sábado, 29 de junho de 2013

Lady Distraída - Por Marcelino Rodriguez


As vezes fico pensando nas múltiplas possibilidades do destino e em nossas precariedades humanas.

Por exemplo, quando nossos corações batem por alguém, o que está por trás
desses tambores?


Seriam apenas alarmes falsos de nossos instintos? Ou seria algo sublime, vindo dos céus?
Na minha, pensando nas curvas daquela Lady e imaginando quantas safadezas com vinho poderíamos conversar a sós, sendo um a asa do outro e nós morrendo de rir desse mundo bizarro e mentiroso.  

Eu vejo que poderia cuidar bem dela e ensinar-lhe segredos que dificilmente ela vai achar em outro cavaleiro.

Poucos ainda estudam o sistema solar ou conhecem versos de Elizabeth Barrett Browning:
"Amo-te com a dor das velhas penas,
com sorrisos, com lágrimas de prece,
e a fé de minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas,
por toda vida, e assim DEUS o quiser
Ainda mais te amarei depois da morte."

 

Quanta beleza eu não dar-lhe-ia, se ela decidisse ser minha rainha. Aquilo que demoro anos, seria feito em minutos.
E ela tão reticente, tão distraída.
Fere-me sua frieza.
Ela pode até não querer-me como seu cavaleiro, é direito, mas deveria ao menos ouvir-me os argumentos.

Tipo que penso nela com meu corpo. De corpo inteiro. Quem sabe ela também não ficaria apaixonada por si mesma, se eu lhe convencesse da beleza do seu sorriso?
Antigamente as músicas faziam sentido e haviam menos analfabetos sentimentais pela terra, vagando em ódios e misérias emocionais como zumbis.

E uma das canções dizia: - “Toda vez que o amor disser vem comigo, pode ir fundo. Isso é que é viver". Estou batendo na porta da Lady Distraída. Será que ela abrirá o caminho do Graal?
Será que ela, ao menos, sabe que sou um cavaleiro ? Tenho minhas dúvidas.

O amor nunca deveria ficar sem atenção. Existem criaturas mágicas que precisam nascer dessas pequenas ternuras que a Lady Distraída anda negando.

Lady, deixa eu te provar que você é a mais preciosa criatura do mundo.

Marcelino Rodriguez é colunista esporádico do Blog Luiz Domingues 2. Escritor de vasta e consagrada obra, aqui nos apresenta uma crônica sobre a relação homem/mulher, sob um prisma pouco citado por outros autores, ou seja, e quando o homem emite sinais, e a mulher é que não os percebe ?

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 29 - Por Luiz Domingues

O Louis estudou cinema na UCLA, e nada melhor para um estudante de cinema que estudar na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a meca de Hollywood. Ele contou-me que fazia parte das atividades curriculares, visitas aos grandes estúdios, sets de filmagem, e palestras com profissionais de todos os setores da indústria.
Certa vez, contou-me que assistira uma palestra na universidade, com o Frank Capra, um diretor dos anos trinta, que eu adoro. Mas ele detestava-o, por ter particularmente um posicionamento político de esquerda, e o Capra ser considerado direitista pelos seus antagonistas. Eu discordava desse ponto de vista, pois achava o Capra, um humanista, e seus filmes retratavam essa esperança no Ser Humano, acima de tudo, de forma não ideológica, politicamente a falar (embora eu concorde, que teve muita manipulação de sua obra nesse sentido, eu reconheço).

Infelizmente, os esquerdistas achavam que o seu cinema era colaboracionista com a direita, pois seus grandes filmes retratavam a esperança de pessoas humildes, em meio à depressão dos anos trinta. Passavam mensagens de otimismo, e os simpatizantes do socialismo interpretavam isso como conformismo capitalista orquestrado pela elite, para manobrar o povo sofrido, via "New Deal". Continuo a discordar desse ponto de vista e enxergo no cinema do Capra, otimismo e fé no Ser humano.
Mas tirante essa pequena divergência (que aliás nem houve, pois guardei a minha opinião internamente, jamais a suscitar conflito), ficamos amigos, e nos camarins; viagens; e corredores de rádio e TV, conversar com o Louis Chilson foi sempre muito prazeroso nesse sentido, em falarmos sobre cinema. E o Laert e o João Lucas também apreciavam, sendo cinéfilos, também. Turma boa essa do celuloide, que ali formamos...
Continua...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Impressão Desfocada - Por Julio Revoredo

Lagartos com chifres, bebem as gotas das árvores, da floresta oclusa.

