sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Kim Kehl & Os Kurandeiros - 1º/2/2015 - Domingo / 17:00 Horas - Gambalaia - Santo André / SP

Kim Kehl & Os Kurandeiros

1º de fevereiro de 2015

Domingo - 17:00 Horas

Gambalaia
(Espaço de Artes e Convivência)

Rua das Monções, 1018

Bairro Jardim

São Paulo - SP

Banda de abertura - O Livro Ata

KK & K :

Kim Kehl - Guitarra e Voz
Carlinhos Machado - Bateria e Voz

Luiz Domingues - Baixo

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 44 - Por Luiz Domingues

Dividimos a noite com uma banda chamada "High-Low", da ex-vocalista da "Volkana", Marielle.

Duzentas pessoas assistiram os dois shows. Nesse dia, recordo-me em ter cometido um ato falho, pois no Centro Cultural era praxe usar o equipamento de palco cedido pelo evento, para todos os artistas e quando eu fui plugar o meu baixo no amplificador, a baixista do "High-Low" advertiu-me rispidamente que aquele era o seu amplificador pessoal, e não admitia que eu usasse-o.

Claro que era seu absoluto direito em não emprestar-me, mas eu não sabia que era dela, e nada justifica a truculência com a qual tratou-me (ou destratou, no caso), ao não ter considerado que eu não estava a agir de má fé, mas também por falta de educação de sua parte, ao denotar arrogância e prepotência.

Isso sem contar que de minha parte, eu perdi as contas de quantas vezes emprestei o meu equipamento até para músicos estranhos e portanto, tal demonstração de pedantismo causou-me espécie.

Pedi-lhe desculpas, naturalmente, que ela mal deixou claro se havia aceitado, aliás, enquanto retirou o cabeçote de marca, "Gallien-Krueger" do palco, e o assistente de produção do Centro Cultural trouxe o cabeçote comunitário para eu usar... que era um Gallien-Krueger, absolutamente idêntico, e portanto, mesmo que a tal moça estivesse dentro do seu direito em não desejar emprestar-me, como ela poderia supor que eu adivinhasse que aquele amplificador, de marca e modelo idêntico, era particular ?

Digno de nota, o fato de que na música : "Under the Light of the Moon", o nosso roadie e presidente do Fã Clube, Jason Machado, foi quem executou-a à bateria. Segundo contou-nos, foi de súbito que o baterista da nossa banda, Juan Pastor, ao perceber que a sua namorada, Carol, aproximava-se do palco, levantou-se e sem cerimônias entregou as baquetas para ele e disse-lhe :  -"se vira, entra aí e toca"... mesmo estupefato pela loucura de improviso, ele tocou direito, sem comprometer a performance da banda, e pelo contrário, para manter um bom nível.

Conforme eu narrei anteriormente, quando eu abordei o show no Ginásio do Ibirapuera, ocasião em que um sujeito provocou-me de maneira agressiva e gratuitamente (por arremessar um chumaço de papéis contra o meu baixo), e não satisfeito com tal agressão sem sentido, depois passou a ameaçar-me à distância etc e tal.

Pois em junho, no dia 18, para ser preciso, houve uma situação desastrosa onde o Pitbulls on Crack esteve envolvido. Um produtor megalomaníaco, quis empreender um show nos moldes do que havia sido realizado no Ginásio do Ibirapuera, com ingressos cobrados na forma de alimentos e roupas de inverno para a caridade. Até aí, tudo bem, fomos convidados, aceitamos de pronto pelo caráter beneficente, e naturalmente pela exposição toda que geraria em termos de mídia. Em princípio, deveria ter sido realizado ao ar livre. no Largo 13 de maio, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, mas foi cancelado e anunciado para o estádio do Pacaembu, a seguir. 

