segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 90 - Por Luiz Domingues

Passada essa boa etapa do show/happening, montamos um projeto desse mesmo espetáculo, organizado com o intuito de tentar vendê-lo em outros espaços. Mas sem um empresário, agente ou contato, mínimo que fosse, ficara muito difícil viabilizá-lo para valer. 

Concomitantemente, a grande onda com a qual surfamos, da metade de 2006 até o fim de setembro, quebrara-se na praia. 

Quando estávamos a viver o momento, mesmo já sendo bastante experientes, claro que mesmo a percebermos, não o admitíamos, pois no calor dos acontecimentos, não se pode esmorecer, a grosso modo. 

Mas foi um fato inexorável e como consequência direta, ficamos sem perspectivas de imediato em termos de shows e não houve muito mais o que fazer sobre a divulgação do primeiro álbum, a não ser esbarrar nas portas impossíveis de abrirem-se para artistas independentes do underground.

Só restara-nos portanto, mergulhar de cabeça no processo de composição de novas músicas e começarmos a pensar no segundo álbum. 

Uma tentativa de agendar apresentações em um circuito alternativo, redundou em frustração, pois apresentarmo-nos em casas que não tinham absolutamente nenhuma ambientação para a nossa proposta artística, não fazia sentido. 

Tocamos no Manifesto Bar, um reduto de apreciadores de Hard-Rock e Heavy-Metal oitentistas, predominantemente, e assim, o sentido de tocar-se em uma casa fechada para um nicho tão específico e fora dos nossos padrões, realmente pouco ou nada acrescentaria à nossa escalada. 

Não sei se posso considerar bom ou mau, o fato de que pouca gente compareceu ao evento, nessas circunstâncias. Dividimos a noite com uma banda Pop-Rock, chamada: "Arsenico", cujo baixista era um ex-membro do Big Balls (Pedro Crispi), banda que o Xando Zupo teve nos anos noventa. 

De fato, tocar no Manifesto Bar não acrescentou-nos nada, e ficamos com a sensação de um ensaio aberto, tão somente. Foi no dia 1° de março de 2007, com um fraco público a demarcar a presença de apenas vinte pessoas presentes. 

Em minha opinião, esse show foi um reflexo da "onda quebrada no mar", que eu mencionei anteriormente. Definitivamente, foi a hora para promovermos mudanças na estratégia e talvez o melhor naquele instante, fosse um mergulho nas novas músicas. E foi o que fizemos!

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Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 89 - Por Luiz Domingues

 
O nosso show estava pronto para começar e o sentimento no Centro Cultural São Paulo foi de que o terreno estava sedimentado para que fosse um sucesso. Com tudo o que já havia acontecido nessa multiplicidade toda do happening, o público estava para lá de contente e a vontade. 

Portanto, salvo algum desastre e algo muito improvável, sentíamos que daria tudo certo, mesmo antes de subirmos ao palco, pela atmosfera criada previamente. 

E de fato, foi assim que transcorreu, ao menos aos olhos do público, pois de nossa parte, a monitoração estava bem esquisita, muito diferente da que havíamos acertado no soundcheck. Como pode acontecer algo assim? 

No tempo dos equipamentos analógicos, os técnicos anotavam todas as marcações feitas, com o uso de muita fita crepe e canetinha ao estilo do "pincel mágico". E em plena Era digital, isso tornou-se ainda mais fácil, ao bastar copiar todo o ajuste, e assim criar um "preset" automático.

Contudo, o fato foi que durante o nosso show, nós tivemos dificuldades de monitoração, embora soubéssemos claramente que na percepção do público, estava a ser um ótimo show. 

No meio da canção: "Jefferson Messias", o Diogo Oliveira fez uma intervenção performática espetacular, que havíamos combinado previamente.

Bem na hora mais aguda da música, onde imprimimos uma performance psicodélica absolutamente experimental, ele pintou uma tela em poucos segundos, a arrancar aplausos da plateia. 

Duas das atrizes do "Comédia de Gaveta", seguraram uma tela e ele fez traços rápidos, bem no meio do palco, e foi mesmo espetacular.

