domingo, 29 de dezembro de 2019

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 122 - Por Luiz Domingues


O próximo compromisso para Kim Kehl & Os Kurandeiros, foi novamente através de uma participação em um festival ao ar livre, em meio às belas ruas da Vila Pompeia, na zona oeste de São Paulo. 

Como eu já mencionei em outras oportunidades, tais ruas desse bairro sempre provocam-me nostalgia pelas boas lembranças pessoais que ali mantenho com carinho. Tratou-se de um evento que recebeu o pomposo nome: 1º Festival de Rock da Vila Pompeia. 

Ora, ao tratar-se de um bairro cuja tradição de conter uma histórica relação com o Rock brasileiro, foi algo até surpreendente que somente ao final do ano de 2019, com o século XXI prestes a adentrar a casa da sua terceira década, que um festival nesse molde fosse realizado em suas ruas, visto que naquelas tantas vias tão íngremes, o Rock pulsara desde a década de cinquenta do século passado, com uma explosão mais acentuada durante o curso das décadas de sessenta e setenta. Entretanto, foi o que ocorreu e dessa forma, assim fechamos o evento como "headliners" do palco "Caraíbas", instalado bem no cruzamento das Ruas Caraíbas e Ministro Ferreira Alves, ao final da tarde do dia 22 de dezembro de 2019.

Na primeira foto, Kim Kehl em destaque, com Carlinhos Machado ao fundo, na bateria. Na segunda foto, Phill Rendeiro, Carlinhos Machado Kim Kehl e eu (Luiz Domingues). Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo. 22 de dezembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Cheguei ao local do show acompanhado do meu amigo, Kim Kehl e ambos verificamos que a feira estava a transcorrer em pleno vapor, com uma multidão a usufruir dos shows, distribuídos em dois palcos e certamente a aproveitar as inúmeras barracas e Food Trucks à disposição dos moradores do bairro. 

Apesar do dia estar nublado, a possibilidade da chuva não esmoreceu o ímpeto das pessoas presentes e assim, famílias inteiras passeavam entre as barracas e aglomeravam-se ante os dois palcos, para apreciarem as apresentações. O som estava bom em uma primeira análise como ouvinte (mas eu sei bem que tudo muda, quando sobe-se ao palco para tocar, ou seja a percepção é bem diferente), a multidão mostrava-se enorme e deveras animada com os shows, portanto, a primeira impressão foi ótima. 

Bem, problema recorrente em feiras ao ar livre, a produção não pensou mais uma vez em facilitar a vida dos expositores, artistas e técnicos que ali compareceram para trabalhar, portanto, a inexistência de um estacionamento conveniado e próximo, a pensar que todos que vão trabalhar, naturalmente carregam utensílios os mais diversos, foi como sempre em tais circunstâncias, um martírio. 

Em meu caso, a carregar apenas um instrumento, nem foi assim tão preocupante, no entanto, há quem carregue uma bateria em meio às suas inúmeras peças, teclados e/ou amplificadores, portanto, essa necessidade para descarregar o material de trabalho e a obrigar-se em procurar uma vaga posteriormente para o seu automóvel, é algo bastante desagradável. 

Paciência, eu estacionei na Rua Tucuna, quase na esquina com a Rua Venâncio Aires, ou seja, relativamente perto e a caminhada não foi severa, mas se houvesse um estacionamento gratuito e próximo, é óbvio que teria sido o ideal.

Na foto 1, eu (Luiz Domingues) em destaque, com Carlinhos Machado ao fundo na bateria. Foto 2: Carlinhos Machado em destaque. Foto 3: Kim Kehl em ação! Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo. 22 de dezembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Marcos Kishi          

Eis que chegou a nossa hora para subirmos ao palco e enquanto preparávamos o nosso "set up", o nosso tecladista, Nelson Ferraresso, foi traído pela pressa e sem notar, "plugou" o seu instrumento em uma rede elétrica com voltagem em 220 volts. 

Ao perceber que queimara instantaneamente o seu teclado, chateou-se, naturalmente e ficou sem meios para atuar conosco. Uma ocorrência desagradável, e certamente que tal situação tratou por abalar a confiança de todos, mas fazer o que ante tal acidente? 

