Hoje gostaria de escrever uma
lágrima, ou pintá-la.
Que fosse redonda, substancial, lenta de
cair, dependurada nos olhos.
Sim, eu queria chorá-la.
A sinto em
mim, mas ela teima em não nascer do guerreiro cansado.
Meu corpo
pesa como asas molhadas no temporal.
A última ternura que veio, fora
de meus cães, tão distante vai que esqueci-me.
No mundo da
escuridão, os filhos de Deus sofrem para crescer entre os demônios
humanos que de tudo tomam conta e sabem, menos do amor e de amar,
primeiro e segundo mandamentos ignorados.
Essa lágrima, se caísse,
seria dádiva.
Qualquer mulher a choraria,
fácil, fácil. Todavia, em mim ela seca, oprime, em vão pedindo
libertar-se.
Um pouco mais sairei para os combates, com meu coração
invisível aos olhos, apodrecendo seus tesouros subutilizados.
Amor e
alegria, ambos crucificados no tempo.
Porém, é preciso por o site
no ar...
E a mulher do sonho da noite,
que me fitava com admiração ?
Ah, era apenas um sonho, e nos tempos
que correm, cada vez os sonhos são apenas sonhos, nada mais.
Texto do livro "MAIS VAZIO QUE O PARAÍSO"
Marcelino Rodriguez é sazonal fixo do Blog Luiz Domingues 2. Escritor de vasta e consagrada obra, aqui nos traz uma pequena crônica extraída de um de seus livros, "Mais Vazio que o Paraíso".
A lágrima que teima em não cair, fruto da brutalização do homem, é o tema dessa crônica.
Nesse cenário angustiante, a se pisar em terreno minado, fomos a lutar duramente pela sobrevivência.
Atormentados pelas dívidas, a ; vender discos no braço, literalmente, montar uma nova banda desvinculada da velha banda extinta, mas ao mesmo tempo tendo que manter elo estratégico a usar das cinzas ainda quentes da banda antiga destruída.
Já com o protocolo da nova marca em mãos, pelo menos sabíamos que o Rubens não poderia reclamar dessa dissidência forçada de nossa parte.
Agora fora a hora para juntarmos os cacos, e tentar dar dignidade à esse novo trabalho. Em princípio, não havia nenhuma chance de pensarmos em renovação do repertório. Tínhamos que tocar as músicas do LP The Key, mesmo ao se correr o risco de dar-se um nó na percepção dos fãs da velha, A Chave do Sol.
Mas um ponto positivo ocorreu, assim que começamos a conversar com os membros recém chegados: a ideia sempre foi renovar completamente o repertório, a mostrar uma nova identidade. Certo, os dois ex-membros d'A Chave do Sol, estavam a montar uma nova banda, e que não poderia ser entendida como a continuidade d'A Chave do Sol, simplesmente.
Enfim, foi uma situação totalmente embaraçosa e desagradável portanto, porque o ideal teria sido que A Chave do Sol houvesse superado a sua crise interna, e se colocasse disposta a tocar a vida em frente, prioritariamente, ou sob uma segunda hipótese, que essa nova banda fosse formada com um nome completamente desassociado d'A Chave do Sol, e com calma para efetuar o seu processo de montagem. Mas não foi assim que aconteceu, infelizmente...
O contato inicial com os novos componentes foi muito cordial e melhor que isso, eu senti da parte deles, a empolgação para começar a trabalhar. De certa forma, foi bom receber essa energia, pois eu e Beto estávamos bastante desgastados com os acontecimentos dos últimos meses, e principalmente pelo seu desfecho tristíssimo para todos nós, ex-membros d'A Chave do Sol. Ouso dizer que eu estava emocionalmente pior, primeiro pelo fato dele, Beto, ter uma personalidade mais telúrica que a minha, e diante da adversidade, o seu pragmatismo sempre o levava a tomar providências imediatas para mudar o quadro, ao não se deixar levar para um estado depressivo.
Zé Luiz Rapolli e Theo Godinho, eu conhecia superficialmente, por conhecer o "Jaguar", a sua ex-banda. Eu nunca havia conversado com eles, mas já os cumprimentava pelo menos desde 1985, em bastidores de shows, e cheguei a assistir um show do próprio Jaguar, certa vez. Já sobre o tecladista, Fabio Ribeiro, eu tinha tido a experiência dele tocar no último show d'A Chave do Sol, em dezembro de 1987, no Teatro Mambembe. Apenas não conhecia o Eduardo Ardanuy, que fora uma descoberta do Beto Cruz. Pelo que me contou, ele ouvira boatos de que um rapaz muito jovem tocava pela noite, com pequenos combos improvisados e detinha a fama de ser um virtuose ao instrumento, com estilo muito parecido com o do guitarrista sueco, Yngwie Malmsteen.
Tal guitarrista internacional houvera tornado-se uma febre entre os guitarristas que professavam o Hard-Rock oitentista no mundo todo, pela sua absoluta destreza ao instrumento, mas sob um patamar muito acima do normal para um guitarrista considerado excelente. Esse tal Malmsteen, tocava com uma técnica absurda, e sob uma velocidade tamanha, que tratou por encantar muitos guitarristas que passaram a estudar de uma forma estonteante para alcançar tal patamar semelhante de sua técnica.