Todavia, à medida que o dia do show aproximava-se, víamos que a divulgação prometida estava muito tímida, e incompatível com as promessas do rapaz, e a ter em vista que o local do evento seria o Estádio do Pacaembu. Ora, para atrair cerca de cinquenta a oitenta mil pessoas, seria preciso uma divulgação pesada e apenas cartazetes e filipetas colocados na "Galeria do Rock", pareceu-nos uma piada. E foi mesmo... e se no início, a ideia foi a de um festival com dez ou doze bandas participantes (número excessivo, sem dúvida !), o que dizer da bizarrice em contar com sessenta atrações agendadas ? Quanto tempo tocaria cada banda ? Uma música só ?

Mesmo ao sabermos de antemão que seria um fiasco, como estávamos apalavrados, fomos ao Pacaembu no horário combinado.
Era para ter sido um mega festival com mais de sessenta bandas, e por aí, já foi possível perceber que não seria uma organização feita com seriedade. Apenas pelas infinitas trocas de bandas no palco único, já seria um fator inevitável a acarretar um atraso monstruoso. Nem festival de colégio, com bandas formadas por alunos adolescentes, seria tão caoticamente desorganizado !

Então, quando chegamos ao Pacaembu, vimos que o público presente era ridículo para o tamanho de um estádio de futebol !
Não devia haver ali, nem cem mil pessoas presentes, entre arquibancadas; setores numerados, e a pista !

Da esquerda para a direita, no degrau mais alto : José Reis; eu, Luiz Domingues; Juan Pastor. Fileira abaixo : Deca e Chris Skepis. No último degrau, Luiz Gustavo. Click de Jason Machado, em foto recentemente (2015), disponibilizada pelo Jason, via Facebook, gentilmente para o meu Blog.

Conclusão : havia mais músicos concentrados atrás do palco, com o "tobogã" do estádio, a ser usado como "camarim / louge", do que público no estádio inteiro.

Outra foto da farsa do Pacaembu... aqui, só a banda clicada em uma escadaria de acesso entre os bastidores do tobogã e o ginásio de esportes, que fica anexo, na parte traseira do estádio. Acervo e cortesia de Jason Machado

Para quem não conhece o Estádio do Pacaembu, o "tobogã" é uma arquibancada construída atrás do gol oposto ao do gol do portão de entrada principal do estádio. Aí nesse espaço, aconteceu o fato mais bizarro da noite, pior ainda que essa bagunça amadorística.

Resenha do show no Ibirapuera, publicada em junho de 1994, na revista "Dynamite"

Em meio à várias rodas de conversas formadas por músicos, e ali houve a presença de muitos conhecidos (não apenas da cena rocker noventista, mas também sobre gerações mais antigas), houve um grupo de pessoas perto de nós, do Pitbulls on Crack, onde eu notei a presença de um sujeito alto, com um penteado ao estilo dreadlock, enorme, e que falava com os seus amigos. Este sujeito olhava-me com uma expressão facial não amistosa. Relevei, pois nunca vira-o antes e ignorei. Mas subitamente, ele começou a falar um pouco mais alto, com a intenção deliberada de que eu ouvisse-o. Não lembro-me textualmente do que falou, mas foi algo do tipo :

 
-"é, então eu "taquei" (sic) um maço de papel no baixista... fiz de propósito, aquele babaca"...  

Pois com essa confissão, confirmou-se : fora o idiota que atacou-me no Ginásio do Ibirapuera ! Então, estava explicado o motivo do ataque ! O sujeito era músico, e naturalmente deve ter considerado que a sua banda seria mais categorizada do que a minha, e portanto devia achar-se "injustiçado" por ver-me a tocar e ele, não, naquele palco enorme de um ginásio histórico em São Paulo. Atitude deplorável sob todos os sentidos, e não perderei o meu tempo, e nem o do leitor, para esmiuçar as possíveis explicações sob o cunho musical; artístico; psicológico, ou seja lá em qual campo onde esse comportamento possa ser explicado. A minha atitude foi usar a mesma estratégia, e a falar mais alto também, ironizei ao dizer algo do tipo : 

-"sabe aquele sujeito que atacou-me no Ibirapuera ? Deve estar aqui hoje, já que tem tanta banda para apresentar-se"...

