domingo, 29 de dezembro de 2024

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 149 - Por Luiz Domingues

Dada a circunstância do conflito de agendas de nossos convidados, os cantores, Cacá Lima e Renata "Tata" Martinelli, demorou um pouco para marcarmos a sessão definitiva de gravação de backing vocals das quatro músicas que estávamos a gravar desde março. E exatamente por sabermos dessa dificuldade de se poder agendar, foi que deixamos acumular essa tarefa final para que pudéssemos efetuar a sua conclusão de uma vez só, quando finalmente pudemos reunir o Laert Sarrumor, os cantores convidados e a coincidir com a disponibilidade do estúdio, evidentemente, dentro dessa logística complicada.

No entanto, nesse ínterim ocorrido em relação à última sessão de 29 de julho, até se agendar a próxima e definitiva para o dia 12 de setembro, nós já sabíamos que teríamos dois shows para preparar e assim, ensaios foram marcados para que nos colocássemos em condições de realizar boas apresentações ao vivo.

Na primeira foto, o registro pós-ensaio de 18 de agosto de 2024. Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado, Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Mara. Foto 2: Registro do ensaio de 25 de agosto de 2024. Da esquerda para a direita: eu (Luiz Domingues), Osvaldo Vicino, Wilton Rentero e Carlinhos Machado. Acervo e cortesia: Wilton Rentero: Click: Mara. Foto 3: Ensaio do dia 1º de setembro. Carlinhos Machado comanda a "selfie" e atrás, vê-se as presenças de: Osvaldo Vicino, Laert Sarrumor e sua filha, Lígia Falci, Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues). Click (selfie), acervo e cortesia: Carlinhos Machado. Ensaios do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo. 

Sem a presença do Laert nesses apontamentos iniciais de 18 e 25 agosto e com ele finalmente a participar no dia 1º de setembro,
a visar a preparação dos shows, ensaiamos três vezes no estúdio Lumen da Vila Mariana, com muita animação pois a perspectiva dos shows se mostrou maravilhosa para uma banda que teve poucas oportunidades nos anos setenta e exatamente por isso, o incrível arranjo do destino que nos permitiu uma impensável reunião quase cinquenta anos depois, nos levou a esse momento tão alvissareiro para saborearmos, como se fôssemos ainda os adolescentes inexperientes, porém, muito sonhadores de 1976.

E ainda a falar sobre os trabalhos de estúdio, houve uma sessão extra convocada pelos nossos guitarristas que reivindicaram alguns adendos não gravados anteriormente. Como se tratou de questão pontual e para ser solucionada de forma bem rápida, aproveitamos para concluir tal tarefa mediante uma sessão curta, ocorrida em 9 de setembro de 2024.

Osvaldo Vicino e Wilton Rentero vistos nas fotos acima, a gravar alguns detalhes adicionais nas músicas "Serena" e "Desprogramação". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 9 de setembro de 2024. Clicks e acervo: Luiz Domingues

Após essa sessão extra, finalmente ficamos a poucos dias de realizar a sessão definitiva de finalização das gravações das quatro músicas que começamos a gravar em março.

1) "Serena" - Gravação de overdubbing de guitarra (vídeo 1) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 6ª sessão - 9 de setembro de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/Xmap7MgHE2U

2) "Serena" - Gravação de overdubbing de guitarra (vídeo 2) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 6ª sessão - 9 de setembro de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/kAaju0T9mXw

3) "Serena" - Gravação de overdubbing de guitarra (vídeo 3) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 6ª sessão - 9 de setembro de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/kYQECn9-X6I

4) "Serena" - Gravação de overdubbing de guitarra (vídeo 4) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 6ª sessão - 9 de setembro de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/Gx2Jm-eKkcA

5) "Serena" - Gravação de overdubbing de guitarra (vídeo 5) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 6ª sessão - 9 de setembro de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/G7902BOGshY

6) "Serena" - Gravação de overdubbing de guitarra (vídeo 6) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 6ª sessão - 9 de setembro de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/BwolprNiLS8

7) "Serena" - Gravação de overdubbing de guitarra (vídeo 7) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 6ª sessão - 9 de setembro de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/BwolprNiLS8

Continua...

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 148 - Por Luiz Domingues

No final de julho, eu lancei o primeiro volume da minha autobiografia, enfim, na sua versão impressa tradicional. E esse volume inicial do gigantesco texto que escrevi e que resolvi dividir em quatorze volumes, tratou exatamente da minha história com o Boca do Céu, ou seja, o meu debut na música e com o Boca do Céu a se configurar como a minha primeira banda de Rock na carreira.

Eu comecei a organizar as minhas memórias em 2011, e por ter sido longo o processo dessa elaboração, somente encerrei esse primeiro esboço em 2015. Houve uma tratativa para lançar tal obra em 2016, mas não consegui lograr êxito na ocasião e isso motivou uma mudança de estratégia de minha parte, ao lançar quatro livros com outros teores anteriormente. Portanto, somente em 2024, o primeiro volume da minha autobiografia ganhou forma como livro.

E o resgate avançou! Eu, Luiz Domingues, em foto clicada na sessão que capturou a foto do autor para a orelha do livro "Boca do Céu" (a autobiografia de Luiz Domingues - volume I). Click e cortesia de Lincoln Baraccat. Almofada a conter a foto do Boca do Céu em 1977, arte de Amanda Fuccia

E pela coincidência dessa história se iniciar justamente com o Boca do Céu devidamente enfocado nesse volume I, a ideia de marcar um show e tarde de autógrafos no mesmo evento, ganhou força. E assim, a aproveitar a coincidência de que Os Kurandeiros, minha banda regular desde 2011, estar a lançar o seu novo álbum (o CD "Pronto pra Festa!"), uma junção desses fatos foi imaginada e assim, um projeto foi enviado para o teatro Jardim Sul Experience, instalado dentro do Shopping Jardim Sul de São Paulo e ele foi aprovado pelo seu programador.

