terça-feira, 31 de outubro de 2017

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 64 - Por Luiz Domingues

No mês de maio de 2017, Os Kurandeiros fizeram uma trinca de shows, sendo que um deles, em uma casa inteiramente inédita na trajetória da banda e surpreendente pela sua ambientação, eu diria. 

Os Kurandeiros em ação em uma foto postada nas redes sociais da Internet, no calor da divulgação on line e in loco. Rockers Self Garage de São Paulo, em 20 de maio de 2017. Foto: Lara Pap

Tratou-se de uma apresentação em uma garagem/oficina de motos, cujos donos, todos Rockers, músicos e apaixonados por motos, montaram o seu estabelecimento com farta ambientação baseada no Rock, ao fazerem uma junção com o universo das motocicletas, por decorá-la com posters de Rockers famosos das décadas de cinquenta até a atualidade, a pilotarem ou a posarem ao lado de motos, além de conter diversos "stills" de filmes famosos com tal mote, caso de "Easy Rider", "The Wild One" e outros. 

Muito bem montada, a oficina apresentava a predisposição do auto serviço, ao estilo de "Self Garages" norte-americanas, naquela tradição do próprio usuário lavar e/ou operar pequenos reparos na sua moto, ao alugar o espaço, ferramentas e produtos e também ter o estilo tradicional de atendimento por mecânicos profissionais, a escolher, portanto.

Mais flagrantes da apresentação d'Os Kurandeiros na casa de espetáculos e oficina mecânica para motocicletas, "Rockers Self Garage", de São Paulo, em 20 de maio de 2017. Na última foto, não resisto à observação: "Come Taste the Band"... clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi
 
E assim, em meio a várias motos e pelo aspecto, só veículos de alto padrão, o palco foi montado com a garagem em pleno funcionamento, com a banda a tocar e mecânicos e usuários a fazerem os seus reparos, portanto vez por outra, o ruído forte proveniente de escapamentos e/ou aceleração das motos, a se mostra como algo inusitado e até proposital, quando um dos proprietários, ao perceber que iniciáramos a canção do "Steppenwolf", "Born to Be Wild", auxiliou-nos na performance ao imediatamente acelerar uma moto ali dentro, para criar o clima que Peter Fonda, Dennis Hopper & Jack Nicholson proporcionaram-nos no Road-Movie, "Easy Rider", em 1969. Foi muito divertido, é claro.
"Cocada Preta" (trecho), no Self Rockers Garage, de São Paulo, em 20 de maio de 2017.

Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=v_8gocFC9F4

Bem, nada mais apropriado, a casa chamava-se: "Rockers Self Garage", localizada no bairro da Saúde, zona sul de São Paulo e a se mostrar como uma feliz junção de empreendimento voltado para o universo dos motociclistas, com ótima estrutura para atender as suas necessidades mecânicas e também com ambientação Rocker, eis que vemos a figura do guitarrista Sérgio Hinds, d'O Terço, nas suas dependências, ali a cuidar de sua moto.
"Solo Delivery" em música não identificada, com o tradicional passeio de Kim Kehl entre espectadores do estabelecimento.
Rockers Self Garage, em 20 de maio de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=EqMgRHiZOpE

"Caroline" (Status Quo) no Rockers Self Garage em 20 de maio de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=5-8y00tyUks

"A Noite Inteira", no Rockers Self Garage, em 20 de maio de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=1EcaYm5l5LY 

Com um mezanino grande e uma cozinha bem estruturada, a casa mostrava-se em condições para atuar de forma híbrida, sendo casa de shows e oficina mecânica simultaneamente e como se não bastasse tudo isso, nos alto-falantes espalhados pelo estabelecimento, ficava o tempo todo a se tocar uma programação Rocker da melhor qualidade, como se fosse uma rádio interna a embalar os trabalhos dos mecânicos e usuários. Portanto, ouvir Gentle Giant e Mahavishnu Orquestra, ali, na ante-sala do nosso show, entre outras preciosidades raras, foi absolutamente inusitado e prazeroso, é claro. Aconteceu no dia 20 de maio de 2017.

