quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 65 - Por Luiz Domingues

A coletiva surpreendeu-me, pois o Uriah Heep sempre foi uma banda subestimada, desde o seu auge, e nesses termos, o que dizer então naquele momento de 2006, com aqueles senhores obesos e com os cabelos pintados para disfarçar o aspecto grisalho, quiçá a ostentarem os cabelos brancos por inteiro?

Tirante as figuras óbvias do jornalismo especializado, haviam muitos jornalistas a representarem órgãos mainstream e certamente que eu impressionei-me com a ação da assessoria de imprensa do festival, quando vislumbrei matérias em diversos jornais, com o foco no Uriah Heep, naturalmente, mas certamente com o Pedra a ser citado.

A despeito de algumas perguntas tolas de um ou outro desavisado e/ou deslocado jornalista que vive de "hypes do mundo indie" (-"o que vocês acham do Artic Monkeys?"), o nível das perguntas foi bom, e eu apreciei as respostas.

Uma questão em especial, impressionou-me. Um jornalista (acho que era do "Diário de São Paulo"), perguntou em geral, aos cinco componentes, qual seria a motivação para manter a banda viva com quase quarenta anos de carreira.
O baterista, Lee Kerslake, tomou a dianteira e respondeu que se havia público interessado em comprar discos e ingressos para shows, não fazia nenhum sentido desmanchar a banda para que os seus componentes ficassem em suas respectivas casas, a assistir o futebol na TV. Certamente foi uma resposta singela, sincera, e muito plausível.
E também gostei da pergunta formulada pelo jornalista, Bento Araújo, meu amigo e editor da Revista Poeira Zine, que ao fugir das perguntas óbvias, dirigiu-se ao baixista, Trevor Bolder e pediu-lhe as suas impressões sobre o tempo em que fora membro da super banda: "Spiders from Mars", a banda de apoio do David Bowie, no auge de sua carreira, na fase Glitter da década de setenta.

Ele, Trevor, no entanto ficou um tanto quanto constrangido e respondeu laconicamente que esse trabalho houvera sido realizado no início dos anos setenta, e que portanto fora ótimo, mas não tinha muito o que dizer naquele momento. 

Sem dúvida que a pergunta colocou-o em uma espécie de constrangimento, por estar ali para falar do seu trabalho com o Uriah Heep. De certa forma eu o entendi, pois como no meu caso também tive várias bandas ao longo da minha carreira, também acho deselegante ter que responder sobre trabalhos antigos, quando a pauta é sobre o trabalho atual. 

ao ir além, recordo-me de uma entrevista ocorrida na emissora 89 FM, da qual eu participei a representar o "Pitbulls on Crack" e o excelente baixista, Lee Marcucci estava presente para falar do "Neanderthal", sua banda na ocasião. Em dado momento ele irritou-se, por que a repórter só fazia-lhe perguntas sobre a sua atuação como membro do grupo: Rita Lee & Tutti-Frutti, e ele teve que ser incisivo, ao dizer-lhe que estava ali para falar do "Neanderthal".

De volta à coletiva do Uriah Heep, assim que entramos no recinto, eu percebi que vários convidados fotografavam e filmavam a vontade. 
Frame da filmagem feito na coletiva de imprensa, quando o Uriah Heep tocou ao vivo, rapidamente, para os jornalistas presentes.

Dessa forma, eu disse ao meu primo, Emmanuel para que ele fosse ao meu carro, no estacionamento, e apanhasse a câmera que havíamos desistido de levar, ao julgarmos que seríamos impedidos de fazer isso.

De volta ao salão, rapidamente, ele filmou a partir do momento do cocktail, pós-coletiva, e essa filmagem com cerca de trinta minutos contém várias cenas interessantes. 

Dá para ver todos os membros do Uriah Heep, que muito simpáticos, distribuíam autógrafos enquanto comiam em uma mesa. Há um pedaço do show do "Whomp", a executar a canção: "Footstopin' Music" do Grand Funk, e se avistar diversas pessoas conhecidas, entre músicos, jornalistas, produtores etc.


Eu e o Ivan, mais os roadies, Daniel Kid e Samuel Wagner, que aliás foi filmado a solicitar autógrafo do baterista, Lee Kerslake. 

Dá para ver o jornalista, Bento Araújo a conversar com o guitarrista, Mick Box, também. Além do próprio, Emmanuel com a câmera na em uma mão, a usar a outra para apanharr um autógrafo do baixista, Trevor Bolder. 

Há também uma participação do Uriah Heep, a tocar com os instrumentos e equipamento do Whomp. Eles tocaram o seu mega sucesso, "Easy Livin'", a provocar um frenesi no salão. 

No entanto, eles também sofreram muito com a completa desorganização sonora da monitoração. O vocalista, Bernie Shaw, chegou a brincar com o fato de estarem em meio a um caos de microfonias (isso ficou nítido para todos que vimos de fora do palco), mas eles tocaram assim mesmo. 

 

Eu fui flagrado a conversar com o baterista, Ademir Urbina, ex-Língua de Trapo e ex-Áries, em um recanto mais distante do palco. 

E depois que o Uriah Heep tocou, eu percebi que estavam a movimentarem-se para deixar o recinto, e foi quando pedi ao Emmanuel que filmasse a partida deles. Aproveitamos e fomos a nos evadirmos também em direção aos elevadores. Dessa forma, fomos filmados em meio aos membros do Uriah Heep enquanto todos, incluso nós, aguardávamos o elevador, além de seus dois roadies, e da sua técnica de PA


A filmagem do Uriah Heep a tocar a canção, Easy Livin' foi editada e postada no YouTube, no mesmo dia. E as imagens do cocktail foram aproveitadas parcialmente em montagens de promos do Pedra, posteriores. 

Mesmo assim, na imagem posterior à jam, e que está no YouTube, eu e Samuel Wagner aparecemos a caminharmos entre os componentes do Uriah Heep em direção ao elevador do saguão, no final do vídeo.

Mas a qualquer momento, as imagens não aproveitadas ou mesmo a íntegra dessa filmagem poderá vir a tona. Tudo isso ocorreu no dia 26 de setembro de 2006. A seguir, eu falarei sobre o dia do show, com muitos detalhes.

Eis abaixo o vídeo da Jam do Uriah Heep e dos seus bastidores, na coletiva de imprensa.
Eis abaixo, o link para assistir a aparição improvisada do Uriah Heep e eu, Luiz a caminhar com os componentes da banda britânica, no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Ub5uFdiI1n4  

Continua...

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