Que ótimo! Uma local charmoso para eu poder realizar a tarde de autógrafos e ao mesmo tempo a se tratar de um teatro bem estruturado para que o Boca do Céu e Os Kurandeiros pudessem tocar, foi uma boa nova que tivemos.

Acima, a orelha do livro a retratar-me como o autor da obra. Foto de Lincoln Baraccat e arte de Victoria Costa. Abaixo, essa foi a foto escolhida para ilustrar a "orelha" do livro. Click e cortesia: Lincoln Baraccat

Ainda no decorrer da sessão de estúdio ocorrida no dia 29 de julho, quando gravou-se os teclados e a flauta transversal para a música "Serena", eu já pude levar exemplares do meu livro aos companheiros e eles ficaram muito entusiasmados com a novidade e isso me contagiou, naturalmente.

Que legal foi compartilhar essa minha história que os tem como coprotagonistas e relembrarmos assim várias passagens ali descritas nas páginas do livro e eles a relatar as suas lembranças pessoais sobre os heroicos anos do Boca do Céu nos anos setenta e tudo isso embalado pelo fato de que estávamos ali nas dependências do estúdio Prismathias exatamente a gravar o disco que sonhamos gravar em 1976, mas que não foi possível concretizar e aliás, nem chegamos perto de tal façanha nessa época.

Portanto, esse encaminhamento de 2024, com a banda reunida para executar a tarefa e com um livro a narrar a sua história nos anos setenta, ainda que não fosse a história oficial da banda, mas sim a minha história pessoal e a enxergar a saga da banda pelo meu viés, me sugeriu o fato de que esse momento que vivi ali com os amigos a folhear e a repercutir diversas passagens do meu livro, foi realmente um instante mágico na minha percepção.

Feliz demais pela sessão de estúdio muito boa com os nossos convidados, Rodrigo Hid e Arnaldo Geretch, com o volume I do livro da minha autobiografia em mãos e as perspectivas de shows (nessa altura, um pocket show e mais outra tarde de autógrafos, já estava marcada para ocorrer na cidade de Santos no final de setembro), eu sorri.

Continua...     

sábado, 21 de dezembro de 2024

Autobiografia na música - Patrulha do Espaço - Capítulo 362 - Por Luiz Domingues

Conforme eu já esperava, pois me fora comunicado há meses, chegou às minhas mãos o vinil correspondente ao CD "Compacto +/Maioridade" em outubro de 2024. Tal iniciativa já havia sido tomada há bastante tempo, e na verdade, nos planos do Rolando Castello Junior, a ideia primordial foi lançar o CD e a versão para vinil em junho, quando realizamos o show para celebrar tais novidades no palco do Sesc Belenzinho de São Paulo, mas infelizmente o LP de vinil simplesmente não ficou pronto a tempo.

Tanto foi assim que na verdade demorou cerca de três meses para a fábrica enfim fazer a entrega do lote solicitado e no meu caso em específico, eu só consegui obter a minha cópia de recordação em outubro.

É até engraçado para alguém da minha geração se referir ao álbum como "disco de vinil", pois é óbvio que para pessoas da minha faixa etária, basta usar a sigla "LP", a designar um "Long Player", para que entendêssemos sinteticamente do que estávamos a falar. Mas convenhamos, o vinil caiu em desuso com o avanço avassalador do CD no começo dos anos oitenta e na sequência, o mesmo ocorreu com o próprio CD ao se tornar obsoleto em detrimento da Era digital via MP3 e similares. Passado mais um tempo, vieram as plataformas "streaming" e o YouTube a trazer a ideia de que mídias físicas não importavam mais, para desespero dos colecionadores e derrocada das lojas de discos, uma lástima.

Quando parecia que a escalada frenética do avanço da tecnologia haveria de nos afastar cada vez mais das velhas formas de ouvir e preservar música alojada em prateleiras, eis que um "revival"  do velho vinil chegou para se tornar uma nova tendência e na sua esteira, pasmem, até se ressuscitou a figura da fita K7, novamente romantizada e até uma "volta" do CD se insinuou no panorama de 2024.

Discussão sobre "tecnologia vintage versus moderna" a parte, devo registrar particularmente que foi um prazer ter o LP da Patrulha do Espaço em mãos e tal qual todo mundo que pertence à minha geração acostumou-se a fazer costumeiramente nos anos sessenta e setenta, o ritual de colocar o disco na "vitrola" (ou "pick-up" na forma anglicista de se expressar), e simultaneamente manusear a capa e o encarte, ao ler toda a ficha técnica, foi um exercício lúdico e mais do que isso, uma prática vívida de cultura Rocker como há tempos eu não praticava.

Ao analisar pelo aspecto da minha trajetória na música, eu não tinha um trabalho meu lançado em formato "LP", desde 1993, quando o Pitbulls on Crack, minha banda nos anos noventa, lançou-se no mundo fonográfico através da coletânea "A Vez do Brasil" pela gravadora Eldorado e veja bem, leitor: por se tratar de uma coletânea compartilhada com outras bandas, não foi exatamente um trabalho exclusivo de uma banda minha, portanto, como último disco inteiramente de um trabalho meu com um grupo de Rock autoral, a minha experiência de ter um LP, remontara à 1990, quando o LP "A New Revolution" do grupo The Key, foi lançado pela gravadora Devil's Discos.

Sobre o som, gostei da audição a trazer aquele característico som mais encorpado advindo dos sulcos de um vinil e mesmo com os chiados inevitáveis que as marcas do tempo acarretam aos discos no contato com a agulha, ainda sim, eu penso que o vinil tem o seu charme imutável.

