terça-feira, 28 de abril de 2020

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 126 - Por Luiz Domingues

Após um animado ensaio realizado no dia 12 de março, fomos então para o compromisso do dia 15, a ser cumprido no estúdio V8, quando o objetivo foi gravarmos algumas músicas e um vídeoclip. 

Como eu já havia participado dessa programação anteriormente por conta de ter atuado com o simpático combo de Lincoln Baraccat, "Uncle & Friends", em setembro de 2019, nesse mesmo estúdio e sob a mesma circunstância e o nosso baterista idem, ao ter participado a bordo da banda de apoio do tecladista, Lee Recorda, em outra ocasião, eis que nós dois já sabíamos que havia uma excelência nessa produção, com o capricho do técnico da casa, Denis Gones, além do bom trabalho do film-maker, Fausto Lopes, isso sem deixar de mencionar a hospitalidade da parte de Juliana Parra, uma das proprietárias do estabelecimento, que também funcionava como um mini centro cultural e um estúdio de tatuagem. 

Bem, no ensaio de 12 de março, nós informamos aos companheiros, Nelson, Kim e Phil, sobre todas essas nuances a envolver o evento, naturalmente. E assim, finalizamos o apronto e marcamos encontro no estúdio V8, para o domingo.

Phil Rendeiro e Kim Kehl na primeira foto e Kim Kehl na segunda foto. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Estúdio V8, de São Paulo, em 15 de março de 2020. Clicks, acervo e cortesia: Dalam Junior

Uma particularidade absolutamente sui generis, não foi no entanto a primeira vez que ocorrera comigo, ou seja, uma apresentação de uma banda oficial minha em um festival coletivo ou ação similar, em que houvesse também a minha atuação com uma banda em caráter de trabalho avulso. 

Portanto, nessa mesma tarde, eu havia comprometido-me a tocar com o simpático combo de Lincoln Baraccat, fato que ocorrera em 2019, com a mesma configuração a ocorrer em uma feira realizada nas ruas da Vila Pompeia. Sobre a minha atuação com Carlinhos em favor da banda de Lincoln nesse mesmo dia, os detalhes já constam em seu capítulo em específico no tópico dos Trabalhos Avulsos. 

Eu (Luiz Domingues) e Carlinhos Machado na primeira foto. Eu (Luiz Domingues), Carlinhos Machado e Kim Kehl, na segunda foto. Nelson Ferraresso na terceira foto. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Estúdio V8, de São Paulo, em 15 de março de 2020. Clicks, acervo e cortesia: Dalam Junior 

Em nosso caso, a meta estabelecida em ensaio, foi gravarmos as músicas novas em que estávamos a trabalhar. Dessa forma, além da demo-tape caseira que havíamos recém gravado, teríamos mais uma gravação interessante, ao vivo e com ótima captura e mixagem proporcionada pelos técnicos da casa e foi exatamente o que ocorreu, conforme eu e Carlinhos já sabíamos e havíamos alertado aos companheiros.
Na primeira foto, eu (Luiz Domingues) e o baixista/agitador cultural, Dalam Junior. Na segunda foto: Eu (Luiz Domingues), Samuel Wagner (roadie da Patrulha do Espaço e Pedra), Phil Rendeiro, Dalam Junior, Kim Kehl, Nelson Ferraresso, o guitarrista/radialista, Adilson Oliveira e Carlinhos Machado. Foto 1, acervo e cortesia: Dalam Junior. Click: autor não anotado. Foto 2, acervo e cortesia: estúdio V8. Click: Fausto Lopes

Sobre o evento em si, este foi igualmente muito gratificante, pois reunimo-nos com grandes amigos e além da nossa participação e de "Uncle & Friends", houve também a emblemática apresentação de Caio Durazzo em sua performance quase em tom circense, pois a bordo da sua "Caio Durazzo One Man Band" ele tocou guitarra, bateria e cantou, tudo ao mesmo tempo e também da boa banda com teor Pop-Rock, Le Royale, com a presença de Roy Carlini, Dmitri Medeiros & Cia Ltda.