As gotas azuis-rosas, que a morena dos olhos da cor verde do mar do céu, e o corpo cheio de curvas, por entre as luzes das naves aladas do balso.
Vistas pelo espelho animicluso, por entre, as solombras do fosmeo, e as mulas sem cabeça.

Tudo num estonteante íncubo, arco-íris volátil e cego, dentro da miragem, que guarda em silencio, o que um dia foi o olho, olho santo, o olho santo.

E agora, a trivia prefulge, com o canto das sereias, no mar solitário do olhar, de um alguem que tudo isso, viu.

Julio Revoredo é colunista fixo do Blog Luiz Domingues 2. Poeta e letrista de diversas músicas que compusemos em parceria, em três bandas pelas quais eu atuei: A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço. Neste poema, ele investe com volúpia na psicodelia, através de instigantes imagens.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 1 - Por Luiz Domingues

                                                                               
O começo foi assim: entre 1979 e 1982, paralelo aos primeiros momentos do Língua de Trapo, eu fiz vários trabalhos avulsos (histórias já contadas nos respectivos capítulos de tais trabalhos).
E nesse contexto, entre trabalhos efêmeros a acompanhar artistas orientados pela MPB, e até do mundo brega, eu tive uma banda cover regular, que foi fundada em dezembro de 1979, e que durou até julho de 1982, chamada: "Terra no Asfalto" (devidamente representada em seus capítulos próprios, também). Essa banda teve várias formações, e no seu último estertor, em julho de 1982,  deu vazão à criação d'A Chave do Sol. 


Isso por que tal banda cover ficara resumida a três integrantes apenas, eu (Luiz Domingues); o vocalista, Paulo Eugênio Lima e o guitarrista, Geraldo "Gereba". Uma pessoa amiga, a proprietária do Café Teatro Deixa Falar (uma senhora francesa, chamada: Sabine), onde o "Terra no Asfalto" tocou muitas vezes, quis ajudar na tentativa de reformulação do Terra no Asfalto, e assim indicou-nos um jovem guitarrista de Rock, que estava a namorar a sua filha.
Esse jovem guitarrista chamava-se: Rubens Gióia. Feito o contato, ele interessou-se e dessa forma, realizamos uma reunião para definir o repertório. Por outro lado, desanimado, o Geraldo "Gereba" desistiu da tentativa em manter-se vivo o "Terra no Asfalto", e eu cheguei à conclusão de que não valia mesmo a pena insistir, e além do mais, "cover" em minha concepção representava apenas uma maneira para ganhar-se dinheiro, mas tal linha de atuação, incomodava-me profundamente.

Eu e o Rubens decidimos então montar uma banda de Rock, centrada no trabalho autoral, e começamos a tocar só nós dois na sua residência, em reuniões para criarmos riffs, e dessa forma, compormos um material inicial.
Para a bateria, pensei em dois nomes: Edmundo Gusso e José Luiz Dinola.
Pensei primeiro no Edmundo Gusso, por incrível que pareça, pois simplesmente o conhecia melhor, nessa ocasião. Eu o conhecera em dezembro de 1979, pois ele era amigo do vocalista do "Terra no Asfalto", Paulo Eugênio Lima, e nessa ocasião, cedera a sua residência para os primeiros ensaios dessa banda que montávamos.
Ele era baterista, mas não tocava regularmente. Por tal motivo, convidei-o, apenas por basear-me na amizade, e por não levar em conta o critério técnico.
Continua...