E a respeito do formato da capa e consequente encarte, não tenho dúvidas sobre as vantagens inerentes desse tipo de produto, mediante uma boa oportunidade para fazer fluir a arte nas ilustrações, a presença de fotos e um encarte robusto, com muitas informações inerentes à obra em si. Neste caso, como a versão em CD veio com um encarte bem avantajado, a opção por uma condensação do mesmo material foi necessária, acredito, por uma questão de custo, mas ficou excelente, digno de um típico encarte de LP de banda de Rock dos anos sessenta e/ou setenta.

Aliás, ao conversar com os companheiros da nossa formação Chronophágica, fiquei impactado quando soube do altíssimo custo dessa produção de um LP nos dias atuais (ao me referir a 2024). A despeito do "vinil" ter voltado à moda e ter estado a encantar gerações que nasceram sob a égide digital e na posterior, virtual, os preços não refletiam a sua suposta popularidade recém adquirida no momento pós-anos 2020, porque os valores se mostravam estratosféricos e diante disso, o repasse ao consumidor final ter ficado exorbitante, inevitavelmente.

Em suma, fiquei feliz pelo lançamento, também pela coragem do Rolando para empreender nesse sentido, pelo esforço do Marcello na parte técnica ao oferecer o seu estúdio como apoio e também pela arte requintada da Marta Benévolo para compor o lay-out da capa e encarte para o CD, e neste caso, além de ter feito a adaptação da arte para o LP e claro, pelo fato concreto de particularmente eu ter tido novamente um LP de um trabalho meu alojado na estante, lado a lado com os discos de meus ídolos que me inspiraram a adentrar tal universo do Rock. E se estou simbolicamente lado a lado deles na estante de discos, creio que a minha missão foi cumprida!

Em suma, fiquei contente pelo lançamento do LP Compacto+/Maioridade, que veio a coroar todo o esforço empreendido para relançar o CD ".ComPacto" de 2003, com direito a um CD remixado e remasterizado, encarte de luxo e para culminar no mesmo disco sob o formato de um velho LP.  

E como eu sempre eu digo quando vou encerrar um novo capítulo aberto para falar sobre a minha participação como membro e ex-membro da Patrulha do Espaço, essa banda nunca para de gerar novidades, tanto na continuidade de sua carreira, propriamente dita, mesmo tendo anunciado o seu encerramento com uma turnê da qual eu fiz parte em 2018-2019, e que não se concretizou de fato, quanto a trazer fatos novos sobre formações anteriores de sua história, incluso a minha, a dita "Chronophágica". 

Então, é óbvio que a qualquer momento um novo capítulo poderá ser escrito, tanto para engrandecer a sua história, como uma banda de Rock que é na verdade uma instituição, quanto à minha trajetória pessoal devidamente registrada através da minha autobiografia.

Dessa forma, possivelmente continua...

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Autobiografia na música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 207 - Por Luiz Domingues

Uma panorâmica da banda em ação. Os Kurandeiros durante show realizado em 23 de outubro de 2021 no Teatro Red Star de São Paulo em meio ao Dellaz Fest e cuja performance gravada resultou no álbum "Pronto pra Festa!" lançado em julho de 2024. Click, acervo e cortesia: Ju Rendeiro

Sobre a canção "Viagem Muito Louca", quando a excutamos nesse show de 2021, a perda do nosso amigo, Ciro Pessoa ainda era bem recente, portanto, essa homenagem criada pelo Kim Kehl nos deixava bem sensíveis pelo que ela representava a celebrar a sua memória, mas ao mesmo tempo a nos gerar o sentimento de saudade do companheiro que partira em 2020. Bem, ante o inevitável, demos o nosso melhor e agora, além da versão de estúdio, temos mais uma forma de nos lembrarmos do amigo, devidamente registrada em disco oficial. E que ele receba essa boa vibração que lhe mandamos.


6) "Viagem muito louca" - Áudio oficial de CD "Pronto pra Festa!"

Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=8skUU6dsObw

Música cheia de referências psicodélicas e detalhes de arranjo muito ricos, tal tema contém na sua letra uma linda inserção do surrealismo e da psicodelia sessentista que o Ciro tanto amou na sua vida e exerceu como artista.

Essa interpretação ficou bastante interessante pela sua assertividade excelente ao vivo, com tudo muito bem engendrado e reforçado pela performance perfeita da banda.

Impressiona muito a voz da Renata "Tata" Martinelli que a interpreta com muito estilo, a esticar as sílabas finais como efeito estilístico e assim estabelecer uma dose de emoção teatral, eu diria. Kim Kehl fornece apoio no refrão a fazer uma junção muito interessante. 

Destaque para os teclados de Nelson Ferraresso que imprime em certos ponto uma sonoridade de arp-strings que lembra bastante o som de John Paul Jones nos discos finais da discografia do Led Zeppelin, ou seja, aquele clima de "Presence" e "In Thouugh the Out Door" se faz presente. Alguns detalhes de piano foram acrescentados no overdubbing e que ficaram muito bons.

Os efeitos de percussão acrescidos por Carlinhos Machado são muito bons, igualmente, além do trabalho das guitarras.

7) "Noite de sábado" - Áudio oficial de CD "Pronto pra Festa!"

Eis o link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=86g7h7SJ44U

Soa muito boa essa interpretação desse Blues-Rock agitado ao estilo do "Texas Blues". As guitarras se apresentam de uma forma incrivelmente bem entrosadas, com a "cozinha" igualmente em perfeita sincronia. E além do mais, impressiona o timbre do bumbo, principalmente, a manter a banda sob um pulso incrível.