Luiz Domingues e Nelson Ferraresso na primeira foto. A seguir, Kim Kehl em detalhe de suas mãos à guitarra  ele em performance. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Estúdio V8 de São Paulo, em 15 de março de 2020. Clicks, acervo e cortesia: Lincoln Baraccat

Sobre a nossa performance, apesar de só tocarmos músicas novas e não termos ensaiado muito, creio que a atuação foi bastante satisfatória, com poucas falhas, talvez a ressaltar uma certa falta de sincronia nos backing vocals, mas a questão da monitoração em estúdio para tocar-se ao vivo foi sempre complicada, portanto, dou o devido desconto. 

No geral, creio que a sonoridade ficou maravilhosa pela circunstância de uma gravação ao vivo sob tomada única, portanto, saímos satisfeitos pela nossa performance e a parabenizar o técnico, Denis Gomes, que realmente trabalhou muito bem e sobretudo tal êxito apresentado, deu-se pelo conhecimento do seu equipamento e a possibilidade acústica da sua sala.

Trechos da preparação e apresentação. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Estúdio V8 de São Paulo. 15 de março de 2020. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=k0rC23prqSg 

O aspecto ruim dessa ocasião, não teve nenhuma relação com o evento em si, que foi extremamente prazeroso, devo salientar. Ocorre que já há algum dias, a imprensa noticiava que a terrível pandemia que acometera a China, desde o final de dezembro de 2019, chegara à Europa e havia causado uma devastação em países como a Itália, Espanha e França, e já a alastrar-se para Portugal, Alemanha e Inglaterra. 

Pior ainda, havia a notificação de um caso já confirmado em São Paulo e dada a dramática proliferação incontrolável da doença, o sinal de alerta fora acionado e o governo estadual e também o municipal, já estava a movimentar-se para decretar uma quarentena severa em suas respectivas esferas. 

Dessa forma, já havia o alerta extraoficial para evitar-se aglomerações, mas a partir da semana posterior, a proibição seria oficializada. Enfim, foi de fato o último evento público em que participamos antes da quarentena. 

Mais flagrantes da apresentação d'Oss Kurandeiros no Estúdio V8. Respectivamente em cada foto, de cima para baixo: Kim Kehl, Carlinhos Machado, Phil Rendeiro, Nelson Ferraresso e eu (Luiz Domingues). Kim Kehl & Os Kurandeiros no Estúdio V8, de São Paulo, em 15 de março de 2020. Click, acervo e cortesia: Fausto Lopes            

Certamente que o caráter médico/sanitário gerado por uma pandemia terrível de ordem mundial, deveria ser seguido à risca e o foi, doravante. Uma pena, pois atrasou bastante os planos da banda que se revelaram nessa altura, auspiciosos, visto que havíamos fechado com um outro estúdio, o Prismathias (onde graváramos em 2018, o single: "Andando na Praia"), para gravarmos o novo álbum que planejávamos e assim, a nossa planificação fora estabelecida no sentido de promovermos mais um ou dois ensaios e marcarmos as sessões. 

Não foi o que ocorreu de imediato, pois os meses de março e abril foram vivenciados sob austera clausura, com cada um de nós a permanecermos em nossas respectivas residências, a resguardar-nos. 

Paciência, foi melhor adiarmos os nossos planos de gravação do que expormo-nos a uma doença terrível que, fato concreto, marcou na história por conter um grau de letalidade sob alta proporção. 

Em suma, foi a hora de cada Kurandeiro parar, literalmente, para cuidar de sua própria saúde.

