quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Uncle & Friends) - Capítulo 102 - Por Luiz Domingues

Muito bem, assim que chegamos à sala de gravação, fomos muito bem assessorados pelos técnicos do estúdio V8. Recordo-me bem do nome de um desses rapazes, chamado, Denis Gomes, e o outro, igualmente solícito, foi Fausto Lopes. 

Dada a característica dessa gravação ao vivo, em clima de festa generalizada entre as três bandas participantes e também a contar com os convidados, que na prática, eram todos amigos em comum de todos, a sala ficou bem cheia, mas creio que isso em nada atrapalhou o desempenho das três bandas e no caso do combo, "Uncle & Friends", a dinâmica foi exatamente essa.

Na primeira foto, Lincoln "The Uncle" Baraccat em destaque, com Caio Durazzo, atrás e Roy Carlini a usar guitarra vermelha (encoberto). Na segunda foto, o baterista, Dmitri Medeiros. Na terceira foto, Luiz Domingues em destaque, com a presença do baixista, Ricardo Ravache ao fundo e semi encoberto, vê-se o radialista, Rogério Utrila a filmar com o seu telefone celular. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro 

Então, com muita espontaneidade, nós tocamos as três canções propostas para fazer parte desse ensaio gravado, a contar: "Situação"; "Hey, You" e "Muito Estranho". A energia esteve ótima, e a sonoridade observada ao vivo e posteriormente ao ouvirmos o áudio captado, mostrou-se muito boa para um padrão de gravação ao vivo, com captação adaptada para um ensaio e ainda mais a contar-se com o fato de que o clima era de festa ali dentro, com tanta gente a assistir a gravação dentro da sala e nem um pouco preocupada em observar o silêncio absoluto como uma postura mais prudente a ser adotada. Pois muito bem, o clima foi festivo, não houve nenhum constrangimento por conta disso.
Uma bela panorâmica da banda a gravar ao vivo. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Acervo e cortesia: Lincoln "The Uncle" Baraccat. Click: Vanderlei Bavaro 

Veio a seguir então a repetição de uma das canções a prover uma filmagem para gerar-se um promo, ou clip caseiro bem simples, porém eficaz em sua captura despojada, digamos assim. E a canção escolhida foi: "Muito Estranho", cuja performance foi muito boa da parte da banda.

Na primeira foto, Lincoln "The Uncle" Baraccat em destaque, com Luiz Domingues ao fundo. Na foto número dois, Lincon "The Uncle" Baraccat em destaque, com Roy Carlini ao fundo. Terceira foto com Roy Carlini em destaque. Quarta foto com Caio Durazzo à frente e Dmitri Medeiros, ao fundo, na bateria. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Encerrada essa etapa, imediatamente iniciou-se então a filmagem do clip da canção: "Velho Lobo Mau", onde a proposta foi apenas dublar o áudio dessa canção que fora gravada por outros músicos. 

No entanto, dada a facilidade oferecida pela música, ao mostrar-se como um Blues clássico em sua estrutura harmônica e com apenas uma variante que todos decoraram imediatamente, a banda tocou em cima da gravação, com tranquilidade e ventilou-se até que nós a tocássemos ao vivo para a filmagem. Por uma questão de praticidade no entanto, ao ponderar-se sobre o posterior processo da edição das imagens, optou-se em dublar o áudio pré-gravado, para facilitar a questão da sincronicidade dos músicos a tocar e do Lincoln a cantar. 

Tudo bem, a ideia inicial fora mesmo apenas a dublagem para compor uma figuração básica, visto que a ideia central foi privilegiar a imagem do Lincoln a cantar e a interagir com a garota que atuou como atriz, a bela, Patrícia Endo, que inclusive, filmou com Lincoln a posteriori, cenas adicionais bem improvisadas, inclusive a utilizar externas, na própria rua onde localizava-se o estúdio.