Renata "Tata" Martinelli e Kim Kehl em ação. Os Kurandeiros durante show realizado em 23 de outubro de 2021 no Teatro Red Star de São Paulo em meio ao Dellaz Fest e cuja performance gravada resultou no álbum "Pronto pra Festa!" lançado em julho de 2024. Click, acervo e cortesia: Cesar Gavin

Mais uma vez a Renata "Tata" Martinelli brilha, desta feita a produzir um timbre mais grave da sua voz, a lembrar Maggie Bell em seus melhores momentos com o grupo Stone the Crows nos anos setenta. 

E o piano de Nelson Ferraresso passeia de uma forma magistral, com pontuais intervenções da guitarra do Kim a desenhar em paralelo. Parece que estamos a ouvir um disco do Johnny Winter dos anos setenta tamanha a vibração que conseguimos imprimir.

8) "Cocada preta" - Áudio oficial de CD "Pronto pra Festa!"

Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=HwvrB2BQP6Q

Versão muito boa dessa canção contida nos primeiros trabalhos d'Os Kurandeiros. Inspirada em "Brown Sugar" dos Rolling Stones, tem uma letra muito divertida a se evocar o mesmo tema proposto pelos "Glimmer Twins" na versão original.

Nessa interpretação, mais uma vez as guitarras se mostram muito bem colocadas nos espaços, a la Rolling Stones. O solo de Phil Rendeiro é muito bom e com aquele timbre agudo de uma Fender Stratocaster, ficou magnífico. 

É espetacular a atuação de Carlinhos Machado, a evocar o espírito de Charlie Watts e novamente o piano comandado pelo Nelson Ferraresso ficou super Rock'n' Roll na sua essência.

9) "A galera quer Rock" - Áudio oficial de CD "Pronto pra Festa!"

Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=pH1sdWc6iSw

Impressionante o som do baixo nessa faixa, a soar com o clássico timbre do Fender Jazz Bass, mais para a timbragem "aveludada" do seu grave proeminente. Lembrou-me o som de Dee Murray nos seus melhores momentos a atuar nos discos do Elton John nos anos setenta. 

A voz de Renata "Tata" Martinelli lembra bastante a voz da grande Silvinha na década de sessenta. A interpretação solo de Kim Kehl é muito boa e quando as vozes de Carlinhos Machado e Phil Rendeiro aparecem, o fato de ficarem livres na criação, sem se ater à sincronia, as deixou muito interessantes. Isso não foi planejado nos ensaios, portanto, foi um improviso que se provou como uma criação espontânea e feliz na sua resolução.

Gostei demais da performance do Carlinhos Machado e o som da campana do seu prato "ride" ficou espetacular. Gostei muito do trêmulo da guitarra do Kim Kehl na pausa estratégica que a banda faz na metade para o fim da música. Nelson Ferraresso pontua com o piano elétrico e ficou ótima a intervenção. 

10) "São Paulo" (Vai sobreviver) - Áudio oficial de CD "Pronto pra Festa!"

Eis o link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=lTxDTBvSeNM

Canção concebida para soar como Pop-Rock ao estilo "AOR", nesta versão ao vivo, tal qual a oficial do disco "Cidade Fantasma", ela cumpre o seu objetivo ao ser interpretada como se a banda estivesse a se apresentar em um estádio de futebol lotado.

Eu (Luiz Domingues), com Carlinhos Machado ao fundo na bateria e Renata "Tata" Martinelli na linha de frente. Os Kurandeiros durante show realizado em 23 de outubro de 2021 no Teatro Red Star de São Paulo em meio ao Dellaz Fest e cuja performance gravada resultou no álbum "Pronto pra Festa!" lançado em julho de 2024. Click, acervo e cortesia: Ju Rendeiro

O meu baixo está com um timbre muito bom, a pulsar de forma empolgante, pois quando criei essa linha, eu queria que o baixo imprimisse a euforia de uma banda do estilo "AOR" a tocar para multidões e acho que consegui passar esse sentimento tanto na gravação de estúdio, quanto nessa versão ao vivo. Quando a toco ao vivo, sinto-me como se eu tocasse em bandas como o Boston, Reo Speedwagon ou Foreigner.

E a bateria vai junto, a garantir essa euforia Pop que a música sugere aos ouvintes. As guitarras estão excelentes, ambas. Os efeitos de "delay" da guitarra do Kim ficaram muito bons, perfeitamente sincronizados no tempo da canção.

E os teclados também soam muito bem, a garantir o colorido que essa canção contém. Os backings foram ajustados no overdubbing porque ao vivo as vozes não ficaram perfeitamente sincronizadas em termos de volume mixado ao vivo, daí a correção da pós-produção.

11) "Sonhos & Rosquinhas Suíte" + Grand finale - Áudio oficial de CD "Pronto pra Festa!"

Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=MOgecpTE5z4

Nesta versão concebida para ser tocada apenas o refrão da música "Sonhos & Rosquinhas Suíte" e com a finalidade de encerrar o show, soamos como o Mott the Hoople em seus dias de glória nos anos setenta, ou seja, a gerar um Rock'n' Roll mesclado com o Hard-Rock sob uma aura Glam-Rock espetacular. 

O peso do órgão Hammond, aliado a um solo excelente da parte do Kim Kehl, e o refrão em sentido "looping" ancorado pelos backings vocals a la Uriah Heep, dá margem à interpretação espetacular da Renata "Tata" Martinelli, que lembra Janis Joplin.

Eu e Carlinhos Machado vamos juntos sob um efeito crescente que dá o sentido da empolgação, para levar a banda às alturas e assim, dar margem para que Renata "Tata" Martinelli possa soltar a voz e Kim solar com emoção no final. 

Kim Kehl e Nelson Ferraresso em ação! Os Kurandeiros durante show realizado em 23 de outubro de 2021 no Teatro Red Star de São Paulo em meio ao Dellaz Fest e cuja performance gravada resultou no álbum "Pronto pra Festa!" lançado em julho de 2024. Click, acervo e cortesia: Cesar Gavin

É muito bom o efeito final da guitarra a evocar Jimi Hendrix com apoio de efeitos de percussão e o órgão Hammond no apoio.