O som que ele produzia, era uma mescla entre o Hard-Rock com o Heavy-Metal oitentista, mas havia um quê de Hard-Rock setentista nessa mistura, principalmente via Ritchie Blackmore, o mítico guitarrista do Deep Purple, que arregimentara milhões de seguidores de sua guitarra super técnica, a unir os riffs de Jimi Hendrix (incluso o uso e abuso de alavancas e efeitos gerados pela microfonia), com música barroca, principalmente o som de Johann Sebastian Bach, Vivaldi e contemporâneos. Malmsteen fora um desses fanáticos fãs de Blackmore, mas ali na década de oitenta, a sua pegada ficou muito mais puxada para o Hard-Heavy oitentista, naturalmente. Edu Ardanuy foi um admirador de Malmsteen e a sua técnica era tão impressionante, que mesmo ainda sendo um garoto desconhecido, já fora apelidado como: Edu "Malmsteen."
Particularmente, eu nunca gostei de Malmsteen, e muito menos de tudo o que se a circunstância. Mas
naquele cenário que se desenhara em 1988, pareceu-nos não haver saída para nós, e com a agravante de estarmos aflitos e a fazermos tudo às
pressas, nem teria muito cabimento questionar a linha a ser adotada.
Ao irmos com a maré, portanto, e a contar com Edu e Fabio (que igualmente era um virtuose das teclas e estava a apreciar muito aquela onda de virtuosismo "malmsteeneano" vigente, apesar de ter igualmente uma boa formação Prog-Rock setentista), tornou-se inevitável que entrássemos nessa senda.
Sobre o Theo, este fora uma guitarrista com muitas virtudes, mas não necessariamente um virtuose como Edu. Mais parecia ser um guitarrista clássico de Hard-Rock oitentista, embora apresentasse uma bagagem setentista interessante, também.
A respeito do temperamento desses novos companheiros, achei de princípio, o Zé Luiz Rapolli bastante simples e amigável. Fabio Ribeiro era muito brincalhão, mas sem dúvida um bom menino, e uso esse termo, pois ele tinha dezessete para dezoito anos na ocasião. Theo Godinho pareceu-me gentil, mas mostrava-se tímido, e Edu era calado, parecia um rapaz focado na música e sem muitas palavras. Em suma, em meio a tantas adversidades que estávamos a enfrentar, ao menos ficamos aliviados em constatar que arrumáramos quatro músicos muito competentes; com vontade de encarar o desafio dos compromissos em cima da hora, e com poucos ensaios. E todos eles a se mostrar como pessoas de muito boa índole. E começaram os ensaios, enfim.
O tecladista, Fabio Ribeiro em foto mais ou menos da época em que entrou nessa nova banda que formamos.
Continua...
Outra providência que eu precisei tomar às pressas, foi no sentido de alugar uma nova caixa postal para essa nova banda. Diante dos acontecimentos dramáticos que culminou com o final das atividades d'A Chave do Sol, não haveria nenhum cabimento em continuar a usar a histórica caixa postal que a nossa ex-banda usou por anos a fio, desde 1984, quando fundamos o seu fã-clube e tal contato com os fãs tornou-se direto nesses termos.
A internet ainda era para a maioria, objeto de enredo de filmes Sci-Fi, em 1988, embora já estivesse disponível ao público em geral. Porém, claro que não fora nada popular e os equipamentos disponibilizados para pessoas físicas naquele tempo, se mostravam jurássicos, e caríssimos. Portanto, possuir uma caixa postal para receber as correspondências datilografadas ou manuscritas, ainda seria a melhor maneira para se estabelecer comunicação com os fãs do trabalho. Creio que no calor dos acontecimentos que motivou o rompimento da antiga banda, não seria nada conveniente continuar a usar a histórica caixa postal 19090-SP.

Portanto, esta foi uma outra tarefa burocrática e desagradável que eu tive que fazer às pressas, ao procurar desta feita uma agência do correio perto da minha residência, para abrir uma nova caixa, e pelo lado prático da situação, eu só pude lamentar também o quanto isso haveria de gerar confusão entre os fãs, acostumados com a caixa postal antiga. Somara-se a isso, os anos de divulgação que fazíamos através da TV, rádio, filipetas, fanzine e na própria capa dos nossos discos. Foi inevitável portanto que a mudança traria prejuízo certo para nós.
Então, a nova banda, que chamou-se:"A Chave", receberia correspondência doravante, pela caixa postal 15665-SP, através de uma agência localizada na Rua Tuiuti, próxima à Praça Silvio Romero, no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo.
Sobre os esforços da parte do Beto, em questão de poucos dias, ele já esteve a anunciar um grupo de componentes arregimentados para fazer parte dessa nova banda.
Foto de Zé Luiz Rapolli, do fim dos anos noventa, quando ele trabalhou em uma loja de instrumentos da Rua Teodoro Sampaio
Para a bateria, foi indicado a persona de José Luiz Rapolli, ex-baterista da banda "Jaguar", que encerrara atividades recentemente e que tratou-se de uma banda de qualidade, que alcançara razoável projeção na cena Hard-Rock paulistana. O tecladista, Fabio Ribeiro, que tocara no último show oficial d'A Chave do Sol em dezembro de1987, esteve confirmado, também.
Theo Godinho, ex-guitarrista do Jaguar, em foto posterior à sua rápida passagem por essa nova banda que formávamos
Eduardo Ardanuy, aqui já em ação com A Chave/The Key, em 1988
E dois guitarristas: Theo Godinho, ex-guitarrista do Jaguar, também, e um garoto bem novo e que o Beto descobrira a atuar na noite, com fama de virtuose, chamado: Edu Ardanuy. E assim, em janeiro de 1988, começamos a ensaiar como um sexteto, a visar cumprir dois compromissos que na verdade seriam da agenda da velha, A Chave do Sol.
