segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 63 - Por Luiz Domingues

Uma casa diferente havia convidado-nos a ali apresentarmo-nos, mas localizada em um bairro da cidade onde já havíamos tocado em diferentes estabelecimentos em um passado relativamente próximo. Tratou-se de uma pequena casa encravada entre tantas dentro da ebulição noturna dos bairros vizinhos de Pinheiros e da Vila Madalena, zona oeste de São Paulo e denominada: "Season One Arts & Bar". 

Temático, tal recinto pretendia ser um recanto para amantes de seriados de TV, com decoração adequada para tal e de fato, com monitores espalhados pelos ambientes, a se exibir seriados modernos, predominantemente norte-americanos. Também sou um inveterado fã de seriados, desde a tenra infância e apesar de deter predileção pela produção "vintage", igualmente acompanho seriados modernos, não com a mesma profusão e atenção de outrora, contudo, tenho simpatia por alguns modernos.

Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Luiz Domingues & Carlinhos Machado. Os Kurandeiros no "Season One Arts & Bar" de São Paulo, em 8 de abril de 2017
 
E foi assim, entre monitores a exibirem episódios de "Bates Motel" e "American Horror Story" e mais alguns seriados que eu nem identifiquei, que nós tocamos nosso set habitual e curioso, o palco ficava bem na entrada da casa, portanto, no patamar baixo, onde poucas pessoas sentaram-se para ouvir-nos a tocar, mas a maioria passava por nós e subia sem pestanejar para um mezanino sem visão da banda, apenas a ouvir o som com relativo atraso e assim, sinal dos tempos, a banda ali teve a função de um mero chamariz, na predisposição parecida com a de bandinhas circenses a tocarem na porta de lojas populares (com todo o meu respeito para esses artistas)

Sei que é uma colocação exagerada, claro que tivemos uma apresentação digna e até com momentos de euforia, por parte dos poucos que prestaram-se a ficarem no patamar inferior, a prestigiarem a nossa banda. Bem, aconteceu em 8 de abril de 2017.

Ao final do mesmo mês de abril, tivemos uma boa sequência de apresentações. Primeiro, com uma volta ao reduto Hippie do bairro do Tucuruvi, zona norte de São Paulo, o Santa Sede Rock Bar. Ali  sempre foi garantia de uma boa apresentação, com audiência entusiasmada e muito boa hospitalidade dos proprietários da casa. Aconteceu em 22 de abril de 2017. 
Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 22 de abril de 2017. Clicks, acervo e cortesia de Cleber Lessa
"O Filho do Vodu", (trecho do solo). Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar em 22 de abril de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=cMRqdObh3TA 

No dia seguinte, 23 de abril de 2017, voltamos a apresentarmo-nos no "Projeto Sunday Rock", no famoso salão de Rock'n' Roll, "Fofinho Rock Bar". Desta feita sem convidados e a assumirmos um show padrão de casa noturna, com Os Kurandeiros "a tocarem a noite inteira", como dizia a letra de sua nova música recém lançada na ocasião. 

Uma boa nova, o PA que alimentava o botequim externo da própria casa, trabalhou com um volume reduzido, para atender uma de nossas reivindicações. Contudo, ainda a termos a concorrência do PA do patamar superior e a sua longeva sessão de Heavy Metal, ao menos a nossa situação com o nosso PA na parte inferior da casa, amenizou-se um pouco. 

Além disso, a casa providenciou uma iluminação mínima, para conferir ao palco uma maior qualidade visual, eu diria, e sobretudo a demonstrar que estavam a se empenharem para atender as nossas reivindicações, ainda que paulatinamente. 

E sobre tocar no padrão de casa noturna, para nós foi extremamente rotineiro, não causou-nos nenhum transtorno adicional. Dessa forma, destilamos o nosso repertório autoral e mais duas sessões de releituras do Blues e Rock internacional, para atrair a atenção dos que não estavam ali presentes e motivados pelo Heavy Metal reproduzido mecanicamente, no andar superior do estabelecimento.

Dois flagrantes d'Os Kurandeiros no Fofinho Rock Bar em 23 de abril de 2017. Na primeira, Luiz Domingues em destaque, com click de Ale Machado. E na segunda, uma panorâmica da banda, com click de Lara Pap.
Para fechar o mês de abril, fomos convidados pelo nosso amigo, o grande guitarrista, Fulvio Siciliano, a dividirmos a noite com ele e a sua nova banda, chamada: "Chlube do Som" e na casa mais tradicional na história d'Os Kurandeiros, o Magnólia Villa Bar, da Lapa, na zona oeste de São Paulo. Fazia um relativo tempo que não pisávamos naquele palco tão familiar para nós e foi um prazer também por isso.
Os Kurandeiros "a matarem a saudade" do palco do Magnólia Villa Bar e com Alexandre Rioli aos teclados, também a revivermos os bons tempos da "Magnólia Blues Band". 28 de abril de 2017. Foto: Lara Pap

"A Noite Inteira" no Magnólia Villa Bar, em 28 de abril de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=pIVqQ5Zzhtc
 
Sobre a banda do nosso amigo, Fulvio, era na verdade um grupo que já existia a atuar pela noite e do qual ele recém ingressara como guitarrista. Muito boa banda, com músicos tarimbados e com uma bela e competente vocalista na sua linha de frente, apresentou um repertório com clássicos internacionais bem variados, indo de músicas dos Beatles a canções mais modernas e que habitavam o dial das emissoras de rádio FM. 

Gostei da apresentação deles e indagado sobre a estranha grafia que a banda ostentou no cartaz promocional, Fulvio explicou-nos que a letra "H" grafada nessa ortografia, não fora obra de nenhum estudo proveniente da "numerologia", tampouco uma palavra oriunda de algum idioma exótico, mas um engano mesmo de digitação, portanto, "Chlube", queria dizer mesmo: "Clube", e nada mais...

Na primeira foto, a jam-session mencionada, com Fulvio Siciliano a atuar junto aos Kurandeiros. E na segunda, a confraternização final com os músicos das duas bandas e diversos amigos. 28 de abril de 2017, no Magnólia Villa Bar de São Paulo. Clicks de Lara Pap 

Ao final, uma jam com os músicos das duas bandas a se revezarem no palco, tratou de tornar o desfecho da noitada muito agradável, como fora aguardado, de fato. 

Os nossos próximos compromissos, estavam marcados para o final de maio e uma dessas datas, em uma casa inteiramente nova e muito interessante pela sua ambientação e que eu posso atestar, não era apenas temática, mas concreta...

Continua...  

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