Ao final do nosso show, voltamos para um "Bis" e músicos do Parabelum, mais os atores da trupe de teatro e o Diogo, participaram.
Tocamos a canção: "O Galo Já Cantou" e uma verdadeira festa instaurou-se no palco, com muita gente a dançar, inclusive a filha do Ivan, nosso baterista, a pequena Melissa Scartezini que dançou junto às atrizes, ao demonstrar desinibição e pela idade que ela tinha à época (seis anos de idade), deve ter divertido-se muito com a bagunça.
No camarim, o sentimento de que a ideia lograra êxito, ficou clara. O público adorou esse espetáculo múltiplo. Tudo isso aconteceu no dia 3 de fevereiro de 2007, com duzentas e vinte pessoas a passarem pela bilheteria do CCSP.
Abaixo, veja/ouça: "O Galo Já Cantou", proveniente desse show-happenning que eu descrevi nos parágrafos anteriores.

Centro Cultural São Paulo - 3 de fevereiro de 2007
Eis o Link para assistir no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=wcM7NeqUFzk

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Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 88 - Por Luiz Domingues


O show do Parabelum foi muito agradável. Eu pude assistir alguns trechos da coxia, mas não inteiro, pois seríamos os próximos e estávamos naquele momento, ocupados com os nossos preparativos, naturalmente.

Baterista, percussionista e cantor, Caio Inácio em ação com o Parabelum. Foto: Grace Lagôa

Mas pelo pouco que eu vi e sobretudo a observar a reação do público, o show esteve a agradar em cheio, apesar de ser uma estreia, literal e haver uma grande quantidade de canções absolutamente inéditas, com exceção de algum material do Cézar, tanto d'O Terço, quanto de sua carreira solo, que naturalmente promoveu reações muito mais acaloradas da plateia, pelo fator do reconhecimento.

Pelo fato do Marcião Gonçalves ser versátil, e o Cezar de Mercês, também, eles revezavam-se entre o baixo e a guitarra, com ambos a tocarem bem os dois instrumentos. Foto: Grace Lagôa
"Comédia de Gaveta" em ação na segunda sketch, enquanto o Pedra ajustava-se (dá para ver o Ivan Scartezini a arrumar as peças da sua bateria, ao mexer especificamente no ajuste do seu surdo). Da esquerda para a direita: Lu Vitalliano (em pé), Ana Paula Dias, Lucia Capuchinque e o ator à direita, infelizmente que eu não guardei seu nome. Foto: Grace Lagôa

Findo o show do Parabelum, os atores e atrizes da trupe "Comédia de Gaveta" voltaram ao palco, ai invadi-lo performaticamente, enquanto os componentes do Parabelum ainda despediam-se do público.
Desta feita, a sketch não teve o peso de uma evocação à Grécia antiga, mas tratou-se de uma situação de comédia contemporânea. A novidade de última hora, foi a inclusão do Marcião Gonçalves como participante.
Marcião Gonçalves a atuar na sketche do Comédia de Gaveta. Foto: Grace Lagôa

Não foi tão repentino assim, pois o convite para ele participar já houvera surgido nos bastidores. O Marcião não é um ator propriamente dito, com técnica e estudo, mas por ter uma personalidade forte, ser extremamente desinibido e muito espirituoso, reunia condições de atuar com atores profissionais, desde que devidamente amparado por eles e por ser criativo, fator comum para ele, não teria nenhuma inibição. E não deu outra, a sua atuação na base do improviso e a se portar como muito despachado em uma interpretação a la realismo, o fato foi que ele arrancou gargalhadas da plateia...

O tema da sketch foi simples: um grupo de amigos reúne-se na casa de um deles e conversam sobre música. Todos gostam de colecionar vinis antigos, e em um dado instante, uma personagem senta-se acidentalmente sobre um vinil pirata e muito raro dos Beatles e uma confusão generalizada instaura-se, quase ao se chegar ao "pastelão" desenfreado. 

Texto muito simples, claro, e mais a se parecer com uma sketch de programa popular de humor da TV, mas o tempo que dispunham era mínimo, e essa sketch fora programada para ser curta, propositalmente, para cobrir a lacuna entre os shows do Parabelum e Pedra, e devidos ajustes no "set up" do Pedra, que entraria em cena a seguir. 

Funcionou, apesar de curta e simples, pois o público divertiu-se muito com a trapalhada proposta, e dessa forma, nem percebeu o frenesi dos roadies para se efetuar a troca de bandas. E o Marcião Gonçalves brilhou mais uma vez, como comediante nato que o é...

