quinta-feira, 31 de maio de 2012

Anenun - Por Julio Revoredo

Untre a entrenoute





Antre o entrelunho






Entre o antrelunho.




Julio Revoredo é colunista fixo do Blog Luiz Domingues 2. Poeta e letrista de diversas canções que compusemos em parceria em três bandas pelas quais eu toquei: A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço. É um poeta que busca sempre o não usual em suas criações e sempre de improviso, a explorar a inspiração pelo impulso da emoção.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 8 - Por Luiz Domingues


Animados com esse show debut, soubemos de um Festival produzido pela Revista "Música". Esse festival chamava-se "Fimp", e essa revista era um meio termo entre a "Rock, a História e a Glória" e a "POP", pois não tinha o mesmo nível dos textos e staff de grandes jornalistas que a "Rock" possuía, e tampouco a qualidade visual da "POP", mas vez por outra apresentava reportagens interessantes, como por exemplo uma edição especial que lançou em 1977, comemorativa aos 10 anos do lançamento do LP Sgt° Peppers, dos Beatles.



Gravamos uma fita no ensaio, com as músicas "Assim Como", "Tango x Tanga", "Tudo Band"e "Diva". Não classificamo-nos, mas isso não abalou-nos, e assim prosseguimos com nossos planos, normalmente. Agora, não posso deixar de observar : qual teria sido a expressão facial do sujeito que ouviu o material que enviamos ao Fimp ? A qualidade sonora estava um horror e a banda, longe de ser minimamente audível.
Eu fico a pensar : que força de vontade extraordinária nós tínhamos, pois não é fácil para ninguém começar da estaca zero, e ainda mais naquela época, onde nosso padrão de influência musical externa era altíssima. Nós ouvíamos a nata do Rock, e para chegar lá, demandaria anos de estudo e muita força de vontade...
Simplesmente inacreditável essa vontade que tínhamos, pois o que tocávamos, era muito aquém do que gostaríamos de tocar.

Continua...

sábado, 26 de maio de 2012

Os Tenores da Reclusão: J.D. Salinger, Thomas Pynchon e Dalton Trevisan - Por Julio Revoredo

Na era da exposição, dos cinco minutos de fama, como disse Warhol, à tona , prefulgem os 3 tenores da reclusão, afórmicos na seclusão.

Eles nunca envelhecem, oclusam-se, distantes e próximos, mas sobretudo e contudo, escrevem. 
Dois, digressam sobre os perdedores e um, sobre os pobres diabos, com ou sem, irrisão.

Oclusos, solipsos, sobrepensam, tempostábeis.
Mas, tal aislamento, seja o acismo do sobreinteligível, a mediocreira. 
Como a terra que apaga o fogo, o vento que sopra os vestígios.

Em sua amaritude de insociáveis, queimam suas digitais e em sua faces, como foices, os sinais.
Talvez, nesses tenores, díscolos e arístipos, o refúgio tenha sido a ingremância, dos que sobrepensam e dos que são umbráticos.

Um, evolou-se em V contra o dia. 


O outro, como vampiro de Curitiba, numa casa com janelas fechadas.


O outro, nos campos de centeio, trocou o dia pela madrugada, sem nostalgia e todos no fundo, como Greta Garbo, quem diria ?!.




Julio Revoredo é colunista fixo do Blog Luiz Domingues 2. Poeta e letrista de diversas canções que compusemos em parceria, para o repertório de três bandas pelas quais eu atuei: A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço. Neste artigo, ele traça um paralelo entre três escritores da pesada: Salinger, Pynchon e Trevisan.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

K K - Por Julio Revoredo

Kafue

Iátrico

Músico

Kev           
 

Edaz


Haríolo

"Lisiluminescência".