No dia seguinte, estivemos novamente no Fofinho Rock Bar, para tentarmos levar adiante o projeto "Sunday Rock", cujas dificuldades operacionais inerentes eu já descrevi em capítulos anteriores e mesmo a ressalvar a maneira cortês com a qual éramos tratados pelos mandatários da casa, a verdade é que pareceu insolúvel a perspectiva de haver melhorias técnicas que possibilitassem a continuidade do projeto. 

Bem, foi de fato a nossa última apresentação ali, mas não com um final declarado do projeto, mas simplesmente por ter sido feito um adiamento "sine die".

Os Kurandeiros em ação no Fofinho Rock Bar, no dia 21 de maio de 2017. Clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi 

Tocamos sozinhos, ao fazermos três entradas, como no padrão das apresentações em casas noturnas em que estávamos acostumados a atuar, sem problemas por esse aspecto. 

É bem verdade que um dos PA's que concorriam com as nossas apresentações, diminuiu bem o seu ímpeto, mas o equipamento do salão superior, a promover uma longa sessão mecânica, com uma overdose de Heavy Metal (e sob um volume com padrão de show ao vivo em Arena de médio porte, digamos), não arrefecera-se e isso inviabilizava a continuidade de nosso esforço hercúleo em fazer da nossa performance, no patamar inferior do estabelecimento, infelizmente.

"Honk Tonk Women" (The Rolling Stones)  -  Fofinho Rock Bar de São Paulo, 21 de maio de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=9LrwZSnCQqc 

"Rock'n Roll All Night" (Kiss)  -  Fofinho Rock Bar de São Paulo, 21 de maio de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=MQdghF9NdWo    

Os Kurandeiros em ação no Fofinho Rock Bar, no dia 21 de maio de 2017. Clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi

Atesto que insistimos muito, para arrastar o projeto desde outubro do ano anterior, mas realmente se tornara difícil mantê-lo em atividade. Para piorar as coisas, a chuva torrencial que nesse dia caiu, além da concorrência quase desleal com o evento "Virada Cultural", onde centenas de shows gratuitos ocorreram pelos quatro cantos da cidade, só intensificou a dificuldade, portanto, foi até surpreendente haver um quórum mínimo ali na casa, ante tantas adversidades alheias à nossa vontade. Tarde/noite de 21 de maio de 2017 e última ocorrência do "Projeto Sunday Rock", a contar com Os Kurandeiros como protagonistas.
Para fechar o mês de maio, alguns dias depois voltamos ao Tchê Café, perto do Aeroporto de Congonhas e desta feita com maior margem de tempo para uma divulgação pública adequada, via Redes Sociais da Internet. Casa aconchegante, com a regalia de ceder backline e até instrumentos de bom nível para os artistas tocarem, foi a nossa segunda incursão em suas dependências, tendo sido uma noitada agradável.

"Change the World" (Tommy Sims / Gordon Kennedy / Wayne Kirkpatrick) - Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo, 26 de maio de 2017  

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=W4cqXpABG8o

Surpresa boa, o meu velho amigo, Osvaldo Vicino, guitarrista de minha primeira banda, o Boca do Céu, lá no longínquo ano de 1976, apareceu com sua bela namorada, que simpática, contou-me que morou no mesmo bairro onde eu e Osvaldo moramos e conhecemo-nos nos anos setenta, e apesar de não ter sido nossa colega de escola, relatou que estudara em um outro colégio próximo, além de comentar algumas relações afetivas com o bairro, comum aos três. 

Não a conheci na época, no entanto e ficou esclarecido que o Osvaldo a conheceu e namorou por volta do final de 1978, ou seja, época em que deixou nossa banda e portanto, quando perdemos contato por muitos anos. Esteve explicado então por que tínhamos tantas lembranças em comum em termos comunitários, mas sem que conhecêssemo-nos na época.

Os Kurandeiros ao vivo no Tchê Café de São Paulo, em 26 de maio de 2017. Foto: Lara Pap  

Uma última boa nova ocorreu-nos no mês de maio e em junho, teríamos uma boa agenda de apresentações pela frente. Que viesse o inverno Rocker de 2017, para cantarmos com ainda mais convicção: "Faz Frio"...
Continua...

