida é o Rock'n' Roll"), mas no caso da canção do Made in Brazil, pode-se dizer que havia uma relação com a nossa árvore genealógica, visto que essa música foi do tempo em que o Kim fez parte daquela banda, portanto, houve um elo emocional com Os Kurandeiros.
Kim Kehl em ação! Os Kurandeiros no 1º Festival de Artes do Beco da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 17 de dezembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Marcos Kishi
E a resposta do público foi excelente, com muita gente a dançar muito durante o nosso set, a cantar e aplaudir, além de responder prontamente as brincadeiras sempre espirituosas do Kim, em sua performance.
Já estava escuro e como não esteve prevista a apresentação noturna, não houve equipamento de iluminação disponível. Os técnicos terceirizados do PA, improvisaram alguns spots de luz de serviço para não ficarmos apenas com o fraco apoio da iluminação pública e assim, encerramos com pedido de bis, mas devido às circunstâncias, não foi possível mesmo prolongar a apresentação além do que propusemo-nos a fazer enquanto apresentação sob duração um pouco além do padrão do clássico "show de choque".
Missão cumprida no "beco" da Pompeia, em 17 de dezembro, perante cerca de trezentas pessoas, aproximadamente.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=ObLon4L6_ow
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Nvi8V27FgeI
O ano de 2017, estava a encerrar-se, mas Os Kurandeiros ainda teriam compromissos a cumprir...
Continua...