A banda a posar para uma foto, após a gravação. Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado, eu (Luiz Domingues), Kim Kehl, Nelson Ferraresso e Phil Rendeiro. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Estúdio V8, de São Paulo, em 15 de março de 2020.Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Introdução/abertura Monumental. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Estúdio V8, de São Paulo, em 15 de março de 2020. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=k5ojT9iUpKg

"Só o Terror". Kim Kehl & Os Kurandeiros no Estúdio V8, de São Paulo, em 15 de março de 2020. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=H4RXFA-4MXs

Continua...

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Uncle & Friends) - Capítulo 105 - Por Luiz Domingues

Desde o final de 2019, o amigo, Lincoln Baraccat, já havia aventado que haveria uma reedição daquela participação do seu simpático grupo, "Uncle & Friends", no evento produzido pelo estúdio V8, do qual a banda participara em 15 de setembro do mesmo ano. 

Portanto, ficara no ar a expectativa sobre tal participação ocorrer logo no início de 2020. Eis que Lincoln entrou em contato comigo para formular novamente o convite para que eu participasse e a reboque, ele deu-me uma ótima notícia adicional, na medida em que anunciou que convidaria a minha banda, Kim Kehl & Os Kurandeiros para participar do evento. Alvíssaras! Haveria de ser uma tarde/noite muito importante para todos nós.

A tratativa inicial apontava para uma data a ser marcada para janeiro ou fevereiro de 2020, mas por razões alheias à vontade de Lincoln, ficou marcado então para o dia 15 de março de 2020. Entretanto, a postergação gerou uma situação inteiramente diferente, que se não atrapalhou as bandas e o evento em si, que foi agradabilíssimo por si só, marcou por uma demarcação dramática, eu diria. 

Ocorre que se ao final de dezembro de 2019, ouvíamos através da cobertura da mídia hegemônica, os informes sobre o avanço da epidemia do "Coronavírus"/"Covid-19", a avançar perigosamente sobre o território da China e a dar conta do seu alto poder de contágio e sobretudo, pela assustadora rapidez observada ante tal ação maléfica. Todavia, quando a data chegou, a Organização Mundial da Saúde (OMS), já havia decretado um grau máximo de periculosidade, a decretar o estado de pandemia mundial e a Europa estava a ser devastada, com Itália, Espanha, França em estado de calamidade pública e com outros países, o Reino Unido e os países baixos, por exemplo já a perceber o avanço inevitável. 

Foi quando a mesma perspectiva começou a ficar assustadora na América do Sul e no Brasil em específico, ao ponto do governo estadual de São Paulo e também a prefeitura da capital, decretar quarentena e na prática, esse domingo, 15 de março, foi a última oportunidade para um evento ocorrer antes desse resguardo sanitário, portanto, de certa forma, demos sorte.

Na primeira foto, Roy Carlini e Lincoln "The Uncle" Baraccat a preparar-se para o soundcheck, com Luiz Domingues visto apenas pela perspectiva do braço do baixo. Click, acervo e cortesia: Juliana Parra. O fotógrafo e amigo, Vanderlei Bavaro a usar camiseta cor de abóbora, Roy Carlini, Caio Durazzo e Lincoln "The Uncle" Baraccat. Agachado: Fausto Lopes, o film-maker do Estúdio V8.Uncle & Friends no Estúdio V8 de São Paulo, no dia 15 de março de 2020. Click; acervo e cortesia: Dalam Junior

Confraternização total, exatamente como houvera sido a participação do "Uncle & Friends" na edição anterior, desta feita houve a feliz inclusão da minha banda no evento, portanto, foi duplamente feliz em meu caso, com Os Kurandeiros a atuar, também. 

Isso sem deixar de mencionar que a ótima participação da banda, "LeRoyale" capitaneada por Roy Carlini, cuja sonoridade Pop Rock eu apreciei muito, e também, "Caio Durazzo One Man Band", uma impressionante performance individual do Caio a tocar guitarra, cantar, e simultaneamente a tocar igualmente algumas peças de bateria para prover a sustentação do ritmo e assim justificar a alcunha de uma banda de um único componente.

