quarta-feira, 8 de julho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 108 - Por Luiz Domingues

Chegamos na cidade de Sorocaba-SP, em cima da hora, sem chance para fazer um soundcheck confortável. De fato, o local do espetáculo se tratava da sede social de um clube. Estava bem afastado do centro da cidade, pois lembro-me de chegarmos àquela grande cidade interiorana, já ao anoitecer e andarmos por aquela aquela enorme avenida que circunda tal municipalidade inteira, a configurar-se como uma espécie de via marginal local.

Passamos rapidamente pela sede da emissora 89 FM local, que era uma afiliada/filial da estação de São Paulo, e apoiava o show, logicamente. Após dar um alô rápido para os ouvintes, sob um esforço final em prol da promoção do evento, fomos para o clube. 

Quando chegamos ao local, fomos conduzidos ao camarim, que servira um lanche farto para os artistas e técnicos a trabalhar neste evento, mas notamos que havia uma certa tensão no ar. Não era nada conosco, mas deu para sentir que acontecera algum problema relacionado aos seguranças contratados, talvez por alguma discordância sobre a metodologia de trabalho, pois chegamos a ouvir alguns produtores irritados a falar, ao dar-nos a entender que houvera ocorrido algum desrespeito da parte de um segurança em específico em relação a uma pessoa da produção do evento etc. Enfim, não foi problema nosso, e de clima tenso queríamos distância, após o tiroteio ocorrido na quarta-feira anterior...

Um pouco antes de subirmos ao palco, haveria uma intervenção em off de um trio de humoristas que estavam na crista da onda da programação da 89 FM. Tal grupo humorístico chamava-se: "Os Sobrinhos do Ataíde". Esses rapazes de fato prosperaram e migraram para a MTV, posteriormente e lá ficaram famosos a apresentar o programa: "Rock Gol", aquele campeonato entre componentes de bandas (o Pitbulls on Crack chegou a ser sondado, para participar mas como o Deca e o Chris alegaram não ter interesse, só eu e Juan Pastor e mais roadies para formar o time, não caracterizaria a banda, e assim, fomos descartados).

Mas nesse dia em Sorocaba, apesar desses rapazes serem amigos do Juan Pastor, particularmente eu não apreciei a postura deles no camarim. Bastante altivos, pareciam estar já no processo do sucesso a subir-lhes à cabeça. Para ser justo, um deles foi simpático e portou-se de forma educada conosco. Curiosamente, foi o rapaz que sumiu, pois os dois outros que ficaram famosos na MTV e posteriormente na TV Bandeirantes, estavam com um tipo de postura diferente. 


Após a intervenção deles, que foi caótica pelo fato de seus microfones não estarem com uma boa equalização, entramos em cena para cumprir o nosso show.

Estávamos apreensivos por tocar sem a guitarra do Chris, e não que não pudéssemos nos resolver bem em trio, mas mais pela falta de costume, visto que nunca deixamos de contar com a sua base harmônica, em todos os shows da banda, desde o início.
Rara foto no camarim desse show do Pitbulls on Crack ocorrido em Sorocaba-SP, com a web designer/ilustradora da capa do nosso CD Lift Off, Marina Yoshie, em nossa companhia. Foto do acervo dela, Marina Yoshie (grato pela cortesia !)

Sobre a apresentação, ela foi muito energética, talvez pelo fato de que quiséssemos compensar a falta de uma guitarra, todos pareceram estar a ofertar um algo a mais. E o Chris, sem a obrigação de tocar e ficar estático no centro do palco em frente ao pedestal do microfone para cantar, assumiu com muita naturalidade o seu lado de "frontman". Desde o primeiro instante, apanhou o microfone, e saiu a andar pelo palco, com grande desenvoltura.

De fato, foi assim que eu o conhecera sete anos antes, quando fizemos parte de uma série de shows/Tributo ao Black Sabbath, ao atuarmos juntos com a banda cover, "Electric Funeral". Então, ele detinha essa capacidade e não foi nada difícil para ele ter essa presença de palco. Arrancamos aplausos, mas nada entusiasmado, pois o público estava ali certamente interessado nas duas bandas cariocas, "O Rappa" e "Planet Hemp".

Bem, não posso queixar-me, pois não houve hostilidades, tampouco uma reação arrebatadora, de certo não foi nada mau e arrancamos alguns aplausos. Foi óbvio que bandas alojadas no mainstream e massificadas através da mídia, fizessem mais sucesso que uma banda underground como a nossa, fora o fato de cantarmos em inglês, realmente um grande erro estratégico, mercadologicamente a falar. 

Isso ocorreu no dia 21 de junho de 1997, na cidade de Sorocaba-SP, com a presença de quatro mil pessoas na arena. Lamento muito não ter fotos desse show, com palco grande, boa iluminação, e uma multidão na plateia.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário