terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Patrulha do Espaço - 1º/3/2019 - Sexta-Feira - Festival Psicodália - Rio Negrinho / SC


Patrulha do Espaço

1º de março de 2019  -  Sexta-Feira

Festival Psicodália

Rio Negrinho  -  SC

Patrulha do Espaço :
Rolando Castello Junior : Bateria
Rodrigo Hid : Guitarra e Voz
Marta Benévolo : Voz 
Luiz Domingues : Baixo e Voz

sábado, 23 de fevereiro de 2019

A Carta - Por Luiz Domingues

Joseph Dinllard foi um poeta promissor e que desde a tenra idade mostrou ter nascido para combinar as palavras de uma maneira a conferir-lhes docilidade e leveza. Incentivado pelos pais e mestres, buscou o aperfeiçoamento de seu talento nato, ao estudar literatura na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. 

Estudioso, entusiasmado e apaixonado pela poesia, mediante a envergadura acadêmica da qual revestiu-se, ficou muito preparado ao ponto de dar vazão com total desenvoltura em sua criação. 

Estimulado a participar de diversos concursos literários, venceu a maioria deles e os poucos em que não chegou ao primeiro lugar, chegou à segunda ou terceira colocação, no mínimo.

Formado, chegou com facilidade ao doutorado, ao abrir-lhe a possibilidade de forjar uma carreira brilhante no âmbito acadêmico, o que ele enxergou com bons olhos, naturalmente, mas em paralelo, ele acalentara o sonho de possuir uma carreira sólida como escritor, a alcançar a fama popular e não ficar circunscrito apenas dentro do universo das letras acadêmicas. 

Com todo esse respaldo da universidade, acrescido do seu talento e alto preparo técnico, não haveria meio pelo qual alguma editora criasse algum empecilho para lançar a sua vasta obra no mercado e que nessa altura, já justificaria o lançamento de vários livros, tamanho o volume da sua criação acumulada. 

Eis que o seu material inicial seguiu para a avaliação do editor chefe de uma das mais prestigiadas editoras britânicas e a resposta veio em tom negativo, mediante uma insatisfatória justificativa, a dar conta que aquele material não interessava à editora naquele instante, visto que a nova linha adotada pela companhia, buscava a comunicação mais coloquial com o público oriundo das camadas mais populares da sociedade britânica.

Ora, Joseph não escrevera um tratado acadêmico, portanto não tratava-se de uma obra hermética, dirigida à intelectualidade e por conta dessa realidade, tal resposta negativa o surpreendera. 

Bem, ele estranhou tal teor de percepção da parte do editor, mas não se conformou com tal avaliação que julgou descabida e assim, reenviou o mesmo material, ao anexar um release ligeiramente modificado a deixar claro que tratava-se de uma obra poética pautada pela abordagem coloquial e que sim, tal compilação de poemas não fugira à nova proposta editorial sugerida e pelo contrário, ia de encontro a tal anseio. 

Eis que alguns dias depois, uma nova resposta chegou e a reiterar que o editor sentia muito, mas a opinião não mudara em uma segunda avaliação e que tais poemas estavam fora da nova meta da editora.

Desta feita irritado, Joseph não conteve-se, pois acabara de ler uma crítica no caderno de cultura de um prestigiado jornal de Londres, a descrever um recente lançamento dessa editora e a conter poemas simplórios, quase ao limiar do mau gosto. 

Bem, nesse caso, a negativa do editor estava coerente, pois se estavam a publicar poesias com tal teor, ficara óbvio que o seu material não coadunava-se com a mentalidade expressa pelo editor. Foi então que Joseph percebeu que não havia nada de errado com a sua produção artística, mas simplesmente os parâmetros culturais estavam a mudar de uma forma assustadora, ao criar paradigmas estranhos, praticamente a caracterizar uma inversão de valores e nesses termos, não adiantava argumentar amparado pela lógica cartesiana, pois o que ficara patente ali, denotava uma mudança radical na percepção cultural sobre o que é bom e o que não é, ao abrir-se a "Caixa de Pandora".