O show precisava continuar, com o perdão pelo clichê e de fato, várias pessoas em meio ao público, gritavam, bem em torno daquela expectativa típica de início de show. Claro, em shows assim, produzidos em feiras ao ar livre, por melhor que seja a equipe técnica que forneça o suporte aos artistas, a troca de "set up" entre uma banda e outra, é sempre muito complicada. 

Então, aliado ao fato de que o público nem percebeu o nosso drama em relação ao ocorrido com o Nelson, ficou claro que aquela adrenalina pré-show estava instaurada, e mesmo por que, por sermos a última banda do festival, a euforia já estava sedimentada, com o público absolutamente "aquecido", como fala-se no jargão da música.

Mais flagrantes da banda em ação! Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo. 22 de dezembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Dessa forma, lá fomos nós e mesmo com algumas dificuldades técnicas sentidas desde a primeira música executada, superamos todas as adversidades, pois o público estava muito receptivo e o show foi encenado, música após música, a verificar um ímpeto em  ascensão, de uma forma impressionante em termos de euforia.

Nesses termos, é claro que a sincronicidade observada tende a suplantar qualquer intempérie e por essa troca efetuada entre público e artista, há o efeito retroalimentador, ou seja, foi esse o nosso combustível para provocarmos dois pedidos de "bis" e sairmos do palco absolutamente extenuados, porém felizes pelo prazer que tivemos em termos cumprido uma apresentação tão boa e sobretudo, prazerosa. 

Tivemos dois convidados, a apresentarem-se o guitarrista da banda, "Power Blues", Daniel Gerber e também o vocalista, Marquês, que estiveram conosco na jornada, para tocar e cantar em músicas diferentes.

Nas duas primeiras fotos, o convidado especial, Daniel Gerber a tocar próximo de Kim Kehl e com Carlinhos Machado ao fundo, na bateria. Nas fotos 3 e 4, o convidado especial, Marquês, a interagir com a banda. Ele é o penúltimo na linha de frente, da esquerda para a direita. Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo. 22 de dezembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Como de praxe, a quantidade de amigos encontrados nos bastidores, foi enorme, o que potencializou em muito a tarde/noite muito boa que tivemos, mesmo com o problema muito desagradável que o nosso tecladista sofrera. 

Algumas horas depois, em conversação travada através do grupo particular da banda em uma rede social, notamos que o Nelson estava mais conformado com o ocorrido, pois todos relataram passagens semelhantes, com acidentes iguais em outras ocasiões e outros fatos correlatos a relatar casos sobre danos ocorridos com instrumentos e equipamentos e claro que isso estraga o dia de um músico, mas o sentimento ruim passa logo, ainda bem e mesmo com o inevitável vilipêndio ao bolso, que tais acidentes geram. 

"Cocada Preta" (Kim Kehl) ao Vivo - Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia em São Paulo, no dia 22 de dezembro de 2019. Filmagem: Ju Rendeiro

Eis o Link para assistir no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=2VFUSjyarog

"Maria Maluca" (Kim Kehl) - Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 22 de dezembro de 2019. Filmagem: Fatima Stoppelli

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=vFUUjBk1DRw

"O Filho do Vodu" (Kim Kehl) (apenas a introdução) - Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 22 de dezembro de 2019. Filmagem: Fatima Stoppelli

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=AFpV5v7_eMg

Notícia boa, no dia seguinte ao show, 23 de dezembro, eu soube que o site "Rockbrasileiro.net", em parceria com o canal de YouTube, "Vitrola Verde", elegeu-me pelo segundo ano consecutivo, o melhor baixista do ano. Opinião cravada em editorial assinado pelo empreendedor cultural e editor dos dois veículos, Cesar Gavin, é evidente que provocou-me o sentimento bom da lisonja e honraria.

http://www.rockbrasileiro.net/?fbclid=IwAR3lbnaizK58xFHF2oQ_xjwBT14M844HHb39ca3oaSV1nKbGBiOqABahWNk

Mais uma panorâmica da banda! Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo. 22 de dezembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Em 2019, não tocamos tanto quanto em 2017 e 2018, mas foram shows intensos em meio a muitos em festivais ao ar livre, perante multidões. Creio que lembrarei-me do ano de 2019, por tal característica, principalmente em seu segundo semestre. 