O meu baixo no aguardo para entrar em ação. Uncle & Friends no Estúdio V8 de São Paulo, no dia 15 de março de 2020. Click; acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro         

No time escalado para defender o combo, "Uncle & Friends" nessa ocasião, além do "uncle", Lincoln Baraccat e de minha presença, no baixo, contamos com Roy Carlini e Caio Durazzo que estiveram novamente confirmados para pilotar as guitarras e Carlinhos Machado também faria jornada dupla, pois haveria de tocar comigo a bordo da nossa banda, Kim Kehl & Os Kurandeiros. 
Nelson Ferraresso e Lincoln "The Uncle" Baraccat, em ação. Uncle & Friends no Estúdio V8 de São Paulo, no dia 15 de março de 2020. Click, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

De última hora, mais um reforço diretamente vindo das fileiras dos Kurandeiros, surgiu. Eis que o sempre competente, Nelson Ferraresso colocou os seus teclados em favor do Uncle & Friends e claro, somou para tornar a performance, ainda melhor.
Enquanto o atencioso e talentoso, Denis Gomes, do Estúdio V8, equalizava o som para autorizar a gravação, um som improvisado em tom de jam foi estabelecido e este foi gravado. Por ter sido um improviso feliz, com todos os participantes a criar uma boa sincronia, o Lincoln optou por lançar tal áudio no YouTube a gerar um nome significativo para o tema: "Just a Jam to Warm Up", ou seja, foi "apenas uma jam para aquecer", mas foi divertido tocar e culminou em um som agradável, como tema instrumental livre.
"Just a Jam to Warm up" - Uncle & Friends - Estúdio V8 de São Paulo, em 15 de março de 2020. Captura e mixagem: Denis Gomes

Eis o link para assistir no You Tube:
https://www.youtube.com/watch?v=0P3mzY4BrAE

"Situação" - Uncle & Friends - Estúdio V8 de São Paulo, em 15 de março de 2020. Captura e mixagem: Denis Gomes

Eis o Link para assistir no You Tube:
https://www.youtube.com/watch?v=0P3mzY4BrAE

"Muito Estranho" - Uncle & Friends - Estúdio V8 de São Paulo, em 15 de março de 2020. Captura e mixagem: Denis Gomes

Eis o link para assistir no Facebook:
https://www.facebook.com/lincoln.baraccat.16/videos/122966829320981/?q=lincoln%20baraccat&epa=SEARCH_BOX

Já na apresentação oficial, tocamos as canções, "Situação", "Hey, You" e a versão para a canção do compositor da Soul Music brasileira, Dalto, com "Muito Estranho". 

Bem, a performance foi boa, com todos a tocar despreocupados com a questão da pandemia que já estava muito perigosa, mas a percepção ainda não esteve generalizada nesse dia, pois os boletins a disseminar a situação da doença epidêmica em São Paulo só vieram a alarmar a população, alguns dias depois e já em curso da quarentena decretada pelo governador e prefeito, portanto, ficou marcado esse evento também pela lembrança de que precedera um momento difícil não apenas para São Paulo, município e estado, tampouco para o Brasil, mas a revelar-se uma tragédia sem precedentes para o planeta, com uma letalidade maior que a epidemia da dita, "gripe espanhola" ocorrida nos idos de 1918, ou seja, tirante esse evento pestilento e a mortandade perpetrada pelas duas grandes Guerras Mundiais, uma dizimação desse nível não se via há décadas. 

Em suma, visto por tal conexão, o evento que Uncle & Friends e Os Kurandeiros estiveram com Leroyale e Caio Durazzo One Man Band, ficará em minha lembrança como um evento agradabilíssimo entre amigos e que marcou também a questão de que sentirei saudade desse convívio musical tão estimulante e sem maiores preocupações com a aglomeração social e também como depois da pandemia, o mundo haveria de ser diferente a mudar paradigmas sociais e claro, a interferir nas relações culturais e artísticas em geral. 