Ficou por isso, com o sujeito a dispersar a seguir. Qual era a sua banda ? Não faço a menor ideia, mas pelo visual dele, devia ser algo derivado do Metal. Ficamos ali por uma hora mais ou menos, e ao verificarmos a completa bagunça que a (des)organização estava a perpetrar, fomos embora a seguir, e certamente ninguém notou a nossa falta. A nossa atitude foi seguida por diversas bandas conhecidas nossas, e só tocou mesmo algumas poucas bandas obscuríssimas de adolescentes que estavam ansiosos para tocar, mesmo com o som e a luz deficientes, e inadequadas para um estádio de futebol profissional. Foi uma maçaroca sonora, com uma iluminação digna de uma árvore de natal... enfim, fomos embora com a certeza de que havíamos apenas perdido tempo, pois ficou óbvio que não valeu a pena o deslocamento até lá, ao verificar-se que a produção do evento esteve péssima, desde a sua divulgação.




Continua...

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 43 - Por Luiz Domingues

Então, logo após o show beneficente no Ginásio do Ibirapuera, patrocinado pelo Governo do Estado, tivemos um choque térmico e tanto. Em pouco mais de sete dias, tocamos para um reduzidíssimo público em contraste perante às doze mil pessoas presentes no Ginásio do Ibirapuera. Foi um show realizado na casa de shows "Brittania" e com a presença das bandas, "Mantra" e Yo-Ho-Delic.
O som do Mantra era baseado em um Heavy-Metal modernoso, com jeito de anos noventa, e a despeito de ter sido uma banda formada por bons músicos, na realidade, não empolgava ninguém, pela sua insipidez.

Mas o grande revés desse domingo, dia 1° de maio de 1994, foi que o piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna, faleceu nesse dia, pela manhã, ao disputar um GP na Itália, e o país caiu sob uma comoção total. Já o Yo-Ho-Delic cancelara a sua participação em cima da hora e nem apareceu no local.

Dessa forma, cinquenta testemunhas foram ao Brittania para ver os shows do Pitbulls on Crack e Mantra, e tais pessoas pareceram mesmo mais interessadas em assistir a cobertura do falecimento do piloto, pelos telões espalhados pela casa.

No dia 18 de maio de 1994, uma apresentação em uma pequena casa noturna chamada, "Noni-Noni", no bairro do Bexiga, também com um público em torno de cinquenta pessoas presentes. Foi uma rara oportunidade em que uma banda autoral ali apresentava-se, pois tratava-se de um reduto tradicional para bandas cover, atuar.

E finalmente ao final de maio, cumprimos dois shows mais agitados, com a participação das bandas, "Paty up" e "Velhas Virgens", em um show triplo realizado no "Garage Rock", de Pinheiros. Duzentas e cinquenta pessoas estiveram ali presentes no dia 27 de maio, e no dia seguinte, dia 28, foi melhor ainda com trezentas e sessenta pessoas. No início de junho (dia 4), tocamos no Centro Cultural Vergueiro, quando participamos do projeto : "Sintonia do Rock".


Continua... 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 42 - Por Luiz Domingues


A história desse patrocínio foi mais um contato aberto pelo nosso baterista, Juan Pastor. A verdade foi que em paralelo ao crescimento da banda, ele também ascendia em sua carreira como radialista. Quando o Pitbulls on Crack começou a sua trajetória, em janeiro de 1992, ele era um estagiário na emissora, e ainda concluía o seu curso na Faculdade. Todavia, nesta altura de 1994, havia crescido na empresa, e já era figura-chave na engrenagem da rádio, com colaboração nos textos; programação, e locução. 

