Aconteceu no
tempo d’A Chave do Sol, em 1987
Acontecimentos
extra-musicais ocorrem o tempo todo no ambiente de um estúdio de gravação e
muitas vezes, a depender de cada caso, podem ajudar a descontrair a tensão ou estimular a criá-la, portanto para melhorar ou piorar o foco dos artistas e dos técnicos
ali envolvidos em torno do trabalho de gravação de um disco ou de uma simples
demo-tape de uma banda. Todo músico que teve a felicidade de poder registrar um
trabalho, tem uma história para contar nesse sentido, eu tenho certeza.
Em meu caso,
depois de mais de vinte discos (e mais de quinze fitas demo-tape), gravados até este instante,
é fato que acumulei muitas lembranças, boas e más, aliás. Por sorte, tenho mais recordações
agradáveis para guardar com carinho na memória.
Sobre a ocorrência que eu narro nesta
crônica, se trata de um acontecimento engraçado, embora não tenha sido uma história
mirabolante e pelo contrário, a revelar-se como um acontecimento singelo.
O clima não
estava bom entre os membros da nossa banda nas sessões de gravação do LP The
Key em 1987. Aqueles dias foram os últimos em termos de esforços de nossa parte, para
mantermos a banda em atividade, infelizmente. Em meio aos problemas que
enfrentávamos, eis que algo inusitado ocorreu em uma das sessões, a envolver-me
diretamente.
Estávamos a ouvir um trecho de uma música, e neste caso a contar com eu mesmo (Luiz Domingues), junto ao guitarrista, Rubens Gióia e o técnico de som, Pepeu, do estúdio Guidon. A cadeira em que eu estava sentado continha rodinhas e era reclinável, a mostrar-se bastante confortável.
Estávamos a ouvir um trecho de uma música, e neste caso a contar com eu mesmo (Luiz Domingues), junto ao guitarrista, Rubens Gióia e o técnico de som, Pepeu, do estúdio Guidon. A cadeira em que eu estava sentado continha rodinhas e era reclinável, a mostrar-se bastante confortável.
Pois foi
em um instante onde estávamos concentrados para ouvir um determinado detalhe de
uma música, que eu reclinei-me para ficar mais concentrado. À medida que
escutava com atenção tal trecho da canção, a buscar ter a certeza que não havia
nada de errado naquele detalhe que investigávamos, eu não percebi que a cadeira
pôs-se a sair discretamente do seu eixo. Sorrateiramente, eis que a ação da
física fez-se valer e praticamente em câmera lenta, eu senti a precipitação da
cadeira que fatalmente culminaria em jogar-me ao solo.
Foram frações
de segundos, certamente, mas a ação pareceu lenta no calor dos acontecimentos e
assim, a minha reação e também dos amigos que cercavam-me foi a mesma, ou seja,
a revelar um sentimento entre a estupefação pelo inusitado da situação e a
letargia, por conta da estranha ação que pareceu lenta. Pois foi quando a cadeira
quase tocou o solo, que o Rubens Gióia teve o reflexo enfim para segurá-la e
evitar a minha queda total.
Salvo no
último estertor, após uma inevitável e epidêmica sessão de risadas, ninguém ali
realmente conseguiu entender a cena, não pelo fato da cadeira ter virado, algo
trivial em uma cadeira com rodas e nem mesmo pelo excesso de inclinação em que
ela foi submetida, por conta de minha própria ação corporal.
Entretanto, o que realmente
chamou a atenção de todos foi a questão da morosidade com a qual o evento
transcorreu. Tivesse sido um efeito especial para realçar uma cena de um filme,
perfeito, que belo recurso, mas ali, na vida real, foi algo muito inusitado.
Bem, foi engraçado, inusitado e até misterioso
em certa medida, mas não ajudou em nada a amenizar o clima pesado com o qual a
nossa banda gravou o LP “The Key”, uma grande pena.
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