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Jam com Jamaica Band) - Capítulo 47 - Por Luiz Domingues

Então ele pegou um violão, e passou a tocar diversas músicas do cancioneiro clássico da Bossa Nova, com uma destreza incrível, ao fazer aqueles malabarismos todos, típicos da Bossa Nova, para reproduzir acordes difíceis e sofisticados etc. Ao final, ironizou-me por eu ser "brasileño", e não tocar Bossa Nova, isso em meio aos gritos de regozijo de seus compatriotas. Confesso que fiquei chateado, não por não saber tocar Bossa Nova, cujo meu interesse pessoal sempre foi nulo, ou ser tecnicamente fraco ao violão, mas por essa demonstração desnecessária de escárnio, sob tom de desdém. Para que ? Era quase cinco da manhã, quando saí com meu baixo a perambular pela Av. Santo Amaro, a pé e muito receoso, pois o meu Fender Jazz Bass era meu "filho único" naquela época...
A sorte foi que não havia nenhum meliante no ponto do ônibus, e logo os comerciantes começaram a abrir seus estabelecimentos e o trânsito a aumentar, para amenizar um pouco o perigo iminente das madrugadas. E assim foi a minha apresentação única com a Jamaica Band, de Rudy e Nacho Smilari...


Abaixo, algumas informações sobre Nacho Smilari :

http://www.taringa.net/comunidades/losmismosdesiempre73/1304401/Nacho-Smilari-(el-violero-de-Equot;PoderEquot;).html

Achei essa informação em uma rede social argentino (Taringa), onde um release fala sobre a carreira do Nacho. Começa na banda "La Barra de Chocolate", onde o Nacho tocou em 1969, na Argentina.
 
Em seguida, tocou com o vocalista, Billy Bond em : "Billy Bond y La Pesada del Rock'n'Roll". Uma banda muito famosa na Argentina do início dos anos setenta.
Passou para o "Cuero" e depois formou a Jamaica Band. Recentemente, nesse show tributo ao Aeroblues realizado em Buenos Aires (a referir-me a um evento ocorrido em Buenos Aires, no ano de 2011 e com a presença do Rolando Castello Júnior, na bateria), Nacho participou, conforme vídeos anexos nesse link, postado acima.

Continua...

domingo, 23 de junho de 2013

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Jam com Jamaica Band) - Capítulo 46 - Por Luiz Domingues


Eu tinha desenvolvido um pouco de técnica à bateria nessa época, pois costumava tocar sob título de brincadeira nos ensaios, ou durante a passagem de som das apresentações do Terra no Asfalto, e sempre apreciei tocar bateria. Para falar friamente, se tivesse a oportunidade em voltar no tempo e mudar o passado, talvez tivesse optado pela bateria, e não pelo baixo, para você, ver, amigo leitor,  o quanto eu gosto de tal instrumento.
Então, ele propôs trocar comigo, e passou para o baixo, enquanto eu toquei muitas músicas na bateria. Claro, ao empreender ritmos simples e viradas discretas, pois não arriscaria nenhuma ousadia acima da minha pouca capacidade, principalmente por estar a tocar ao vivo, e com ingressos sendo cobrados, ainda que as pessoas não estivessem nem um pouco interessadas em nosso som totalmente improvisado. Havia cerca de vinte pessoas presentes, mas mesmo assim, quando sentei-me no banco da bateria, e apanhei as baquetas, olhei para as mesas e tive uma estranha sensação. Senti-me deslocado a tocar ao vivo, em público, com um instrumento que eu não dominava direito.

Eu tinha passado por uma experiência semelhante em 1981, quando toquei violão em algumas apresentações do Terra no Asfalto, ao executar uma parte imprescindível da música, "Two of Us", dos Beatles, onde os guitarristas, Wilson Canalonga Junior  e Aru Júnior não conseguiriam executar tal detalhe, por ter outros arranjos a cumprir na canção, em suas guitarras. Mas foi bem  diferente, pois nesse caso eu ensaiei bastante, e violão, pelo menos tratava-se de um instrumento mais familiar, por ser de cordas. Mas daí a tocar bateria, havia uma diferença. Tudo correu bem, apesar do cachet não ter sido uma maravilha e ao final, tive uma surpresa extra.