Um deles, seria em meio a um evento de grande porte, promovido pela Rede Bandeirantes de TV, chamado: "Verão Vivo", filmado em uma praia da cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo. Já o outro, ocorreria em um salão de Rock, famoso e tradicional, localizado no Tatuapé, na zona leste de São Paulo, chamado: "Led Slay".
Tudo foi angústia, incerteza e pressa nesses dias de janeiro de 1988...
Continua...
Esta é uma nova história da minha trajetória na música, embora seja um começo sui generis, por que não foi um trabalho totalmente novo que se desenhou para a minha carreira, mas foi a consequência de uma necessidade premente para se montar uma banda dissidente da velha, "A Chave do Sol", e com uma urgência absurda.
Vamos aos fatos:
Sem tempo para pensar, quando uma bomba atômica caiu sobre a minha banda, A Chave do Sol, em dezembro de 1987, eu não pude me dar ao luxo de ficar deprimido com tal final súbito de uma banda que construira uma trajetória muito consistente na história do Rock Brasileiro. Com compromissos marcados e absolutamente inadiáveis, por conta das contas contraídas para que o último LP da banda, chamado: "The Key", fosse para as prateleiras das lojas especializadas e mesas de jornalistas, a banda não podia acabar, simplesmente. Contudo, da maneira como saiu destruída depois dessa hecatombe, tornou-se impossível pensar-se em uma reconciliação entre os membros remanescentes, a buscar-se um sentido de continuidade.
Então, sem saída, eu tive que tomar uma série de providências para não deixar a situação ficar pior ainda, pois os compromissos urgiram e a mais razoável solução para esse imbróglio ser resolvido de imediato, foi procurar o escritório do INPI (Instituto Brasileiro de Patentes Industriais), para entrar com um pedido a requerer um novo nome para criar uma banda emergencial.
Com o impedimento legal para se continuar a usar a marca: "A Chave do Sol", que pertencia oficialmente ao Rubens, pela patente do INPI, eu precisava criar um nome que detivesse uma ligação com a minha ex-banda, não por maquiavelismo de minha parte, mas simplesmente porque o LP "The Key" havia sido lançado há pouco mais de vinte dias, e assim, houve uma necessidade de promovê-lo ao máximo, por que as vendas, significaram a nossa única esperança para saldar as dívidas provenientes dessa produção.
Além disso, A Chave do Sol tinha compromissos inadiáveis para cumprir em janeiro de 1988, e em hipótese alguma nós poderíamos deixar de efetuá-los, sob o risco de sabotar a divulgação do disco e aí, sob um efeito cascata, ficarmos em péssima situação.
Nesses termos, a solução mais razoável que eu pude providenciar, foi investir na marca: "A Chave", a suprir o complemento, "do Sol".
Dessa maneira, manteríamos um elo com a banda que havia encerrado atividades subitamente e portanto, para não nos distanciarmos do LP The Key, da percepção dos jornalistas e principalmente dos fãs do trabalho da nossa extinta banda.
Não foi uma solução mais adequada, todavia. Nos anos setenta, uma banda que alcançou fama nacional no meio Rocker, chamava-se justamente: "A Chave". Foi uma ótima banda, por sinal, que eu inclusive gostava e cheguei a assistir ao vivo, certa vez durante um festival promovido pela Rede Bandeirantes de TV, chamado: "Balanço", em 1977 (contei essa particularidade com detalhes nos capítulos sobre o Boca do Céu, a minha primeira banda).
Causou-me um desconforto batizar a nova banda dessa forma, é óbvio, mas acuado pelas circunstâncias dramáticas que cercaram o fim abrupto d'A Chave do Sol, eu não tive outra alternativa a não ser insistir nessa ideia. Mas o fato de eu tentar, não significara ainda que lograria êxito, pois quando se tenta patentear um nome no INPI, a primeira providência a ser adotada é perpetrar um processo de "busca", onde aquele órgão vai pesquisar se não existe ninguém no território nacional, a usar o mesmo nome para tal finalidade.
Quando se patenteia alguma marca, existe um número infinito de possibilidades, e quanto mais você tentar cercar, mais taxas tem que pagar. Por exemplo, eu poderia patentear tal marca para ser usada como nome de um conjunto musical, mas se quisesse cercar para outras finalidades, como abrir um escritório de representação artística com o mesmo nome, por exemplo, teria que pagar mais uma taxa e assim por diante, para cada situação que desejasse assegurar com tal marca.
Portanto, foram dias marcados pela angústia, pois corríamos contra o relógio, ao tentar formar uma nova banda e a burocracia da busca pela marca, em si, demandava dias. Sem alternativa, paguei a taxa pela busca e dei entrada em tal protocolo.
Concomitantemente, saía às ruas para vender o LP The Key, pois sem esquema de distribuição algum, foi a única forma para conseguir angariar fundos em curto prazo, para amortizar dívidas.
E pelo lado do Beto, os seus esforços foram concluídos para arregimentar novos músicos a fim de que formássemos uma banda emergencial, e acompanhara o mesmo frenesi desesperado.
Dessa forma, a a ideia foi montar um time às pressas, pois tínhamos dois shows para fazer, fruto da agenda assumida pela velha, A Chave do Sol, e como já salientei, foi impossível pensar em cancelá-los, simplesmente, dada a emergência em levantarmos dinheiro e divulgar o novo disco.
