domingo, 29 de setembro de 2019

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 114 - Por Luiz Domingues

Chegamos juntos à Praça da República, na tarde de 10 de agosto de 2019, a bordo do automóvel do Carlinhos Machado, eu (Luiz Domingues) e Kim Kehl. Apesar de haver já no meio da tarde um público gigantesco ali presente para assistir os shows, tivemos um apoio muito bom da equipe de segurança terceirizada pelo evento, para rapidamente sermos conduzidos ao camarim. 

Uma banda tocava a todo o vapor o repertório do Raul Seixas, com desenvoltura e o público estava a cantar juntamente, visivelmente emocionado. Tal clima, sinceramente eu já esperava, pois qualquer manifestação que seja realizada a evocar a memória de Raul Seixas, provoca a comoção, visto que o seu público permanece enorme e muito fiel, praticamente ao constituir-se em mais que um séquito de admiradores do artista em questão e da sua obra, mas a portar-se no limiar de uma torcida uniformizada de um clube de futebol, senão como uma seita, no bom sentido do termo, ao levar-se em consideração a devoção pela qual idolatram o Raul, ao ponto de perpetuá-lo como artista. 

Esse é um caso sério, visto que é público e notório que artistas que foram até mais populares do que ele em termos midiáticos, após perecerem, caíram no esquecimento à medida que os seus fãs envelheceram e estes também partiram desta vida e em muitos casos, bem antes desse fenômeno ocorrer, no entanto em relação ao Raul Seixas, muito pelo contrário, a sua imagem mostra-se absolutamente viva e preservada por uma multidão que não o abandona nunca.

Chegamos ao camarim e os simpáticos seguranças, um casal para ser específico, foram rápidos em advertir-nos a não deixarmos objetos pessoais perto da ponta da lona que sustentava a tenda improvisada como camarim, visto que pessoas em situação de vida a viver sem teto, estavam a tentar furtar o que podiam nesse camarim e nos demais ao lado, montados para os outros artistas. 

Neste caso em específico, revelou-se como uma situação triste a constatar-se sobre o estado do centro da cidade, ao estar a cada dia mais degradado, fator que faz com que há anos, inclusive, eu evitasse caminhar por ali e somente dirigir-me a tais logradouros, se fosse absolutamente necessário. 

Na contrapartida, tirante esse problema com furtos a ocorrerem pela ação de braços inconvenientes que poderiam surgir abaixo da lona, o tratamento foi ótimo por conta dos seguranças e dos demais funcionários da produção, que foram muito solícitos para conosco.

Antes do show, no camarim. Da esquerda para a direita, na foto 1: o histórico guitarrista d'Os Panteras", Carlos Eládio, Renata "Tata" Martinelli e Edy Sar. Na foto 2: Renata "Tata" Martinelli e o ótimo fotógrafo, Weber Japoneis. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Acervo e cortesia: Weber Japoneis. Click (foto 1): Weber Japoneis. Click (foto 2): autor desconhecido

A banda que precedeu-nos, entrou no palco e tocou igualmente com bastante fluidez e até trouxe em sua formação um mini naipe de metais, a enriquecer a sua sonoridade. E também chamou-me a atenção quando eu ainda estava no camarim, foi que eu pude ouvir que o seu vocalista chamou ao palco uma atração especial, a cantora/atriz, Mariana de Moraes, a participar em duas ou três canções e entre elas, a música: "Gita". 

Imediatamente eu estabeleci uma reminiscência pessoal, ao recordar-me de uma passagem ocorrida em 1986, quando eu tocava com A Chave do Sol e encontramo-nos com Mariana Moraes nos estúdios da TV Cultura de São Paulo, quando participamos do programa: "Panorama", então apresentado pelo jornalista, Maurício Kubrusly. 

Nem conversamos nessa ocasião, mas eu recordo-me bem dela a assistir a nossa entrevista e participação ao vivo e nós também termos assistido a sua participação. 

Bem, terminada a apresentação dessa boa banda que precedeu-nos, fomos chamados ao palco.