Neste painel acima, algumas fotos a mostrar em destaque as personas de Lincoln "The Uncle Baraccat e a atriz, Patricia Endo em ação, em meio a outras pessoas (eu, Luiz Domingues, incluso), durante a filmagem do clip da canção: "Velho Lobo Mau". Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vinicius Troyan

Final de atuação, enfim, eu fiquei contente em ter colaborado nesse esforço múltiplo em torno do trabalho do amigo, Lincoln Baraccat, o famoso "The Uncle" e também por tocar mais uma vez com os ótimos guitarristas, Caio Durazzo e Roy Carlini, além do igualmente excelente baterista, Dmitri Medeiros. 

Além disso, a quantidade enorme de amigos que ali encontrei, tornou a tarde/noite, agradabilíssima. Além dos músicos com os quais toquei, estive ali em animadas conversas com músicos do calibre de Fernando Ceah, Marcello Pato, Ricardo Ravache, Rick Vecchione, Caio Durazzo, Carlos Costa, Norba Zamboni e Amanda Semerjion. 

Fotógrafos de primeira linha como Vinicius Troyan e Vanderlei Bavaro, as produtoras musicais, Gigi Jardim; Vanessa Anchieta e Carol de Grammont, além da Patricia Endo, que atuou no clip como a "chapeuzinho vermelho" e do sempre animado radialista, Rogério Utrila, entre muitos outros amigos.

Na primeira foto, Lincoln "The Uncle" Baraccat conversa com o técnico de imagens do estúdio V8, Fausto Lopes, com Caio Durazzo, atrás, sentado a tocar violão e o fotógrafo, Vinicius Troyan, de costas e agachado a fotografar. Na segunda foto, uma panorâmica da banda e novamente agachado, o fotógrafo, Vinicius Tryan em busca de melhores ângulos para clicar. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Marcello Pato
 
Um clip/promo da gravação da canção "Situação", foi disponibilizado via rede social "Facebook", em meados de outubro de 2019. Eis o link para assisti-lo:
https://www.facebook.com/lincoln.baraccat.50/videos/957316964653086/?comment_id=957344251317024&notif_id=1571862626556084&notif_t=feedback_reaction_generic

Nas duas fotos, em pé, acima, o fotógrafo, Vinicius Troyan e o namorado de Patrícia Endo, Patrick Rockis, com a própria Patricia ,abaixo a observá-los. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Lincoln "The Uncle" Baraccat

Bem, assim que ficar disponível o restante do material, tanto áudios, quanto demais promos/clips previstos, eu acrescento aqui, prontamente.

E assim encerrou-se mais uma atividade avulsa que eu tive com o Uncle & Friends, naturalmente com muito prazer de interagir musicalmente e também pela amizade implícita com essa turma boa. Agradeço a acolhida também da parte do pessoal do Estúdio V8, nas pessoas de Denis Gomes e Juliana Parra, além do outro técnico, Fausto Lopes e os demais funcionários da casa, todos muito hospitaleiros.

Enquanto a banda dublava, a turma formada pelos convidados postados atrás, uivou com vontade. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vinicius Troyan

Trabalho avulso com Uncle & Friends, fica sempre em aberto, portanto, possivelmente mais histórias sejam escritas no futuro.

Nesses termos, possivelmente... continua...

sábado, 26 de outubro de 2019

Crônicas da Autobiografia - A Antevisão do Erro - Por Luiz Domingues


                       Aconteceu sempre, em toda a carreira

Tirante os músicos eruditos que tocam a lerem partituras ou que decoram mentalmente peças com tamanho gigantesco e extremamente complexas (e que além disso, contam com a orientação de um maestro dotado de um conhecimento absurdo, ao ter em sua mente decoradas as respectivas partituras de todos os instrumentos de uma orquestra sinfônica), o fato é que há um sentimento comum para todo músico, que é o de saber exatamente quando está a chegar uma parte de uma música em que ele pressente que há uma dificuldade para executá-la e também sobre as pendências que os seus companheiros detém, na mesma canção, ou em outras.
Claro, nada que não seja sanado com tranquilidade em sessões de ensaios, mediante uma conversa franca com os colegas de trabalho, na base da solidariedade e mesmo que não haja um sentimento de amizade entre os componentes de uma banda, a boa execução de uma música ao vivo, é um objetivo em comum, portanto, se qualquer componente errar, é uma mácula para a banda inteira, daí haver o sentimento comum de que ninguém falhe, para não comprometer o resultado geral do grupo. É o óbvio ululante.
 