Julio Revoredo é colunista fixo do Blog Luiz Domingues 2. É poeta e letrista de diversas músicas em que compusemos juntos, em três bandas pelas quais eu atuei: A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço. A sua poesia é complexa, intrigante, plena de imagens e sensações.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 7 - Por Luiz Domingues

No dia seguinte ao nosso primeiro show, fomos ao Teatro Municipal de São Paulo onde assistimos a um show histórico : Mutantes e O Terço, a tocar Beatles. Foi um contraste e tanto para nós que ainda sentíamos a adrenalina do nosso primeiro, e ultra amador espetáculo de fundo de quintal, em relação a um espetáculo suntuoso, com duas das maiores bandas de Rock dos anos setenta, e em um espaço luxuoso, como o Teatro Municipal. Lembro-me bem que cada banda realizou o seu show habitual, e ao final, voltaram juntas ao palco, e como um octeto, executaram diversas canções dos Beatles, caracterizados com o figurino dos próprios Beatles, da capa do LP Sgtº Peppers.
Com o teatro lotado, ainda tenho na memória a emoção desse espetáculo, do qual jamais esquecer-me-ei, primeiro por ele em si, depois pelo fator motivacional que outorgou-nos para seguir em frente, exatamente como um rapaz iluminado, chamado, Francisco, disse-me um dia ao olhar-me firme nos olhos : -"você vai percorrer uma longa jornada e queimar muito óleo..."  

Em relação à troca de nome da banda, de "Céu da Boca", para "Boca do Céu", cabe agora uma explicação mais aprofundada, visto que anteriormente apenas comentei en passant. A ideia de mudar o nome foi do Laert Sarrumor. "Céu da Boca", remetia à anatomia buco-maxilar, mas também era metaforicamente bem ingênuo, coisa de escotismo ou congregação religiosa. 




Mas a inversão parecia à época, uma posição mais radical e condizente à uma banda de Rock com valores setentistas, e portanto, coadunada com a contracultura. A boca do céu sugeria uma imagem alucinógena numa primeira compreensão. Mas por apresentar uma conotação dúbia, não levamos em conta o óbvio, ou seja, esse sentimento era peculiar à nós que estávamos ligados em Timothy Leary; Ken Kesey; Allen Ginsberg e na literatura de Aldous Huxley; Herbert Marcuse; Hermann Hesse e Carlos Castañeda, principalmente, mas para pessoas não coadunadas con tais ideias, podia assumir outras interpretações, inclusive as mais tolas.
Um nome de banda tem que ser conciso em tese e mesmo que dê margem à múltiplas interpretações, possuir uma base sólida, de onde a ideia primordial origine-se e transmita essa força. Além deste aspecto abstrato, mercadologicamente, tem que conter uma série de atributos. Como por exemplo, ser sonoro; não dar margem à confusão no seu entendimento semântico; não dar margem à criação de apelidos e paródias chulas e obscenas; ser fácil para a memorização, e de preferência, não conter artigo e / ou preposição adjuntos.
No caso do "Boca do Céu", não observamos quase nada desses cuidados básicos, mas ofereço o devido desconto pela nossa condição adolescente e incauta da época...

Continua...

terça-feira, 22 de maio de 2012

Farol 1 - Por Julio Revoredo


Extrínseco farol

Viste o anteceu

Hiperbóreo sol

E a sombra comprida, da adaga florida

Aos olhos de um abléptico

De um abléptico condor em desvario.
Sob o signo de um tempo vario

Sem estações, dias ou noites

E a memória da água hiera

Oclusa, no que aparente encerra, implexa e atemporal.

Múltipla, como um espelho, irrefletido num labarito surreal.
E volta-se o farol, vestido da mais exprandiga soidão

Soprada pelos ventos do vulturno

Na ígnea diáspora, que tece a sombra do que ora tange a cítara, 

laivo fosmeo do intraduzível.

Do extremo estranho 
Feito um aracnídeo

No que o traduz, quando do nada, tudo retorna, vai e dissipa.



Julio Revoredo é colunista fixo do Blog Luiz Domingues 2. Poeta e letrista de diversas composições que criamos juntos em três bandas pelas quais eu atuei: A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço. Neste poema, ilumina o Blog com a luz literária sofisticada.

sábado, 19 de maio de 2012

Noite de Intelectual - Por Marcelino Rodriguez

 
Quantos brasileiros já perderam a noite preocupados que ao redor da Ilha de Caras há 180 milhões de analfabetos humanos, ténicamente falando?
 