Flagrantes do show! Foto 1: Kim Kehl e Edy Star. Foto 2: Renata "Tata" Martinelli a ser filmada por um fotógrafo. Foto 3: Edy Star em destaque. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Carol Mendonça 

Enquanto nos preparávamos, vimos que um dos organizadores do evento, faria uma apresentação acústica e singela ao cantar uma canção do Raul Seixas. Tal intervenção não estava prevista inicialmente, mas eu compreendi inteiramente  o caráter emocional de sua parte em querer também expressar o seu tributo ao Raul e assim, de uma maneira rápida, ele cantou com delicadeza uma canção. 

Na contrapartida dessa manifestação tão emocional, uma nota zero precisa ser dada para certos elementos da plateia que o hostilizaram bastante, talvez por estarem em adiantado estado de embriagues e frustrados pela queda da adrenalina, visto que quatro bandas de Rock já haviam apresentado-se com grande energia, e assim, uma pausa para uma apresentação acústica na base da voz & violão causou-lhes um desconforto. 

Bem, nem mesmo uma plateia formada por fãs do Raul Seixas e por extensão, supostamente ligados em outro tipo de conexão com o Rock vintage, gerou necessariamente um público a demonstrar uma postura mais aberta a apreciar sonoridades mais leves, um fator que fora bastante comum nos anos setenta. Observei com pesar a hostilidade de alguns mais exaltados a manifestarem-se com essa impaciência e para agravar ainda mais, tratou-se de uma canção do Raul, enfim. Ainda bem, não foi algo generalizado e dessa forma circunscrito à cinco ou seis pessoas em meio à mais de três mil ali presentes, mas certamente que chateou-me tal atitude da parte desses incautos. 

Tudo pronto, iniciamos com o tema instrumental criado pelo Kim a insinuar diversas canções do Raul em um mini pout-pourri, com muita energia. Seguimos com a canção d'Os Kurandeiros, "Pro Raul", que no set list, o Edy descreveu como: "Raul foi para o Beleléu", por conta do que canta-se no seu refrão. 

E a seguir, entramos com muito balanço em "Toca Raul" e "Como Vovó Já Dizia". Edy entrou em seu estilo grandioso, versado pela sua experiência e influência em torno das tradições do teatro de Revista de outrora. 

Apesar de termos realizado um único ensaio, o entrosamento no palco demonstrou que ao contrário, não houvera um hiato tão grande entre essa apresentação e a última que fizéramos juntos em 2018. O som no palco estava robusto, apesar do inexistente soundcheck ter sido substituído por uma parca passagem prévia e em festivais ao ar livre, é sempre difícil que não seja realizado de uma outra forma.

Foto 1: Luiz Domingues. Foto 2: Michel Machado. Foto 3: Edy Star. Foto 4: Carlinhos Machado. Foto 5: Kim Kehl. Foto 6: Renata "Tata" Marinelli. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019.  Clicks, acervo e cortesia: Sol Rodrigues

Seguimos em frente com muita energia nos Rocks sessentistas, "Rua Augusta" e "O Bom" e avançamos pelas músicas do LP "Sociedade da Grã Ordem Kavernista", e evidentemente que este álbum haveria de ser um objeto de culto daquela massa formada por fanáticos adeptos de Raul Seixas. Não deu outra, houve um frenesi quando executamos: "Sessão das Dez", "Êta Vida" e "Quero Ir". 

Foto 1: Luiz Domingues. Foto 2: Kim Kehl. Foto 3: Michel Machado. Foto 4: Renata "Tata" Martinelli. Foto 5: Edy Star. Foto 6: Carlinhos Machado. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Weber Japoneis

Quando iniciamos a execução de "Maluco Beleza", eis que notamos que o Edy havia saído do palco. Como essa ausência não fora combinada, ficamos apreensivos em princípio, talvez a considerar a hipótese que Edy estivesse com algum desconforto de ordem física e buscou ajuda nos bastidores, mas ao mesmo tempo, sem deixar transparecer a nossa estupefação ao público e pelo contrário, a minha lembrança remete ao fato de que criamos um improviso dos mais agradáveis para esticar a introdução, até que a situação ficasse esclarecida entre nós. 