Ao final, Kim Kehl agradece a plateia, que na verdade estava do outro lado das telas de monitores de computadores, tablets e telefones celulares, pois esse show foi uma "live" concebida em meio aos cuidados que vivemos para não gerar contaminação, bem no meio da pandemia da Covid-19. Portanto, foi a esse público numeroso, porém distante que ele se dirigiu, haja vista que por conta das medidas sanitárias de segurança, tocamos para um teatro vazio, somente com a presença dos técnicos do equipamento de som e iluminação e os responsáveis pela transmissão, além dos produtores do evento criado por Gigi Jardim e com apoio da Webradio Stay Rock Brazil.

Phill Rendeiro no destaque, com a minha presença, Luiz Domingues, encoberto no enquadramento. Os Kurandeiros durante show realizado em 23 de outubro de 2021 no Teatro Red Star de São Paulo em meio ao Dellaz Fest e cuja performance gravada resultou no álbum "Pronto pra Festa!" lançado em julho de 2024. Click, acervo e cortesia: Ju Rendeiro

Em suma, esse disco teve nessa captura de áudio excelente e na feliz performance da banda, dois trunfos, que ao se juntar à caprichada mixagem e masterização feita pelo nosso guitarrista, Phil Rendeiro, nos proporcionou um excelente disco ao vivo. 

Para encerrar esta análise, este disco se tornou uma peça muito importante para a discografia d'Os Kurandeiros por dois motivos: 

1) Veio a preencher uma lacuna boa após o lançamento do álbum "Cidade Fantasma" em 2021, e assim, estrategicamente ocupar o espaço até a banda voltar a produzir um novo álbum de estúdio com material inédito. 

2) Coroar uma etapa da carreira, o que sempre um disco ao vivo cumpre para demarcar o fim de um ciclo para o início de um outro para qualquer banda de Rock e a nossa segue tal liturgia, naturalmente.

E no meu caso em particular, também representou um marco muito interessante, no sentido de que veio a se tornar um dos melhores discos ao vivo que eu já gravei, a pensar na carreira toda e isso me alegrou muito. Disco ao vivo tem essa característica de gerar essa boa impressão de como o trabalho soava no palco, portanto, fiquei muito feliz por verificar que ficou tão bom sob o ponto de vista do áudio, mas sobretudo pela ótima performance que tivemos.

Como eu já salientei, os planos para lançar esse disco na versão tradicional de CD, estavam na ordem do dia, mas em setembro, as boas novas da agenda em movimento, nos levaram a pensar em ensaio e esforços de divulgação e produção.

E além do mais, uma boa nova no meu campo pessoal serviu também como alavanca para tornar um desses shows que mencionei, em uma noite especial e no caso, a manter uma estreita relação com a minha própria carreia musical e por conseguinte, a motivar a banda! 

Continua...

sábado, 14 de dezembro de 2024

Autobiografia na música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 206 - Por Luiz Domingues

Os Kurandeiros ao vivo no Dellaz Fest realizado no Teatro Rede Star de São Paulo em 23 de outubro de 2021 e cuja gravação culminou no disco "Pronto pra Festa!", lançado em 2024. Click, acervo e cortesia: Ju Rendeiro

Sobre a próxima música que eu vou comentar, é preciso fazer a ressalva de que se ela na sua origem era um releitura da releitura que nós fazíamos ao vivo, a opção proposta pelo Kim Kehl de criar um novo título foi uma boa sacada se for analisada pela legitimidade da banda a exercer uma nova releitura da mesma música. 

Em síntese, a composição "A Certain Girl" de Allen Toussaint que motivou o histórico Made in Brazil e regravá-la como "Mickey Mouse, a gata e eu", inclusive com a presença de Kim Kehl que estava na formação da banda nessa época, foi especialmente rebatizada para ser designada neste disco.

Enfim, eis que o Kim resolveu rebatizá-la como: "Diz quem é", ou seja, acho que essa demarcação personalizada se tornou uma boa sacada para a versão d'Os Kurandeiros para a mesma canção.

3) "Diz quem é" (ou "Mickey Mouse, a gata e eu") - Áudio oficial de CD "Pronto pra Festa!"

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=vfJt46WCPVc

Eis uma música com uma sabor Rock'n Roll muito bom. Destaque para a interpretação vocal do Kim com muita dose de ironia que naturalmente é proporcionada pelo teor da letra em si. 

Na parte musical, tudo soa muito bem. A sincronia das guitarras, teclados e baixo se mostra muito boa, ao conferir um efeito semelhante a de um trem que passa de uma maneira uniforme pelos trilhos. 

O solo de guitarra é excelente, mediante o uso de um "drive" um tanto quanto anasalado que eu gostei muito. A sobra que o efeito do pedal deixou transparecer na hora do breque geral da banda, ficou charmosa na medida em que denuncia ser uma gravação ao vivo.

Os backings vocals estão ótimos com aquele efeito premeditado de uma pergunta que se formula ao narrador da história e reforça ainda mais a ideia dessa frase ter sido escolhida para ser o novo título da canção. 

Nelson Ferraresso a comandar os teclados. Os Kurandeiros ao vivo no Dellaz Fest realizado no Teatro Rede Star de São Paulo em 23 de outubro de 2021 e cuja gravação culminou no disco "Pronto pra Festa!", lançado em 2024. Click, acervo e cortesia: Cesar Gavin

Os teclados tem um peso a la Hard-Rock em alguns momentos, ou seja, seria como se o Jon Lord do Deep Purple estivesse a tocar com o Status Quo ao vivo, e quem conhece a história do Rock pode mensurar o que eu quis exemplificar. 

4) "Pro Raul" - Áudio oficial de CD "Pronto pra Festa!"

Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=WJWSAWCr9nU

Essa interpretação do clássico d'Os Kurandeiros, "Pro Raul" está com um balanço extraordinário. Outra questão musical que eu devo ressaltar é o fato de que a contrariar a tendência natural de qualquer show ao vivo, o andamento da canção está bem controlado, ao menos no começo, pois após a sobra das vozes a atuar isoladamente quase no final da música, a banda volta ao tema um pouco mais acelerada, entretanto, como um máxima, show ao vivo é isso aí e ninguém cogitou usar o "pit" na mixagem para acertar tal defasagem na pulsação, o que eu achei ótimo, pois ficou muito mais natural, com clima de show ao vivo orgânico, de fato.

Tanto foi assim que na saída dessa pausa geral, um grunhido de uma das guitarras sobrou sutilmente, como algo involuntário com o músico a tirar a mão das cordas para se posicionar para voltar a tocar, ou seja, show de Rock de verdade no calor da apresentação ao vivo.

A acrescentar, digo que o balanço está incrível das guitarras, baixo e bateria, com o piano a pontuar de uma forma super colorida. a parecer o piano de Nicky Hopkins com os Rolling Stones nos anos sessenta.

Renata "Tata" Martinelli e Kim Kehl na linha de frente, com Carlinhos Machado ao fundo. Os Kurandeiros ao vivo no Dellaz Fest realizado no Teatro Rede Star de São Paulo em 23 de outubro de 2021 e cuja gravação culminou no disco "Pronto pra Festa!", lançado em 2024. Click, acervo e cortesia: Cesar Gavin

E a interpretação em dupla de Kim Kehl e Renata "Tata" Martinelli no comando dos vocais está super divertida, com algumas improvisações bem espontâneas da parte de ambos sob intensa inspiração.

Por último, acho que a boa mixagem possibilitou deixar bem nítida a linha de baixo e nesses termos, há duas marcas registradas de minha parte, uma no início da participação do baixo e outra no segundo módulo de cada passagem pela parte "A" da música, detalhes esses que eu criei logo que entrei na banda em 2011, ou seja, duas sutilezas que não foram gravadas por outro baixista, no caso, Sérgio Takara, que foi o primeiro baixista d'Os Kurandeiros.

Entretanto, eu introduzi tais ideias singelas para dar um toque meu à música e finalmente, após tantos anos a tocá-la ao vivo, a registrei em um disco oficial da banda, mediante a minha interpretação ao vivo. E as duas intervenções soam muito bem, valorizadas pela boa captura do baixo no áudio gravado no teatro e sobretudo pelo ótimo trabalho de mixagem e masterização que o Phil Rendeiro nos entregou, como técnico dessa produção.

5) "Cidade Fantasma" - Áudio oficial de CD "Pronto pra Festa!"

Eis o link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=BiwCuCeArDQ

Toda a bossa desse tema versado pelo estilo "Jazz'n ' Blues, ou seja a mistura das duas vertentes, explode com tremenda desenvoltura nessa interpretação. 

Ficou impressionante a qualidade do som da bateria. As peças do Kit de Carlinhos Machado soam com timbres espetaculares e a sua performance é muito boa. Gosto muito das duas guitarras, a imprimir um swing incrível e o solo do Kim é excepcional pela performance e timbre, que estão espetaculares.

Ao vivo, o Nelson Ferraresso centrou a sua atenção no órgão Hammond, mas quando surgiu a ideia de haver overddubing, ele colocou um piano super jazzístico que ficou excelente. Já o solo de  órgão Hammond ficou espetacular, além da atuação ao longo da música com frases ótimas a lembrar muito o som de Jimmy Smith e/ou Booker T.

Renata "Tata" Martinelli em destaque! Os Kurandeiros ao vivo no Dellaz Fest realizado no Teatro Rede Star de São Paulo em 23 de outubro de 2021 e cuja gravação culminou no disco "Pronto pra Festa!", lançado em 2024. Click, acervo e cortesia: Cesar Gavin

A interpretação da Renata "Tata" Martinelli ficou maravilhosa. Aqui nessa canção, ela encarnou o seu lado atriz, também, e mais do que cantar divinamente, entrou na personagem e de fato conduz o ouvinte a tal viagem fantasmagórica descrita ao longo da letra. E o Kim intervém muito bem, de forma a abrilhantar a história narrada quase que de forma dramática.

E por fim, o meu baixo está com um timbre espetacular. Tem o "veludo natural" do Fender jazz Bass, mas há um ponto de médio-agudo que eu sempre forço ao equalizar o som do amplificador, que lhe conferiu uma aura um pouco mais áspera, quase a se parecer com o som de um Fender Precision, e tudo isso ficou espetacular a realçar a proposta do arranjo que eu criei para essa música a estabelecer o baixo no estilo "andante", bem na característica do Jazz tradicional.  

Continua...

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Autobiografia na música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 205 - Por Luiz Domingues

Chegou a hora para analisar o CD "Pronto pra Festa!", o disco que começamos a planejar em 2021, mas que somente em 2024, se tornou uma realidade, embora lançado inicialmente somente de forma virtual.

Em capítulos anteriores eu dissertei bem sobre como esse áudio foi gravado ao vivo em 23 de outubro de 2021. Sob a preparação do áudio que transcorreu entre 2022 e 2023, posso revelar sem nenhum pudor que esse disco ao vivo recebeu sim alguns complementos de "overdubbing", no entanto, tais acréscimos foram opcionais no sentido de enriquecer o áudio muito mais do que estabelecer correções musicais de uma má execução ao vivo. Isso porque a execução in natura ficou ótima. Os pequenos lapsos cometidos por um ou outro instrumentista ou vocalista, foram irrelevantes ao ponto de que somente o próprio músico sabe que falhou pontualmente e mesmo assim, foram falhas de pequeníssima monta, ou seja, nem nos incomodaria a grosso modo, ao ponto de gerar pedido de se fazer o overdubbing para corrigir.

