Havia um grupo de amigos jovens que haviam se conhecido no ambiente escolar de uma pequena localidade espanhola na região de Valladolid, Espanha. Alegres e sempre festeiros, eles se reuniam com constância, não apenas para a promoção de seus estudos, mas sobretudo para conviverem através da vida social bem exercida.
Eles tinham apreço pelas atividades esportivas, culturais, políticas e se empolgavam a discutirem com muito entusiasmo sobre todos os acontecimentos que envolviam a vida social da sua cidade e da região, Castela e Leão, cuja história ia além da Idade Média.
Tais rapazes gostava de beber vinho, a se manter a tradição ancestral típica dos espanhóis e por conta desse hábito, após participarem de eventos pela cidade, costumavam terminar as noitadas em um estabelecimento localizado no centro da cidade. Ali se reuniam costumeiramente por duas ou três vezes por semana, no mínimo e a conversa era sempre animada.
Um dia no entanto, um fator externo ocorreu a gerar um aborrecimento ao grupo de amigos. Eis que um ébrio completamente fora de si, surgiu a esmo e assim passou a importunar os rapazes, com provocações verbais em princípio. Devidamente ignorado pelos rapazes, o embriagado inconveniente não se conteve em seu arroubo invasivo e daí, ele ousou ainda mais, ao circundar a mesa ocupada pela turma e a tentar roubar as garrafas de vinho ali colocadas.
Foi quando um dos rapazes pediu para esse sujeito parar com tais tentativas de roubo, que o o rapaz resmungou e ao contrário, não esboçou parar com a sua ação desagradável. Tal combate verbal ali travado, estimulou o rapaz a se tornar mais agressivo, como se a admoestação fosse uma ofensa e não a ação desagradável por ele perpetrada.
Foi então que irritado e convenhamos, sem razão alguma, o rapaz veio para cima de quem o advertira e ao se jogar para cima com o seu corpo, teve como uma reação instintiva na base do reflexo, um empurrão da parte do rapaz que se sentira agredido na mesa, para que o agressor se afastasse imediatamente.
O intruso foi para o chão, mas se levantou até que relativamente rápido e saiu a resmungar. Nada de mais grave lhe ocorreu e o assunto aparentemente encerrou-se ali, com a conversa prazerosa restabelecida entre os amigos, no entanto, algo estranho os rondava.
Eis que um dos amigos percebeu que um grupo de jovens a ocupar uma mesa próxima, fitava-os com uma postura pouco amigável. Ora, que motivo teriam para a hostilidade gratuita? Foi quando todos da mesa perceberam a situação e um dos rapazes elevou a sua voz e indagou aos vizinhos de mesa a se mostrarem hostis, qual seria o motivo da manifestação de desagrado da parte deles?
Nesse ínterim, um dos rapazes da mesa ao lado já havia saído dali do ambiente do bar e voltado com vários artefatos de luta em mãos, a denotar que o grupo planejara um ataque deliberado para ocorrer em poucos minutos.
Então, um dos rapazes contrariados gritou que eles não haviam se conformado com a atitude tomada pelo grupo rival, no sentido de terem agredido um pobre rapaz embriagado, portanto indefeso. Incrível, eles não levaram em consideração que toda a provocação partira do ébrio e que ele não fora agredido, mas na verdade, apenas fora afastado, pois este buscara o confronto? O que queriam que fosse feito então? Que os rapazes aguentassem a provocação em face ao direito do bêbado ser inconveniente à vontade?
Bem, discussão sobre ética a parte, eis que a um passo dos rapazes hostis se levantarem e partirem para a agressão, mediante o uso de grossas correntes de ferro, adagas e até machados, eis que desarmados, os amigos não tiveram outra escolha a não ser debandarem do local, como um ato de sobrevivência em formato de recuo estratégico, algo a caracterizar um ato de sobrevivência amparado pela ética, digamos assim, pelo fato de não se configurar como uma desonra em tom de covardia, a grosso modo.
No entanto, eis que o imponderável ocorreu, pois uma pessoa pertencente à mesma confraria, se aproximou subitamente, bem no momento em que a turma se evadira para fugir da agressão inevitável. Este rapaz não esteve presente por haver adoecido e sem que ninguém o esperasse para aquela noite, eis que ele surgiu inesperadamente, mesmo a apresentar dificuldade de locomoção, amparado por muletas.
Pois eis que a correrem desesperadamente para se safarem dos golpes perpetrados por seus inimigos, não foi possível explicar tal situação ao seu fraterno ali atônito, que nada entendeu sobre a situação e ao mesmo tempo ficou à mercê daquela tropa de ensandecidos agressores e que sim, notaram que o rapaz a usar muletas, era da mesma turma que eles perseguiam.
Qual foi a questão ética a ser observada ali naquela situação, portanto?
A) Ébrio tem permissão para fazer o que quiser e não é permitido que ele seja admoestado de forma alguma, visto haver um pacto de mútua proteção aos etílicos e neste caso, todos os seus atos são perdoados e toda reação em contrário seria considerada intolerável?
B) Recuar, na iminência da inferioridade em um confronto bélico, é um ato de covardia?
C) Deixar um soldado para trás, mesmo que haja o risco de se perder todos ante a inferioridade, é razoável?
Enfim, nada aconteceu de grave ao bêbado, ninguém foi agredido por conta disso, pois deu tempo para se evadirem com segurança do local e o amigo a usar muletas, foi poupado da ira dos agressores, pois foi levado em consideração que ele não participou da suposta hostilidade ao ébrio. Em suma, somente por tal fato ele não foi agredido, pois a sua debilidade física ante o uso de muletas não o teria poupado. Quanta ética dessa turma...