Pois eis que ouvimos a voz de Edy no monitor a iniciar a cantoria e tudo ficou sanado e entendido. Pois ele fora rapidamente ao camarim, trocara de roupa e munido de um microfone sem fio, surgiu pela lateral do palco, acompanhado de um segurança e caminhou em direção ao público. Ótimo, mesmo tendo sido algo feito sob improviso total, a ideia foi muito boa e assim, quando a música atingiu o seu clímax, mediante a intenção gerada pelo seu refrão, ele estava no meio da plateia a cantar junto ao povo. 

Bem, foi bonito como efeito dramático do show, mas ao mesmo tempo preocupante, visto que em determinado instante, a euforia sempre impensada em meio a uma multidão, deu trabalho ao segurança para que não esmagassem o Edy com o excesso de ímpeto gerado nessa massa, mas experiente, assim que percebeu que a situação poderia sair de controle, Edy bateu em retirada e após passar pela grade de segurança, apressou-se em voltar ao palco e encerrar a interpretação da canção, conosco.

Foto 1: Edy Star e Kim Kehl. Foto 2: Renata "Tata" Martinelli e Kim Kehl. Foto 3: uma bela panorâmica da banda em ação no palco. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Weber Japoneis  

Tocamos, "O Crivo", do repertório solo de Edy, um tema versado pelo puro Blues-Rock e que sempre propiciava-nos o conforto para transitarmos por uma especialidade d'Os Kurandeiros, além de igualmente ser uma canção a conter uma letra maliciosa, escrita pelo Raul Seixas e cuja brincadeira que o Edy sempre estabelecia ao vivo, caiu como uma luva para aquele tipo de público. 
 
"Rockixe" e na sequência, "Al Capone", gerou a esperada euforia dos fãs do Raul e em seguida, Renata "Tata" Martinelli entrou em cena para cantar divinamente, a bela balada, "A Maçã", ao provocar a imediata interação da plateia, que veio junto com a banda, sem
titubear

Renata "Tata" Martinelli em ação, com Luiz Domingues, ao fundo. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis

A seguir, Renata permaneceu conosco e assim tocamos: "Ainda Queima a Esperança". Confesso que subestimei a reação, por antecipação, ainda no ensaio, visto que achei que tal escolha houvesse sido algo exagerado, no sentido de ser uma canção obscura gravada por uma cantora popularesca de um passado remoto e somente pelo fato do Raul a ter composto, tal referência soou-me superficial. 

No entanto, o desinformado ali fui eu, visto que notei enquanto tocávamos, que muitas pessoas da plateia a cantarolavam, a denotar que aquele público realmente era aficionado ao ponto de conhecer não apenas a obra do Raul, em todos os seus meandros, mas também ao deter o profundo conhecimento das inúmeras canções que ele escreveu para alimentar artistas obscuros e populares, visto que ele foi por muitos anos, antes de estourar como um artista solo, um executivo de gravadora. 

Muito bem, houve uma razão de ser e assim tocamos a canção da cantora, Diana, com muito respeito e certamente com uma vestimenta mais Rock'n' Roll.

Edy Star em destaque, com Luiz Domingues, atrás e de costas e Carlinhos Machado ao fundo, na bateria. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis

Tocamos a seguir, o ótimo som, "Rock'n' Roll é Fodaço", do último álbum de Edy, com direito a mini solos de cada membro da banda e a conter as habituais brincadeiras do Edy na hora de apresentar-nos, individualmente. Emendamos com "Rock das Aranhas", com a voz do Kim no comando, como acontece normalmente nos shows d'Os Kurandeiros e em seguida, mais um improviso ocorreu. 