Muito bem, eis que participei mais uma vez do combo, "Uncle & Friends", em mais uma agradabilíssima participação musical e também memorável pelo aspecto da amizade.

Carlinhos Machado, Caio Durazzo, Roy Carlini, Lincoln "The Uncle" Baraccat e Luiz Domingues. Uncle & Friends no estúdio V8 de São Paulo, em 15 de março de 2018. Click: Vanderlei Bavaro. Acervo e arte-final: Lincoln Baraccat
Uncle & Friends no estúdio V8 de São Paulo, gravado em 15 de março de 2018. Captura; direção e edição de vídeo: Fausto Lopes. Captura de imagens: Vanderlei Bavaro e João Bueno. Fotos: Dalam Junior. Áudio (captura e mixagem): Denis Gomes. Suporte: Juliana Parra, Gigi Jardim, Carol Durazzo e Amanda Semerjion

Eis o Link para assistir no You Tube:
https://www.youtube.com/watch?v=apL6ht42TNQ

Em 24 de abril, foi lançado com um tema "live" em redes sociais, o clip da música: "Muito Estranho" (Dalto), sob a performance de Uncle & Friends, gravada em 15 de março de 2020, no Estúdio V8, de São Paulo. E assim foi mais uma etapa cumprida com o simpático grupo de Lincoln "The Uncle" Baraccat.

Portanto, com Uncle & Friends, fica sempre aberta a possibilidade de mais participações no futuro. Então, possivelmente, continua...

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Crônicas da Autobiografia - A Pirotecnia no Estúdio Fotográfico - Por Luiz Domingues


                        Aconteceu no tempo d'A Chave do Sol, em 1985

Quando nós fomos preparar as fotos de cada componente da banda, para compor o lay-out da contracapa do EP homônimo que lançamos em 1985 (no imaginário dos fãs, esse álbum foi apelidado como: "Anjo Rebelde"), a certeza de que a minha foto em específico, já estaria previamente definida, descartou praticamente a necessidade de marcarmos uma sessão oficial para obtermos fotos posadas. 

A minha foto não detinha uma grande qualidade técnica, no entanto, e assim se mostrou como uma peça extremamente expressiva, no sentido de que fora capturada ao vivo, em um momento de alta performance de minha parte, durante um show que realizáramos no Circo Voador, do Rio de Janeiro, meses antes, em outubro de 1984.

Então, eu exerci a minha dita "mão-de-ferro" nesse sentido e ao mesmo tempo, conclamei os companheiros a pesquisarmos por fotos igualmente significativas dos demais. 

Dessa forma, empreendemos uma busca nesse sentido através do nosso acervo, no entanto, apesar de termos achado fotos bem expressivas dos outros três membros da banda em ação ao vivo, por um motivo ou por outro, nenhuma ficou tão marcante ao ponto de ser aprovada com entusiasmo, a conclamar a unanimidade e nesses termos, uma sessão foi marcada para que os companheiros, Rubens Gióia, Zé Luiz Dinola e Fran Alves, fossem clicados, na esperança de que nós conseguíssemos extrair de tal sessão, uma boa foto de cada um, a compor então o painel para fechar o lay-out da contracapa do nosso álbum. 

Entretanto, um fator absolutamente inusitado ocorreu para complicar sobremaneira tal missão, no sentido de que por conta da minha foto ter sido capturada ao vivo, as demais deveriam simular tal situação, para que houvesse um equilíbrio temático à proposta. E se não fosse dentro dessa prerrogativa, não haveria sentido para manter a minha foto com tal característica e as demais posadas, pois nesse caso, a minha foto deveria ter sido cancelada e uma sessão normal com os quatro componentes a ser realizada com a predisposição de compor fotos posadas e quiçá, da banda reunida no mesmo enquadramento e não individualmente.

Enfim, por gostarmos da minha foto em específico e a mantermos a ideia das fotos com a expressividade de uma performance ao vivo, resolvemos simular um ambiente de performance de palco para fotografar os companheiros a tocar e cantar. 