Após alguns dias, já no início de 1988, eu consegui o resultado da busca do INPI. De fato, a marca "A Chave" pertencera a um dos músicos daquela extinta banda paranaense, mas há muitos anos o domínio fora abandonado, a denotar falta de interesse de seus ex-membros para renová-lo. Com a consciência um pouco mais leve, dei entrada imediatamente no protocolo de patente em meu nome, e mesmo ao saber que o processo demoraria de três a cinco anos para dar-me a patente definitiva, o protocolo assegurou-me a prioridade total nessa reivindicação, ou seja, ninguém no Brasil poderia atropelar-me, e ter esse nome para si. Era uma bobagem burocrática, mas diante da briga que eu e Beto tivéramos com o Rubens, tal rusga surgida em nossa banda, infelizmente obrigou-nos a tomar tal providência.
É óbvio que se algum membro remanescente d'A Chave original de Curitiba, reivindicasse usar novamente o nome para promover uma volta das atividades daquela banda, eu jamais criaria nenhuma dificuldade para que eles voltassem a usar a sua marca.
Ao ver hoje em dia tal movimentação, ninguém imagina o quanto lamento aquela ruptura, conforme já deixei claro nos capítulos da história d'A Chave do Sol, e só imagino o quanto de sofrimento de todos nós, eu (Luiz), Beto e Rubens, teria sido evitado, se um ou dois dias depois daquela discussão, houvéssemos nos encontrado com maior calma e decidido prosseguir com A Chave do Sol, pois o único desconforto premente, teria sido arrumar um novo baterista para seguirmos em frente.
E nem mesmo isso talvez fosse necessário, pois o Zé Luiz Dinola já havia desistido de sua ideia esdrúxula de estudar odontologia nessa altura de dezembro de 1987, e muito provavelmente estaria disposto a dialogar e decidir voltar a ocupar o seu posto na banda, lugar de onde jamais deveria ter saído, aliás. Todavia, não foi assim que aconteceu, infelizmente.
Continua...
Um mês depois, a revista: "Cover Guitarra" lançou uma matéria com os dois
guitarristas da Patrulha do Espaço, para seguir a tendência iniciada comigo, um mês
antes, na "Cover Baixo".
"Rodrigo Hill & Marcelo Schevano - Patrulha Setentista
"Nosso
show é uma volta aos anos 70". É assim que Rodrigo Hid e Marcelo
Schevano definem as apresentações da Patrulha do Espaço, antológica
banda fundada pelo ex-Mutante Arnaldo Dias Baptista e pelo batera
Júnior, que vem mantendo as tradições vintage num Rock 1n Roll cada vez
mais assolado pela música eletrônica.
"Nós sempre escutamos um
som mais antigo e só nos sentimos confortáveis tocando instrumentos
daquela época", afirma Marcelo. "No Brasil, há o mito que diz que uma
banda só é boa quando está "antenada" com as últimas tendências, usando
equipamentos ultra-modernos. Besteira ! No exterior, existe uma série de
bandas especializadas em som vintage, acrescenta Rodrigo.
Essa
falta de tradicionalismo no país também acarretou muitas dificuldades
para os músicos conseguirem os instrumentos. "Você vai em uma loja e o
vendedor nunca ouviu falar num pedal Ecoplex, por exemplo", afirma
Rodrigo.
"Achar instrumentos vintage no Brasil, é muito
complicado. Você tem que ter dinheiro e garimpar muito, inclusive no
interior de outros estados. Conheço até uma loja especializada em
garimpar órgãos Hammond em pequenas igrejas espalhadas pelo país".
Um
dos detalhes mais interessantes de Chronophagia, o novo disco da banda,
é o fato de que cada música é dedicada a grandes nomes, como Yes, Grand
Funk Railroad e Paul McCartney. "Isso surgiu durante a mixagem, já que
sempre que alguém ouvia uma faixa, imediatamente se lembrava de algum
músico ou banda. Decidimos então, prestar a devida homenagem não só a
grandes nomes, mas também a figuras menos conhecidas, como o "Som Nosso
de Cada Dia" (ótima banda brasileira dos anos 70), diz Rodrigo.
Marcelo
começou suas investidas pelo universo guitarrístico aos quatorze anos,
fazendo aulas particulares que duraram apenas oito meses. "Não aguentei
a rotina de aprender e decorar escalas. O meu negócio era compor e
fazer os solos de meu próprio jeito".
Já Rodrigo iniciou seu
aprendizado no instrumento com seis anos, influenciado por uma longa
lista de músicos na família. "estudei muito violão clássico e jazz, mas
sempre soube que o meu negócio era o Rock'n' Roll. Então, larguei os
estudos e passei a tirar músicas de ouvido, aprendendo com elas.
Além
da guitarra, ambos também tocam piano e orgão - Marcelo também é hábil
na flauta transversal. "Nós simplesmente compramos os instrumentos e
aprendemos a tocar na "raça", de modo totalmente autodidata", confessa
Marcello.
"Valorizamos muito as músicas que compomos, e o
processo de composição é muitas vezes facilitado pelo fato de você tocar
mais de m instrumento. Você pode, ás vezes, expressar melhor algo que
está em sua cabeça no piano do que na guitarra, por exemplo", conta
Rodrigo.
"Você não tem que ser um virtuose em cada um deles, mas simplesmente saber colocar suas ideias"
RV
Não
sei exatamente quem é o jornalista que assinou só com as iniciais "RV",
mas creio que fez um bom apanhado do que os dois guitarristas da
Patrulha do Espaço representavam para a banda. Sobre as respostas que eles emitiram, nota-se um pouco de
imaturidade de ambos em algumas colocações, mas dou o gigantesco
desconto de que eram absolutamente jovens nessa ocasião.