Edy Star e Carlos Eládio em destaque. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis

Eis que Carlos Eládio, ex-integrante da banda de Raul Seixas nos anos sessenta, "Raulzito & Os Panteras", foi convocado a participar e ali no calor da indefinição sobre o que tocaríamos com ele, o Kim sugeriu, "Metamorfose Ambulante", que nós não tocaríamos naquele show, por uma solicitação do Edy, visto que essa canção fora executada por quase todas as bandas que apresentaram-se anteriormente e ele não quis repeti-la. 

Nessa circunstância especial, nós tocamos e foi bastante prazeroso ter Eládio, um músico histórico, a cantar conosco. 

Eis que iniciamos uma saborosa versão Country-Rock para: "Let Me Sing" e encerramos com bastante contundência, com "Sociedade Alternativa", a gerar um coro que ecoou forte na Praça da República, certamente a produzir emoção entre as pessoas ali presentes que comungam com as ideias libertárias, oriundas da concepção do saudoso, Raul.

Foto 1: uma visão do palco pela retaguarda. Foto 2: Kim Kehl e Edy Star com a perspectiva do público. Foto 3: o Power-Trio d'Os Kurandeiros a confraternizar-se após o término do espetáculo. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Acervos e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap 

Missão cumprida e com muita satisfação, foi um ótimo show, com emoção, boa performance no palco e encontros muito prazerosos nos bastidores. Aliás, encontrei-me com muitos amigos queridos nos bastidores e pude enfim conversar com a cantora, Mariana Moraes, que muito simpática, falou-me sobre os seus projetos artísticos, mais focados na música do que o cinema, na atualidade. 

E assim foi, noite de 10 de agosto de 2019, com cerca de três mil pessoas na plateia, que cumprimos mais um bom show d'Os Kurandeiros, com Edy Star e reforçados por Renata "Tata" Martinelli e o ótimo percussionista, Michel Machado.

"Toca Raul" (Zeca Baleiro)/"Como Vovó Já Dizia" (Raul Seixas) - Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Filmagem: Fátima Costa

Eis o Link para assistir no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=udJbwN0_yzw

Mini especial com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, no Festival: "O Início; o Fim e o Meio" na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Filmagem: Celso Giannazi

Eis o Link para assistir no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=_zPy5oySLng
Na semana subsequente, novamente fomos agraciados com duas músicas a serem executadas no programa: "Só Brasuca", da Webradio Crazy Rock. E assim, entre 17 e 23 de agosto de 2019, as canções: A Noite Inteira" e "Anjo do Asfalto", estiveram presentes nessa seleta programação.

Continua...

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 113 - Por Luiz Domingues

Ao final de julho, nós recebemos a notificação que haveria um show sob grande proporção ao ar livre, a ser realizado na Praça da República, no centro de São Paulo e que Edy Star, o grande astro com o qual realizáramos uma boa turnê, no ano de 2018, solicitara a nossa inclusão para a realização de tal espetáculo. 

Ora, que boa oportunidade para revivermos aquele repertório com o qual lidamos com muito prazer em 2018 e a conter como espinha dorsal, as canções de Raul Seixas, além de algumas outras provenientes dos álbuns do próprio, Edy e certamente, dos Kavernistas, grupo onde Edy foi membro, assim como o próprio Raul, igualmente. 

Esse evento foi concebido para fazer parte de uma celebração em torno da memória de Raul Seixas, justamente ao se completar trinta anos de seu falecimento e nesses termos, vários grupos tocariam canções do Raul e o show teria como encerramento o espetáculo de Edy Star & Os Kurandeiros.

Edy sugeriu que incluíssemos as canções: "A Maçã" e "Ainda Queima uma Esperança", ambas do Raul, para que a nossa convidada especial, a cantora, Renata "Tata" Martinelli, pudesse atuar conosco, ainda que através de duas canções, apenas, visto que ela já havia firmado outro compromisso na mesma data e tornara-se impossível atuar em nosso show durante o tempo inteiro, ou seja, uma grande pena para todos. 