Para ser específico, no meu caso, eu deixei de tocar uma nota como acento em "Noite de Sábado" e isso foi sanado quando uma sessão de overdubbing caseira foi feita no QG do Kim Kehl bem no começo de 2022, mediante captura feita em um lap top pelo nosso guitarrista e técnico de áudio, Phil Rendeiro.

E já que se abriu a possibilidade do overdubbing, algumas guitarras adicionais foram colocadas, assim como violões e algumas vozes de apoio, mas nada disso tira o brilho da excelente performance que tivemos ao vivo e pelo contrário, tais adendos vieram para somar, exatamente a se cumprir o que foi idealizado.  

O disco foi lançado nas plataformas "streaming" em 19 de julho e nessa época ficou implícita a determinação de um lançamento de CD tradicional físico para mais tarde. Então, foi com uma capa exclusiva para as plataformas, que o disco foi lançado virtualmente. Até então, a ideia foi utilizar uma outra arte de capa para a versão do CD físico.

Sobre o teor das músicas, como se trata de um conjunto de canções que são oriundas de outros álbuns de estúdio em sua maioria,  acredito que não cabe análise de minha parte, primeiro que a se tratar de músicas mais antigas de uma fase na qual eu não era componente, eu penso ser impertinente eu cometer tal estudo. E sobre as canções que eu gravei já como membro da banda, tais reflexões já foram escritas nesta autobiografia, no momento cronológico adequado através de capítulos anteriores.

Posta essa explicação, vou comentar sobre as faixas, mas a ter como foco, o áudio em si e a performance da banda nessa execução ao vivo. 

1) Abertura "Kolossal" - Áudio oficial do CD "Pronto pra Festa!" - 2024

Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=da_MVqfeHQs

Gosto muito da impetuosidade que esse tema de abertura dos shows tem. E ele foi concebido exatamente para ser impactante como abertura dos shows e ao mesmo tempo para dar vazão, mediante uma bela harmonia ao solo super melódico executado pelo Kim Kehl.

Gosto muito dessa performance pela excelência coletiva, mas preciso destacar que todos os instrumentos tem destaque nesse caso. As viradas da bateria são muito boas, a atuação da guitarra do base do Phil Rendeiro soa "ardida", ou seja, é muito legal a escolha do timbre. 

As intervenções teclados tem as pontuais frases de piano jogadas nos pontos estratégicos e o órgão Hammond tem uma presença que lembra bem o Hard-Rock setentista a soar como o Deep Purple e Uriah Heep em certas nuances.

Phil Rendeiro e eu (Luiz Domingues) durante o show realizado pelos Kurandeiros no festival "Dellaz Fest" no Teatro Red Star de São Paulo em 23 de outubro de 2021. Click, acervo e cortesia: Cesar Gavin

O baixo está bem pesado, apesar de eu ter usado o Fender Jazz Bass nesse show e não o Fender Precision que teria mais a ver com essa faixa em específico e eu gostei do resultado. E a guitarra solo do Kim está ótima pelo timbre e performance. Dá para sentir toda a eletricidade do show ao vivo até pela raspada de palheta sobre as cordas e isso é vital para um bom disco ao vivo.

Em suma, o cartão de visitas do álbum já demonstrou que esse trabalho está muito bem gravado para o padrão de disco ao vivo e sobretudo, com a banda a soar muitíssimo bem.

2) A "Noite inteira" - Áudio oficial do CD "Pronto pra Festa!" - 2024

Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=VPPJD8S8fY4

É impressionante a energia que essa música ganhou ao vivo. Isso por si só já recomenda a audição com ênfase.

A voz da Renata "Tata" Martinelli está espetacular a coroar a sua performance que foi brilhante. Lembrou-me a atuação de cantoras como Ruby Starr e Lynn Carey nos anos setenta, pela voz rasgada de cantoras de Rock que se jogavam na performance o máximo vigor e alma Rocker acima de tudo.

Carlinhos Machado durante o show realizado pelos Kurandeiros no festival "Dellaz Fest" no Teatro Red Star de São Paulo em 23 de outubro de 2021. Click, acervo e cortesia: Cesar Gavin

Gosto muito dos backing vocals, e ainda mais com a boa ideia que que o Phil Rendeiro teve para realçá-los, quando separou no "pan" a voz do Carlinhos Machado e os demais vocais feitos pelos demais, eu incluso, ficaram no outro lado do stereo e a voz solo da Renata "Tata" Martinelli no centro, em destaque. Ficou perfeita essa concepção de mixagem.

As duas guitarras estão ótimas, com timbres espetaculares. Gibson Les Paul e Fender Stratocaster a atuar juntas, com cada uma a ter o seu timbre característico, ficou um contraste riquíssimo. Nesta faixa, o meu Fender Jazz Bass soou dentro das suas características naturais, porém, há uma "ranhura" muito interessante ao final das notas, como uma sutil ressonância e eu gostei muito desse resultado para o baixo.

E finalmente, a performance do Nelson Ferraresso a atuar com o piano, é espetacular. As frases que ele concebeu, ficaram muito "honk tonk", a dar uma pitada Rock'n' Roll incrível para a música e sim, empolgar o ouvinte. 

Continua...