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 63 - Por Luiz Domingues

Uma casa diferente havia convidado-nos a ali apresentarmo-nos, mas localizada em um bairro da cidade onde já havíamos tocado em diferentes estabelecimentos em um passado relativamente próximo. Tratou-se de uma pequena casa encravada entre tantas dentro da ebulição noturna dos bairros vizinhos de Pinheiros e da Vila Madalena, zona oeste de São Paulo e denominada: "Season One Arts & Bar". 

Temático, tal recinto pretendia ser um recanto para amantes de seriados de TV, com decoração adequada para tal e de fato, com monitores espalhados pelos ambientes, a se exibir seriados modernos, predominantemente norte-americanos. Também sou um inveterado fã de seriados, desde a tenra infância e apesar de deter predileção pela produção "vintage", igualmente acompanho seriados modernos, não com a mesma profusão e atenção de outrora, contudo, tenho simpatia por alguns modernos.

Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Luiz Domingues & Carlinhos Machado. Os Kurandeiros no "Season One Arts & Bar" de São Paulo, em 8 de abril de 2017
 
E foi assim, entre monitores a exibirem episódios de "Bates Motel" e "American Horror Story" e mais alguns seriados que eu nem identifiquei, que nós tocamos nosso set habitual e curioso, o palco ficava bem na entrada da casa, portanto, no patamar baixo, onde poucas pessoas sentaram-se para ouvir-nos a tocar, mas a maioria passava por nós e subia sem pestanejar para um mezanino sem visão da banda, apenas a ouvir o som com relativo atraso e assim, sinal dos tempos, a banda ali teve a função de um mero chamariz, na predisposição parecida com a de bandinhas circenses a tocarem na porta de lojas populares (com todo o meu respeito para esses artistas)

Sei que é uma colocação exagerada, claro que tivemos uma apresentação digna e até com momentos de euforia, por parte dos poucos que prestaram-se a ficarem no patamar inferior, a prestigiarem a nossa banda. Bem, aconteceu em 8 de abril de 2017.

Ao final do mesmo mês de abril, tivemos uma boa sequência de apresentações. Primeiro, com uma volta ao reduto Hippie do bairro do Tucuruvi, zona norte de São Paulo, o Santa Sede Rock Bar. Ali  sempre foi garantia de uma boa apresentação, com audiência entusiasmada e muito boa hospitalidade dos proprietários da casa. Aconteceu em 22 de abril de 2017. 
Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 22 de abril de 2017. Clicks, acervo e cortesia de Cleber Lessa
"O Filho do Vodu", (trecho do solo). Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar em 22 de abril de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=cMRqdObh3TA 

No dia seguinte, 23 de abril de 2017, voltamos a apresentarmo-nos no "Projeto Sunday Rock", no famoso salão de Rock'n' Roll, "Fofinho Rock Bar". Desta feita sem convidados e a assumirmos um show padrão de casa noturna, com Os Kurandeiros "a tocarem a noite inteira", como dizia a letra de sua nova música recém lançada na ocasião. 

Uma boa nova, o PA que alimentava o botequim externo da própria casa, trabalhou com um volume reduzido, para atender uma de nossas reivindicações. Contudo, ainda a termos a concorrência do PA do patamar superior e a sua longeva sessão de Heavy Metal, ao menos a nossa situação com o nosso PA na parte inferior da casa, amenizou-se um pouco. 

Além disso, a casa providenciou uma iluminação mínima, para conferir ao palco uma maior qualidade visual, eu diria, e sobretudo a demonstrar que estavam a se empenharem para atender as nossas reivindicações, ainda que paulatinamente. 

E sobre tocar no padrão de casa noturna, para nós foi extremamente rotineiro, não causou-nos nenhum transtorno adicional. Dessa forma, destilamos o nosso repertório autoral e mais duas sessões de releituras do Blues e Rock internacional, para atrair a atenção dos que não estavam ali presentes e motivados pelo Heavy Metal reproduzido mecanicamente, no andar superior do estabelecimento.