Hora do Pedra pisar no palco do Centro Cultural São Paulo... Ivan Scartezini alegre pela última dose de vinho antes de ir para o show, Luiz Domingues sentado e Xando Zupo apoiado na bancada do camarim. Foto: Grace Lagôa


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Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 87 - Por Luiz Domingues

Eu, Luiz Domingues, no soundcheck, a timbrar o baixo Fender Precision no palco do CCSP. Foto: Grace Lagôa

Foi sem dúvida o show que fizéramos até então, mais agitado nos bastidores, a se descontar o Festival em que abrimos o Uriah Heep, em 2006. 

O frenesi provocado por atores, músicos e pessoas a ajudarem na produção, foi intenso. Essa movimentação por si só, já foi bastante estimulante para todos e certamente que tal vibração foi primordial para o sucesso do espetáculo.

Um pouco antes do nosso show e eu já "paramentado". Da esquerda para a direita, em pé: Ivan Scartezini, Diogo Oliveira, Daniel "Kid", Roby Pontes (baterista superb e futuro membro do "Golpe de Estado"). Sentados: Thomas Lagôa, Luiz Domingues, Xando Zupo e Rodrigo Hid. Foto: Grace Lagôa

Como já disse, houveram intervenções improvisadas dos atores, a abordarem as pessoas na fila da bilheteria, e dessa forma já a causarem um pequeno frisson prévio.

Lu Vitaliano em ação no palco e a interagirem no mezanino acima, as outras atrizes, Lucia Capuchinque (esquerda), e Ana Paula Dias (direita). Foto: Grace Lagôa

O show começou, enfim e a primeira sketch do grupo teatral "Comédia de Gaveta", iniciou-se. O mote da sketch, foi uma menção à comédia grega clássica, mas adaptada livremente de forma a aludir ao show de Rock que Parabelum e Pedra fariam a seguir. 

Os atores usaram maquiagem pesada e indumentária muito chamativa, mesmo com poucos recursos financeiros, pois usaram de muita criatividade para tal.

O texto, que pareceu um pouco rebuscado no início, amenizara-se na metade e final da sketch e apesar da performance ter sido um pouco prejudicada pela falta de bom senso do público, eis que arrancou muitos aplausos ao seu término e criou assim uma atmosfera muito favorável para o Parabelum entrar em cena e fazer o seu show. 

De que forma foram prejudicadas as atrizes? Ao contrário da reação típica de um público teatral acostumado a observar tal dinâmica durante tal tipo espetáculo, o público de um show musical não mantinha essa predisposição natural de guardar o silêncio e a discrição, em suma.

Com o Parabelum já a postos para iniciar o seu show, as atrizes encerraram a sua sketch. Da esquerda para direita: Ana Paula Dias, Caio Ignácio à bateria, Lu Vitalliano, Lucia Capuchinque e Cezar de Mercês no canto direito, a segurarem mãos um baixo híbrido entre o acústico e o elétrico. Foto: Grace Lagôa
 
Sendo assim, a trupe teatral teve que esforçar-se para interpretar o texto, em meio ao falatório sem noção das pessoas na plateia. Além do fato de que no início do show, foi inevitável o entra-e-sai de pessoas no auditório, a provocar-se um déficit de atenção para quem já estava ali bem instalado e a fim de aproveitar o show. 

Então, desacostumados com essa novidade que estávamos a imprimir, o público atrapalhou um pouco o desempenho das atrizes, mas não foi nada que fosse tão desastroso. Tanto foi assim, que ao final, os aplausos foram acalorados, a deixá-las gratificados.

Houve uma segunda intervenção da trupe, entre os shows do Parabelum e do Pedra.  

Paralelamente, nesse início, o artista plástico Diogo Oliveira já estava em ação. Em um primeiro momento, ele estava colocado em um canto do palco, com pouca iluminação, propositalmente, para não desviar a atenção da sketch teatral. 

Mas paulatinamente a iluminação o colocou em um destaque e dessa forma, a sua atuação a pintar telas ao vivo, foi elogiadíssima. 

Uma primeira e espontânea reação muito positiva em relação à performance dele, foi da parte de muitas crianças que estavam presentes no auditório. Assim que começou o espetáculo teatral, muitas preferiram não prestar atenção na performance dos atores e ao saíram dos seus assentos para sentaram-se ao redor do Diogo, e vê-lo a pintar de perto.