Fechamos as atividades da banda para as festas de final de ano, mas a prenunciar um ano de 2020, alvissareiro, estávamos com a perspectiva concreta para participarmos de um ensaio gravado ao vivo, em um estúdio, para o mês inicial do novo ano. 

Continua...

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 121 - Por Luiz Domingues

Em um domingo com previsão para o tempo bom, dia 1º de dezembro de 2019, a nossa banda mais uma vez esteve escalada para atuar em uma apresentação ao ar livre, decorrente de uma feira de artes. Desta feita, tal apresentação fora marcada para fazer parte da 2ª Feira de Artes da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo. 

Eu nunca tive uma grande proximidade com tal bairro, mas houve uma época de minha vida em que eu ali passei com uma certa constância, pelo fato de ter morado na Vila Pompeia, por dois anos (1966/1967), e por este ser um bairro da zona oeste, naturalmente que muitas pessoas deste e de outros bairros vizinhos, costumavam frequentar com regularidade o então chamado, "Ceasa" (anos depois mais conhecido como "Ceagesp"), que vem a ser a maior central de abastecimento de produtos agrícolas de São Paulo, localizado em tal bairro, portanto, a oferta por frutas, legumes, hortaliças e laticínios, vindos diretamente dos produtores rurais interioranos com qualidade e preços baixos, sempre foi um chamariz natural, visto que tal central não vendia apenas pelo atacado, mas também sob o regime de varejo. 

Portanto, eu fui algumas vezes com o meu pai nesse entreposto gigantesco, isso sem contar que uma tradição ali forjara-se nesse ambiente rústico, em torno da sua famosa "sopa de cebola", que de tão famosa, tornou-se uma atração improvável, mas que solidificara-se, principalmente no período noturno e assim, tornou-se um programa exótico ir ao Ceasa para degustar tal prato, principalmente no período da madrugada, enquanto os trabalhadores descarregavam e carregavam centenas de caminhões com a carga de produtos, de uma maneira frenética em suas dependências.

Tal fama perpetuou-se e eu lembro-me bem, nos anos oitenta, já adulto e a atuar com A Chave do Sol, eu fui com os companheiros da banda e amigos, muitas vezes ao Ceasa para degustarmos a famosa sopa da madrugada, após a realização de shows. Porém, nessa fase oitentista, apesar do ambiente insalubre do complexo, a parte do restaurante havia sofisticado-se, justamente por ter tornado-se uma atração turística/gastronômica na cidade e por conta disso, apesar da sua famosa "sopa de cebola" ainda ser um chamariz, a diversificação de pratos já mostrava-se enorme, inclusive com o incremento de festivais da sopa, principalmente no período do inverno, com uma infinidade de outros sabores disponíveis, inclusive. 

Já no avançar dos anos noventa e também nos anos dois mil, eu cheguei a ler matérias em jornais de grande circulação, a dar conta que o bairro da Vila Leopoldina havia passado por transformações urbanísticas radicais e que vários galpões que ficavam nas cercanias do Ceagesp (ex-Ceasa), haviam sido demolidos e que prédios residenciais de alto padrão estavam a erguerem-se em profusão. E também que outros tantos, foram transformados em modernas agências de publicidade e tecnologia, além de estúdios de cinema/produção audiovisual em geral.

Eis que eu cheguei ao bairro na tarde de 1º de dezembro de 2019 e de fato constatei que aquele bairro longínquo, repleto de galpões e caminhões carregados por frutas e legumes que lotavam as ruas nos dias de outrora, estava muito mudado. Fiquei bastante impressionado com a transformação radical ali efetuada e além dos prédios residenciais construídos sob alto padrão, o comércio sofisticado e a presença de restaurantes e cafés charmosos, tal constatação in loco não deixou-me dúvida de que estava tudo muito modificado ali.

Portanto, a ideia de uma Feira de Artes ao ar livre, caiu como uma luva para a Vila Leopoldina, nessa fase em que estávamos às vésperas dos anos vinte do novo século, com todo esse progresso ali observado.

A banda em ação! Kim Kehl & Os Kurandeiros na 2ª Feira de Artes da Vila Leopoldina, em São Paulo, no dia 1º de dezembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Léo Cabrera

Haviam dois palcos, um mais sofisticado e o outro mais simples, onde atuamos e apesar da sua simplicidade e tamanho diminuto (vide as fotos onde estamos retratados a tocar), o importante foi que o som estava bem conduzido pelo responsável pelo áudio e a resposta do público foi excelente. 