Dois flagrantes d'Os Kurandeiros no Fofinho Rock Bar em 23 de abril de 2017. Na primeira, Luiz Domingues em destaque, com click de Ale Machado. E na segunda, uma panorâmica da banda, com click de Lara Pap.
Para fechar o mês de abril, fomos convidados pelo nosso amigo, o grande guitarrista, Fulvio Siciliano, a dividirmos a noite com ele e a sua nova banda, chamada: "Chlube do Som" e na casa mais tradicional na história d'Os Kurandeiros, o Magnólia Villa Bar, da Lapa, na zona oeste de São Paulo. Fazia um relativo tempo que não pisávamos naquele palco tão familiar para nós e foi um prazer também por isso.
Os Kurandeiros "a matarem a saudade" do palco do Magnólia Villa Bar e com Alexandre Rioli aos teclados, também a revivermos os bons tempos da "Magnólia Blues Band". 28 de abril de 2017. Foto: Lara Pap

"A Noite Inteira" no Magnólia Villa Bar, em 28 de abril de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=pIVqQ5Zzhtc
 
Sobre a banda do nosso amigo, Fulvio, era na verdade um grupo que já existia a atuar pela noite e do qual ele recém ingressara como guitarrista. Muito boa banda, com músicos tarimbados e com uma bela e competente vocalista na sua linha de frente, apresentou um repertório com clássicos internacionais bem variados, indo de músicas dos Beatles a canções mais modernas e que habitavam o dial das emissoras de rádio FM. 

Gostei da apresentação deles e indagado sobre a estranha grafia que a banda ostentou no cartaz promocional, Fulvio explicou-nos que a letra "H" grafada nessa ortografia, não fora obra de nenhum estudo proveniente da "numerologia", tampouco uma palavra oriunda de algum idioma exótico, mas um engano mesmo de digitação, portanto, "Chlube", queria dizer mesmo: "Clube", e nada mais...

Na primeira foto, a jam-session mencionada, com Fulvio Siciliano a atuar junto aos Kurandeiros. E na segunda, a confraternização final com os músicos das duas bandas e diversos amigos. 28 de abril de 2017, no Magnólia Villa Bar de São Paulo. Clicks de Lara Pap 

Ao final, uma jam com os músicos das duas bandas a se revezarem no palco, tratou de tornar o desfecho da noitada muito agradável, como fora aguardado, de fato. 

Os nossos próximos compromissos, estavam marcados para o final de maio e uma dessas datas, em uma casa inteiramente nova e muito interessante pela sua ambientação e que eu posso atestar, não era apenas temática, mas concreta...

Continua...  

domingo, 29 de outubro de 2017

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 62 - Por Luiz Domingues

Embalados pelos bons ventos proporcionados através do advento do novo EP em que estávamos a trabalharmos, a agenda mostrava-se bastante movimentada nesse começo do ano de 2017, que bom!

Um exemplo disso ocorrera nos meses de março e abril, quando tocamos bastante ao vivo, inclusive em casas onde nunca havíamos visitado anteriormente e sempre era estimulante para a nossa banda apresentar-se em novos espaços, em que o fator surpresa era sempre grande, inclusive se pensarmos em aspectos negativos, mas mesmo assim, a novidade abriu o caminho para experiências inéditas e isso era sempre bom para a banda e até para o meu relato autobiográfico, que beneficiara-se através desses adendos interessantes que inspiram boas crônicas.

Os Kurandeiros no Fofinho Rock Bar de São Paulo, em 26 de março de 2017. Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Carlinhos Machado e Luiz Domingues. Foto: Lara Pap 

O penúltimo show do mês de março ocorreu no entanto em um lugar em que estávamos a lutarmos bravamente para manter em pé mediante um projeto que no papel, teoricamente a se falar, parecia bem interessante, mas na prática, nós enfrentávamos problemas técnicos, que a bem da verdade eram insolúveis ali naquela casa, e apesar da camaradagem e bons tratos com os quais os mandatários do estabelecimento recebiam-nos, a política da casa em termos de seus usos & costumes mostrava-se imutável e sendo assim, apesar de ser interessante tentar manter o projeto em atividade, ficava a cada edição muito difícil acreditar ser isso possível. No entanto, Os Kurandeiros eram/são resilientes por natureza e dessa forma, nós insistimos. 

Nessa edição de 26 de março de 2017, convidamos um outro artista para fazer show o compartilhado conosco e tratou-se de Duck Strada, um artista multi-talentoso, por natureza. Baterista de bandas de Rock, há anos, mantinha (mantém) também uma carreira paralela autoral e solo, ao apresentar-se como um "Folk-Singer", na base do violão & voz, e mais do que isso, ele demonstrava um talento grande como compositor e letrista, ao seguir uma linha nobre da MPB com raízes contraculturais, naquela vertente com um pé no Rock, psicodelia, experimentalismo e baseada nos ecos distantes do movimento Hippie. 