Dessa forma, tornou-se também muito assediado por artistas e aspirantes a; mais produtores; jornalistas, divulgadores de gravadoras etc. E através der um desses contatos, conheceu um rapaz que mantinha uma confecção especializada em vestimentas com a motivação em torno do surf / streetwear, e que ofereceu-lhe um patrocínio para o Pitbulls on Crack. Foi uma cota a contemplar uma quantidade razoável de camisetas por mês, em troca de ações de merchandising simples de nossa parte, tais como : o nome deles a ser exposto em cartazes e filipetas, e que usássemos nos shows, as suas camisetas e / ou bonés para exibir-se a logomarca deles. Simples, sem sacrifícios maiores. Evidentemente que aceitamos.
Nessas fotos informais, clicadas pelo presidente do fã-clube, Jason Machado, por ocasião de um ensaio da banda no estúdio Spectrum, em 1994, dá para ver o Chris Skepis a usar uma camiseta que o patrocinador fez para nós, e eu, Luiz Domingues, a usar uma outra, de cor preta, com a sua espalhafatosa logomarca na estampa...
  
Não houve um contrato redigido formal, mas apenas um acordo verbal. Então recebemos o primeiro lote com camisetas. Eram simples, com o logo do Pitbulls on Crack, mais a mesma figura do cão pitbull que usávamos no cenário, e na parte de trás, a logomarca da empresa. O grande problema, é que no momento decisivo em usar-se as camisetas com a marca deles, mais gritante nos shows, ninguém quis usar, pois estas eram espalhafatosas demais ! Como resultado, só eu passei a usá-la regularmente para honrar o compromisso. Era uma camiseta preta, com letras garrafais em laranja. Quem conhece-me, sabe que raramente, para não dizer nunca, uso camisetas.  

E se tiver que usar, jamais seria preta, e ainda mais com aquela logomarca gritante e a evocar a moda "streetwear", algo que eu abomino. Foram poucos shows realizados com tal sacrifício, contudo, pois logo o patrocínio foi rompido, por que a confecção entrou em uma crise interna e ficou impossibilitada em fornecer-nos mais camisetas, conforme o acordo firmado. E nesse caso, não soube se ria ou chorava...

Continua... 

domingo, 25 de janeiro de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 41 - Por Luiz Domingues

Inacreditável, mas eu consegui ao olhar para a multidão, identificar o agressor. Era um garoto a usar longos cabelos ao estilo "Dreadlock"; trajado com bermuda; cheio das tatuagens, e piercings. Quando percebeu que mirei-o e na minha expressão facial havia contrariedade, ele enlouqueceu, e passou a gritar em plenos pulmões que fora ele mesmo que havia atirado, e que pretendia "matar-me"... claro que eu não ouvia a sua voz, mas compreendi a sua intenção pelo gestual, principalmente pelo típico sinal de que gostaria de cortar a minha garganta, mediante uma faca... eu fiquei muito chateado, pois estava no meio da mais conhecida música da banda, não tendo a reação que eu esperava, e um sujeito daqueles agredindo-me gratuitamente... 
Tentei voltar ao foco da música, mas aquilo chateou-me por vários motivos. Primeiro pelo óbvio, que foi ser agredido gratuitamente. Em segundo lugar, por desconcentrar-me em um momento crucial para a banda no show, e por surpreender-me no momento onde eu divagava mentalmente enquanto tocava, sobre o motivo da nossa performance não ter comovido a plateia, mesmo com a música que executávamos a encontrar-se no topo da parada de uma emissora de rádio que detinha picos de audiência de um milhão de pessoas... isso sem contar o também maciço apoio da MTV, ao veicular o respectivo vídeoclip da referida canção...

Pois ainda tocamos mais duas músicas, e saímos do palco com a missão cumprida, porém em termos.

No camarim, só eu estive com essa percepção de que havíamos perdido uma oportunidade para deslanchar, pois os outros três, mostravam-se contentes com a performance. Aquilo deixou-me confuso à época, pois cheguei a raciocinar que talvez eu estivesse a ser excessivamente exigente para conosco. Mas com o passar do tempo e o devido distanciamento histórico observado, hoje eu tenho a certeza de que esse show foi decisivo para mostrar que o Pitbulls on Crack, apesar das enormes chances que estava a amgariar, jamais alcançaria o mainstream.