Pelo
contrário, relevo tudo, e prefiro dizer que quando saiu essa matéria,
além de comemorar o ótimo benefício que trouxe à banda, tal
reconhecimento do talento dos dois, encheu-me de orgulho. Mais que isso,
tal tipo de manifestação pública, foi o triunfo de uma percepção que
eu tinha desde 1998, sobre o talento deles, e do quanto seriam
enaltecidos no futuro.
De certa forma, ler uma matéria desse teor
publicada em 2000, reforçou-me a impressão de que tal reconhecimento estava
a chegar até rápido demais, pois em apenas dois anos passados, eles eram adolescentes
imberbes a tocar comigo e José Luiz Dinola, no Sidharta, somente em
estúdios de ensaio, e agora, ambos estavam presentes com destaque em uma revista importante para guitarristas.
Quanto ao teor da matéria, creio que o jornalista
os deixou a vontade para se expressarem livremente, sem pressioná-los
com perguntas técnicas ou pior ainda, capciosas. A única ressalva
que eu faço, foi no quesito da diagramação, onde o nome do Marcello foi sempre
grafado com um "L" apenas e pior, na manchete em negrito, o sobrenome do
Rodrigo foi grafado como: "Hill" e não "Hid". Um erro crasso da
revista, mas que gerou uma série de piadas internas que custaram a
cessar. Por um bom tempo, as brincadeiras com o sobrenome errado,
"Hill", ecoaram entre nós...
Continua...
Nunca foi o meu objetivo de carreira ser "reconhecido" como baixista, a
buscar elogios pessoais no sentido do enaltecimento individual etc. Desde o primeiro
instante de minha carreira, nos primórdios de minha primeira banda, o
Boca do Céu, a minha meta sempre foi trabalhar coletivamente, jamais
sob o prisma individual.
Por isso, eu nunca quis ter matérias em revistas
especializadas, como um fator de autopromoção individual. Mas claro, se tal tipo de
oportunidade gerasse um dividendo para a minha banda, seja lá em qual
estivesse, logicamente que não recusar-me-ia em conceder uma entrevista entrevista.
Foi o que aconteceu através da revista: "Cover Baixo", especializada para baixistas, em sua edição de agosto de 2000. Eu fui abordado e aceitei
o convite para ser entrevistado, e no caso foi por telefone que respondi uma série de
perguntas formuladas pelo jornalista de tal veículo, com o claro objetivo de agregar
mais exposição para a Patrulha do Espaço, e consequentemente de nosso
recém lançado CD. Eis a íntegra da matéria:

"Luiz Domingues - Palhetada Rock na Patrulha"
Quando
se pensa em contrabaixistas brasileiros, a primeira imagem que vem à
cabeça de muita gente é a de alguém tocando com muito swing e slap, como
fazem Pixinga e Arhur Maia, por exemplo.
No entanto, desde 76,
Luiz Domingues - anteriormente conhecido como Tigueis - vem colocando os
baixistas de Rock nacionais num patamar de reconhecimento nacional.
Tocando agora com a lendária Patrulha do Espaço, Luiz une o hard Rock
tradicional dos anos 60 e 70, com pitadas de progressivo. O resultado
pode ser conferido no novo álbum da banda, Chronophagia, gravado no
início deste ano.
"É um disco bem eclético, no qual mesclamos
todas as nossas influências", afirma Luiz. "Tanto é que dedicamos cada
faixa a uma banda que gostamos, como Yes e Led Zeppelin".
Os fãs
do som "gordo" que Luiz extrai palhetando seus baixos não ficarão
decepcionados : "Meu som sofreu muitas influências, mas sempre procurei
ter uma característica própria, que se dá enfatizando as sonoridades
médias e graves".
Luiz ainda garante que não vê problema nenhum
em ser um baixista roqueiro no Brasil : "Sempre assumi essa postura, com
todos os prós e os contras". E digo mais : os músicos brasileiros tem
uma facilidade muito grande para unir o Rock com o Funk, e essa música
agressiva, mas com groove, vai estourar no futuro".
Bem,
é preciso salientar que nesse mundo específico de baixistas, existe muito
preconceito em diversos aspectos. O primeiro deles, é o do uso da
palheta, que para os radicais de plantão, é uma heresia.
Um certo
maioral do mundo dos virtuoses do baixo, falou mal de minha pessoa, sem ao
menos me conhecer, por conta desse preconceito paradigmático. Um ex-aluno meu revelou-me ter
comparecido a um workshop realizado por músico, e em um dado instante, alguém formulou
uma pergunta, a citar-me como um exemplo. Esse rapaz teria dito algo como:
-"Fulano, o que você pensa de baixistas que usam palheta, como o Luiz
Domingues, por exemplo?" Segundo me contaram, ele ironizou-me ao microfone e foi
bem deselegante, ao responder-lhe que considerava que eu (Luiz), não tocava nada, e isso explicara automaticamente o
que ele pensava sobre "palheteiros".
Está bem, então... não me importo em "não tocar nada", mas falar isso sobre quem usa palheta, implica citar subliminarmente um músico do calibre de Chris Squire, por exemplo. E claro, é de uma imbecilidade atroz, só para citar um baixista que ele chamou pejorativamente como: "palheteiro".
Bem, é por essa e outras razões, que eu detesto esse mundo formado por músicos pedantes que se arvoram da superioridade técnica que adquiriram.
Não
faço parte desse rol que pensa e age dessa forma, definitivamente.