Ao fazer-me lembrar artistas como Zé Geraldo, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Lula Cortes, Sá & Guarabyra, Alceu Valença, Jards Macalé e tantos outros bacanas dessa vertente, Duck Strada deu o seu recado ao mesclar as suas ótimas composições com clássicos desses artistas que eu citei e de outros, com bastante maestria. 

Gostei muito de sua performance e das suas composições, uma inclusive que se fixou na minha memória, chamada: "Via Leste", uma bela crônica urbana que compôs, a falar das pessoas que vão e vem da zona leste de São Paulo a usar a metáfora dos trens de subúrbio e do metrô para falar desses trilhos que levam as pessoas para essa trilha na vida. Muito inspirado e bonito, certamente.

Os Kurandeiros no Fofinho Rock Bar de São Paulo, em 26 de março de 2017. Foto: Regina de Fátima Galassi

Depois fizemos o nosso show, igualmente a enfrentarmos a velha questão da guerra de PA's interna da casa, a atrapalhar a nossa sonoridade, e no caso do Duck Strada, com a sua apresentação baseada na voz & violão, creio que ele foi ainda mais prejudicado por tal situação alheia à nossa vontade. Paciência.

"Baby I'm a Want You" (David Gates / Bread) - 26 de março de 2017 no Fofinho Rock Bar de São Paulo

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Bky-YOOvJ7c

Por meio de uma sinalização tímida, mas animadora, a casa providenciou para que o PA da parte da frente (que alimentava o botequim em anexo do estabelecimento, virado para a Avenida Celso Garcia), abaixasse bastante o seu volume. Isso amenizou o nosso drama ali no salão inferior, mas o PA do andar superior prosseguiu a atazanar-nos com o Heavy Metal ensurdecedor, não teve jeito...

O próximo show foi exótico pela maneira em que transcorreu. Primeiro que o convite surgiu em cima da hora, ao nos surpreender ao ponto de não termos tido tempo hábil para empreender uma divulgação prévia mínima. 

Aceitamos fazer o show, assim mesmo e sob um poder de improviso bem grande da parte do Kim, ele fez ações on line com a banda no palco de tal estabelecimento, a tratar o evento como um "show secreto" e isso acabou por despertar a curiosidade de muita gente nas redes sociais e por vias tortas, culminou em ter sido uma ação de marketing interessante.

Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo, em 30 de março de 2017. Da esquerda para a direita: Luiz Domingues, com o Tajima Jazz Bass cedido pela casa, Carlinhos Machado e Kim Kehl. Foto: Lara Pap

O espaço era chamado como: "Tchê Café", localizado bem próximo do Aeroporto de Congonhas, e como sugeria o seu título, a se mostrar como um estabelecimento dirigido por gaúchos radicados em São Paulo. Mas apesar disso e do seu logotipo a ostentar um clássico "chimarrão", nada mais gaúcho, a casa não era 100% fechada em tradições gaúchas etc. e tal. 

Decorada como um bar estiloso, baseado no espírito dos Pubs ingleses e a ter como carro chefe uma vasta carta de cervejas artesanais a oferecer aos seus clientes, ficamos com uma boa impressão inicial assim que ali adentramos. 

E mais do que isso, foi bom verificar que era bem musical por sua decoração. Com um palco bem razoável para as bandas apresentarem-se, achamos inusitado que além do PA disponibilizado, uma praxe que raramente não é observada por outras casas, todo o backline e até instrumentos estavam ali para usarmos. Havia bateria, baixos e guitarras se quiséssemos usar e apesar do Kim não ter interessado-se na guitarras ali oferecidas e preferir tocar na segurança de suas próprias guitarras, eu aceitei usar um dos baixos ali disponíveis, um "Tajima", modelo Jazz Bass, e tal fator ocorreu por que o testei e verifiquei que continha um braço macio, muito bem feito, bastante semelhante ao seu modelo inspirador, o clássico Fender Jazz Bass. 