Cerca de cinquenta argentinos, rapazes e moças, que moravam no em São Paulo, apareceram quando já desmontávamos o equipamento. Então eles esqueceram-se de minha presença e passaram a falar muito rápido entre eles, para quebrar toda a minha ilusão de que o "portunhol" seria um caminho para entender o idioma castellaño...

E um dos amigos deles, tocava baixo. Emprestei o meu instrumento para ele tocar com seus compatriotas, mas ao final, ele estava bastante embriagado e saliente, quis provocar-me acintosamente.
Perguntou-me se eu tocava violão, e eu lhe disse que não, pois o meu desenvolvimento era mínimo nesse instrumento.

Continua...

domingo, 16 de junho de 2013

Dom : Presente ou Conquista ? - Por Telma Jábali Barretto

Visto, normalmente, como uma habilidade natural, o dom, se olhado de perspectiva mais ampla, merece reflexão... e uma boa reflexão !
Como não começar o questionamento saindo da ideia que, sendo um presente, um prêmio ou oportunidade ?!... seria o merecedor escolhido de que maneira ? Aleatória, pura e simplesmente?
Um acaso da roleta-russa da vida ? A roda-da-fortuna que no seu sobe/desce, em seu momento de inércia, perdendo a força do movimento, de maneira mansa e suave definiria quem vai receber tal ganho,  ganho esse que, muitas vezes, é um peso, responsabilidade ou via única que define também um caminhar, um modus vivendi sem direito ao livre arbítrio tão almejado e nem sempre valorizado.
Saindo também da premissa que somos "fraternos", irmãos, oriundos de uma só e mesma fonte, natureza, seria justo ?!...
Privilegiar alguém, momentânea ou eternamente, com uma especial habilidade que nos roubaria a condição ‘fraterna’? Ou seria uma espécie de filho pródigo que chega com antecipação ? Muitas outras análises poderiam surgir dessa premissa do prêmio. Provavelmente, nadando contra a correnteza, preferimos a perspectiva do que chamamos "dom" seja o resultado de um longo e conquistado aprimoramento.
Aquilo que só a repetição, exercício bem direcionado propiciam. Denominamos, hoje, conquistar excelência, doutorado, aquele que se esmera em determinado e escolhido assunto, e, nesse caso, nem sempre ou quase nunca, em questões nas quais o laboratório é o próprio doutorando, considerando que chamamos dom, esse, sim, quase sempre  a alguma habilidade absolutamente pessoal, seja ela com o corpo, mente ou outras quaisquer subjetividades que tal "agraciado" demonstra ter. E, como não admitir, estando no campo da subjetividade, quão mais difícil mensurar, comparar, qualificar... Todos temos um dom (somos únicos, não ?!...).
Alguns, já em exercício, outros florescendo e, ainda,  muitos outros por vir a ser, e, no intuito de trazer para luz tal habilidade, olhamos demais em volta e para fora... Acreditamos que é olhando para dentro, nós mesmos poderemos fazê-lo desabrochar...
Num processo de, querendo ser parte, como iguais e fraternos, com-partilhamos. Querendo ser único, como especiais e diferenciados, aqui sim !...contribuindo!!!
Telma Jábali Barretto é colunista fixa do Blog Luiz Domingues 2. Engenheira Civil, é também uma experiente astróloga, consultora para harmonização de ambientes e instrutora de Suddha Raja Yoga. Aqui nesta matéria, deixa clara a diferença entre uma crença paradigmática em torno de um oferecimento extraordinário e aleatório, e uma conquista, por mérito.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dia dos Namorados - Por Marcelino Rodriguez


De alguns anos pra cá, esse dia que foi


instituido dia dos namorados tem feito-me

surpresas estranhas.


Num ano, alguém decidiu terminar o

namoro nesse dia, numa ironia macabra. 


Mas hoje foi tudo diferente... 


Fui conhecer alguém, combinado assim de

última hora.


Ambos talvez fugindo de

passar só, a data aonde convencionalmente uns passam 

trocando beijos e carícias. 


Se há uma coisa misteriosa é quando

encontramos alguém.


Digo: quando encontramos alguém que

parece que faz sentido.