O fato, é que o músico sabe das suas próprias dúvidas e aonde precisa esclarecer algum detalhe em que esteja a falhar, sob o ponto de vista harmônico, melódico ou rítmico. No entanto, há um sentimento que é recorrente em relação ao erro, que acredito, seja comum para muitos, senão todos os músicos, que é justamente a identificação do erro (ou dificuldade premente que se detenha para saná-la), e à medida em que a música avança, o músico fica a aguardar, como se fosse uma contagem regressiva, a demarcar o momento fatídico em que ele sabe que possivelmente errará, ou terá uma grande dificuldade para executar tal trecho difícil a contento, e isso vale para todo companheiro que o músico sabe estar na mesma situação.
A explicar melhor: o efeito psicológico extremamente negativo em torno dessa angústia progressiva, classifiquemos dessa forma, ajuda decisivamente a aumentar a possibilidade do erro de fato, vir a se concretizar.

Portanto, trata-se de um sentimento que produz amargura e ansiedade. É um horror tocar com esse tipo de expectativa prévia, pois tira completamente o foco e sobretudo a espontaneidade do músico. Isso é muito potencializado se o músico toca com um grupo que produz um tipo de música muito complexa, que trabalha com estruturas sofisticadas em termos rítmicos, ou seja, um tipo de música a conter convenções intrincadas, onde os instrumentistas precisam estar rigorosamente juntos na execução, sob o sério risco de arruinar-se a performance, se um ou mais músicos, errarem tais marcações. 
 
É claro, músicos de alto gabarito, raramente erram e se isso ocorre, são ágeis para consertarem e disfarçarem, e assim seguirem em frente a minimizar o efeito de seus erros. Muitas vezes, músicos sorriem entre si quando alguém erra, como um sinal de um comprometimento solidário e as pessoas leigas, tendem a nem perceberem os erros. 
É comum no camarim de um pós-show, os músicos comentarem sobre os erros e se o clima for amistoso dentro da banda, tais falhas são tratadas com bom humor, até. 
 
E nesses termos, quando pessoas leigas em música abordam os músicos para cumprimentá-los, é bem casual que estas rasguem elogios, ao sinalizarem que não captaram os erros. Dentro dessa dicotomia, o fato é que a visão mais crítica do músico, tende a analisar a sua própria performance de uma forma deveras negativa, ao mostrar-se mais minucioso em sua autoavaliação.
 
O mesmo caso ocorre em estúdio, aliás, com muito maior rigidez, pois os músicos sabem, nota por nota, onde erraram e assim querem regravar para corrigir. No entanto, é ao vivo que o sentimento da antevisão dos eventuais erros, mais torna-se proeminente. Aquele sentimento interno que é disparado, exatamente a apontar o momento preciso onde fatalmente erraremos por conta de alguma dúvida não ajustada previamente, atormenta-nos.
 
E o mesmo acontece em relação aos companheiros. É horrível igualmente que você saiba exatamente onde o companheiro tenderá a falhar e para não comprometer a banda, que você seja impelido a errar propositalmente, para fazer parecer que o suposto erro alheio passe como um arranjo proposital da música a desafiar as leis da teoria musical e assim minimizar o desastre em prol do bem comum de sua banda.
Qual é o antídoto para não passar por tal tipo de situação em um show ao vivo? Sobretudo: ensaio com afinco, conversa franca entre os componentes da banda e a garantia de um ambiente interno solidário entre os membros do grupo. E nada mais.