Bem, diante dessa sensação de impotência para tentar convencer as pessoas que estavam entusiasmadas com essa nova ordem da estética da moda, só haveriam dois caminhos para escritores tradicionalistas como Joseph Dinllard: escrever doravante no mesmo padrão da poesia em voga, mesmo que a contragosto pessoal pelo fato dele não acreditar em tal estética versada pela degeneração cultural enquanto proposta manifesta ou, a se manter firme em suas convicções e lutar com os seus parcos recursos a lançar livros independentes sem nenhuma infraestrutura profissional em termos de divulgação e distribuição de seus trabalhos e assim, atingir um contingente irrelevante e provavelmente formado por idealistas como ele, que recusavam-se a adotarem os absurdos ditames do novo modismo. 

Independente de sua tomada de decisão para seguir como estratégia da sua carreira, Joseph quis aliviar a sua estupefação pessoal com tal situação que o incomodara e assim decidiu escrever uma carta com o objetivo de expressar os seus sentimentos em relação a tudo isso. 

Foi uma atitude ingênua, certamente e haveria de tornar-se até nociva, no sentido de marcá-lo perante o meio literário, mas ele, mesmo a ponderar sobre tal perigo, decidiu ir em frente e redigiu a missiva. Tomou várias precauções, é bem verdade, todavia, o fato é que não deveria postado a carta, na agência do correio. 

O seu teor, mesmo respeitoso, denotou o seu inconformismo e por conseguinte, aos olhos do editor, foi apelativo a sugerir a inveja sob uma primeira instância, mas também algo que poderia ser até pior, ou seja, a sua visão ingênua sobre a condução de um empreendimento comercial, ainda que regido pelo mundo artístico.

Pois ali, o que interessava na prática não era a arte, o serviço prestado à sociedade para engrandecer o aspecto cultural da nação ou qualquer outro significado nobre que um livro de poesias poderia gerar. No entanto, o que realmente importava fora a viabilidade monetária, movida pelos modismos gerados nas ruas ou mesmo os criados pelos arquitetos da manipulação, a espalhá-los sorrateiramente pelas ruas. 

De uma maneira ou de outra, a carta em questão, só afastou ainda mais a possibilidade de Joseph Dinllard sequer ser cogitado, doravante e mesmo que um eventual novo material seu e desta feita inteiramente coadunado com a estética em voga, fosse enviado, tempos depois. 

Eis a carta que estigmatizou Joseph Dinllard, para sempre:

Caro senhor Limanson:

Antes de mais nada, parabenizo-o pelo sucesso que o livro de poemas, "Anti-poesia da lata do lixo" está a fazer, com vendas acentuadas e muitos elogios ofertados pela crítica literária. 

De fato, essa poesia sui generis, a usar da completa anulação das regras gramaticais e ortográficas, mas acima de tudo a expressar todo o ódio oriundo da revolta desses novos poetas que odeiam a velha poesia, está na crista da onda. 

Acho que eu preciso rever os meus conceitos, certamente, e assim poder enfim enxergar a beleza por trás dos palavrões, das metáforas a falar sobre as condições insalubres que envolvem a sujeira produzida pela espécie humana em meio aos seus dejetos, não como uma alusão à crítica social ou mesmo em relação à política, mas a denotar a sua própria beleza em si. 

Estou definitivamente defasado, senhor editor, pois ainda não enxergo a beleza por trás de um cenário que à minha avaliação ultrapassada, mostra-se como algo repugnante. Mas vou esforçar-me para atingir tal patamar de libertação cultural e quando isso acontecer e eu considerar-me apto para atuar em tal seara da nova literatura avantgarde, certamente que eu apresentarei a minha nova obra, coadunada com tais novos parâmetros e contarei com a sua avaliação, com a esperança de que finalmente o senhor haverá de prover uma oportunidade para este aspirante a poeta.

Sem mais, cordialmente,

Joseph Dinllard

Bem, nunca houve resposta da parte de Limanson e este, enquanto um poderoso editor, prosseguiu a lançar autores coadunados com os ideais sombrios da anti-arte explícita, por uma bom tempo a usufruir de sua posição adquirida como uma sumidade cultural, formador de opinião e sobretudo, como bem sucedido empreendedor, sob o ponto de vista mercantil. 