Mas a vida seguiu, e outras chances grandes o Pitbulls on Crack ainda teria...

A seguir, falarei sobre o patrocínio em termos de merchandising que foi-nos oferecido, e como só eu tive o propósito em colaborar com o patrocinador, inclusive a sacrificar-me pessoalmente em alguns shows para honrar o compromisso firmado. E não passou muito tempo, eu encontrei o agressor do Ginásio do Ibirapuera e sob uma situação bizarra, no entanto, ele não matou-me, como havia prometido...

Todas as fotos desse show do Ibirapuera, são clicks de Marcelo Rossi

Continua...

sábado, 24 de janeiro de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 40 - Por Luiz Domingues

O nome oficial do evento foi : "Rock For Help ! O Rock Contra o Frio". Foi realizado no dia 23 de abril de 1994, e no elenco constavam os seguintes artistas : "Fickle Pickle"; "Neanderthal"; "Raimundos"; "Rip Monsters"; "Golpe de Estado"; "Anjos dos Becos"; "Não Religião"; "Doctor Sin"; "Ratos de Porão"; "Yo-Ho-Delic"; "Inocentes"; "Ira", e "Pitbulls on Crack". Quando chegamos ao Ginásio do Ibirapuera, ele já estava inteiramente tomado. Acredito que com a soma da pista, devia ter ali cerca de doze mil pessoas presentes.

Os locutores da 89 FM faziam o trabalho como apresentadores do evento, e parecia tudo animado e organizado. Chegamos ao camarim, e havia uma confraternização de músicos de todas as bandas que eu citei. De minha parte, conhecia todos os presentes, praticamente. A ideia foi tocar entre quatro e cinco músicas cada banda, para evidentemente algo tornar-se razoável para a continuidade do evento. Em nossa vez para entrar, quem estava a apresentar foi o locutor, Edgard, que hoje em dia tornou-se bem mais famoso, após trabalhar na MTV, e Canal Multishow.

O meu amigo / roadie, José Reis, foi montar o meu transmissor "Nady", mas ele não funcionou segundos antes de sermos chamados no palco. Às pressas, ele substituiu-o por um tradicional cabo de conexão P10. O Edgard fez a nossa apresentação e chamou-nos. Fomos recebidos com aplausos, mas não foi nada triunfal.

Começamos a tocar e apesar do equipamento bom ali disponibilizado, com monitoração à altura, sentimos que não estávamos a empolgar a audiência. Tudo bem, veio a segunda música, e eu observei a manifestação de grupos esparsos de pessoas a aplaudir, contudo, sem provar-se ser nada efusivo. Quando o Chris executou os primeiros acordes da canção : "Under the Light of the Moon", em sua guitarra, eu pensei comigo :  -"agora vai gerar uma reação", pois tratava-se justamente da nossa música de trabalho, que estava a ser executada maciçamente no rádio, e na MTV. Após os acentos rítmicos a imprimir o peso, a parte do baixo e bateria, juntos, a tendência seria causar um frisson na plateia, mas eu somente enxerguei grupos esparsos a dançar e apreciar. Foi quando um violento impacto no corpo do meu baixo, tirou-me a concentração. Alguém havia atirado um rolo de papéis amassados para afrontar-me. Parece incrível, mas em meio à doze mil pessoas no recinto...
Da esquerda para a direita : eu, Luiz Domingues; Chris Skepis e Deca, ao fundo. Pitbulls on Crack no Ginásio do Ibirapuera em abril de 1994. Click; acervo e cortesia : Marcelo Rossi

Continua...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Kim Kehl & Os Kurandeiros - 24/1/2015 - Sábado / 21 h. - Santa Sede Rock Bar - Santana - São Paulo / SP

Kim Kehl & Os Kurandeiros

24 de janeiro de 2015

Sábado  -  21:00 Horas

Santa Sede Rock Bar

Avenida Luiz Dumont Villares, 2104

Santana

Estação Parada Inglesa do Metrô

São Paulo - SP

KK & K :

Kim Kehl : Guitarra e Voz
Carlinhos Machado - Bateria e Voz
Luiz Domingues -Baixo

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Carta à Amiga - Por Marcelino Rodriguez

Verdade, Tany, que ainda que o domingo estivesse nublado, ameaçando cair chuva sobre a minha solidão civil, eu gostaria de estar contigo talvez, falando coisas sobre a maneira como as gaivotas pousam de leve na superfície das ondas do mar...
 