E há por destacar-se que no caso da canção: "Ainda Queima uma Esperança", apesar de ser uma composição do Raul, na verdade esta foi um peça escrita por ele, sob encomenda para ser usada no disco de uma cantora popular, chamada: Diana, em 1971. Portanto, mesmo com a embalagem popularesca em que tal peça revestiu-se em sua gravação original, evidentemente que mediante a nossa interpretação, haveria por tornar-se mais robusta, com um tratamento mais Rock a extrair-lhe o ranço popularesco. 

Um ensaio foi marcado para o dia 8 de agosto de 2019, no estúdio Curumim, pertencente ao nosso amigo, Fernando Ceah e ali, com a presença do nosso querido amigo, Michel Machado à percussão, fizemos um ótimo apronto, ao colocarmo-nos em ordem para o show do dia 10.  

O Link abaixo direciona para uma filmagem feita pelo amigo, Fernando Ceah, enquanto ensaiávamos em seu estúdio, Curumim. Contém um trecho da canção: "Sessão Das Dez", do Raul Seixas.

https://www.facebook.com/estudiocurumim/videos/364803130866767/

Continua...

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Uncle & Friends) - Capítulo 100 - Por Luiz Domingues

O que ninguém previu, no entanto, foi que no dia do show, a temperatura caiu tremendamente na cidade de São Paulo. Bem diferente de épocas passadas, onde as estações climáticas eram absolutamente bem delineadas, eis que o inverno paulistano de 2019, foi marcado por altos e baixos em termos de ondas de frio a oscilar entre o padrão moderado e até a observar-se o calor, ao caracterizar-se a observação de "veranicos". Portanto, dentro dessas variações extremadas, o dia do show tratou por apresentar um ambiente marcado pela presença de um frio intenso. Eu fui bem agasalhado ao evento, e com a consciência de que na hora em que apresentar-nos-íamos, a temperatura haveria por cair ainda mais.
Como de praxe, ao aproximar-me do palco em questão, revelou-se extremamente prazerosa a constatação do clima ali reinante, em face ao fato de haver ali, uma quantidade grande de amigos. Músicos, produtores musicais, jornalistas, radialistas, agitadores culturais, enfim, uma turma muito boa para conversar e com muito prazer, durante os momentos que antecederam a nossa apresentação.
Flagrantes do ótimo clima instaurado antes da apresentação. Na primeira foto, da esquerda para a direita: o grande baterista e comunicador/pesquisador, Charles Gavin, a ostentar em mãos, um exemplar do livro: "O Sol da Liberdade", escrito pelo saudoso filosofo, Luiz Carlos Maciel, Cesar Gavin, baixista, comunicador e agitador cultural incansável, Carlinhos Machado, o homem das mil bandas, eu, Luiz Domingues e Marquês, cantor & comunicador e também o apresentador desse show. Foto dois: O grande Caio Durazzo, o nosso anfitrião, músicos & fotógrafo, Lincoln "The Uncle" Baraccat e Luiz Domingues. Uncle & Friends no Festival "A Gosto Musical" na Vila Pompeia em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2019. Foto 1: acervo e cortesia de Charles Gavin. Click: Lincoln "The Uncle" Baraccat. Foto 2: click, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Perto do palco e dos Food Trucks que serviram os transeuntes da Feira, a concentração de amigos queridos, foi ótima ao estabelecer que o longo tempo de espera para a apresentação em si, passou rápido, por conta desse prazeroso convívio com tantas pessoas inteligentes ali presentes. Uma boa banda tocou imediatamente anterior à nossa e eu apreciei bastante a sua boa performance, mesmo que amparada por covers e sem a presença de música autoral. Essa banda tocou clássicos do Rock brasileiro setentista e muito bem tocado e cantado, a demonstrar destreza e bom gosto, portanto, espero que futuramente mostrem também canções próprias, visto que tal grupo contém plena condição para realizar um grande trabalho. O nome dessa boa banda? Pois é, minha máxima culpa... eu não anotei e dessa forma, não recordo-me mais.
Flagrantes do show. Foto 1, da esquerda para a direita: Caio Durazzo, Lincoln "The Uncle" Baraccat e Luiz Domingues. Foto 2: Lincoln "The Uncle Baraccat, Caio Durazzo, com Carlinhos Machado ao fundo, na bateria e Luiz Domingues. Foto 3: Luiz Domingues em destaque. Uncle & Friends no Festival "A Gosto Musical" na Vila Pompeia em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro   