E ao final, em um mundo que é regido por resultados financeiros para respeitar-se e ser bem respeitado na inversa proporção, o idealismo de Dinllard não o fez enxergar que ter escrito a carta, fora a sua pior decisão, ainda mais do que insistir em escrever poesias bem escritas...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Dor - Por Luiz Domingues

O que significa a dor? 

Pois é, assim que alcançamos a consciência cognitiva mínima, conseguimos pensar, ainda que rudimentarmente, sobre tal questão, mas nos primeiros meses de vida, sob a difusa e angustiante incompreensão da vida, apenas a repudiamos, em um primeiro instante, para em seguida, estabelecer uma associação instintiva em termos de temê-la e depois, sob uma segunda instância, se continuamos a não compreendê-la nessa fase pueril da vida e muito menos que métodos usarmos para evitá-la, ao menos, mostramos o início da nossa lenta evolução. 

Contudo, o fato é que no começo da vida, a dor é só um incômodo desagradável, que surge inesperadamente e o único desejo que nutrimos, sem a mínima sofisticação intelectual, mas apenas amparado pelo instinto, é para que aquela sensação cesse, imediatamente.

Dentro desse panorama, é óbvio que a dor é o primeiro sinal de desagrado que experimentamos e ainda que demore para percebermos, o primeiro choque de realidade a mostrar-nos que a vida material não é inteiramente controlada pela nossa vontade, mas que sim, fatores alheios à nossa vontade, podem ocorrer. É o primeiro contato com o medo, a impotência e também com a angústia, certamente. Medo, pois não sabemos de onde vem esse vilipêndio perpetrado pelo nosso próprio corpo, impotência, pois não sabemos como fazer isso parar e angústia, por não sabermos exatamente se vai passar em algum momento.

Logo, a dor vai ganhar outros contornos, assim que começamos a alargar o horizonte do raciocínio, mas ali naquela fase, é a pior sensação, pela obviedade da sua ação neurológica desagradável, mas também amplificada pela nossa total incompreensão do que ela realmente significa. 

Todavia, como tudo na vida, a dor é também um aprendizado. Precisamos saber prevenir os motivos pelas quais ela possa aparecer, como contê-la, como interpretar o sinal inerente que ela carrega em termos de alguma disfunção de um órgão do nosso corpo, mas sobretudo, aprender a não provocar de uma forma deliberada e nem mesmo involuntariamente, a dor em outro ser vivo, jamais.

E talvez esteja aí a maior das chaves para não senti-la, doravante.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Crônicas da Autobiografia - A Minha Ausência no Baile de Formatura - Por Luiz Domingues

                   Aconteceu no começo do Boca do Céu, em 1976...

No segundo semestre de 1976, eu encontrava-me enlouquecido com a perspectiva sobre estar enfim a fazer parte de uma banda de Rock verdadeira, com pelo menos um músico que sabia tocar o básico com desenvoltura (Osvaldo Vicino), um talento nato e bruto com sinais de genialidade inequívocos (Laert “Sarrumor” Julio), e os demais (eu mesmo, Luiz Domingues), e o caçula da banda (Fran Sérpico), como absolutos iniciantes no estudo musical, mas a nos esforçarmos para vencer a barreira inicial do aprendizado (Wilton Rentero só ingressaria na formação da nossa banda, no início de 1977). 
 
No meu caso em específico a empolgação foi além, visto que a minha própria percepção de avanço, tanto no instrumento em específico, quanto nos rudimentos da teoria musical, aliara-se à euforia por estar inserido na banda e também por toda a ambientação em torno dos ideais aquarianos, quando finalmente passei a sentir-me não apenas como um fervoroso entusiasta da movimentação contracultural como um todo, mas sim, como um personagem atuante dentro do movimento e nesse caso, pouco importava-me a minha então parca condição como reles principiante e tampouco o modestíssimo estágio pelo qual a nossa banda encontrava-se na ocasião. 
 