Gostei de seu timbre e de fato, foi prazeroso fazer o show com tal instrumento gentilmente cedido pela casa, uma prática incomum, diga-se de passagem, pois o normal para as casas noturnas é não haver nem PA, mas essa em questão, surpreendeu-nos positivamente nesse aspecto. 

Bem, simpatia e empatia estabelecidas, esse show súbito e em caráter "secreto" abriu-nos as portas para novas apresentações nessa casa. Bom, gostamos de ter ido lá e certamente gostaríamos de voltar em ocasiões futuras. Ocorreu em 30 de março de 2017, uma noite quente, embora o outono já estivesse a prevalecer no calendário.

"Reflexions on My Mind" (The Marmalade) - 30 de março de 2017, no Tchê Café de São Paulo

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=NBBb_CfGNXo
"Without You" (Pete Ham / Don Evans / Badfinger) - 30 de março de 2017 no Tchê Café de São Paulo

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=tnCyn3mCPWE 
"Sleepwalk" (Santo & Johnny Farina) - 30 de março de 2017 no Tchê Café de São Paulo

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=4pF9ckUpVIo  

Em abril, teríamos mais apresentações pelo circuito da noite paulistana, e com direito a casas diferentes, onde jamais havíamos passado anteriormente, a se gerar mais histórias pitorescas.

Continua...  

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Os Kurandeiros - 29/10/2017 - Domingo / 17 Hs. - 8ª Feira de Artes e Cultura da Lapa - Lapa - São Paulo / SP

Os Kurandeiros

29 de outubro de 2017 - Domingo - 17 Horas

8ª Feira de Artes e Cultura da Lapa

Ao Ar livre / Entrada Gratuita

Rua Faustolo (quarteirão entre as Ruas Tibério e Sabaúna) - Lapa - São Paulo / SP

Os Kurandeiros :
Kim Kehl : Guitarra e Voz
Carlinhos Machado : Bateria e Voz
Luiz Domingues : Baixo

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Os Kurandeiros (+ Magnólia Blues Band + Old Boys Band) - 27/10/2017 - Sexta-Feira / 19 Hs. - Magnólia Villa Bar - Lapa - São Paulo / SP -



Os Kurandeiros + Magnólia Blues Band + Old Boys Band 

27 de outubro de 2017 - Sexta-Feira - 19:00 Horas

Show de encerramento da casa Magnólia Villa Bar

Magnólia Villa Bar
Rua Marco Aurélio, 884 - Lapa - São Paulo / SP

Os Kurandeiros :
Kim Kehl : Guitarra e Voz
Carlinhos Machado : Bateria e Voz
Luiz Domingues : Baixo

Magnólia Blues Band :
Kim Kehl : Guitarra e Voz
Carlinhos Machado : Bateria e Voz
Alexandre Rioli : Teclados
Luiz Domingues : Baixo

sábado, 21 de outubro de 2017

Fim de Tarde no Vietnam - Por Marcelino Rodriguez

A maior saudade que tenho do tempo que passei no Vietnam, eram as conversas de fim de tarde com o Ninja, que me contava histórias fabulosas. A gente tomava uma long neck junto, e ele começava:

- Eu assombrei Nova Iorque com o meu amigo Porco Milagroso, gafanhoto. Onde eu ia com meu porco as coisas começavam a dar certo pra todo mundo.

- O senhor andava com um porco em Nova Iorque, mestre?

- Sim, qual o problema dele ser porco? Era meu amigo.

- Mas como o senhor ficou amigo dele, mestre?

- Ora, eu nunca reparei no que ele comia ou se tomava ou não banho, isso não é problema meu. O que eu reparava é que ele abanava o rabo quando eu chegava e que tinha bom coração. Eu sou uma pessoa educada, gafanhoto, e não fico reparando nos hábitos alheios. Além do mais, você já encontrou algum homem que tenha coração melhor do que um porco ? 
- Era assim o mestre. Uma metáfora viva. Até hoje, por causa dele, tenho saudades dos fins de tarde no Vietnam.

Marcelino Rodriguez é colunista sazonal do Blog Luiz Domingues 2. Escritor com vasta e consagrada obra, aqui mostra-nos uma crônica curta, contendo uma metáfora forte e que só os mais atentos entenderão...