Feira animada, nem mesmo o repentino surgimento de nuvens carregadas e que precipitou alguns pingos de chuva ameaçadores, tratou por estragar a festa e muito pelo contrário, simplesmente a chuva não prosperou e assim, o povo permaneceu ali presente.

O palco foi diminuto, mas a apresentação foi bastante animada! Kim Kehl & Os Kurandeiros na 2ª Feira de Artes da Vila Leopoldina, em São Paulo, no dia 1º de dezembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Léo Cabrera

Dessa forma, ficamos muito contentes com a apresentação e eu ainda tive uma boa surpresa quando reencontrei um velho amigo, com o qual não encontrava-me desde os anos oitenta, na figura de Claudio T. de Carvalho, mais conhecido como "Capetóide", e que fora um amigo, colaborador e testemunha ocular da carreira d'A Chave do Sol, a minha banda nos anos oitenta. 

Fiel amigo da banda, assíduo em nossos shows desde o primeiro, realizado no longínquo ano de 1982. Agora baixista de uma banda ("Alô Ayala"), onde atuava com o bom baterista, Léo Cabrera, foi um prazer conversar com ele nos bastidores e poder assistir boa parte da sua apresentação. 

Missão cumprida na Vila Leopoldina e não por caso, Claudio "Capetóide" foi conosco ao Ceasa em algumas madrugadas dos anos oitenta, em momentos pós-show que A Chave do Sol cumprira, portanto, que coincidência agradável.

"A Noite Inteira" (Kim Kehl), ao vivo (apenas um trecho), durante a apresentação de Kim Kehl & Os Kurandeiros na 2ª Feira de Artes da Vila Leopoldina em São Paulo, no dia 1º de dezembro de 2019. Filmagem: Akemi Akishi. Apoio: Marcos Kishi

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=IIN9gjxGs60

"Eu Sou Duro" (Kim Kehl), ao vivo, durante a apresentação de Kim Kehl & Os Kurandeiros na 2ª Feira de Artes da Vila Leopoldina em São Paulo, no dia 1º de dezembro de 2019. Filmagem: Akemi Akishi. Apoio: Marcos Kishi 

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=2CoyF-da_CE

Outro fato digno de nota, foi que esse show d'Os Kurandeiros realizado na Feira de Artes da Vila Leopoldina, marcou um significado extra para a minha carreira musical, pois representou o meu milésimo show! 

No cômputo geral, desde que eu fizera a minha primeira apresentação oficial, em 12 de fevereiro de 1977, eis que por muitas bandas atuei e cheguei enfim a uma marca emblemática na carreira. Fiquei feliz, e mesmo ao ter plena consciência que artistas populares detém uma agenda infinitamente mais cheia do que eu jamais tive e portanto, justifica-se o fato de que demorei quarenta e três anos para chegar em um número que tais artistas alcançam em tempo muito menor, sei bem que na inversa proporção, a minha trajetória foi construída sob outros termos diametralmente diferentes e assim, na devida realidade em que sempre atuei e ainda atuo, esse número é grandioso, sem falsa modéstia de minha parte. 

Fiquei feliz também pela prorrogação que obtive, após sobreviver aos graves problemas de saúde que sofri em 2015 e que ameaçou fortemente a possibilidade de que eu avançasse a trabalhar, portanto, eu comemorei internamente o meu feito pessoal sem no entanto comentar com os colegas, para que isso não fosse alardeado ao microfone durante o show e eu sei que eles teriam feito isso com muita alegria, certamente, mas eu optei por manter o sigilo da informação e apenas deixar para registrar a marca, aqui, neste texto autobiográfico. E aproveito para agradecer à todos, literalmente, que auxiliaram-me ao longo desses anos todos, para que eu pudesse atingir tal marca!

De volta a focar n'Os Kurandeiros, a nossa próxima missão foi em mais uma feira ao ar livre, e dessa forma a provar que 2019, foi um ano pródigo em shows dessas características para Kim Kehl & Os Kurandeiros.