Passei uma noite me sentindo Dante Alighieri no inferno, ao pensar que vivo num país onde até alguns “amigos” nos atrapalham. Viver no Brasil depois de ter lido uma meia dúzia de clássicos é como viver dia a ...dia uma hora de pesadelo ao saber que é um país de gente sem noção ou com meia noção, porém de noção inteira é raro se encontrar. Nem se cogita no país sobre a penúria do capital humano, com menos leitores per capita do planeta.
 
  Dia desses viajando como sobrevivente que sou das letras, sem que a academia nem governo, nem fundo privado, nem um desses bancos que financiam os protegidos oficiais contam e dei, numa cidade do interior, em plena rodoviária com a placa de ” aditmi-se”. Nem li o resto. Passam-se cidades e mais cidades com mais de cinquenta mil habitantes sem cinemas nem livrarias.
 
Perguntei outro dia a duas meninas entre quatorze e dezesasete anos o que quer dizer a palavra “hierarquia”. Bem, elas não sabem, tadinhas. E alegremente nem se preocupam em não saber. Essas frustrações as vezes despertam meu lado Stephen King, minha metade negra.
 
Essa semana sacrifiquei da minha rede social uma jornalista que já foi quase amiga minha no passado e eu era colaborador voluntário do seu site. Depois ela casou com um almofadinha, e o site dela passou a ter apenas crônicas do casal . Ignorou meu pedido para promover meu livro “O Tigre De Deus Em Seu Jardim” e com o tempo, apesar dela ser bonitinha e eu pensar que no futuro, quando ela cansasse do almofadinha poderia me colocar como sócio, fui cansando da sua cara inútil a me lembrar todo dia que ela era mais uma mediocridade individualista.
 
  O que o mundo deve saber é que o cara sou eu e sou o primeiro a saber disso. Dou a mão a quem me dá e respeito quem me respeita. O resto se não me provar conhecer os valores da boa cruzada, não faço brinde.
 
Virei um bicho do mato, porém sofisticado pela leitura de Kafka e outros. Sim, a maioria do país nem se importa de saber , inclusive os que estão na vitrine, do lado dos “vitoriosos”, que o país não tem projeto, nem futuro, nem sentido.
 
È um país sobrenatural, aleatório, dependendo da ação de um indivíduo aqui e outro ali. O povo não sabe o que é valor, se a televisão não lhe mostrar; tampouco os políticos nem poderosos querem gente de valor por perto, já que eles também não tem valor. Uma terra estrangeira, onde se vive com muitos poucos amigos que servem.
 
  Como se pode amar um poeta se não se sabe o que é um poema? Enquanto a noite passava, ia-me armando até os dentes para mais um dia. Apenas dois por cento da população sabem quem foi Kafka.
 
Arrepiava-me durante a noite sabendo que não posso esperar me surpreender. Sacrifiquei a jornalista porque ela ia demorar a descobrir meus talentos de amante. Sequer leu um de meus livros. Pus meu Iorquishare no colo, enquanto via a cabeça dela rolar entre os deletados. Depois liguei a televisão e fui ver a hora do pesadelo. Terra de índios.
 
Intelectuais sofrem pelo povo que os fazem sofrer lendo “adimiti-si”. Sou Dante Aliguieri, mas quem vai saber?
 
Bom Dia, Brasil.
 
Marcelino Rodriguez é escritor com uma vasta obra. Entre seus livros lançados, "O Tigre de Deus em Seu Jardim", citado por ele mesmo em sua matéria. É um intelectual inconformado com a falta de incentivo do governo em relação ao livro, no Brasil. A partir desta participação, torna-se colaborador esporádico do Blog Luiz Domingues 2.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ode a Jeff Keen - Por Julio Revoredo

Sentado de ponta cabeça

Recorta o cosmo, caos

Singra através do seu introorbe, como em naus.

