sábado, 21 de dezembro de 2024

Autobiografia na música - Patrulha do Espaço - Capítulo 362 - Por Luiz Domingues

Conforme eu já esperava, pois me fora comunicado há meses, chegou às minhas mãos o vinil correspondente ao CD "Compacto +/Maioridade" em outubro de 2024. Tal iniciativa já havia sido tomada há bastante tempo, e na verdade, nos planos do Rolando Castello Junior, a ideia primordial foi lançar o CD e a versão para vinil em junho, quando realizamos o show para celebrar tais novidades no palco do Sesc Belenzinho de São Paulo, mas infelizmente o LP de vinil simplesmente não ficou pronto a tempo.

Tanto foi assim que na verdade demorou cerca de três meses para a fábrica enfim fazer a entrega do lote solicitado e no meu caso em específico, eu só consegui obter a minha cópia de recordação em outubro.

É até engraçado para alguém da minha geração se referir ao álbum como "disco de vinil", pois é óbvio que para pessoas da minha faixa etária, basta usar a sigla "LP", a designar um "Long Player", para que entendêssemos sinteticamente do que estávamos a falar. Mas convenhamos, o vinil caiu em desuso com o avanço avassalador do CD no começo dos anos oitenta e na sequência, o mesmo ocorreu com o próprio CD ao se tornar obsoleto em detrimento da Era digital via MP3 e similares. Passado mais um tempo, vieram as plataformas "streaming" e o YouTube a trazer a ideia de que mídias físicas não importavam mais, para desespero dos colecionadores e derrocada das lojas de discos, uma lástima.

Quando parecia que a escalada frenética do avanço da tecnologia haveria de nos afastar cada vez mais das velhas formas de ouvir e preservar música alojada em prateleiras, eis que um "revival"  do velho vinil chegou para se tornar uma nova tendência e na sua esteira, pasmem, até se ressuscitou a figura da fita K7, novamente romantizada e até uma "volta" do CD se insinuou no panorama de 2024.

Discussão sobre "tecnologia vintage versus moderna" a parte, devo registrar particularmente que foi um prazer ter o LP da Patrulha do Espaço em mãos e tal qual todo mundo que pertence à minha geração acostumou-se a fazer costumeiramente nos anos sessenta e setenta, o ritual de colocar o disco na "vitrola" (ou "pick-up" na forma anglicista de se expressar), e simultaneamente manusear a capa e o encarte, ao ler toda a ficha técnica, foi um exercício lúdico e mais do que isso, uma prática vívida de cultura Rocker como há tempos eu não praticava.

Ao analisar pelo aspecto da minha trajetória na música, eu não tinha um trabalho meu lançado em formato "LP", desde 1993, quando o Pitbulls on Crack, minha banda nos anos noventa, lançou-se no mundo fonográfico através da coletânea "A Vez do Brasil" pela gravadora Eldorado e veja bem, leitor: por se tratar de uma coletânea compartilhada com outras bandas, não foi exatamente um trabalho exclusivo de uma banda minha, portanto, como último disco inteiramente de um trabalho meu com um grupo de Rock autoral, a minha experiência de ter um LP, remontara à 1990, quando o LP "A New Revolution" do grupo The Key, foi lançado pela gravadora Devil's Discos.

Sobre o som, gostei da audição a trazer aquele característico som mais encorpado advindo dos sulcos de um vinil e mesmo com os chiados inevitáveis que as marcas do tempo acarretam aos discos no contato com a agulha, ainda sim, eu penso que o vinil tem o seu charme imutável.

E a respeito do formato da capa e consequente encarte, não tenho dúvidas sobre as vantagens inerentes desse tipo de produto, mediante uma boa oportunidade para fazer fluir a arte nas ilustrações, a presença de fotos e um encarte robusto, com muitas informações inerentes à obra em si. Neste caso, como a versão em CD veio com um encarte bem avantajado, a opção por uma condensação do mesmo material foi necessária, acredito, por uma questão de custo, mas ficou excelente, digno de um típico encarte de LP de banda de Rock dos anos sessenta e/ou setenta.

Aliás, ao conversar com os companheiros da nossa formação Chronophágica, fiquei impactado quando soube do altíssimo custo dessa produção de um LP nos dias atuais (ao me referir a 2024). A despeito do "vinil" ter voltado à moda e ter estado a encantar gerações que nasceram sob a égide digital e na posterior, virtual, os preços não refletiam a sua suposta popularidade recém adquirida no momento pós-anos 2020, porque os valores se mostravam estratosféricos e diante disso, o repasse ao consumidor final ter ficado exorbitante, inevitavelmente.

Em suma, fiquei feliz pelo lançamento, também pela coragem do Rolando para empreender nesse sentido, pelo esforço do Marcello na parte técnica ao oferecer o seu estúdio como apoio e também pela arte requintada da Marta Benévolo para compor o lay-out da capa e encarte para o CD, e neste caso, além de ter feito a adaptação da arte para o LP e claro, pelo fato concreto de particularmente eu ter tido novamente um LP de um trabalho meu alojado na estante, lado a lado com os discos de meus ídolos que me inspiraram a adentrar tal universo do Rock. E se estou simbolicamente lado a lado deles na estante de discos, creio que a minha missão foi cumprida!

Em suma, fiquei contente pelo lançamento do LP Compacto+/Maioridade, que veio a coroar todo o esforço empreendido para relançar o CD ".ComPacto" de 2003, com direito a um CD remixado e remasterizado, encarte de luxo e para culminar no mesmo disco sob o formato de um velho LP.  

E como eu sempre eu digo quando vou encerrar um novo capítulo aberto para falar sobre a minha participação como membro e ex-membro da Patrulha do Espaço, essa banda nunca para de gerar novidades, tanto na continuidade de sua carreira, propriamente dita, mesmo tendo anunciado o seu encerramento com uma turnê da qual eu fiz parte em 2018-2019, e que não se concretizou de fato, quanto a trazer fatos novos sobre formações anteriores de sua história, incluso a minha, a dita "Chronophágica". 

Então, é óbvio que a qualquer momento um novo capítulo poderá ser escrito, tanto para engrandecer a sua história, como uma banda de Rock que é na verdade uma instituição, quanto à minha trajetória pessoal devidamente registrada através da minha autobiografia.

Dessa forma, possivelmente continua...

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