Continua... 

domingo, 22 de dezembro de 2019

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 120 - Por Luiz Domingues

Eis que a nossa próxima apresentação ficara marcada para o dia 29 de novembro de 2019, a ser realizada na casa de espetáculos, Santa Sede Rock Bar e alguns dias antes do nosso show, fomos surpreendidos positivamente com a publicação de uma página cultural da Rede Social, Facebook, chamada: "Nas Vertentes". 

Em tal publicação, foi traçado um interessante paralelo entre a nossa banda em relação ao estabelecimento, Santa Sede Rock Bar em comparação às grandes bandas internacionais dos anos sessenta e setenta, em relação aos auditórios, Fillmore (East e West), localizados nos Estados Unidos. 

Ora, quando eu li a reportagem, fiquei muito enaltecido, pois a colocação soou-me como uma lisonja, tanto para a nossa banda, quanto para a casa. Honrados por tal colocação muito perspicaz da parte de quem redigiu esse texto e estabeleceu essa analogia feliz ao extremo em minha ótica, eis que voltamos ao Santa Sede, acima citado, após um longo e raro hiato.

Em uma sexta-feira com trânsito caótico em São Paulo, graças ao advento da "Black Friday", eis que tocamos mais uma vez na simpática casa mais Hippie/Freak /Rocker da zona norte de São Paulo. Com muito ímpeto, tocamos um repertório autoral em forte predominância.
A banda em ação, nas três fotos acima. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 29 de novembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

E assim, felizes por estarmos mais uma vez em uma casa onde mantínhamos uma tradição boa em apresentarmo-nos com regularidade, fizemos uma animada apresentação.
Mais uma panorâmica da banda no palco.Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 29 de novembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Rogério Utrila

No dia seguinte, 30 de novembro, a nossa banda mais uma vez teve uma música escalada para participar de sete execuções do programa: "Só Brasuca", da Webradio Crazy Rock, a tratar-se de "Rabo de Saia". 

E no domingo posterior, participaríamos mais uma vez de uma Feira de Artes ao ar livre, desta feita no bairro da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo.

Continua...

Os Kurandeiros - 22/12/2019 - Domingo / 18 Hs. - 1º Festival de Rock da Vila Pompeia - São Paulo / SP


Os Kurandeiros

22 de dezembro de 2019  -  Domingo  -  18 Horas

1º Festival de Rock da Vila Pompeia
Rua Ministro Ferreira Alves (entre as Ruas Caraíbas e Tucuna)
Vila Pompeia
Estação Barra Funda do Metrô
São Paulo - SP

Entrada Gratuita
Som Mecânico a partir das 10 horas da manhã
Bandas a partir das 12 horas

Os Kurandeiros :
Kim Kehl : Guitarra e Voz
Carlinhos Machado - Bateria 
Nelson Ferraresso : Teclados
Phill Rendeiro : Guitarra e Voz
Luiz Domingues – Baixo

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Crônicas da Autobiografia - A Ajuda da Boca para Fora - Por Luiz Domingues


                        Aconteceu no tempo do Pedra, em 2008

É comum em uma reunião informal, mediante uma conversação a esmo, que alguém mencione que poderia auxiliar uma outra pessoa em algum aspecto levantado no bojo da discussão. Isso ocorre geralmente em momentos descontraídos, onde ao ouvir-se algum tipo de colocação que esteja mais ou menos próximo da sua alçada, uma pessoa mencione que teria ao seu dispor, uma solução, por trabalhar em um ramo que tenha a ver com a problemática ali discorrida, ou mesmo por conhecer alguém que seria um facilitador para o interlocutor resolver o seu problema ali exposto. 
 
Tal predisposição é feita de uma maneira geralmente impensada, na base do puro reflexo e imbuído de um sentimento de bom-mocismo, mas que geralmente cessa, assim que o assunto muda dentro da roda de conversa. No entanto, quem está a necessitar de uma ajuda e ouve alguém espontaneamente a apontar para uma solução, interpreta tal oferecimento de uma forma literal e cobra, mesmo que de uma forma educada, tal resolução, pois a sua agonia está diametralmente oposta à falta de interesse de quem em vão propôs ajudar, mas que na verdade, apenas tencionara ser agradável naquele momento efêmero, sem no entanto, manter a menor intenção de ajudar de fato. 
 