Mundo alucinado
Mundo convoltado

Arte e imagem, sobreposição.

Jeff Keen
Jeff Keen

Em sua mente, nada tem fim.

Faço-lhe uma ode

Gênio, alma nobre.

Jeff Keen
Jeff Keen

Como em naus, singra através do seu introorbe.

Mundo alucinado
Mundo convoltado

Arte

Imagens

Sobreposição




Julio Revoredo é colunista fixo do Blog Luiz Domingues 2. Poeta e letrista de diversas músicas que compusemos juntos, em três bandas pelas quais eu atuei como A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço. É também um cinéfilo praticante e aqui, prestou a sua homenagem à Jeff Keen, diretor de cinema, considerado maldito, entre os malditos.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 6 - Por Luiz Domingues

Então chegara a primeira grande oportunidade dessa banda iniciante: o baterista, Fran Sérpico, faria aniversário no início de fevereiro, e ao obter a aprovação dos seus pais, poderíamos apresentarmo-nos em sua festa. Uma celebração familiar para quem iria fazer a primeira apresentação da vida, foi um acontecimento tão extraordinário quanto uma noiva encara o seu dia do casamento.
Ficamos obviamente eufóricos e intensificamos os ensaios para fazer a melhor apresentação possível, mesmo sendo para uma plateia formada por pessoas na faixa da meia idade e / ou idosos em sua predominância, e portanto longe do que sonhávamos atingir. 

Então, foi no dia 12 de fevereiro de 1977 que o Boca do Céu apresentou-se pela primeira vez, no quintal da residência da família Sérpico, no bairro Campo Belo em São Paulo. Nosso camarim foi a lavanderia da casa. O precário equipamento foi constituído por um mixer de voz, da marca Phelpa e sendo dos anos sessenta; um amplificador de guitarra, Giannini BAG U65; um microfone National de gravador; uma guitarra Giannini "Supersonic"; bateria Gope (e sem a caixa !), e um baixo "handmade", imitação de Hofner.
Nosso repertório nesse show-debut foi:
 

1) Mina de Escola (Osvaldo-Laert-Luiz)
2) Centro de loucos (Osvaldo-Laert)
3) Astrais Altíssimos (Laert)
4) No Mundo de Hoje ( Osvaldo-Laert- Luiz)
5) Ah se você soubesse ( Laert)
6) Me Chamo Vampiro (Osvaldo-Laert-Luiz)
7) Tudo Band ( Laert)
8) "Soon- The Gates of Delirium" (Yes)
 


Sobre essa interpretação livre de um trecho da música do Yes, nesse caso, que os Deuses do Rock tenham perdoado-nos por termos cometido a infâmia por promover esse assassinato com requintes de crueldade... pelo menos, tratou-se do trecho final dessa canção e assim poupou-nos a todos de um constrangimento maior.

Lembro-me que estávamos todos bastante nervosos e erramos diversos trechos de músicas, justamente por conta desse nervosismo, visto que havíamos preparado-nos com afinco e estávamos ajustados convenientemente dentro de nossas limitações evidentes à época. Mesmo assim, no cômputo geral, saímos contentes e aliviados, como se tivéssemos submetido-nos à uma prova escolar. Apesar de toda a precariedade técnica e da inexperiência da banda, recebemos os elogios sinceros dos pais do Fran Sérpico, que disseram ter surpreendido-se com a nossa performance, visto que ouviam há meses os ensaios, e notaram que havíamos evoluído... bem, esse foi o primeiro show de Rock da minha vida... 

Tirante uma exibição infantil que fiz na bandinha da escola em 1968, essa foi a minha primeira exibição pública que realizei a tocar, e guardo com carinho na memória, essa euforia juvenil que senti.
Foto de dezembro de 1968, a tocar triângulo e cantar, prosaicamente na bandinha da escola (Escolas Agrupadas da Vila Olímpia), no Teatro Paulo Eiró. Sou o terceiro, da direita para a esquerda, na fileira mais alta
Continua...