Para o Rubens e também para o Zé Luiz, pela força de buscarmos simular que eles tocassem os seus respectivos instrumentos, tal resultado foi até facilitado pela postura de ambos a portarem-se em seus instrumentos com bastante fidedignidade, mas no caso do Fran, para ele simular estar a cantar, o ato de se soltar na sessão de fotos, foi um pouco mais difícil, mesmo com o nosso som a tocar alto no estúdio, mediante o uso de uma cópia em fita K7 do trabalho ainda inacabado, a apontar para a conclusão da mixagem final do nosso novo álbum. 

Então, eis que surgiu uma ideia inusitada, mas que, apesar de assustar o fotógrafo e certamente a gerar furor na vizinhança, surtiu lá o seu efeito. Resolvemos usar o recurso pirotécnico para provocar explosões, mediante o uso de caixas com pólvora estratégicas para tal função, exatamente como usávamos nos shows ao vivo e assim proporcionar ao Fran, uma certa eloquência visual mais próxima de uma situação real de show, mesmo por que, não havia iluminação de teatro no estúdio do rapaz, obviamente, mas apenas a iluminação normal de um estúdio fotográfico, ou seja, adequada para tal função, no entanto, nós queríamos a simulação de um espetáculo no palco. 

Em suma, o rapaz foi solícito ao aceitar a nossa planificação e mediante o uso de lentes e filtros, tentou burlar a luz branca e assim imitar o efeito de uma iluminação para um espetáculo musical, com diferentes tipos de spots e as suas respectivas "gelatinas" a condicionarem o uso de diferentes cores. 

Bem, no caso do Fran, é claro que houve uma tratativa prévia para que o rapaz aceitasse a ideia de se promover explosões dentro de seu estúdio e de fato, tal expediente seria e o foi, extremamente perigoso. 

Isso sem deixar de mencionar a repercussão inevitável a ser gerada na vizinhança, pois o resultado sonoro de um efeito pirotécnico, em nada divergia de uma explosão provocada pela intenção beligerante, portanto, além de convencer o dono do estúdio, seria prudente avisar a vizinhança, para tranquilizá-los, se é que tenha sido possível, visto que inevitavelmente a polícia seria acionada de pronto para gerar uma confusão difícil de explicar para o delegado, a posteriori. 

Tudo pela arte! Fran Alves a levar susto com as explosões pirotécnicas geradas dentro de um estúdio fotográfico, em 1985. 

E assim procedeu-se, com a nossa produtora, Eliane "Lili" Daic a comandar o painel das explosões e o Fran a levar muitos sustos em meio à fumaça gerada. 

Ironia do destino, tais fotos dele em específico, não ficaram tão boas e assim, nós voltamos a cogitar usar uma genuinamente ao vivo, portanto, escolhemos a chapa em que ele está absorto em um momento dramático de sua performance, a sua marca registrada no palco, mas não individualmente como desejávamos. 

Eu mesmo, Luiz, faço parte do enquadramento, embora ele, Fran, tenha sido o destaque do fotógrafo (tudo bem, na minha foto da contracapa, o Zé Luiz Dinola aparece ao fundo, igualmente). 

E quanto aos demais, sim, foram escolhidas boas fotos de ambos, oriundas dessa sessão improvisada. Já no encarte do disco, mais fotos foram utilizadas, desta feita sem grande especificação, ao escolhermos clicks ao vivo de diversos shows, fotos da gravação desse próprio disco e até sobras da sessão de fotos realizada em 1984, para compor o material do disco anterior, lançado no mesmo ano em questão.  