 
Ainda mais quando esse alguém porta

fatais olhos e cabelos negros contrastando

com a pele alva. 


Acredito que tremi nas bases; eu que já

ando ferido e, pensei, insensível. 



Mais do que bonita, é uma mulher... 



Como explicar? 


 
Tive que domar meus impulsos de várias

ordens. 


Quando tocou- me com as mãos, parte de

mim se encolheu de medo.


Sinal de alarme.


Parecia por horas que nela estava

concentrado

tudo que de mais bonito ainda consigo

sentir.

 
Sim, eu conheci muita gente depois que

fiquei só. 


Mas esse encontro ensinou-me a diferença

entre sentir e conquistar. 


É difícil conquistar alguém quando se é

tocado. 


As armas ficam depostas.

 
Eu falava para que meu silêncio não

traísse-me. 


O fundo silêncio comovido de alguém que

viu a imagem de alguém que julgara

impossível existir. 


E que, entanto, conquistou minha rendição

sem qualquer combate. 


E todas essas flores agora só pedem que

ela as trate bem, para se tornar dona do

jardim.


12/06/2002

 


Marcelino Rodriguez é colunista sazonal do

Blog Luiz Domingues 2. 


Escritor de vasta e consagrada obra, 

aqui nos apresenta uma crônica onde a 

reflexão é sobre a relação entre os 

casais de namorados.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Jam-Session com Jamaica Band) - Capítulo 45 - Por Luiz Domingues

O Terra no Asfalto havia fechado as suas portas, em maio de 1982, todavia, ainda houve uma última tentativa de reformulação. Em princípio, eu (Luiz Domingues); Paulo Eugênio, e Gereba, tentamos de uma maneira bem insípida, continuar, e assim, com a missão de arrumarmos um novo baterista e mais um guitarrista, tentarmos remontar a banda. Através da Dona Sabine, uma senhora de origem, judaico-francesa, que era proprietária do Café Teatro Deixa Falar, fomos apresentados ao noivo de sua filha, um guitarrista chamado : Rubens Gióia. O Paulo Eugênio saiu do projeto dessa remontagem, logo a seguir, e após duas ou três reuniões de repertório com o Gereba, este também desistiu. Foi então que eu e o Rubens decidimos deixar para lá o projeto de uma banda cover e fundamos, A Chave do Sol, com o objetivo em fazer música autoral e batalhar por uma carreira. Mas nesse ínterim, enquanto A Chave do Sol fazia seus primeiros movimentos (ainda nem tínhamos chamado o músico, Edmundo, para ser nosso possível baterista e ele não o foi, de fato), a Dona Sabine formulou-me uma oferta : convidou-me a tocar com dois músicos argentinos, em uma noitada de sábado, e a oferecer-nos a bilheteria integral da noite, para dividir com los hermanos.

Eu questionei quem eram, o que tocaríamos e se haveria ensaios, mas ela disse que não sabia de nada. À medida que a data  aproximava-se, caí na realidade de que não haveria ensaios, e seria uma Jam-session, e não adiantava preocupar-me. A precisar ganhar um dinheiro urgente, não pude recusar a oferta, e assim, no dia 9 de julho de 1982, toquei com a "Jamaica Band", um duo formado pelos argentinos, Rudy (não recordo-me de seu sobrenome), e Nacho Smilari. Os hermanos chegaram ao Deixa Falar, bem falantes, e a mostrar-se simpáticos, pois logo disseram-me que faríamos vários temas, em torno do Rock; Blues; Funk; Reggae etc.
E só fui descobrir que o Nacho tinha fama, sob uma carreira bem significativa na história do Rock argentino setentista, bem depois...

Muito bem, montamos o equipamento, e começamos a tocar. Ambos tocavam bem e de improviso em improviso, fomos a conduzir a noite, sem grandes sustos ou constrangimentos, mesmo por que havia poucas pessoas a assistir-nos, e em sua maioria, formada por casais de namorados interessados em outro tipo de emoções, que não a nossa música feita por improviso... então, o baterista, Rudy, perguntou-me se eu tocava um pouco de bateria...


Continua...