       Diogo Oliveira em ação, a pintar as suas telas ao vivo

Vi essa cena, sentado na plateia, pois nesse momento, havia deslocado-me no escuro para assistir o início do espetáculo. Aliás, eu e todos os demais membros do Pedra.

E foi muito gratificante ver a performance de ambos, o Comédia de Gaveta e Diogo Oliveira. Quando as atrizes deram a deixa do final de sua sketch, esse mote evocava diretamente o Parabelum, ao dar uma ideia de espetáculo alinhavado. Essa foi uma bela solução, pois deu sentido ao happening que propúnhamos. As atrizes mal saíram de cena, e o Parabelum já tocava os seus primeiros acordes!

Cezar de Mercês ao vivo, a executar o seu baixo híbrido, mezzo elétrico/mezzo acústico. Foto: Grace Lagôa

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Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 86 - Por Luiz Domingues

Foi o dia 3 de fevereiro de 2007, e o espetáculo começou na verdade, na fila da bilheteria, pois os atores da trupe: "Comédia de Gaveta", improvisaram performances, a chamarem a atenção das pessoas que compravam ingressos.
Da esquerda para a direita, Luiz Domingues a gesticular alguma observação de última hora, provavelmente sobre troca de lâmpadas, pelo visto. O jornalista Thomas Lagôa (ao fundo) e Rodrigo Hid e Xando Zupo, irmanados. Foto: Grace Lagôa

Enquanto isso, os preparativos finais foram feitos no palco e nos camarins.
                 Soundcheck do Parabelum. Foto: Grace Lagôa

Pela magnitude que o espetáculo ganhou, ainda bem que estávamos no Centro Cultural, pois todos os camarins se mostraram ocupados e o CCSP contém vários, disponíveis.
As atrizes Lu Vitaliano (a usar peruca cor de rosa) e Lucia Capuchinque (peruca platinada), no camarim, com o seu assistente de produção ao fundo. Foto: Grace Lagôa

Isso por que a trupe de Teatro ocupou três camarins, com uma das salas a ser usada como sala de maquiagem. Mesmo que tenham tido uma participação menor em termos de tempo em cena, o pessoal da trupe veio com profissionalismo, a trazer muitas opções de figurino, objetos de cena e dois maquiadores, para caracterizar os atores e atrizes.
                   Soundcheck do Pedra. Foto: Grace Lagôa

Lembro-me que foram seis atores e dois maquiadores da equipe.
Backline do Pedra no palco e Diogo Oliveira no mezanino, a ajustar a sua instalação cenográfica. Foto de Grace Lagôa  
Bastidor descontraído no soundcheck. Da esquerda para a direita: Xando Zupo (de costas), Diogo Oliveira (camiseta branca) e o guitarrista Superb, Carlinhos "Jimi", que estava ali só para assistir e acompanhar a sua namorada na época, a atriz Ana Paula Dias, que participaria do espetáculo, a atuar com o grupo teatral "Comédia de Gaveta". Foto: Grace Lagôa

Da parte do artista plástico Diogo Oliveira, estava tudo certo, também. Além de trazer o cavalete e seus arsenal de telas; tintas, e pincéis, o genial Diogo também montou uma instalação belíssima, que serviu como cenário geral do espetáculo. Era simples, mas muito louca, bem no astral "sixties" de um happening, mesmo não sendo uma bandeira desfraldada por ninguém ali, principalmente o Pedra.

Super friends em ação! Descontração no camarim, com Luiz Domingues, Xando Zupo, Marcião Gonçalves e Cezar de Mercês. Foto: Grace Lagôa

E da parte do Parabelum, a banda acertou o seu soundcheck na ordem inversa de apresentação, já a ficar com o seu set up pronto para iniciar o espetáculo. 

A nossa produção informou-nos que o público que fazia fila na bilheteria era de um montante significativo e diante dessa perspectiva, ficamos animados com o andamento dessa produção, a delinear um ótimo espetáculo em vista.

O nosso roadie, Samuel Wagner, a preparando os incensos, um bom hábito trazido dos nossos tempos (eu, Luiz e Rodrigo), com a Patrulha do Espaço e que persistiu no Pedra por algum tempo...

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Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 85 - Por Luiz Domingues

Fizemos uma divulgação rápida, ao lutarmos contra o relógio de um show marcado às pressas, mas animados pela possibilidade de um espetáculo diferente, que certamente impressionaria o público. 

