quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Dor - Por Luiz Domingues

O que significa a dor? 

Pois é, assim que alcançamos a consciência cognitiva mínima, conseguimos pensar, ainda que rudimentarmente, sobre tal questão, mas nos primeiros meses de vida, sob a difusa e angustiante incompreensão da vida, apenas a repudiamos, em um primeiro instante, para em seguida, estabelecer uma associação instintiva em termos de temê-la e depois, sob uma segunda instância, se continuamos a não compreendê-la nessa fase pueril da vida e muito menos que métodos usarmos para evitá-la, ao menos, mostramos o início da nossa lenta evolução. 

Contudo, o fato é que no começo da vida, a dor é só um incômodo desagradável, que surge inesperadamente e o único desejo que nutrimos, sem a mínima sofisticação intelectual, mas apenas amparado pelo instinto, é para que aquela sensação cesse, imediatamente.

Dentro desse panorama, é óbvio que a dor é o primeiro sinal de desagrado que experimentamos e ainda que demore para percebermos, o primeiro choque de realidade a mostrar-nos que a vida material não é inteiramente controlada pela nossa vontade, mas que sim, fatores alheios à nossa vontade, podem ocorrer. É o primeiro contato com o medo, a impotência e também com a angústia, certamente. Medo, pois não sabemos de onde vem esse vilipêndio perpetrado pelo nosso próprio corpo, impotência, pois não sabemos como fazer isso parar e angústia, por não sabermos exatamente se vai passar em algum momento.

Logo, a dor vai ganhar outros contornos, assim que começamos a alargar o horizonte do raciocínio, mas ali naquela fase, é a pior sensação, pela obviedade da sua ação neurológica desagradável, mas também amplificada pela nossa total incompreensão do que ela realmente significa. 

Todavia, como tudo na vida, a dor é também um aprendizado. Precisamos saber prevenir os motivos pelas quais ela possa aparecer, como contê-la, como interpretar o sinal inerente que ela carrega em termos de alguma disfunção de um órgão do nosso corpo, mas sobretudo, aprender a não provocar de uma forma deliberada e nem mesmo involuntariamente, a dor em outro ser vivo, jamais.

E talvez esteja aí a maior das chaves para não senti-la, doravante.


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