quarta-feira, 8 de julho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 113 - Por Luiz Domingues

Depois desse show de Mogi das Cruzes-SP, não houve mais perspectiva para o Pitbulls on Crack. Sem shows marcados, sem compromissos de rádio e TV, e nem entrevistas para se cumprir na mídia impressa, em vista, restara-nos ensaiar e mergulhar a preparar uma nova safra de músicas, e talvez voltar à estratégia inicial de 1992, a abraçar o circuito underground. Entretanto, além de eu não estar mais interessado em continuar a participar desse trabalho, mesmo que estivesse com energia para permanecer, foi também um momento estratégico para fazer uma séria reflexão sobre o panorama da música naquele instante, e de fato, muitos fatores haviam mudado.

Se no início das atividades da nossa banda, em 1992, o panorama inicial que encontráramos fora o da euforia pelos ventos do "grunge" que vinham de Seattle, isso teve outras implicações que neste novo panorama, no segundo semestre de 1997, não faziam mais sentido. Naquela época, em São Paulo, existiam pencas de bandas a desenvolver os seus respectivos trabalhos em inglês e nesse sentido, o Pitbulls on Crack esteve bem respaldado.

Houve uma profusão de casas noturnas abertas para shows de tais bandas e a cidade borbulhava nessa vibração noventista. Por outro lado, a rádio 89 FM explodia e puxava a concorrência, com a Brasil 2000 FM a seguir os seus passos, e isso só fez bem à cena. Outro fator importantíssimo, a MTV ainda era muito forte no quesito musical, e engrossava esse poder de fogo na mídia.

Portanto, com esses fatores aliados, o momento em que surgiu o Pitbulls on Crack, foi muito propício para a banda. Porém, em uma nova situação a enfocar o anos de 1997, ficara muito diferente a cena, e eu tive sérias dúvidas de que uma tentativa de prosseguir com o Pitbulls on Crack seria saudável, e de fato não seria. 

Então, na segunda semana de setembro de 1997, o Deca aconselhou-me a não ir falar com Juan Pastor e Chris Skepis diretamente, por julgar não ser necessário, visto que eles já sabiam que eu sairia.

Confesso, arrependo-me de não ter ido, pois não custava-me nada comunicar-lhes isso diretamente, ainda que fosse uma mera formalidade, aparentemente desnecessária. E como não tenho nenhuma vergonha de confessar as minhas máculas nesta autobiografia, portanto, estou aqui a confessar a minha falha, e a pedir desculpas em público aos companheiros, por tal deslize. Sei que eles não ofenderam-se com isso, pois continuei como amigo de ambos, até hoje em dia (e para sempre, quero crer), mas não foi uma atitude boa de minha parte, de forma alguma. Como diria a jornalista, Sandra Annenberg: "que deselegante!"
Continua...

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