Não foi uma grande sacada inovadora ao meu ver, pois remetera aos happenings sessentistas, mas essa realidade estava tão distante de nós, que ficou óbvio que surpreenderia a esmagadora maioria do público.

O "Parabelum" faria o seu show de estreia. Tratou-se de um trio com a proposta de fazer um som aberto, a passear pelo Rock vintage, MPB, World Music, Folk, e até pela música étnica. A grande estrela, claro, foi o Cezar de Mercês, pela estrada percorrida no Rock e MPB etc. Mas os outros elementos, eram músicos de grande qualidade e versatilidade. 

O guitarrista/baixista Marcião Gonçalves, é um raro exemplo de multi-instrumentista que executa com maestria mais de um instrumento, além de cantar e compor bem. E o percussionista/baterista e cantor, Caio Ignácio, dominava a linguagem da percussão, como poucos, além de ser compositor, também.

A ideia foi fazer um show curto, pois tal banda nem possuía um grande repertório ainda em mãos, e claro, executariam músicas d'O Terço e da carreira solo do Cezar, o que aliás era esperado pelo público, pois sabíamos que a presença do Cezar, atrairia um público d'O Terço, visto que há muito tempo ele não apresentava um show ao vivo, sendo que nos últimos tempos, dedicava-se a tocar na noite, em combos jazzisticos e instrumentais. 
 
Portanto, ficamos contentes pela inclusão do "Parabelum", que abrilhantaria a noite, certamente.  

Já o grupo de Teatro "Comédia de Gaveta", havia preparado duas sketchs curtas como participação para o evento. 

Abririam o espetáculo, com uma criação coletiva deles, a se evocar o teatro grego clássico e gerar uma ligação com os tempos atuais e o show de Rock, enquanto uma instituição. 

E no meio, entre uma banda e outra, prepararam uma sketch mais contemporânea, em que o humor foi a tônica e uma confusão seria criada pela quebra de um LP raro dos Beatles, acidentalmente, a causar discórdia entre as personagens. 

Da parte do artista plástico, Diogo Oliveira, estávamos ansiosos pela sua participação, justamente por sermos sabedores de sua genialidade. Tínhamos certeza de que ele seria um estouro no espetáculo, pela sua incrível criatividade, e pelo fato de ser um grande músico igualmente, além de estar conectado com a vibração sessentista como um ideal, a sua interação com a música, seria total, portanto. E chegou o dia do espetáculo!

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Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 84 - Por Luiz Domingues

Recebemos o telefonema de um funcionário do Centro Cultural São Paulo, a convidar-nos a ocupar a data de um artista que repentinamente havia desistido dela. 

Foi bastante em cima da hora, mas aceitamos assim mesmo e de uma forma arrojada, resolvemos colocar em prática a ideia de fazermos algo além do tradicional show, apesar de ser paradoxalmente ainda mais difícil produzir algo mais sofisticado, com pouco tempo para tal. 

Convidamos então uma nova banda recém-formada, mas por músicos experientes e talentosos, que gravitavam na nossa órbita, costumeiramente.

                      O grande, Cezar de Mercês, d'O Terço" 

Tal banda fora formada por: Marcião Gonçalves (guitarra/baixo e voz), Caio Ignácio (bateria/percussão e voz), e Cezar das Mercês (baixo/guitarra e voz). 

Essa nova banda que formara-se, recebeu o nome de "Parabelum", nome que designava uma gíria antiga para identificar a pistola "Luger", muito usada por oficiais nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial.

O outro convidado, foi um grupo de Teatro, chamado: "Comédia de Gaveta", com a proposta de encenar duas sketches, uma no início do espetáculo, e a outra, entre as apresentações do Parabelum e do Pedra, a aproveitar a troca de set up das bandas. 

E a quarta atração, seria intermitente, com a presença ao vivo do artista plástico, Diogo Oliveira, que pintaria diversas telas, sob um ritmo frenético, para deixar o público sem saber para onde olhar, literalmente.

Todo o conceito, evocara os "happenings" dos anos sessenta, e como há décadas tal concepção estava obscurecida, principalmente aqui no Brasil, teve em tese, tudo para surpreender o público. 

Mesmo ao parecer muita ação para um curto espaço de duração, de apenas uma hora e meia, nós realizamos uma reunião com todos os artistas envolvidos e ficou claro para todos, a necessidade de haver um rigoroso controle de tempo da parte de todos.

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