domingo, 25 de janeiro de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 41 - Por Luiz Domingues

Inacreditável, mas eu consegui ao olhar para a multidão, identificar o agressor. Era um garoto a usar longos cabelos ao estilo "Dreadlock"; trajado com bermuda; cheio das tatuagens, e piercings. Quando percebeu que mirei-o e na minha expressão facial havia contrariedade, ele enlouqueceu, e passou a gritar em plenos pulmões que fora ele mesmo que havia atirado, e que pretendia "matar-me"... claro que eu não ouvia a sua voz, mas compreendi a sua intenção pelo gestual, principalmente pelo típico sinal de que gostaria de cortar a minha garganta, mediante uma faca... eu fiquei muito chateado, pois estava no meio da mais conhecida música da banda, não tendo a reação que eu esperava, e um sujeito daqueles agredindo-me gratuitamente... 
Tentei voltar ao foco da música, mas aquilo chateou-me por vários motivos. Primeiro pelo óbvio, que foi ser agredido gratuitamente. Em segundo lugar, por desconcentrar-me em um momento crucial para a banda no show, e por surpreender-me no momento onde eu divagava mentalmente enquanto tocava, sobre o motivo da nossa performance não ter comovido a plateia, mesmo com a música que executávamos a encontrar-se no topo da parada de uma emissora de rádio que detinha picos de audiência de um milhão de pessoas... isso sem contar o também maciço apoio da MTV, ao veicular o respectivo vídeoclip da referida canção...

Pois ainda tocamos mais duas músicas, e saímos do palco com a missão cumprida, porém em termos.

No camarim, só eu estive com essa percepção de que havíamos perdido uma oportunidade para deslanchar, pois os outros três, mostravam-se contentes com a performance. Aquilo deixou-me confuso à época, pois cheguei a raciocinar que talvez eu estivesse a ser excessivamente exigente para conosco. Mas com o passar do tempo e o devido distanciamento histórico observado, hoje eu tenho a certeza de que esse show foi decisivo para mostrar que o Pitbulls on Crack, apesar das enormes chances que estava a amgariar, jamais alcançaria o mainstream.

Mas a vida seguiu, e outras chances grandes o Pitbulls on Crack ainda teria...

A seguir, falarei sobre o patrocínio em termos de merchandising que foi-nos oferecido, e como só eu tive o propósito em colaborar com o patrocinador, inclusive a sacrificar-me pessoalmente em alguns shows para honrar o compromisso firmado. E não passou muito tempo, eu encontrei o agressor do Ginásio do Ibirapuera e sob uma situação bizarra, no entanto, ele não matou-me, como havia prometido...

Todas as fotos desse show do Ibirapuera, são clicks de Marcelo Rossi

Continua...

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