O silêncio das carpas
A execução dos parafusos
O desprego das montanhas
O libido da estranheza
Enfurecidos pássaros
Lábios carnudos
Cegos olhos
Solitários aquadutos
Playground em ruínas
Crianças mutiladas
Procuram nas águas, asas
E também nas estradas
Nem dia
Nem noite
Nem Sol
Nem Lua
Nem casa
Nem rua
Qual o ângulo?
O plano sequencial da infância de Ivan
O voo de cima, de quem vê
Embaixo, tudo não é um espelho
Nem ritual, por enquanto: tudo é atonal.
O
conceito, desmiola-se
Ventos ziziam
Sapos coaxam
Cavalos relincham na língua
Na língua, a flor abrocha
Penso nos Beatles
Penso em "A Day in the Life", e nos seus contornos, fluxos, arrojos
O homem em fogo, de costas, não cede, mata a sombra, desprende-se, lança-se ao cromo do escuro, e principalmente ao sonho e salto, obtuso
Se o silêncio incomoda, cicio
Apago o pesadelo do que esfumaça, do que embaraça, o meu jogo é a impressão, e a máscara que cai, e que volta
O libido da estranheza, o desprego das montanhas
A execução dos parafusos, o silêncio das carpas
Julio Revoredo é colunista fixo do Blog Luiz Domingues 2. Poeta e letrista de diversas músicas que compusemos em parceria, em três bandas pelas quais eu atuei: A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço. Neste poema inédito, ele cita a canção: "A Day in the Life", dos Beatles e assim como em seu acorde final, que desliza em um mergulho ao infinito, propõe um mergulho semelhante, com palavras que evocam imagens.
Na foto de seu acervo pessoal, eis o poeta em num dia de 1984.
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
sábado, 17 de janeiro de 2015
Sou um Escorpião, do Mar ao Fogo - Por Julio Revoredo
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