Toco baixo com 4 cordas, vintage, com encordoamento 040, uso palheta, odeio captação ativa,
detesto amplificadores da marca Hartke e similares desse naipe, desenhados para serem
usados por baixistas que usam baixos com cinco ou seis cordas,
principalmente. Não me encaixo em tais paradigmas, portanto, sou um reles "palheteiro", mesmo, se assim desejarem.
Sou um Rocker, apenas, e não tenho vergonha alguma de me assumir nessa condição.
Claro,
no cômputo geral, achei a entrevista boa e certamente que foi
bastante benéfica para engrossar os esforços de divulgação em prol da Patrulha do Espaço e do seu novo CD. Dois anos depois, essa mesma revista procurar-me-ia novamente e desta feita, lançou uma matéria ainda maior.
Continua...
Essa saiu na Revista "Rock Press":
"Após
anos de ausência da cena Rock nacional, e depois da trindade de álbuns
que cobriu suas formações entre 1978 e 1990, Rolando Castello Junior, o
supremo batera (um dos melhores do nosso país), remonta a banda-mito e
coloca no mercado um disco do mais puro Rock, sem sombra de dúvida.
Cada
nova música das 16 contidas no disco, pratica uma singela homenagem às
figuras do Rock mundial, sem vergonha de pagar mico, inspirando-se em
características das próprias.
Como
assim? Por exemplo, vejam a lista : Som Nosso de Cada Dia; Humble
Pie, Blind Faith; Grand Funk; Luiz Carlini & Tutti-Frutti; Arnaldo
Dias Baptista; Procol Harum; Yes; Mutantes; Led Zeppelin e Paul
MCartney.
O Patrulha mistura seu estilo ao de cada um dos agraciados, resultando em um álbum repleto de rockaços emocionantes.
Para os amantes do Rock brasileiro praticado nos 70 e para os fãs do classic Rock, imperdível".
Excelente
análise, realmente a denotar haver entendido que a proposta fora explícita em evocar
raízes 1960 & 1970, sem medo de enfrentar o preconceito dos que são obcecados
pela contemporaneidade.
Na Revista da 89 Revista Rock, saiu assim a resenha:
"Após um período estacionado, o histórico grupo Patrulha do Espaço levanta voo e volta a sondar o universo do Rock'n Roll.
O
disco começa com a progressiva "Sendo o Tudo e o Nada", e segue
explorando outras fronteiras em "O Ritual"; "Retomada" e "Alma Mutante".
"O Novo Sim" e as lisérgicas "Eu Nunca Existi" e "Céu Elétrico" já se
tornaram clássicos do gênero.
A
fase "Arnaldo & Patrulha" é lembrada na regravação de "Sunshine"
(com o sax de Manito, ex-Som Mosso de Cada Dia e Os Incríveis), e os
Mutantes são homenageados na viajante "Nave Ave".
As
belas vozes e guitarras dos novatos Rodrigo e Marcello se encaixam
harmoniosamente na swingada "Terra de Mutantes" e na Beatleniana "Sr.
Barinsky".
Enquanto
a experiência do baixista Luiz (ex-Lingua de Trapo e A Chave do Sol), e
do baterista fundador Junior, ultrapassam a barreira do tempo em
instrumentais perfeitas.
"Chronophagia" é uma aula de Rock psicodélico anos 70, em pleno final de milênio".
Daniel Vaughan
Muito
boa a resenha escrita pelo jornalista, Daniel Vaughan, que eu conhecia pessoalmente, e
sei que detinha um grau de conhecimento enciclopédico sobre o Rock, portanto, as suas
impressões contiveram muito fundamento, e se elogiou, isso muito nos honrou e
deixou-nos com o sentimento de dever cumprido.
Já no "Rocker Magazine", o que disseram sobre o nosso disco foi o seguinte:
" Este CD é uma dádiva para aqueles que acreditam na existência do Rock'n Roll no Brasil.
Chronophagia
mostra a experiência, técnica e precisão de Rolando Castello Júnior,
aliada ao baixo de Luiz Domingues, e a juventude e energia da dupla
Rodrigo Hid e Marcello Schevanno.
São
16 faixas incluindo um solo de bateria. O CD abre com "Sendo o Tudo e o
Nada", faixa com mais de 9 minutos, onde a banda flerta com o
progressivo e mostra de cara que são músicos excepcionais.
Grandes composições , das quais vou destacar "Sr. Barinsky", com um belo trabalho de backing e um ótimo solo de Marcello.
A volta do Patrulha não poderia ser melhor : a alma dos anos 70 aliada à tecnologia do novo século".
Eduardo de Souza
Bem,
mais uma resenha com observações muito pertinentes. A curiosa
constatação de quanto mais longe do mainstream, mais preparados eram os
resenhistas, ou para ser bem realista, menos comprometidos com interesses
escusos.
Na Revista "Cover Guitarra", n°69, de agosto de 2000, falaram o seguinte:
"Justamente
quando as pessoas começam a acreditar que o futuro do Rock é a música
eletrônica, ouvir guitarras e baixos vintage fazendo um som puro e
virtuoso é um sopro de vida para os fãs de Led Zeppelin e Cia.
E
fazer um hard Rock progressivo com letras em português tem sido a
proposta da Patrulha do Espaço que, desde 77, vem unindo elementos pouco
comuns à música brasileira, com bom gosto e qualidade.