Como andam, aliás, suas esperanças?  
Aqui eu tenho trabalhado com as duas mãos para manter-me, impávido, dispondo somente de um rádio relógio que conta meus dias, a cama para dormir e as vozes que chegam-me do deserto dos computadores, entre as quais a sua, amiga.
 

Te contei que Mariana Brazil mandou-me seu excelente livro "Entre Fronteiras", que fala do sofrimento e da luta de meninas latino-americanas no mundo da prostituição, da Itália? 

Ou que tem sido boa para mim a amizade do autor do blog cosmopolita? 
E que a viúva do Taiguara, escritora e índia, mandou-me um cheiro da mata ? 

Que fiquei alheio a política, porque acredito que sem educação nada é viável? 

Que dedicar-me ao espírito e a arte é toda crença que me resta, depois de Bagdá destruída?  
Sim, amiga. Te digo que sou grato pelos poemas de Neruda que vez ou outra descubro contigo...
 

Não sei como passa contigo a inspiração, mas te queria falar desde ontem, essas coisa borbulhando dentro de mim ! Meu quarto tem sido todo meu universo solitário dentro da literatura.
 

A sorte são que as asas, o sangue e a mitologia, que te digo pois que Deus misturou minha vida com a dos anjos.
 

No mais, espero em breve tomar um café expresso numa livraria qualquer contigo para falarmos, entre outras coisas, desses nossos tempos virtuais. 



Marcelino Rodriguez é colunista sazonal do Blog Luiz Domingues 2.
Escritor de vasta e consagrada obra, aqui nos traz uma crônica curta, leve e saborosa, extraída de seu livro, "Bom Dia Espanha".

sábado, 17 de janeiro de 2015

Sou um Escorpião, do Mar ao Fogo - Por Julio Revoredo

O silêncio das carpas

A execução dos parafusos

O desprego das montanhas
O libido da estranheza

Enfurecidos pássaros

Lábios carnudos

Cegos olhos

Solitários aquadutos
Playground em ruínas

Crianças mutiladas

Procuram nas águas, asas

E também nas estradas

Nem dia

Nem noite

Nem Sol

Nem Lua

Nem casa

Nem rua
Qual o ângulo?

O plano sequencial da infância de Ivan

O voo de cima, de quem vê

Embaixo, tudo não é um espelho

Nem ritual, por enquanto: tudo é atonal.
O conceito, desmiola-se

Ventos ziziam

Sapos coaxam

Cavalos relincham na língua

Na língua, a flor abrocha

Penso nos Beatles
Penso em "A Day in the Life", e nos seus contornos, fluxos, arrojos

O homem em fogo, de costas, não cede, mata a sombra, desprende-se, lança-se ao cromo do escuro, e principalmente ao sonho e salto, obtuso

Se o silêncio incomoda, cicio

Apago o pesadelo do que esfumaça, do que embaraça, o meu jogo é a impressão, e a máscara que cai, e que volta

O libido da estranheza, o desprego das montanhas

A execução dos parafusos, o silêncio das carpas


Julio Revoredo é colunista fixo do Blog Luiz Domingues 2. Poeta e letrista de diversas músicas que compusemos em parceria, em três bandas pelas quais eu atuei: A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço. Neste poema inédito, ele cita a canção: "A Day in the Life", dos Beatles e assim como em seu acorde final, que desliza em um mergulho ao infinito, propõe um mergulho semelhante, com palavras que evocam imagens. Na foto de seu acervo pessoal, eis o poeta em num dia de 1984.