Chegou enfim o momento e assim que eu subi ao palco, soube que a temperatura naquele instante marcava-se 5º no termômetro, mas devido ao vento e forte garoa presente, eis que a sensação térmica foi em torno de 2º, fiquei a saber pela mesma fonte meteorológica. Pelas fotos, é nítido o que descrevo, pois todos tocaram bem agasalhados, sem cogitar deixar de fazer uso de roupas nada confortáveis para usar-se como figurino de palco, mas sem as quais, nem com o calor natural gerado pela adrenalina da apresentação, seria possível apaziguar o frio intenso ali expresso. 

Foto 1: Carlinhos Machado em destaque! Foto 2: Lincoln "The Uncle" Baraccat em ação! Foto 3: Caio Durazzo em destaque! Uncle & Friends no Festival "A Gosto Musical" na Vila Pompeia em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Bem, tirante o frio e alguns problemas no amplificador do Lincoln Baraccat, a apresentação foi animadíssima. A Feira, apesar da baixíssima temperatura ocorrida naquela tarde, esteve com uma frequência muito forte. Eu até surpreendi-me ao ver famílias a conter a presença de muitas crianças pequenas e também em termos de idosos, inclusive com dificuldades de locomoção, a participar com entusiasmo, como se fosse um dia ensolarado e mediante o calor ambiente. 

Ora, ainda na metade da apresentação da banda anterior, o frio intensificara-se e para piorar a situação, eis que a garoa ficou mais forte a caracterizar a incidência da chuva, praticamente. Nesse instante, foi natural uma dispersão, com as pessoas a deixar a rua e a buscar abrigo. No entanto, quando fomos tocar, verifiquei que o público voltou a aumentar, mesmo com as condições climáticas ainda piores, com frio e garoa forte a castigá-las. Em suma, achei muito animadora essa obstinação da parte das pessoas em seguir ali com frio e forte garoa, para apreciar a nossa apresentação.


Nas duas fotos, da esquerda para a direita: Daniel Gerber, convidado especial, Lincoln "The Uncle" Baraccat, Caio Durazzo e Luiz Domingues. Uncle & Friends no Festival "A Gosto Musical" na Vila Pompeia em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Daniel Gerber, o excelente guitarrista da banda, Power Blues, participou com um convidado especial e certamente abrilhantou a apresentação. Exatamente igual à primeira apresentação em que participei com essa banda, em agosto de 2018, eis que quando Gerber subiu ao palco, observou-se uma coincidência no tocante aos três guitarristas em ação: o trio tocou munido com guitarras Fender Telecaster. A trinca Telecaster repetiu-se, para fechar um ciclo vitorioso em meio a um trabalho avulso que teve a proeza de repetir-se por quatro ocasiões e sempre de uma forma bastante prazerosa, sem dúvida alguma. 
Clima de confraternização ao final do espetáculo. Da esquerda para a direita: Marquês, o apresentador do evento, Lincoln "The Uncle" Baraccat, Caio Durazzo, Carlinhos Machado e Luiz Domingues.  Uncle & Friends no Festival "A Gosto Musical" na Vila Pompeia em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Fim de show super animado, inclusive com a proposta para esticar a nossa apresentação, portanto, eis que executamos a canção: "Comprimido", mais uma vez e assim encerramos com a noite avançada, e mais frio ainda. Não é o fim da história, visto que no futuro, poderão haver novos capítulos a serem escritos.

Filmagem com a banda a executar a canção: "O Sol e Você":

https://www.facebook.com/lincoln.baraccat.50/videos/902255743492542/?notif_id=1565286529135251&notif_t=feedback_reaction_generic_tagged
 
Portanto, possivelmente continua...