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Autobiografia na música - Trabalhos avulsos (Golpe de Estado & Convidados) - Capítulo 128 - Tributo à Nelson Brito - Por Luiz Domingues

Eu, Luiz Domingues, com Roby Pontes na bateria e o grande amigo que partiu, Nelson Brito presente nas imagens do telão. Golpe de Estado + convidados. Sesc Paulista de São Paulo. 18 de outubro de 2024. Click, acervo e cortesia: Billy Albuquerque

Logo a seguir, o Marcello iniciou os acordes da música: "Não é hora" e nós fomos juntos e resolutos a executar mais uma música que construiu a fama do Golpe de Estado, ou seja, mais uma obra que teve a alma de Nelson Brito na concepção de tal criação. O público reagiu com um calor impressionante e eu fiquei feliz por tal reação tão efusiva de forma espontânea, ou seja, a provar que Nelson Brito e Hélcio Aguirra, dois componentes que partiram para não mais voltar, mas que na verdade, jamais estarão esquecidos, pois a música os eternizou.

Os remanescentes da última formação do Golpe de Estado. João Luiz, Roby Pontes e Marcelo Schevano, pela ordem. Golpe de Estado + convidados. Sesc Paulista de São Paulo. 18 de outubro de 2024. Click, acervo e cortesia: Billy Albuquerque

"Cobra Criada" veio a seguir, a imprimir ainda mais energia. Pus-me a tocar e mais preparado para enfrentar os apelos emocionais, vi a presença da viúva de Nelson Brito na plateia e desta vez, eu não me desestabilizei ao ponto de perder a concentração.

"Caso Sério", que é uma balada muito bonita, e com a marca de três micro solos muito melódicos criados pelo Nelson, levantou suspiros da plateia. Tocamos com emoção, certamente, mas concentrados para exercer a missão.

Eu, Luiz Domingues em mais dois flagrantes do show. Golpe de Estado + convidados. Sesc Paulista de São Paulo. 18 de outubro de 2024. Click, acervo e cortesia: Billy Albuquerque

E para encerrar a minha participação no espetáculo, tocamos juntos a música "Forçando a Barra", uma peça que eu não havia tocado no primeiro show.

Música muito energética e ao mesmo tempo com um sentido mais setentista em sua essência, foi um prazer tocá-la. 

Pepe Bueno a preparar o seu pedestal de microfone na primeira foto e na segunda, Ricardo Schevano a tocar enquanto Heloisa Gangora, a viúva de Nelson Brito e Pepe Bueno estão a observar ao lado e eu (Luiz Domingues), mais ao fundo. Fabio Cezzar está no canto direito do enquadramento, por detalhes. Golpe de Estado + convidados. Sesc Paulista de São Paulo. 18 de outubro de 2024. Foto 1: Click, acervo e cortesia: Marinho Rocker e na foto 2, click, acervo e cortesia de Billy Albuquerque

Encerrada a minha participação, Pepe Bueno entrou em cena para defender quatro músicas que a ele foram designadas para tocar.  Acompanhei a sua participação e a seguir, foi a vez de Ricardo Schevano subir ao palco para encerrar o show. Que momento bonito na minha ótica foi ver os dois a atuar, sendo que ambos, foram meus alunos nos anos noventa. Lembrei-me deles naqueles anos, quando estavam bem novos sob o ponto de vista cronológico, e com muita vontade de se tornarem músicos profissionais e agora eu ali a vê-los a brilhar muito, com carreiras solidificadas em plena maturidade de suas vidas, foi também emocionante nesse aspecto.

Na última música, "Noite de Balada", todos os baixistas convidados foram convidados a estar no palco e a viúva de Nelson Brito, Heloisa Gangora também ali compareceu e foi emocionante criar essa energia tão positiva para encerrar o espetáculo em altíssimo astral. 

Heloisa Gangora, Pepe Bueno, eu (Luiz Domingues), João Luiz e Daniel Kid nos momentos finais do show. Golpe de Estado + convidados. Sesc Paulista de São Paulo. 18 de outubro de 2024. Click, acervo e cortesia: Billy Albuquerque

Missão cumprida, saí do Sesc Paulista com a sensação boa de que prestei o meu tributo pessoal ao amigo que nos deixara três meses antes, com muito respeito e força à sua esposa e a honrar a banda que ele tanto amou na sua vida, além de dar um alento aos seus fãs que estavam a sofrer com a perda do baixista fundador da banda.

Na primeira foto, eu, Luiz Domingues, no camarim. Na segunda, as imagens de Nelson Brito no telão ao fundo do palco. Golpe de Estado + convidados. Sesc Paulista de São Paulo. 18 de outubro de 2024. Foto 1: Click, acervo e cortesia: Billy Albuquerque. Foto 2: Click, acervo e cortesia: Ana Cristina Domingues

Obrigado pela amizade, Nelson Brito! Você agora está na companhia de Hélcio Aguirra, John Entwistle, Brian Jones, John Lennon, Keith Moon, George Harrison, Jimi Hendrix e tantos outros. Não demorará muito para eu me juntar a esse seleto rol de Rockers. A música é eterna, você está eternizado na sua música!

1) Golpe de Estado convida Luiz Domingues - "Cobra Criada" - Sesc Paulista-SP - 18 de outubro de 2024. Filmagem e cortesia: Ana Cristina Domingues

Eis o link para assistir no YouTube
https://youtu.be/pcF7kUoMnoI

2) Golpe de Estado convida Luiz Domingues - "Não é hora" - Sesc Paulista-SP - 18 de outubro de 2024. Filmagem e cortesia: Ana Cristina Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/pd6hF5EHH-I

3) Golpe de Estado convida Luiz Domingues - "Não é hora" - Sesc Paulista-SP - 18 de outubro de 2024. Filmagem e cortesia: Ana Cristina Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/eFXlxtQpyTs 

4) Golpe de Estado convida Luiz Domingues - "Não é hora" - Sesc Paulista-SP - 18 de outubro de 2024. Filmagem e cortesia: Michel Camporeze Teér

Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=-InKEDdlrT0

5) Golpe de Estado convida Luiz Domingues - "Caso sério" - Sesc Paulista-SP - 18 de outubro de 2024. Filmagem e cortesia: Michel Camporeze Teér

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/pwixqERP92c