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Já Agradeceu hoje ? - Por Telma Jábali Barretto

De onde me lê agora? Do seu celular? Com ar condicionado ligado? Ventilador? Nenhum deles porque está fresquinho? Agradeceu ao ar porque está do jeito que apraz...respirando e bem? Consegue, hoje, valorizar todas essas coisas dando e elas nova importância? Pois é? Vamos pôr algumas coisas, circunstâncias em seus devidos graus de importância... E sim! às vezes a Vida precisa maximizar acontecimentos para que possamos olhar e reverenciar facilidades que perdemos a noção de uma infinita cadeia de conhecimentos e pessoas que, das mais diversas maneiras servem ao nosso conforto, bem-estar... Da comida à mesa e por mais de uma vez no dia?...o teto, a água da torneira e chuveiro chegando limpinhas? Saiu a caça e esperou a chuva ( e que bom se ela veio na medida desejada!...) Já parou para imaginar quantas pessoas com aprendizados diversos, os quais nunca tenham nos interessado, atendem e estão atrás, sub-reptícia contribuição, tornando possível fáceis acessos onde, redes e tramas muitas estão conectadas a tantão de gente que, quase sempre, impunemente e sem critério ou gratidão, usufruímos. Falamos bastante, atualmente, da interconexão que nos mantém próximos, mesmo fisicamente distantes, e outra proporções adquiriu para critérios modernos...mas, anterior a essa, do agora reconhecida e aplaudida, da qual nos servimos desde para trabalhar e até matar saudades de quem está longe. Essa malha de serviços com tantas e mais outras que no anterior aos fatos dão manutenção a existência com a cara que hoje conhecemos, vemos que somos desde sempre interligados... só atropelamos a essa noção com a forma de ser até então... E, diríamos, se só mesmo isso pudermos mudar, e estamos seguros que muito mais que isso aprenderemos e mudaremos nesse momento, mas, se sendo só isso mesmo, aprendermos e apreendermos, já será um ótimo começo! 
Embora sejamos parte de um Corpo Cósmico, células dele mesmo, ainda não participamos disso ‘com ciência’, devida noção, realmente sentindo porque, ainda, estamos submersos na ignorância da separatividade, mais absortos na dualidade e ter no outro espelho que nos inspire, por entender ali mais harmônico que nós próprios ou...não repetir aquilo que, também, no outro questione, inevitável que produza crescimento... a base da empatia fica, assim, percebida e estado de cuidado, cautela distintos serão norteadores das relações a partir daí. Alteridade! 
Um estado de gratidão às mais mínimas tarefas por aqueles que as cumprem, proporcionadora daquilo que até aqui conquistamos, até aqui temos, e se a amplitude de visão expandir, alcançando quantas infinitas passagens humanas foram necessárias para trazer ao, ainda e também, até aqui adquirimos evolutivamente, olhando e reconhecendo de quantas maneiras fomos servidos do denso, desde o físico, planeta, DNA (honrando-o!!!) ao que soubermos dar uso com as infinitas participações, trazendo aquilo que conseguimos frutificar e servir, como viemos passando pelas mais impactantes e doloridas pessoas, situações, trocando, absorvendo e doando, nas tantas oportunidades que contracenamos nesse gigantesco teatro da Vida... 
E, se, indo ao mais sutil, quem sabe começar a vislumbrar a Força Maior, também anterior e subjacente, ao cenário e aos personagens que fizemos, fazemos, nesse jogo da existência manifestada que é a Raiz, Cerne, centro e eixo, de tudo que, IDEM, IDEM, IDEM!!!...permanece perene, eterna, não visível aos olhos, num contínuo descortinar-Se àqueles buscadores Si, que vem apurando sentidos numa necessidade premente, fome, de dar sentido á própria existência. A estes, com alertas aguçados, aprendizes comprometidos, qualquer aragem alimenta, ilumina, irradia... já vivendo que estão, no Eterno, REVERENTES E GRATOS!


Telma Jábali Barretto é colunista fixa do Blog Luiz Domingues 2. Engenheira civil, é também é uma experiente astróloga, consultora para a harmonização de ambientes e instrutora de Suddha Raja Yoga. Nesta reflexão, a nossa colaboradora fala sobre a importância da gratidão em nossa vida.