A reação calorosa de uma plateia que teria tudo para hostilizar-nos, aliada às adversidades tremendas que enfrentamos mediante o som caótico de monitoração (fora a hostilidade e desdém absoluto dos técnicos terceirizados), deu-nos a certeza de que apesar de tudo, houvera valido a pena.
Recompostos, fomos à coxia para ver o show do Uriah Heep. Mesmo a ficarmos em uma posição estratégica para não atrapalhar o movimento dos roadies dos músicos britânicos, deu para ver grande parte do show. O clima no entanto estava muito tenso entre os membros dessa veterana banda.
Muitíssimo menos acostumados ou melhor, não acostumados a lidar com monitorações caóticas do que qualquer artista brasileiro, o Uriah Heep sofreu muito naquele palco!
O vocalista, Bernie Shawn, chegou a mexer
diversas vezes na mesa do palco, para tentar corrigir o caos sonoro que
atormentava-os. Toda deixa que que ele teve para sair do palco foi usada para
tentar amenizar o desastre sonoro que os acometera.
Vimos o baterista, Lee Kerslake, a levantar-se diversas vezes da bateria e esbravejar com o técnico brasileiro. Fora os roadies que davam recados aos montes, a cobrar soluções para o Rodrigo Werneck, o tradutor da banda, poder colocar para o atônito e perdido técnico do monitor. Convenhamos, tentar corrigir defeitos de equalização em um show ao vivo, corresponde a substituir um piloto de avião, em pleno voo.
Isso só valorizou a nossa proeza de tocarmos naquele caos sonoro, sem errar, sem cruzar, e sem desafinar vocais. Só conseguimos tocar por estarmos muito bem ensaiados e acostumados com a adversidade absoluta para conseguir tocar nessas condições. No caso do Uriah Heep, o mérito deles foi estarem bem ensaiados, igualmente por que não estavam acostumados com essa insalubridade.
No nosso caso, o fato de ao contrário, raramente termos boas condições, fez de nós resilientes por excelência na carreira como um todo. No
mais, eu tive o prazer de ficar bem perto da caixa Leslie do órgão Hammond
e apreciar o seu efeito mágico e de sabor sessenta-setentista.
O Emmanuel filmou alguns segundos do Uriah Heep no camarim, nos momentos que antecederam a sua entrada inicial no palco. Discretamente, por que a vigilância da casa não permitia etc.
Os britânicos entraram a cantar alguma canção folk britânica e foi engraçado, mas só entre eles, como brincadeira interna, sem que fizesse parte do show. Pareciam os "sete anões da Branca de Neve", a cantar na mina onde trabalhavam.
Através do Rodrigo Werneck,
soubemos que o roadie do Mick Box elogiara-nos muito. Ele gostou da
categoria da banda e sobretudo a lhe chamar a atenção a versatilidade do Rodrigo, ao cantar, pilotar teclados, tocar guitarra e tudo muito bem.
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