Claro que há exceção e pessoas que não falam por falar, existem e de fato prontificam-se a cumprirem o que prometeram, mas é uma realidade, a maior porcentagem de pessoas que assim pronunciam-se, na prática, mostram-se muito incomodadas por receberem telefonemas, mensagens via internet ou até visitas presenciais, feitas da parte de quem acreditou que poderia de fato ser auxiliado nessa circunstância descrita.
Isso ocorreu muitas vezes comigo, Luiz Domingues, em diversas situações ocorridas em bandas pelas quais eu atuei e eu também fui testemunha do mesmo ocorrido com diversos colegas, em questões semelhantes.

Por exemplo, recordo-me de uma ocasião em que eu e meus companheiros do “Pedra”, fomos conceder uma entrevista em uma emissora de rádio e o locutor, que era bem famoso na ocasião, através do meio radiofônico, falou-nos reservadamente, ainda no estúdio da emissora, que gostava do nosso trabalho e que gostaria de ajudar-nos a galgar degraus mais acima em nossa carreira e para tal, ele alegou dispor de contatos com a cúpula de outras emissoras, inclusive alojadas na difusão cultural mainstream, além de empresários e executivos da indústria fonográfica. 
 
Ótimo, é claro que aceitamos de bom grado um auxílio que viesse da parte de qualquer pessoa e nesses termos, por ser um radialista famoso, não houve motivo para não acreditarmos que ele teria realmente bons contatos e em segundo lugar, que estivesse sinceramente imbuído de boa vontade para ajudar-nos.
Marcamos então uma visita ao seu escritório para aprofundarmos esse seu gentil oferecimento, mas o que aconteceu em tal visita, revelou-se um constrangimento sob via dupla. Isso por que, assim que chegamos (no caso, eu, Luiz Domingues e Rodrigo Hid), notamos no semblante desse rapaz, que ele estava constrangido com a nossa visita. 
 
Nessa altura, cerca de 2008, eu já ostentava uma condição como veterano na música e no Rock, e até o Rodrigo Hid, que ainda era bem jovem, já havia acumulado uma bagagem grande, portanto, nós não ficamos nada surpreendidos com a situação, visto que não fora a primeira vez em que deparávamo-nos com um imbróglio desse nível e inclusive, eu e Rodrigo já havíamos passado por algo semelhante, juntos, como tripulantes a bordo da nave da Patrulha do Espaço, anteriormente.

O rapaz foi educado, não posso queixar-me nesse aspecto, por que ele não foi deselegante de forma alguma, pois aceitara receber-nos, mediante o nosso contato telefônico prévio, convidou-nos a entrar e ofereceu-nos café, todavia, o seu desconforto mostrou-se enorme, na medida em que ficara nítido que o apoio que alardeara ofertar-nos, quando de nossa visita à emissora em que trabalhava, fora um discurso vazio, bem naquela predisposição efêmera sobre a qual eu aludi ao início desta crônica. 
 
Sem ter nada concreto para oferecer-nos, foi muito embaraçoso quando ele, no afã para tentar cumprir o que alardeara-nos anteriormente, sugeriu que a melhor medida que a nossa banda poderia adotar para buscar uma melhor notoriedade pública, seria inscrevermo-nos em uma Rede Social da internet, chamada: “Myspace”, que foi a grande coqueluche daquele instante, por supostamente ter sido uma rede social formada por artistas e aspirantes a. 
Não demorou muito e tal rede entrou em um processo de decadência acentuada, pois na prática, essa rede não levava ninguém a lugar algum, visto que era formada essencialmente por artistas a mostrarem os seus trabalhos, uns aos outros, portanto, servia apenas para forjar amizades com quem pensava parecido em termos estéticos, aliás, como em qualquer rede social da Internet. 
 
Dessa forma, quando esse rapaz insistiu para que adotássemos tal estratégia de divulgação para alavancar a nossa banda e mostrou-se patente ser apenas essa a sua grande orientação que ele teria a nos ofertar, eu e Rodrigo agradecemos pela “informação”, também pela acolhida e café, mas partimos, sem ressentimentos para com ele, pois percebemos de imediato que a sua colaboração anteriormente expressa, houvera sido uma clássica colocação de momento, sem nenhuma profundidade, como muitas vezes acontece não apenas no meio artístico, mas na vida de uma maneira geral.