Musicalmente,os
excelentes timbres e solos da dupla de guitarras e Rodrigo Hid e
Marcello Schevano são dignos de nota. Vale conferir as viagens na pesada
"O Pote de Pokst" e a maravilhosa faixa de abertura, a quase Genesis,
"Sendo Tudo e o Nada", bem como o riff matador de "Ser" e os solos
alucinantes de "Sr. Barinsky".
Viva a Patrulha!"
R. V.
Não
me lembro mesmo quem era o jornalista que assinou só com as iniciais "RV". Mas
gostei de sua análise fidedigna sobre o trabalho e não posso deixar de
observar que a fina ironia com a qual alfinetou os precipitados de
plantão, que decretavam o triunfo final da dita música eletrônica, em
pleno ano 2000, soa hoje, em 2015 (quando publico este trecho), como uma verdade simples e
cristalina. Aonde esteve a vitória esmagadora da música eletrônica? Isso foi apenas uma impressão idiossincrática e baseada em alguma pista de dança de uma casa noturna onde quem a escreveu devia frequentar e nada mais, ou seja, partiu-se de uma premissa ridícula para formatar uma tese estapafúrdia.
Continua...
No Jornal "Ponto Final", que era distribuído gratuitamente para os usuários
de ônibus das cidades da Região do ABC paulista, eis a resenha escrita pelo
jornalista Vladimir:
"
Seguindo a mesma fórmula dos antigos sucessos, a banda Patrulha do
Espaço, lança seu novo CD, 'Chronophagia', após passar mais de dez anos
sem nenhuma novidade. Em 1997, eles lançaram uma coletânea com três CD's
, reunindo os sucessos da banda, desde os anos setenta.
O
novo trabalho é independente e a produção ficou por conta do baterista
Paulo Zinner. Quinze faixas, mais uma vinheta de bateria , estão muito
bem produzidas, no estilo dos anos setenta.
A
maior parte das composições e das músicas deste CD, foram feitas pelos
novos integrantes, Luiz Domingues, Rodrigo Hid e Marcello Schevano, além
do precursor da Patrulha, Rolando Castello Junior.
Vale apena conferir!"
Saiu no "Jornal da Liberdade", simpático semanário do bairro da Liberdade, centro de São Paulo:
"O
Patrulha do Espaço volta ao cenário musical com um novo trabalho, para
provar mais uma vez, que o brasileiro também sabe fazer Rock. E dos bons
!
CD
independente, ele vem assinado por Luiz Domingues, Rodrigo Hid e
Marcello Schevano, os quais, juntamente com os outros integrantes do
grupo, depositaram nele toda garra, vontade e dedicação, com a
finalidade de reconquistarem público e crítica.
Que as gravadoras fiquem atentas, pois eles tem a certeza de que esse retorno é apoteótico".
A despeito das partes elogiosas a nos enaltecer, não dá para deixar de observar que o texto equivocou-se em um ponto crucial! Ao
nominar os componentes da banda, a matéria citou apenas três, a omitir o Rolando Castello Junior,
justamente o membro-fundador, e para piorar, deu a entender que havia
outros membros, talvez obscuros, pasmem! Sem desmerecer o
esforço em nos enaltecer, deixo a pergunta: aonde esse jornalista estava
com a cabeça quando escreveu essa resenha?
E essa próxima, foi publicada em um fanzine de Londrina, Paraná, chamado:
"Matéria Prima", assinada por um resenhista chamado, Paulão "Rock'n' Roll":
"A Patrulha
do Espaço foi a banda que Arnaldo Baptista comandou, quando saiu dos
Mutantes. Logo em seguida, ele pulou, e a patrulha continuou.
Existe
uma caixa contendo 3 CD's com um encarte contando histórias verdadeiras
e lendas misteriosas a respeito desta banda que consegue criar o melhor
hard brasileiro.
Coube a Rolando Castello Júnior a nobre missão de pilotar a Patrulha. "Chronophagia" é seu novo lançamento.
Júnior reuniu a tropa de elite e construiu um álbum que resgata numa boa, a melhor musicalidade dos anos setenta.
A
Patrulha tem a receita certa para o hard progressivo, reativaram um
velho Hammond e a flauta ácida, colocando em atividade 15 faixas
inéditas e reeditando "Sunshine" do Arnaldo, com Manito no sax.
A
Patrulha mantém a fantasia intacta, alimentando os sobreviventes dos
bons tempos e descobrindo para a nova geração, as raízes da nata do
Rock".
Que pena que esse Paulão não escreve resenhas para
órgãos de imprensa mainstream, não é mesmo? A despeito de sua forma
simples de escrever, os dados e a percepção do que fora o álbum
Chronophagia, e o significado dessa formação da Patrulha do Espaço, foram captados
com fidedignidade. Nada como ser do ramo...
Continua...
Faço uma pausa na cronologia da narrativa para retroagir um pouco sobre o fato de termos acumulado um conjunto de matérias e resenhas sobre o disco anterior, portanto, a denotar uma boa sobrevida ao lançamento. Eis
então, mais um apanhado básico das matérias que ainda falaram sobre o álbum :
"Chronophagia".
1) Esta resenha saiu publicada no Site Wiplash, e foi assinada pelo analista, Marcos Cruz:
"Uma
das coisas que mais me entristece, é quando ouço um novo trabalho de
alguma banda 'das antigas', e constato que devido à ânsia de 'faturar'
um pouco, acabam embarcando em algum tipo de modismo, descaracterizando
totalmente sua sonoridade; às vezes isso também ocorre
quando os caras 'erram na mão', e acabam fazendo um trabalho muito
experimentalista, resultando em algo não muito agradável aos ouvidos.