Então, inebriado por tal “momentum” auspicioso, o choque com as imposições sociais, tanto no âmbito familiar, quanto no aspecto da vida escolar em curso, ganhou contornos interessantes em termos de conflitos e a gerar o seu inerente choque, mediante a oportunidade para acelerar o processo de amadurecimento. Dá para escrever várias crônicas específicas a citar tais situações, separadamente com certeza, e creio que será um caminho a ser percorrido em um futuro bem próximo. 
Neste caso, falo sobre um evento que tornou-se inevitável para testar essa ambivalente situação sobre estar a forjar-me como um Rocker idealista e pleiteante à vida artística profissional, simultaneamente a viver o curso de meus dezesseis anos de idade e por conseguinte, por deter a momentânea mentalidade juvenil sob muitos aspectos e obviamente estar sob o controle dos meus pais e com obrigações escolares a cumprir. 
 
Nesses termos, em 1976, eu estava a concluir a 8ª série, ou o equivalente ao 4º ano ginasial, portanto, naquela época representava o fim do ensino fundamental, com direito a formatura do curso e imprescindível diploma para poder seguir adiante, através do início do estudo secundário. 
 
Bem, eu e meus amigos de classe e alguns de outras salas, éramos os Hippies/Freaks/Rockers do colégio e na média, todos compartilhavam dos ideais, ainda que em graus de diferente entusiasmo e comprometimento pessoal com a causa. Eu e Osvaldo Vicino éramos companheiros de banda e também fazíamos parte dessa turma. 
No entanto, foi quando a professora de desenho geométrico, passou a falar incisivamente para a nossa turma de cabeludos, durante as suas aulas, sobre a “festa de formatura”, a dar conta de que já estávamos bastante atrasados para engajarmo-nos em tal celebração, visto que os demais colegas já haviam aderido oficialmente desde o começo do ano, a pagarem prestações em um carnê organizado para arrecadar os fundos e que todos estavam animados, menos nós, que éramos os “hippies outsiders”. 
 
E apesar de que tal afirmação pelo nosso viés fora um elogio, porém, pela conotação que ela quis enfatizar, no sentido de denegrir a nossa imagem, ao estigmatizar-nos como “párias da sociedade”, em sua visão explícita, mas que devia considerar velada (ou não). Com a nossa negativa sistemática, ele adotou então a tática de alfinetar-nos abertamente. 
Em uma determinada aula, ela esqueceu-se do conteúdo da sua geometria e passou os seus cinquenta minutos de aula a atacar os Beatles, que segundo a sua visão, seriam agentes da decadência do Império Britânico e mediante o uso de uma argumentação pífia, carregada por preconceitos descabidos e certamente que baseada na opinião de seus avós desinformados. 
 
Um de nossos colegas, um rapaz que chamava-se: “Toninho” (que foi um grande fã do King Crimson e ótimo atacante do nosso time de futebol), chegou a pedir a palavra para um contra-argumento pontual, quando afirmou que não entendia o discurso da professora, visto que até a realeza britânica sabia o valor da banda citada e vilipendiada por ela (a professora), tendo em vista a questão da condecoração concedida pela Rainha aos rapazes de Liverpool em 1965, com comendas honrosas em reconhecimento pelos benefícios que a sua fama, sob alcance mundial, trouxera ao Reino Unido em termos de divisas e foi além, ao citar que houve época em que os Beatles representavam mais de 20% do "Pib" do Reino Unido, ou seja, um dado irrefutável, se o viés dela fora o aspecto do materialismo defendido pelo capitalismo conservador. 
 
Sem argumentos plausíveis, mas enfurecida com a sua linha de raciocínio a atacar-nos, a professora respondeu que isso não importava, ao desmascarar o seu ódio desmedido, pois ao arvorar-se de ser “conservadora” assumida e consequentemente uma entusiasta da Revolução Industrial que alavancou a glória material do Império Britânico, ela caíra em contradição, pois ela podia odiar os Rockers cabeludos, mas tal montante que os Beatles movimentaram para os cofres do Reino Unido, alegrou e muito a Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II. 
 
E se o problema foi dinheiro, bem, ninguém ofertou mais aos cofres britânicos do que os Beatles, na década de sessenta.
Bem, o que ela quis mesmo, foi desestabilizar-nos, visto que a sua tentativa para ridicularizar-nos falhara, então ela passou a adotar uma outra estratégia, ao apelar para um discurso piegas, em torno de tentar nos provocar o sentimento do remorso.
 
Naquela linha folhetinesca, misturada com valores do catecismo católico, a mestra exortou-nos a não decepcionarmos os nossos pais e sobretudo os avós, que “sonhavam” com tal festa, desde que “nascêramos”. Ora, o seu discurso só piorou, no sentido que a nossa reação foi imediata ao questionarmos se a festa seria para nós ou a representar uma encenação para atender as expectativas familiares? 
 
Pois ao alardear tal juízo de valor, exatamente com aquele bando do Rockers que estavam inebriados pela possibilidade concreta de quebrar paradigmas condicionadores da velha sociedade (a qual chamávamos como: “careta” para fazer uso de uma gíria bem dessa época e na contrapartida em que vivíamos ou queríamos viver o mergulho no “desbunde”, outra gíria a denotar a completa libertação do sistema opressor), fora o seu tiro pela culatra ou no pé, como queira.
Na sua última tentativa, a Dona Jandira, que aliás, nem era idosa e pelo contrário, era bem jovem, provavelmente a viver na casa dos trinta anos de idade nesse instante, veio com um ultimato em tom choroso a provocar-nos o medo ante a possibilidade do arrependimento. Com mais um discurso melodramático, ela exortou-nos que aquela seria a nossa última chance para não cometermos um erro pelo qual arrepender-nos-íamos pelo resto das nossas respectivas vidas. Foi quando ela disse, como se fosse uma personagem de novela piegas da TV Tupi: -“essa lembrança será eternizada em um álbum de fotos e vocês não estarão nele”...

Diante de tal cena, a nossa reação espontânea ao rirmos, não causou-lhe uma explosão nervosa por sentir-se ironizada, ainda bem, por não lhe suscitar a vontade de nos impingir punições escolares, como a diminuição de notas em suas provas ou uma possível ameaça de suspensão. E a seguir, ela apenas resmungou alguma coisa sobre termos feito a nossa equivocada escolha, em ritmo de resignação. 
 
Ao pensar hoje em dia, eu mantenho a mesma postura que tive em 1976 e de fato, ao não ter comparecido em tal festa, isso não mudou em nada a minha vida para pior, como a professora preconizara, amparada pelos seus valores tradicionalistas. Claro que respeito a opção dos demais colegas da minha sala e de outras em terem participado, mas continuo a considerar que não perdi absolutamente nada. 
 
As boas lembranças que guardo dos colegas, não só dos Rockers, mas de todos com os quais convivi, está indelevelmente armazenada na minha memória. Isso vale para os professores, incluso a Dona Jandira que odiava os Hippies e o Rock de uma maneira geral, aos demais professores e aos jogos de futebol do campeonato interno do colégio e que foram muito prazerosos para participar. 
E também por lembrar-me que foi na sala de aula que frequentávamos naquela escola, que o meu amigo e colega, Osvaldo Vicino, convidou-me para formar a minha primeira banda, o Boca do Céu, em uma tarde de abril desse ano de 1976. 
 
Foi também em sua companhia e naquela quadra esportiva, ali presente, que além dos campeonatos que disputamos, tornou-se igualmente um cenário importante para a nossa iniciante banda, quando em um dia do final de agosto desse mesmo ano, recebemos a visita de um jovem aspirante a cantor que interessara-se em conhecer a nossa banda, para talvez trabalhar conosco, motivado pelo anúncio que havíamos publicado em uma importante revista musical da época, a seminal: “Rock; a História e a Glória”. Foi ali que conhecemos então o jovem, Laert Julio, ainda não conhecido como “Sarrumor”, nessa ocasião. 
Sendo assim, a dona Jandira pode ficar descansada, pois da festa de formatura que eu não compareci, não guardo nenhum remorso por tal ausência, mas lembranças ótimas da escola, tanto pelo lado pessoal, mas principalmente pela formação da minha carreira, eu tenho sim, bem armazenadas na memória.