E
por mais paradoxal que possa parecer também, fico triste quando
constato que a banda continua fazendo o mesmo 'arroz com feijão' de anos
atrás, sem nenhum 'punch', apenas reciclando de forma burocrática
sonoridades perdidas em outras eras, de modo a conservar seus velhos fãs
(chato eu, não ?)...
Por
isso foi uma grande surpresa quando ouvi este novo trabalho do
Patrulha, que mesmo sem trazer absolutamente nada de novo, conseguiu
fazer um disco que sem sombra de dúvida agradará a todos que gostem de
um bom Rockão 'das antigas', ora soando bem Rock'n' Roll, ora como as
típicas bandas de hardão setentistas, ora beirando o progressivo
clássico, tipo 'Yes'.
Aliás,
a própria banda já deixa clara suas influências no encarte, onde
dedicam os temas à bandas/artistas como 'Humble Pie', 'Blind Faith',
'Grand Funk Railroad', 'Yes', 'Paul McCartney, e alguns brazucas
ilustres como 'Mutantes', 'Arnaldo Dias Baptista", 'Som Nosso de Cada
Dia', entre outros.
Há
deficiências ? Sim, claro que há, mas nada que afete de forma profunda o
trabalho. Talvez a maior de todas seja o fato dos vocalistas às vezes
aparentarem estar no limite de seu alcance vocal. Mas esta deficiência é
totalmente encoberta pela competência com que cuidam dos arranjos.
Marcello
Schevano, além de tocar flauta, se reveza com Rodrigo Hid na guitarras,
vocais e teclados. Luiz Domingues (ex-A Chave do Sol e ex-Lingua de
Trapo), cuida do baixo e a bateria continua a cargo de um dos
fundadores do Patrulha, o legendário Rolando Castelo Junior, que tocou
no Made in Brazil, além de ter participado do lendário 'Aeroblues',
juntamente com Pappo, um famoso guitarrista argentino.
Além
de 15 temas próprios, uma releitura extremamente sensível de
'Sunshine', do mestre Arnaldo Dias Baptista, com a participação, com a
participação especial de Manito, no sax.
Dificilmente
este trabalho atingirá 'disco de platina' , dificilmente será tocado
nas rádios (com exceção de alguns poucos programas segmentados),
dificilmente alguma faixa se tornará 'trilha sonora de novela global'...
Mas
creio que o objetivo de Mr. Junior & Cia, não é este, e sim de
sobreviver fazendo o que gostam - que é tocar Rock com muito prazer e
competência.
Portanto,
se o leitor tiver dificuldade em encontrar este CD (afinal trata-se de
um lançamento independente), ou quiser entrar em contato com a banda
para shows etc, escreva para a Caixa postal 45367, São Paulo, CEP
04009-970).
vamos prestigiar estes que são um dos últimos representantes de uma raça em extinção - a dos Roqueiros co 'R' maiúsculo!
Long Live Patrulha!!!"
Marcos Cruz
Bem,
como era do feitio do Marcos Cruz em suas resenhas sobre discos e shows, a representar o site Wiplash, o texto é longo e recheado por impressões detalhadas sobre o
assunto abordado. Particularmente achava e ainda acho essa liberdade de expressão sem
limites de espaço, uma iniciativa excelente da parte dele.
Nada tenho a considerar como adendo sobre o que ele disse, a não ser dizer que apreciei bastante essa resenha, assim como todos os membros da nossa banda, que também gostaram.
Continua...
Bem, aspectos folclóricos a parte, o estúdio foi o que tivemos de melhor naquela ocasião, e portanto, nós deveríamos mesmo é nos animarmos
com essa oportunidade, sem nenhum complexo de Pollyana, mas a sermos apenas
realistas.
Encerrada a gravação das bases, que foi naquele
espírito de correria para aproveitar o feriado de Corpus Christi de
2001, as sessões suplementares para gravar os overdubs de solos e vocais,
foram, logicamente mais espaçadas.
Como o aproveitamento da
gravação das bases houvera tido um desempenho ótimo, com direito há
alguns overdubs a ser adiantados, a necessidade de sessões
suplementares, foi bastante reduzida, para a nossa sorte.
Entrevista conduzida pelo jornalista, Dum de Lucca, para a Revista Dynamite, nº 45, de junho de 2001.
Outro
fator animador nesse aspecto, foi que o Marcello e Rodrigo estavam bem afiados
para fazer as suas partes adicionais de guitarra e teclados. Portanto, as
sessões de overdubs desses instrumentos, foram bem rápidas e eficazes,
também. Nesse ínterim, tivemos enfim uma nova data de show pela frente.
O
compromisso ocorreu na cidade de Santos, novamente no "Praia Sport Bar".
Com um público a demarcar cento e cinquenta pessoas, fizemos um bom show no dia 29 de junho de
2001.
De volta à gravação, a rapidez com que estávamos a gravar, emperraria logo a seguir, e uma saída alternativa surgiria para resolver
o imbróglio.
Como o estúdio fazia muitas gravações de aspirantes
a artistas no mundo popularesco, e também os chamados "discos de dentista", o
dono do estabelecimento propôs que pagássemos a dívida contraída pelas
horas que ali usamos, com trabalho, como músicos em gravações dessa natureza. Claro que aceitamos e a ideia inicial seria que eu e Rodrigo prestássemos tais serviços nesse sentido. Essa
história já foi contada com detalhes no tópico: "Trabalhos Avulsos",
quando eu narrei a saga para se gravar o disco de uma cantora chamada: Regiane.
Continua...